Gripe H3N2 – Como tratar?

A GRIPE, conhecida também como influenza, é uma doença respiratória que que anualmente afeta entre 5% e 15% da população global. Segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS), essas infecções resultam em 250.000 a 500.000 mortes a cada ano.

A gripe é uma doença viral altamente contagiosa que afeta tanto as vias respiratórias superiores quanto as inferiores. Diversas cepas do vírus influenza contribuem para o seu surgimento. A transmissão ocorre principalmente por meio das pequenas gotículas respiratórias que são expelidas ao tossir, falar ou espirrar. Além disso, a gripe também pode se espalhar através do contato com superfícies contaminadas com o vírus, que ao serem tocadas podem levar à infecção quando as mãos entram em contato com o nariz ou os olhos. A gripe pode ser transmitida antes que o indivíduo esteja sintomático e até 5 a 7 dias após a infecção. 

Uma variante do vírus influenza é a H3N2, que ao longo dos anos tem causado preocupação em todo o mundo devido à sua capacidade em provocar surtos sazonais significantes. Esta cepa viral representa uma ameaça séria para o sistema respiratório. Por isso, é essencial compreender os sintomas associados a ela e as opções de tratamento disponíveis para minimizar seus impactos na saúde da população.

Pertencente à família Orthomyxoviridae, essa variante viral é reconhecida por sua tendência a sofrer mutações de forma frequente, o que apresenta um desafio significativo para as autoridades de saúde em termos de prevenção e controle.

Gripe H3N2 – Como tratar 1

Desde a sua introdução em 1968, os vírus influenza H3N2 passaram por um extenso processo de evolução genética e mudanças antigênicas, o que resultou em uma série de epidemias sazonais. Isso fica evidente na recomendação da OMS de 28 modificações nas cepas de vacina ao longo desse período.

Além disso, os vírus H3N2 também modificaram suas características de ligação aos receptores ao longo dos últimos cinquenta anos, passando a apresentar uma afinidade reduzida pelos análogos de oligossacarídeos presentes na superfície celular.

Transmissão do H3N2

O H3N2 é transmitido de pessoa para pessoa por gotículas expelled quando someone infectado tosse ou espirra. O vírus também pode ser transmitido pelo contato com superfícies contaminadas.

A transmissão ocorre com mais facilidade em ambientes fechados e aglomerações. O período de incubação é curto, de 1 a 4 dias, e pessoas infectadas podem transmitir o vírus mesmo antes do aparecimento dos sintomas.

Sintomas da Gripe H3N2

Pessoas que sofrem de uma infecção por influenza geralmente apresentam sintomas como febre, dor de garganta, tosse, secreção nasal, dor de cabeça e mialgia. Os sintomas da gripe H3N2 podem variar de leves a graves e costumam surgir de forma repentina.

A febre pode ser alta, muitas vezes acompanhada de calafrios e sudorese. Uma tosse seca e persistente é um sintoma típico da infecção pelo H3N2. O nariz entupido ou coriza é outro sintoma frequentemente observado. Além disso, a garganta pode ficar irritada e dolorida. Dores musculares e nas articulações são comuns. A infecção pelo H3N2 também causa uma sensação de cansaço e fraqueza generalizada.

Os sintomas agudos costumam perdurar por um período médio de sete a dez dias, e a doença tende a se resolver por si só na maioria dos indivíduos saudáveis.

Em situações mais graves, a gripe H3N2 pode desencadear complicações respiratórias, como bronquite ou pneumonia, especialmente em grupos de risco, como idosos, crianças pequenas, gestantes e pessoas com condições médicas subjacentes. Os grupos considerados de alta vulnerabilidade, incluindo aqueles com doenças pulmonares crônicas, problemas cardíacos e durante a gravidez, têm uma probabilidade aumentada de desenvolver complicações graves, que podem se desenvolver em menos de 48 horas a partir do início dos sintomas.

Tratamento da Gripe H3N2

O tratamento da gripe H3N2 tem como objetivo aliviar os sintomas e reduzir o tempo de recuperação. As principais medidas incluem:

Gripe H3N2 – Como tratar 2

1 – Repouso

É importante descansar e evitar a exposição a ambientes lotados para evitar a disseminação do vírus. O repouso ajuda a conservar energia e permite que o sistema imunológico se concentre na luta contra o vírus.

2 – Hidratação

Beber bastante líquido é essencial durante a infecção por H3N2. A febre e a sudorese podem levar à desidratação. Então, a hidratação adequada ajuda a prevenir esse problema, além de manter as vias respiratórias mais úmidas e facilitar a expulsão do muco.

3 – Medicações

Analgésicos e antitérmicos de venda livre, como paracetamol, podem ser usados para aliviar a febre e as dores no corpo. Porém, deve-se seguir as orientações do médico ou farmacêutico quanto à dosagem.

