Você alguma vez já acordou com dores e dificuldade para movimentar a cabeça? Pois saiba que cerca de metade da população global mundial já passou por isso também. Na maioria das vezes, o problema é causado por erros de postura, mau jeito ao dormir, excesso de tensão ou falta de exercícios, e se resolve em alguns dias ou poucas semanas.
Mas o desconforto pode afetar bastante a produtividade e a qualidade de vida, principalmente se ocorrer com frequência ou tiver um caráter crônico, ou seja, durar mais do que três meses.
De acordo com os Institutos Nacionais de Saúde (NIH, na sigla em inglês), nos EUA, uma a cada três pessoas sofre com dores no pescoço (ou cervicalgia) a cada ano. Embora não seja tão prevalente quanto a dor na coluna lombar (lombalgia), a cervicalgia é uma das queixas mais frequentes no consultório de dor[1]Hoy D, Protani M, De R, Buchbinder RJ. The epidemiology of neck pain. Best practice & research Clinical rheumatology. 2010 Dec 1;24(6):783-92..
Ambos os tipos de dor ainda lideram a lista de afastamentos do trabalho sem relação com acidentes no Brasil, segundo o INSS.
O que pode doer no pescoço??
A coluna cervical, que compreende a região do pescoço, conta com sete vértebras separadas por discos que funcionam como amortecedores[2]Cohen SP. Epidemiology, diagnosis, and treatment of neck pain. InMayo Clinic Proceedings 2015 Feb 1 (Vol. 90, No. 2, pp. 284-299). Elsevier..
Toda essa estrutura protege o conjunto de nervos que ligam o cérebro ao resto do corpo. Lesões ou processos degenerativos nesses discos podem resultar em problemas, mas as causas mais comuns de dores no pescoço envolvem os diversos músculos, ligamentos e tendões que sustentam e permitem a movimentação da cabeça.
Você pode nem se dar conta, mas estudos estimam que nossa coluna cervical se movimente cerca de 600 vezes por hora!
Causas comuns de dor no pescoço
- Tensão muscular devido à má postura ou uso excessivo: A má postura ou movimentos repetitivos podem fazer com que os músculos e tendões do pescoço fiquem tensos, resultando em dor e rigidez.
- Compressão do nervo por doença degenerativa do disco ou hérnia de disco: a doença degenerativa do disco pode fazer com que os discos da coluna vertebral fiquem comprimidos e inchados, pressionando os nervos no pescoço e resultando em dor.
- Artrite das articulações do pescoço: a osteoartrite, um tipo de artrite, pode fazer com que as articulações do pescoço fiquem inflamadas, causando dor e rigidez.
- Whiplash de um acidente de carro: Whiplash é um tipo de lesão no pescoço causada por um puxão repentino ou sacudida da cabeça e do pescoço. A força pode causar tensão ou ruptura nos músculos e ligamentos do pescoço, resultando em dor e rigidez.
- Lesões no pescoço por queda ou outro trauma: lesões no pescoço podem ocorrer por quedas ou outras formas de trauma, como lesões esportivas, que podem causar tensão e dor no pescoço.
- Má postura ao dormir: a má postura durante o sono pode fazer com que o pescoço fique tenso, resultando em dor e rigidez.
- Estresse e tensão: o estresse e a tensão podem fazer com que os músculos e tendões do pescoço fiquem tensos, resultando em dor e rigidez.
- Doenças, como meningite: certas doenças, como meningite, podem causar inflamação no pescoço, causando dor e rigidez.
- Síndrome de dor miofascial: A síndrome de dor miofascial é um distúrbio de dor crônica causado pelo uso excessivo e tensão dos músculos e fáscia no pescoço. Isso pode resultar em dor e rigidez no pescoço e ombros.
Dor no pescoço secundária ao uso de laptop e smartphone
Com o uso intenso do laptop e do smartphone, cada vez mais gente está vulnerável a sentir dores nos músculos que, junto com a coluna cervical, sustentam a nossa cabeça e permitem sua movimentação. Tanto que alguns especialistas têm se referido ao quadro como “pescoço de texto” (do inglês “text neck”), da mesma maneira que se fala em “cotovelo de tenista”, por exemplo.
