A sacroileíte é uma condição inflamatória que afeta as articulações sacroilíacas na parte inferior das costas. É um tipo de artrite que causa dor, rigidez e inflamação na área afetada. Trauma, infecção, uso excessivo e condições inflamatórias são causas potenciais de sacroileíte.
Os sintomas da sacroileíte podem variar de leves a graves e têm um impacto significativo na qualidade de vida das pessoas afetadas.
O diagnóstico e o tratamento da sacroileíte podem ser complicados devido à sua associação com outras condições, como a artrite da coluna lombar. O diagnóstico e tratamento adequados da sacroileíte são essenciais para ajudar a reduzir a dor, melhorar a mobilidade e restaurar a qualidade de vida
Anatomia da Articulação sacroilíaca
A ARTICULAÇÃO sacroilíaca possui formato de C ou L, conectando os ossos ilíacos ao sacro, ou seja, a articulação liga a pelve à parte mais baixa da coluna acima do cóccix.
Essa articulação é a maior articulação axial do corpo, sendo a estabilidade sua função principal, mas também atua na transmissão e dispersão das forças do tronco sobre as estruturas inferiores, restringindo a rotação axial.
A articulação sacroilíaca apresenta estruturas bicompartimentais complexas. Sua parte sinovial possui direção ascendente, enquanto a porção ligamentar tem direção horizontal oblíqua.
Ela possui uma camada de cartilagem envolvendo as superfícies ósseas, que pode se desgastar pela força excessiva ou pela absorção de impactos, levando a degeneração articular acompanhada por sintomas clínicos.
Devido a sua complexa anatomia, é uma articulação especial, que pode ser afetada por várias patologias distintas.
Dor na articulação sacroilíaca – espondiloartropatias
As articulações sacroilíacas são, habitualmente, as principais fonte de dores lombares ou lombociatalgia, normalmente encontrada na prática clínica diária, sendo a sacroileíte, a causa mais comum de doença reconhecida nesta topografia.
As espondiloartropatias soronegativas são exemplos clássicos de distúrbios envolvendo a articulação sacroilíaca.
As espondiloartropatias soronegativas são divididas essencialmente por suas perspectivas clínicas, sendo agrupadas em cinco grupos distintos: espondilite anquilosante, artrite psoriásica, artrite reativa, inflamação articular relacionada doença intestinal inflamatória crônica e espondiloartropatia indiferenciada.
Processo inflamatório nas artrites autoimunes
O processo inflamatório das articulações sacroilíacas é uma regra sintomática para essas condições. Essas doenças inflamatórias destroem a articulação sacroilíaca, causando dor articular, rigidez e anquilose nas fases tardias.
As espondiloartropatias acontecem mais frequentemente em pacientes jovens, e a análise precoce é de importância central para um tratamento satisfatório e adequado, visando melhorar o prognóstico e a qualidade de vida dos pacientes.
Principais aspectos da sacroileíte |
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Dor: a sacroileíte pode causar dor intensa na parte inferior das costas, nádegas e/ou pernas. |
Inflamação: a sacroileíte é uma condição inflamatória das articulações sacroilíacas (SI), localizadas na base da coluna vertebral. |
Rigidez: as pessoas com sacroileíte geralmente apresentam rigidez e amplitude de movimento reduzida na parte inferior das costas e nos quadris. |
Fraqueza: Fraqueza nos músculos da parte inferior das costas, nádegas e pernas também pode estar presente. |
Sensibilidade: As articulações SI podem ser sensíveis ao toque ou à pressão. |
Mudanças posturais: pessoas com sacroileíte podem ter uma curva lombar exagerada e/ou uma oscilação excessiva na parte inferior das costas. |
Outros sintomas: Outros sintomas de sacroileíte podem incluir fadiga, febre e/ou perda de peso. |
Disfunção da articulação sacroilíaca
Disfunção da Articulação Sacroilíaca (DASI) também é outro termo bastante utilizado para se referir ao quadro doloroso dessa articulação, originado por doença degenerativa, inflamatória, alteração na marcha e até mesmo gravidez.
A disfunção da articulação sacroilíaca é definida como: dor localizada; dor provocada pro estresse na articulação; e dor aliviada com o uso de anestésicos locais com ou sem corticosteroides.