  • Inibidores de neuraminidase – Oseltamivir e zanamivir são medicamentos antivirais que atuam impedindo a replicação do vírus influenza. Eles são mais eficazes quando administrados nas primeiras 48 horas após o início dos sintomas.
  • Broncodilatadores – Medicamentos como salbutamol podem ser utilizados para aliviar tosse e falta de ar causadas pela bronquite associada à infecção.
  • Corticosteroides – Em casos de pneumonia ou exacerbação da asma e DPOC, corticosteroides podem ajudar a reduzir a inflamação das vias aéreas.
  • Antibióticos – São indicados apenas se ocorrer uma infecção bacteriana secundária, como pneumonia bacteriana, sinusite ou otite. As classes mais utilizadas são macrolídeos, fluoroquinolonas e amoxicilina.

4 – Antivirais

Em casos graves ou em pacientes de alto risco, o médico pode prescrever antivirais específicos para combater o vírus da gripe H3N2. Antivirais como o oseltamivir (conhecido como Tamiflu), o zanamivir (comercializado como Relenza) e o peramivir pertencem à categoria dos inibidores da neuraminidase e podem ser utilizados como parte do tratamento.

Esses medicamentos têm o propósito de bloquear a ação da enzima neuraminidase, a qual desempenha um papel fundamental na capacidade do vírus influenza de escapar das células hospedeiras e disseminar-se pelas vias respiratórias.

Ao bloquear essa enzima, os antivirais limitam a liberação de novas partículas virais a partir das células infectadas, contribuindo para conter a multiplicação do H3N2 no corpo. É importante ressaltar que esses medicamentos são mais eficazes quando administrados logo após o aparecimento dos sintomas.

Antibióticos não têm efeito contra o H3N2 por se tratar de um vírus. Eles só são recomendados se ocorrer uma infecção bacteriana secundária, como sinusite ou pneumonia.

Pessoas com casos graves podem precisar de hospitalização para receber hidratação, oxigênio suplementar e tratamento para complicações.

Monitoramento

Pacientes com quadros graves de H3N2 podem necessitar de:

  • Monitoramento dos níveis de oxigênio no sangue através de oximetria.
  • Administração de oxigênio suplementar, caso os níveis estejam baixos.
  • Controle da hidratação e eletrólitos por meio de soro intravenoso.
  • Internação em unidade de terapia intensiva nos casos muito graves.
  • Uso de ventilação mecânica, se houver insuficiência respiratória.

Prevenção

Gripe H3N2 – Como tratar 3

A prevenção é fundamental para evitar a disseminação da gripe H3N2. Medidas preventivas incluem:

Higiene das mãos

Lavar as mãos com água e sabão regularmente ajuda a reduzir a transmissão do vírus.

Evitar contato com pessoas gripadas

Evitar contato próximo com pessoas doentes e evitar aglomerações durante os surtos de gripe pode ajudar a diminuir o risco de infecção.

Etiqueta respiratória

Ao tossir ou espirrar, cobrir o nariz e a boca com o cotovelo ou um lenço descartável ajuda a conter o vírus.

Vacinação

Receber a vacinação anual contra a gripe é uma das abordagens mais eficazes para prevenir a infecção provocada pelo H3N2, assim como suas possíveis complicações. Apesar de a vacina antigripal não proporcionar uma proteção absoluta de 100%, ela tem a capacidade de reduzir tanto a gravidade quanto a duração dos sintomas na maioria dos indivíduos.

É recomendado que pessoas com condições como doenças pulmonares, diabetes, patologias crônicas, idosos e crianças se submetam à imunização contra a gripe, visto que essa medida pode inclusive evitar internações hospitalares.

Conclusão

Não existe um tratamento específico para a infecção pelo H3N2. O tratamento tem como objetivo aliviar os sintomas:

  • Repouso
  • Consumo de líquidos para hidratação
  • Medicamentos para febre e dor, como paracetamol e ibuprofeno
  • Medicamentos para alívio da tosse

A vacina contra a gripe protege contra os principais subtipos do vírus influenza que estão circulando, incluindo o H3N2. Ela é recomendada anualmente para grupos de risco como idosos, crianças e pessoas com condições médicas crônicas.

A adoção de medidas de higiene e etiqueta respiratória também é importante para prevenir a disseminação do vírus. O uso de máscaras faciais pode ser considerado em situações de surto.

Dra. Juliana Toma

CRM-SP: 156490 / RQE: 65521.
Médica pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP/EPM). Residência Médica em Dermatologia pela UNIFESP. Pós-Graduação em Dermatologia Oncológica pelo Instituto Sírio Libanês (SP).
Fellow em Tricologias, Discromias e Acne pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP).
Pós-Graduação em Pesquisa Clínica pela Harvard Medical School – EUA (Principles and Practice of Clinical Research).

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Dra. Juliana Toma

Dra. Juliana Toma

CRM-SP: 156490 / RQE: 65521.
Médica pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP/EPM). Residência Médica em Dermatologia pela UNIFESP. Pós-Graduação em Dermatologia Oncológica pelo Instituto Sírio Libanês (SP).
Fellow em Tricologias, Discromias e Acne pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP).
Pós-Graduação em Pesquisa Clínica pela Harvard Medical School – EUA (Principles and Practice of Clinical Research).

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