Em um estudo publicado em 2014, o cirurgião de coluna norte-americano Kenneth Hansraj descreveu como a má postura estimulada pelas tecnologias móveis exerce uma pressão enorme sobre a coluna. Nossa cabeça pesa em torno de 5,5 kg, mas, conforme o pescoço se inclina para frente, o peso relativo aumenta muito.
Com 30 graus de inclinação, o valor sobe para cerca de 18 kg. Ao chegar a 60 graus, a cabeça passa a pesar 27 kg, o que equivale a carregar uma criança só com a força da nuca. É preciso ter a musculatura de um atleta para aguentar tamanha pressão e não se machucar! Porém, o que acontece é o oposto: a tecnologia tem feito as pessoas se exercitarem cada vez menos.
Sinais e sintomas de dor no pescoço
– Dor localizada, ou que se irradia para os ombros e braços
– Postura alterada (a pessoa fica com o pescoço “torto”, ou tem dificuldade de se manter ereto)
– Rigidez, com dificuldade para movimentar o pescoço
– Fraqueza, dormência ou formigamento
– Dores de cabeça (nem sempre presentes)
Músculos afetados
Músculo | Efeito |
---|---|
Músculos dorsais | Dor na parte superior das costas, ombros e braços, juntamente com diminuição da mobilidade e amplitude de movimento no pescoço. |
Músculos cervicais | Dor e rigidez no pescoço, juntamente com dores de cabeça, tontura e diminuição da mobilidade e amplitude de movimento no pescoço. |
Quando buscar o serviço de emergência?
Dores agudas no pescoço raramente são uma emergência, mas é fundamental buscar orientação de um médico para obter alívio e evitar danos mais graves.
Também é importante consultar um especialista se a dor persistir por muitos dias, para evitar que o problema se torne crônico.
Nesse caso, não é incomum que a cervicalgia acompanhe outros problemas de saúde, como dores de cabeça, em outras partes da coluna e depressão.
Deve-se buscar o serviço de emergência quando a dor no pescoço:
- ocorre após algum acidente;
- acompanha perda de controle intestinal ou urinário;
- é intensa e persiste mesmo se a pessoa estiver em repouso;
- acompanha febre, calafrios, náuseas, tontura ou sensibilidade à luz;
- acompanha dificuldade de engolir;
- se irradia para os ombros, braços ou dedos, ou gera dormência, fraqueza ou formigamento nos membros.
Por que o pescoço dói?
De maneira geral, podemos considerar que uma dor no pescoço tem causa mecânica (distensão muscular, desgaste nos ossos e na cargilagem, ou alterações nos discos vertebrais) ou não mecânicas (por ex: infecções, câncer, doenças inflamatórias, fibromialgia etc).
A seguir você confere as condições que envolvem dores na cervical com maior frequência e suas características:
1) Dor cervical inespecífica
Assim como o uso intenso da tecnologia, outros vícios de postura também podem resultar em dores nos músculos e outros tecidos moles do pescoço, além de tensão excessiva, bruxismo, posição incorreta ao dormir e até atividades esportivas que sobrecarregam a cervical sem que haja fortalecimento muscular prévio.
2) Torcicolo
Assim como no item anterior, o torcicolo é uma contratura muscular causada por tensão ou sobrecarga, mas, neste caso, a pessoa fica com o popular “pescoço torto”, sem conseguir movimentar a cabeça. Essa flexão ocorre porque o músculo envolvido com maior frequência é o da lateral, próximo à jugular, chamado “esternocleidomastoideo”.
O mais comum é que a pessoa acorde de manhã com o problema, que pode durar até cerca de uma semana.