Geralmente, os sinas e sintomas iniciam na área inferior das costas e nas nádegas, irradiando para a parte inferior do quadril, virilha ou coxa. Pode ser bilateral, mas normalmente é uma dor unilateral.
Os principais sintomas são: formigamento ou dormência na perna, juntamente com sensação de fraqueza nessa região. Os sintomas podem piorar ao sentar, subir escadas ou dormir no lado afetado.
Diagnóstico de Disfunções Na Articulação Sacroilíaca
Na maioria das vezes, a conclusão clínica da sacroileíte é um desafio, dependendo consideravelmente dos achados radiológicos da radiografia convencional e, atualmente, da tomografia computadorizada e da ressonância magnética, que assumem um papel fundamental.
Primeiramente, o médico especialista realiza um exame físico, considerando qualquer histórico de lesão, localização da dor e dificuldades para ficar em pé ou dormir.
O exame físico poderá incluir alguns testes de sensibilidade que ajudarão o médico a revelar a articulação sacroilíaca como a principal causa dos sintomas.
Para a confirmação do diagnóstico de Disfunção da Articulação Sacroilíaca, alguns testes são realizados, como:
- Teste de distração, onde o paciente fica em decúbito dorsal e o médico pressiona o lado acometido sobre a espinha ilíaca;
- Teste da torsão pélvica, onde o paciente fica em decúbito ventral, o membro inferior não afetado é alongado contra o abdômen, mantendo o joelho dobrado. O membro inferior afetado passa então por uma hiperextensão;
- Teste de Gillet, onde o paciente fica em pé, apoiando-se apenas sobre um pé com o outro flexionado.
Exames de imagem para diagnóstico
A radiografia convencional é a técnica de imagem ainda mais utilizada na prática clínica. Não há consenso mundial quanto à melhor estratégia e frequência para avaliação radiográfica da articulação sacroilíaca.
As incidências mais envolvidas são a anteroposterior com angulação caudal do raio 25-30° e as vistas oblíquas, na tentativa de limitar a sobreposição de estruturas, facilitando a interpretação do exame.
A principal limitação desse exame consiste na sua baixa sensibilidade em reconhecer irregularidades nas fases iniciais da doença.
Os sinais radiográficos da sacroileíte manifestam-se apenas após três a sete anos do início dos sintomas, sendo então apresentados já na fase crônica da doença.
Comparativamente à radiografia convencional, a tomografia computadorizada mostra-se mais sensível para a avaliação das sacroileítes, sendo capaz de definir melhor e mais precocemente as alterações ósseas, principalmente devido aos cortes sequenciais, evitando assim a sobreposição de estruturas.
A tomografia computadorizada é um método de excelência na análise de estruturas ósseas. No entanto, a avaliação de sacroileíte com tomografia computadorizada também tem algumas problemáticas, como a emissão de radiação e a incapacidade de revelar alterações na fase aguda, não identificando a atividade do processo inflamatório, apenas as consequências da inflamação.
A ressonância magnética é um excelente método de escolha no diagnóstico das sacroileítes, pela sua capacidade superior de imagens e pela não utilização de radiação ionizante, além da sua capacidade de diferenciação e detecção das alterações agudas e crônicas.
Esse método permite a melhor visualização das estruturas que envolvem a articulação sacroilíaca.
Diagnóstico diferencial de Sacroileíte
Outras patologias que podem resultar em dor e rigidez local incluem:
Diagnóstico | Explicação |
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Hérnia de disco lombar | Uma hérnia de disco na coluna lombar pode causar sintomas na articulação sacroilíaca. |
Osteoartrite | O desgaste na articulação sacroilíaca pode fazer com que a cartilagem se desgaste, causando dor e inflamação. |
Espondilolistese | Um deslizamento vertebral pode causar dor na articulação sacroilíaca, pois as vértebras estão alinhadas de forma anormal. |
Infecção | A infecção bacteriana ou viral pode causar inflamação na articulação sacroilíaca. |
Disfunção da articulação sacroilíaca | O movimento anormal na articulação pode causar dor devido ao atrito ou tensão. |
Fraturas | Trauma na articulação sacroilíaca pode causar fraturas, levando a dor e inflamação. |
Artrite reativa | Uma reação autoimune a uma infecção em outra parte do corpo pode levar à inflamação na articulação sacroilíaca. |
Tratamento das Disfunções Na Articulação Sacroilíaca
O tratamento das disfunções na articulação sacroilíaca é variável. As melhores opções de praticamente todos os médicos envolvem medicamentos não esteróides e fisioterapia.