Obs: vale mencionar que existem tipos menos comuns, como o torcicolo congênito (problema que ocorre durante a gestação), dermatogênico (provocado, por exemplo, após queimaduras), vestibular (relacionado ao labirinto), ocular (relacionado à visão) ou devido a problemas neurológicos.
3) Lesão em chicote (síndrome whiplash)
Quando uma pessoa está no carro, com o cinto de segurança, e há uma brecada repentina, é comum que a coluna sofra uma movimentação similar a de um chicote, por isso a lesão recebe esse nome. Quando o impacto é forte, a vítima pode sofrer com dores crônicas no pescoço por tempo prolongado, já que, além da musculatura, ligamentos e tendões também podem ser comprometidos.
4) Desvios na coluna
Nossa coluna possui, naturalmente, quatro curvas: duas cifoses (nas regiões torácica e sacral) e duas lordoses (na cervical e na lombar). Problemas posturais, fatores genéticos e doenças como a osteoporose, artrite reumatoide, distrofia muscular e diversas outras podem resultar em alterações nessa curvatura e, como consequência, causar dores nas costas e no pescoço.
5) Espondilose cervical
Com o envelhecimento, é comum surgirem pontos de desgaste na coluna cervical. Os discos vertebrais podem ficar mais achatados, e pode haver pequenos crescimentos ósseos (esporões) que provocam dor, ou uma degeneração dos ossos e da cartilagem, também chamada de espondilose cervical[3]Binder AI. Cervical spondylosis and neck pain. Bmj. 2007 Mar 8;334(7592):527-31..
Essas condições podem dificultar a movimentação do pescoço e resultar em dor no pescoço, ombros e braços.
6) Hérnia de disco
Quando o disco que fica entre as vértebras é comprimido, seu revestimento pode se romper ou gerar uma protuberância (hérnia), podendo pressionar ou até lesionar o nervo próximo.
Esse quadro, conhecido como radiculopatia, é mais frequente na coluna lombar, mas também pode ocorrer na cervical. Quando presente, a dor pode se parecer com alfinetadas e se irradiar para o ombro ou braço. Também é possível haver fraqueza ou dormência na região afetada.
7) Doenças inflamatórias
Condições autoimunes que envolvem processos inflamatórios e degenerativos nas articulações, como a artrite reumatoide e a espondilite anquilosante, podem acometer a coluna cervical com sintomas como dor, fraqueza ou rigidez, além de outras partes do corpo.
8) Síndrome dolorosa miofascial
Essa disfunção neuromuscular é uma causa comum de dores crônicas e pode ocorrer em diferentes grupos musculares, sendo frequente na região que envolve pescoço e ombros. O termo “miofascial” diz respeito a músculo (“mio”) e fáscia (“tecido que envolve o músculo”).
O problema é caracterizado pela presença de “pontos-gatilho”, ou seja, áreas de contratura que, ao serem estimuladas, geram dor em outra parte do corpo.
Pontos-gatilho comuns na dor cervical
Grupo suboccipital |
Trapézio Superior |
Elevador da escápula |
Romboides |
Supraespinal |
Infraespinhal |
Redondo Menor |
Pode ocorrer repouso ou quando há esforço físico, e também pode ser deflagrada por movimentos repetitivos, erros de postura, estresse ou ansiedade. Essa condição nem sempre é bem diagnosticada, por isso é importante procurar um médico especialista em dor, como o fisiatra (especializado em medicina física e reabilitação), fundamental no tratamento da enfermidade.
9) Fibromialgia
A fibromialgia, transtorno doloroso de causa ainda não conhecida, pode envolver a região do pescoço, além de diversas outras partes do corpo. A condição tem caráter crônico, ainda inclui outros sintomas, como cansaço frequente, depressão, ansiedade e distúrbios do sono.
Tender Point | Localização |
---|---|
Occipital | Atrás da cabeça |
Trapézio | Parte do pescoço e ombros |
Supraespinal | Parte superior das costas |
Acredita-se que seja causada por uma combinação de fatores genéticos e ambientais. Acredita-se que a dor muscular associada à fibromialgia seja devida a um aumento da sensibilidade do sistema nervoso central aos sinais de dor.
Essa sensibilidade aumentada pode fazer com que o cérebro interprete erroneamente estímulos não dolorosos como sinais de dor, resultando em dor e sensibilidade associadas à fibromialgia. No pescoço, esse aumento da sensibilidade pode causar dor nos músculos do pescoço e ombros.
Isso pode resultar em dor mais intensa do que o normal e pode persistir por um longo período.
Além disso, a tensão muscular também pode ser um fator que contribui para a dor no pescoço em pessoas com fibromialgia, podendo fazer com que os músculos do pescoço fiquem tensos e rígidos, resultando em um aumento da dor e desconforto.
10) Causas menos comuns
Dor e rigidez na nuca (com dificuldade de abaixar o queixo) costumam ser sinais de alerta de meningite, um tipo de infecção viral ou bacteriana que acompanha febre alta, indisposição, dor de cabeça, náusea e tontura, entre outras manifestações.
Outras doenças, como tumores, osteoporose e hiperparatiroidismo também podem resultar em dores no pescoço.
Fatores de risco para cervicalgia
Como você viu, diversas condições podem estar por trás das dores e, para cada uma delas, existem fatores de risco envolvidos[4]Ariens GA, Van Mechelen W, Bongers PM, Bouter LM, Van Der Wal G. Physical risk factors for neck pain. Scandinavian journal of work, environment & health. 2000 Feb 1:7-19..
Contudo, podemos dizer que os principais deles são:
– Sexo: a ocorrência de dores na coluna costuma ser um pouco mais elevada entre as mulheres.
– Idade: o risco de dores ou de doenças que resultam em problemas na coluna cervical aumenta com o passar da idade.
– Estilo de vida: problemas posturais, sedentarismo, ocupações específicas e excesso de peso geram sobrecarga sobre a estrutura óssea e muscular, por isso estão entre as principais causas de dores crônicas no pescoço.
– Tabagismo: o fumo acelera o desgaste dos discos intervertebrais, que funcionam como amortecedores para a coluna.
O que fazer para diagnosticar dor no pescoço?
O primeiro passo para se identificar a causa de dores agudas ou crônicas no pescoço é procurar o médico, que irá analisar os hábitos e o histórico do paciente para identificar possíveis causas[5]Cohen SP, Hooten WM. Advances in the diagnosis and management of neck pain. Bmj. 2017 Aug 14;358..
Após o exame clínico, o profissional pode solicitar exames de imagem, como radiografias, tomografias ou ressonâncias magnéticas, para confirmar ou descartar suspeitas[6]Binder A. The diagnosis and treatment of nonspecific neck pain and whiplash. Europa medicophysica. 2007 Mar 1;43(1):79-89..
- Radiografias simples (raio-x cervical) – podem identificar a maioria das perdas de altura do disco, espondilolistese anterior, desalinhamento vertebral, faturas osteoporóticas (ou por fragilidade), osteoartrite (artrose cervical), e outras anormalidades ósseas graves (como por infecções ou tumores).
- Tomografia computadorizada cervical – podem ser solicitadas para avaliação de estrutura óssea, avaliar fraturas (se há lesões após um acidente). A tomografia computadorizada combina imagens de raios-X tiradas de muitas direções diferentes para produzir visões transversais detalhadas das estruturas internas do pescoço.
- Ressonância magnética cervical – identifica abaulamentos, protrusões e hérnia de disco. Serve para avaliar a estrutura da coluna, se há presença de lesão medular ou estenose espinhal. Avaliam tecido mole (os discos vertebrais). Em muitos casos, pode ser solicitado junto de uma ressonância magnética do crânio ou dorsal.
Outros exames para diagnóstico de dor cervical
- Eletroneuromiografia (ENMG). Em casos de suspeita de dor neuropática (dor relacionada a um nervo comprimido). Envolve a inserção de agulhas finas através da pele em um músculo e a realização de testes para medir a velocidade da condução nervosa para determinar se os nervos específicos estão funcionando corretamente.