Em alguns casos, são necessários medicamentos em forma de adesivo tópicos, cremes ou órteses mecânicas.
Medicamentos incluem:
Opções de analgésicos (medicamentos) | Exemplos |
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Anti-inflamatórios não esteróides (AINEs) | Ibuprofeno, naproxeno, aspirina, celecoxibe |
Analgésicos | Dipirona, Paracetamol |
Analgésicos opióides | Codeína, Tramadol, Metadona |
Relaxantes musculares | Ciclobenzaprina, tizanidina |
Corticosteróides | Prednisona, metilprednisolona |
Analgésicos tópicos | Patches de lidocaína, cremes com capsaicína |
Antidepressivos | Amitriptilina, duloxetina |
Anticonvulsivantes | Gabapentina, pregabalina |
Fisioterapia para sacroileíte
A fisioterapia está centrada em torno de um programa de atividades para a correção de irregularidade muscular. Glúteo máximo, médio e os rotadores externos do quadril precisam ser fortificados.
É recomendado o alongamento dos músculos iliopsoas e reto femoral.
- Melhorar a mobilidade: a fisioterapia pode ajudar a melhorar a amplitude de movimento e a flexibilidade das articulações e músculos, o que pode ajudar a reduzir a dor e o desconforto associados à sacroileíte.
- Fortalecer os músculos: fortalecer os músculos ao redor da área afetada pode ajudar a sustentar a coluna e reduzir o estresse nas articulações sacroilíacas.
- Reduzir a inflamação: as técnicas de fisioterapia podem ajudar a reduzir a inflamação na área afetada e reduzir a dor associada à sacroileíte.
- Melhorar a postura: a má postura pode sobrecarregar as articulações sacroilíacas e aumentar a dor associada à sacroileíte. A fisioterapia pode ajudar a melhorar a postura e reduzir a dor.
- Educação e autogestão: os fisioterapeutas podem fornecer educação sobre como controlar e prevenir a dor associada à sacroileíte e ensinar estratégias de autogestão.
- Restaurar a função normal: a fisioterapia pode ajudar a restaurar movimentos e atividades normais da vida diária, o que pode ajudar a reduzir a dor e melhorar a qualidade de vida.
Injeções e procedimentos minimamente invasivos
As injeções intra-articulares de esteroides fazem parte do tratamento para a sacroileíte, embora seja, para alguns profissionais da área, um tratamento duvidoso, pois as injeções não mudam o distúrbio biomecânico da articulação.
Entretanto, o esteroide influencia em um componente inflamatório da disfunção, o que poderia aumentar a capacidade do paciente em participar de um programa de fisioterapia. Essas injeções podem reduzir o inchaço e a inflamação dos nervos. É um procedimento minimamente invasivo.
Apesar de os resultados serem temporários, as injeções podem ser repetidas até três vezes por ano.
A proloterapia é outro tipo de tratamento para a disfunção do sacroilíaco, consistindo em injetar substâncias como dextrose e fenol na área ligamentosa da articulação, estimulando mais estabilidade.
Se os tratamentos não cirúrgicos não resolverem os sintomas, a cirurgia de fusão articular poderá ser indicada.
Prevenção
A prevenção é essencial para evitar a recorrência, então fique atento às seguintes dicas:
- Mantenha uma boa postura durante suas atividades cotidianas, como levantar-se, dormir e se locomover;
- Técnicas de levantamento adequadas precisam ser consideradas;
- Quando for se exercitar, não esqueça de atividades que envolvam alongamento e fortalecimento;
- Tenha uma dieta saudável e balanceada, mantendo um peso adequado para a sua estatura;
- Evite fumar;
- Gerencie seu estresse e promova técnicas de relaxamento.
Referências
LOPES, B. C. P. Disfunção da articulação sacroilíaca (DASI) e dor lombar: avaliação em amostra de população brasileira. 2018. Tese (Doutorado em Ciências) – Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, 2018.
MONTANDON, C. et al. Sacroiliíte: avaliação por imagem. Radiografia Brasileira, v. 40, n. 1, p. 53-60. 2007.
RIBEIRO, S. et al. Disfunção sacroilíaca. Acta Ortopédica Brasileira, v. 11, n. 2, 2003.