- Exames de sangue. Às vezes, os exames de sangue podem fornecer evidências de condições inflamatórias ou infecciosas que podem estar causando ou contribuindo para a dor no pescoço.
Na maioria dos casos de dores inespecíficas ou posturais, porém, o exame clínico é suficiente para o diagnóstico.
Tratamentos
A conduta pode variar de acordo com a origem da dor. Após uma lesão aguda, o paciente pode ser orientado a ficar em repouso, mas apenas por alguns dias – o movimento, com cautela, é importante para a recuperação.
É comum a prescrição de analgésicos, relaxantes musculares ou anti-inflamatórios, mas esses medicamentos nunca devem ser utilizados por longos períodos e muito menos por conta própria, pois têm efeitos colaterais.
Medidas como aplicação de calor também podem trazer alívio e ajudar no relaxamento da musculatura. Apenas em casos raros de lesões nos discos vertebrais ou deformidades ósseas é que a cirurgia pode ser considerada.
1. Medicamentos
Medicamentos analgésicos e anti-inflamatórios (AINE) podem ser utilizados em uma primeira etapa para o tratamento de dor cervical aguda. Medicamentos analgésicos opióides (como tramadol e codeína) podem ser usados em casos agudos, com dor que não responde a anti-inflamatórios não esteroidais.
Adesivos tópicos (lidocaína tópica), sprays de gelo e anti-inflamatórios podem ajudar a aliviar a tensão muscular superficial em casos de torcicolo agudo.
A analgesia adequada é importante imediatamente após a lesão aguda para ajudar a limitar o ciclo de dor e espasmo. A evidência de benefício para o uso crônico é fraca ou ausente, portanto, a duração do uso de opióides deve ser limitada.
Corticoesteróides (via oral, ou intramuscular) são usados em casos com dor aguda intensa, que não respondem também a analgesia inicial.
Para dores recorrentes ou crônicas, pode ser necessário o uso de medicamentos adjuvantes para dor, como antidepressivos, anticonvulsivantes e neurolépticos, com efeito no sistema nervoso central para modulação da dor.
Droga | Classe Farmacológica | Dosagem |
---|---|---|
Paracetamol | Analgésico | 325-650 mg a cada 4-6 horas, máximo de 4 g/dia |
Dipirona | Analgésico | 500mg-1g a cada 6 horas, máximo de 4g/dia |
Tramadol | Opioide | 25-100 mg a cada 4-6 horas, máximo de 400 mg/dia |
Ibuprofeno | AINE | 200-400 mg a cada 4-6 horas, máximo de 3,2 g/dia |
Cetoprofeno | AINE | 200-400mg a cada 4-6 horas, máximo de 2,4g/dia |
Naproxeno | AINE | 250-500 mg a cada 8-12 horas, máximo de 1,5 g/dia |
Amitriptilina | Antidepressivo | 25-150 mg/dia |
Duloxetina | Antidepressivo | 40-60 mg/dia |
Gabapentina | Anticonvulsivante | 100-600 mg/dia |
Pregabalina | Anticonvulsivante | 50-300 mg/dia |
Oxicodona | Opioide | 5-15 mg a cada 4-6 horas, máximo de 80 mg/dia |
Morfina | Opioide | 5-30 mg a cada 4-6 horas, máximo de 240 mg/dia |
Aspirina | AINE | 325-650 mg a cada 4-6 horas, máximo de 4 g/dia |
Celecoxibe | AINE | 400-800 mg/dia em 2 doses divididas |
Codeína | Opioide | 15-60 mg a cada 4-6 horas, máximo de 360 mg/dia |
2. Acupuntura
A acupuntura é útil tanto em casos agudos quanto crônicos. O estímulo de pontos específicos leva à liberação de analgésicos naturais do corpo como endorfinas e opióides endógenos.
Em um estudo publicado no periódico científico Journal of Pain, cientistas analisaram pesquisas com mais de 20 mil pacientes e concluíram que a acupuntura é eficaz para o tratamento da dor crônica, inclusive nas costas ou no pescoço, e que seus benefícios persistem após o termino do tratamento.
Importância da acupuntura para dor no pescoço |
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A acupuntura é uma forma antiga de medicina chinesa que tem sido usada há séculos para tratar dores no pescoço e em outras partes do corpo. |
É um tratamento seguro e eficaz para dores no pescoço, com poucos efeitos colaterais. |
A acupuntura pode reduzir a inflamação, melhorar a circulação e promover a cicatrização na área afetada. |
Também pode ajudar a reduzir a intensidade da dor, permitindo que o paciente se mova com mais liberdade e realize atividades cotidianas com menos desconforto. |
A acupuntura também pode ajudar a reduzir o estresse, que é uma das principais causas de dor no pescoço. |
O uso da acupuntura pode ser benéfico para o bem-estar físico e psicológico do paciente. |
3. Fisioterapia
“O trabalho fisioterapêutico consiste em técnicas de relaxamento muscular, mobilizações articulares, exercícios e eletroterapia”, descreve Diene Oliveira, fisioterapeuta especializada em reabilitação músculo-esquelética e desportiva.
Quando as dores são crônicas, é importante que a pessoa faça modificações em seu estilo de vida para melhorar a postura, fortalecer os músculos da região cervical e controlar o estresse para evitar a dor[7]Taimela S, Takala EP, Asklöf T, Seppälä K, Parviainen S. Active treatment of chronic neck pain: a prospective randomized intervention. Spine. 2000 Apr 15;25(8):1021-7.
Meios físicos (como calor e gelo), associado a proteção são usados em uma fase inicial. Após o controle da dor, exercícios passivos de alongamento e exercícios de fortalecimento são inseridos para a reabilitação da dor cervical.
Não há solução rápida para dores crônicas, mas com ajuda de profissionais capacitados, como fisiatras e fisioterapeutas, é possível evitar crise e ter uma vida plena.
Benefício | Descrição |
---|---|
Alívio da dor | A fisioterapia pode ajudar a reduzir a dor no pescoço, relaxando os músculos tensos e melhorando a amplitude de movimento. |
Mobilidade aprimorada | A fisioterapia pode ajudar a melhorar o movimento e a flexibilidade do pescoço, permitindo que os pacientes se movam com mais facilidade e menos dor. |
Força aumentada | A fisioterapia pode ajudar a fortalecer os músculos do pescoço, permitindo que eles suportem melhor o pescoço e melhorando a estabilidade geral. |
Risco reduzido de lesões | A fisioterapia pode ajudar a reduzir o risco de novas lesões no pescoço, fortalecendo os músculos e melhorando a amplitude de movimento. |
4. Tratamento por Ondas de Choque
O tratamento envolve a tranmissão de ondas acústicas de alta energia para as áreas afetadas e promove efeitos curativos aumentando as atividades metabólicas e promovendo o fluxo sanguíneo(microcirculação local) para as áreas[8]Ramon S, Gleitz M, Hernandez L, Romero LD. Update on the efficacy of extracorporeal shockwave treatment for myofascial pain syndrome and fibromyalgia. International journal of surgery. 2015 Dec … Continue reading.
A terapia por ondas de choque pode ser usada para casos de dor mecânica no pescoço, como a Síndrome Dolorosa Miofascial. É um tratamento que complementa a liberação miofascial e agulhamento seco.
O tratamento pelas ondas de choque permite melhorar o movimento da coluna; passo importante na tentativa de corrigir o problema a longo prazo. Para pacientes que apresentam rigidez no pescoço como resultado de sua condição, as ondas de choque podem ajudar a soltar o tecido cicatricial e melhorar o movimento do pescoço, com redução dos pontos-gatilho ativos.
Este tratamento pode ser eficaz para condições como síndrome da articulação facetária ou hérnia de disco.
Terapia por ondas de choque para reabilitação da dor no pescoço
- Redução da dor: a terapia por ondas de choque é uma maneira eficaz de reduzir a intensidade da dor no pescoço e melhorar a amplitude de movimento. Devido à sua natureza não invasiva, também é uma opção de tratamento segura, sem os riscos de cirurgia ou outros tratamentos invasivos. A terapia por ondas de choque estimula o corpo a liberar analgésicos naturais, como endorfinas e serotonina, além de diminuir a inflamação e a tensão muscular.
- Mobilidade aprimorada: a terapia por ondas de choque pode ajudar a melhorar vários movimentos de mobilidade do pescoço, como rotação, inclinação para frente, para trás e para os lados. Isso pode ajudar a aumentar a flexibilidade e a amplitude de movimento, importantes para a saúde e o movimento geral do corpo. A terapia por ondas de choque estimula o processo de cicatrização e repara os tecidos lesionados, ajudando a reduzir a rigidez e a dor.
- Diminuição da tensão muscular: pode ajudar a diminuir a tensão muscular e os espasmos no pescoço, o que pode levar à melhora da postura e função. A terapia por ondas de choque estimula os músculos e tendões, permitindo que eles relaxem.
- Melhor fluxo sanguíneo: ajuda melhorar o fluxo sanguíneo para o pescoço, o que pode ajudar a reduzir a inflamação e a dor. A terapia por ondas de choque estimula o corpo a liberar analgésicos naturais e aumenta o fluxo sanguíneo, o que pode ajudar a reduzir a inflamação e melhorar a função geral.
5. Tratamentos minimamente invasivos
Injeções de corticoesteróides (Infiltrações articulares). Envolve a infiltração de medicamentos corticosteróides perto das raízes nervosas, nas pequenas articulações dos ossos da coluna cervical ou nos músculos do pescoço para ajudar com a dor. Medicamentos anestésicos, como lidocaína, também podem ser injetados em conjunto para aliviar a dor no pescoço.
Vou precisar de cirurgia para minha dor no pescoço?
Atualmente, procedimentos invasivos cirúrgicos são usados em raros casos. Indicações cirúrgicas incluem dor intratável, falha no tratamento conservador (após 3 a 6 meses).
O tratamento conservador (com fisioterapia, reabilitação e medicamentos) alcança um controle álgico em mais de 95% dos pacientes com dor no pescoço.
Prevenção
Alguns cuidados simples podem fazer toda a diferença para evitar dores no pescoço e nas costas, além de ser fundamentais para o controle de doenças crônicas que envolvem o sistema músculo-esquelético:
– Tenha consciência da sua postura: ao longo do dia, verifique se sua coluna está ereta e os ombros relaxados. Se você trabalha no computador, perceba se é preciso fazer algum ajuste na altura dos equipamentos ou da cadeira para que você não tenha que inclinar o pescoço ou forçar a coluna.
– Faça pausas: se você trabalha sentado ou passa muito tempo no carro, programe intervalos para se movimentar. Já se você se mexe o dia todo ou pratica esportes vigorosos, não se esqueça de investir em pausas para descanso e alongamento.
– Faça exercícios: o movimento é fundamental para o fortalecimento dos músculos que sustentam a coluna, além de melhorar a circulação, combater o estresse e até evitar alterações de humor frequentes em quem sofre com dores crônicas. Só não se esqueça de consultar o médico antes de iniciar a atividade, e de contar com ajuda profissional para acompanhamento.
– Dormir bem é preciso: um colchão confortável e um travesseiro com tamanho e formato adequados podem evitar erros posturais ao dormir. É importante que toda a coluna fique alinhada durante a noite, mesmo que você durma de lado. Evite dormir de barriga para baixo, já que, com a cabeça virada para o lado, os músculos e tendões do pescoço ficam sobrecarregados. Ao fazer viagens longas, use um travesseiro específico para evitar a flexão excessiva do pescoço ao dormir.
– Não fume: os componentes tóxicos do cigarro prejudicam a circulação e aceleram o desgaste dos discos vertebrais.
– Tome água: manter-se hidratado também é uma forma de cuidar da saúde dos discos vertebrais, já que há água em sua composição. Consumir líquidos ao longo do dia também pode melhorar a disposição para manter a coluna ereta. Não é preciso exagerar – apenas respeite a sede e não fique longos períodos sem se hidratar.
– Cuide do seu humor: algumas dores crônicas podem acompanhar transtornos como ansiedade e depressão; nesse caso é importante que essas condições sejam tratadas adequadamente. A psicoterapia também pode ser útil nos casos em que é preciso fazer modificações importantes na rotina.
– Atenção ao usar eletrônicos: dê prioridade ao uso de fones de ouvido para evitar erros de postura ao falar no telefone. E, se você passa muitas horas no smartphone ou no tablet, é preciso ter atenção dobrada sobre a postura. O uso de apoios ou suportes pode ajudar a manter os aparelhos mais próximos do campo de visão, para que não seja preciso inclinar demais o pescoço.
– Dirija com cuidado: freiadas buscas são fonte comum de dores no pescoço (efeito chicote), por isso é importante manter distância dos veículos da frente e usar sempre o retrovisor para não ser surpreendido por outros motoristas.
– Distribua o peso: ao carregar algum volume, tente distribuir o peso para evitar que uma parte do parte do corpo fique sobrecarregada. Dê preferência para mochilas ou malas com rodízio e, se for preciso carregar sacolas, verifique se os ombros estão nivelados enquanto você caminha.
– Alivie a tensão: automassagem e acupuntura ajudam a evitar a tensão muscular, e são fundamentais para evitar pontos-gatilhos, no caso de quem sofre com dor miofascial.
– Mantenha os músculos do pescoço fortes: ainda que você pratique alguma atividade física, exercícios específicos podem diminuir o risco de contraturas e facilitar a manutenção da postura. Veja algumas sugestões:
1. Deitado(a), leve a cabeça para trás ao mesmo tempo que eleva o tórax. Repita de 5 a 10 vezes.
2. Sentado(a) com a coluna ereta ou deitado(a), gire a cabeça para o lado direito e estenda o braço esquerdo. Depois gire para o lado esquerdo, estendendo o braço direito. Repita de 5 a 10 vezes de cada lado.
Infográfico – Importância da Postura para evitar dor cervical
Referências Bibliográficas
↑1 | Hoy D, Protani M, De R, Buchbinder RJ. The epidemiology of neck pain. Best practice & research Clinical rheumatology. 2010 Dec 1;24(6):783-92. |
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↑2 | Cohen SP. Epidemiology, diagnosis, and treatment of neck pain. InMayo Clinic Proceedings 2015 Feb 1 (Vol. 90, No. 2, pp. 284-299). Elsevier. |
↑3 | Binder AI. Cervical spondylosis and neck pain. Bmj. 2007 Mar 8;334(7592):527-31. |
↑4 | Ariens GA, Van Mechelen W, Bongers PM, Bouter LM, Van Der Wal G. Physical risk factors for neck pain. Scandinavian journal of work, environment & health. 2000 Feb 1:7-19. |
↑5 | Cohen SP, Hooten WM. Advances in the diagnosis and management of neck pain. Bmj. 2017 Aug 14;358. |
↑6 | Binder A. The diagnosis and treatment of nonspecific neck pain and whiplash. Europa medicophysica. 2007 Mar 1;43(1):79-89. |
↑7 | Taimela S, Takala EP, Asklöf T, Seppälä K, Parviainen S. Active treatment of chronic neck pain: a prospective randomized intervention. Spine. 2000 Apr 15;25(8):1021-7 |
↑8 | Ramon S, Gleitz M, Hernandez L, Romero LD. Update on the efficacy of extracorporeal shockwave treatment for myofascial pain syndrome and fibromyalgia. International journal of surgery. 2015 Dec 1;24:201-6. |