Lesão dos músculos isquiotibiais – Musculatura Posterior da Coxa

Lesão dos Isquiotibiais

  • As lesões dos isquiotibiais são as lesões mais comuns entre os atletas.
  • Podem ocorrer repentinamente ou gradualmente ao longo do tempo.
  • Os sintomas comuns de uma lesão no tendão incluem dor, inchaço e hematomas.
  • Os fatores de risco para lesões nos isquiotibiais incluem idade, nível de atividade e desequilíbrios musculares.
  • O tratamento para uma lesão no tendão pode incluir repouso, fisioterapia e cirurgia.

Os músculos isquiotibiais compõem a região posterior da coxa, sendo responsáveis, em parte, por atividades como caminhar e correr.

Uma lesão dessa musculatura, além de estar associada a dor, pode limitar os movimentos do paciente e impedi-lo de realizar movimentos essenciais no dia a dia.

Os sintomas da lesão dos isquiotibiais incluem dor na região posterior da coxa, principalmente durante a execução de movimentos que exigem contração dos músculos da região, como correr, subir e descer escadas, e também podem se manifestar como dor ao alongar os músculos.

O tratamento para lesões nos isquiotibiais depende da gravidade da lesão e pode variar de repouso, gelo, compressão e elevação (RICE) a fisioterapia e cirurgia (casos raros).

É importante diagnosticar a lesão corretamente, pois o diagnóstico e o tratamento incorretos podem levar a problemas crônicos. Um médico deve ser consultado para diagnosticar e tratar a lesão. A fisioterapia pode ajudar a fortalecer os músculos e melhorar a flexibilidade, ajudando a prevenir futuras lesões.

Músculos isquiotibiais – posteriores da coxa

Os músculos isquiotibiais são o semimembranoso, o semitendíneo e o bíceps femoral. Eles têm origem na tuberosidade isquiática, abaixo dos glúteos, e compõem a região posterior da coxa, inserindo-se finalmente na face medial da tíbia, próximo ao joelho[1]Brasileiro JS, Faria AF, Queiroz LL. Influência do resfriamento e do aquecimento local na flexibilidade dos músculos isquiotibiais. Brazilian Journal of Physical Therapy. 2007;11:57-61..

MúsculoOrigemInserçãoFunção
SemitendíneoTuberosidade isquiáticaSuperfície medial da tíbia proximalFlexiona o joelho e estende o quadril
SemimembranosoTuberosidade isquiáticaCôndilo medial da tíbiaFlexiona o joelho e estende o quadril
Bíceps FemoralEspinha ilíaca ântero-inferiorCabeça do fêmurFlexiona o joelho, flexiona o quadril e abduz a coxa

Os movimentos realizados por essa musculatura são a flexão do joelho e a extensão do quadril. Por isso, ela é essencial durante a caminhada e a corrida, por exemplo, e, inclusive, desempenha a função de controlar a velocidade das passadas.

Por que a lesão ocorre?

Diante disso, portanto, é mais comum que ocorra a lesão dos isquiotibiais em atividades físicas e esportes que exigem movimentos como:

Algumas práticas frequentemente associadas a danos nos músculos posteriores da coxa são o futebol, o tênis, o vôlei, o atletismo e a dança[2]Almeida J. Estudo de revisão acerca da prevenção de lesões musculares nos isquiotibiais..

Classificação das Lesões

Vale ressaltar que as lesões desses músculos variam em grau, conforme o nível de dano gerado. Abaixo mostramos como são classificadas:

  • grau I: acontece quando não há rompimento de fibras musculares ou no máximo 5%  delas são rompidas;
  • grau II: ocorre quando entre 5 a 50% das fibras da região posterior da coxa são rompidas;
  • grau III: mais de 50% das fibras musculares são rompidas.

A partir de tal classificação, o médico pode prescrever o tratamento adequado, bem como a duração do mesmo.

Causas comuns

As lesões dos isquiotibiais ocorrem, na maioria das vezes, em associação com um movimento brusco, o qual sobrecarrega as fibras musculares e gera distensão das mesmas, em geral na região músculo-tendínea.

Porém, é possível lesionar a musculatura posterior da coxa por causa da prática incorreta de uma técnica, o que gradualmente danifica as fibras. Nesses casos, normalmente quando o paciente começa a perceber os sintomas, ele busca ajuda médica.

Citamos abaixo situações que favorecem o surgimento de danos nos posteriores da coxa:

  • traumas diretos como pancadas ou quedas;
  • prática de atividade física sem o condicionamento físico necessário;
  • falta de alongamento dos isquiotibiais[3]Nogueira JF, Lins CA, Souza AV, Brasileiro JS. Efeitos do aquecimento e do alongamento na resposta neuromuscular dos isquiotibiais. Revista Brasileira de Medicina do Esporte. 2014 Jul;20:262-6.;
  • desequilíbrio muscular, ou seja, musculatura anterior da coxa mais forte;
  • cansaço muscular durante o treino;
  • falta de aquecimento prévio ao exercício.

Ressaltamos que é importante compreender as causas para a lesão dos isquiotibiais, a fim de evitar que elas continuem a interferir na saúde do paciente e, consequentemente, ocasionem recidivas do quadro clínico mesmo após o tratamento.

CLINICA DE IMAGEM SANTA LUCIA e RAD +

Diagnóstico

O diagnóstico das lesões nos músculos posteriores da coxa é feito a partir da associação entre o histórico clínico e os sintomas relatados pelo paciente, assim como pelo exame físico realizado pelo médico.

Neste, o profissional procura sinais visuais como edemas e hematomas, por exemplo, indicativos para compreender o grau do dano muscular.

Além disso, os exames de imagem de radiografia e ressonância magnética são formas de identificar a presença de fraturas associadas e classificar mais acuradamente o nível da lesão, respectivamente.

Diante de todas as informações coletadas, o clínico pode prescrever um tratamento que vise tanto o alívio dos sintomas como a reabilitação da funcionalidade do paciente.

ExameDescrição
Exame FísicoO médico sentirá os músculos isquiotibiais e verificará se há sensibilidade e inchaço. Importante avaliar postura, músculos agonistas/antagonistas e flexibilidade.
Raio-XPode identificar uma fratura ou anormalidade óssea.
Ressonância MagnéticaPode identificar melhor os danos nos tecidos moles e a extensão da lesão.

Sintomas

Em geral, uma lesão nos isquiotibiais acontece durante a prática de alguma atividade física ou na realização de um movimento brusco.

Logo, é frequente percebê-la tão logo ocorre, a partir de uma dor imediata e aguda na parte posterior da coxa, acompanhada, ou não, por um som característico, similar a um estalo.

À medida que o quadro progride, há um tendência de que a dor aumente e a força da musculatura seja reduzida, comprometendo a prática de atividades físicas e até mesmo a execução de movimentos básicos diários como caminhar, por exemplo.

Ainda, dependendo do nível do dano muscular, os sintomas variam. A seguir os relacionamos com a classificação citada previamente:

  • grau I: dor leve e perda de força muscular não limitante;
  • grau II: maior intensidade da dor, dificuldade para caminhar e presença de equimose;
  • grau III: dor entre moderada à intensa, presença de edemas e hematomas, redução considerável da funcionalidade muscular.

Outros sintomas que podem ser percebidos são o surgimento de dor quando a região é pressionada e gap muscular. O último caracteriza-se como uma depressão visível na musculatura.

Em relação aos hematomas, vale salientar que eles surgem entre 24 a 48 horas após a lesão inicial, pois são resultado de um grau elevado de dano tecidual associado ao rompimento de vasos sanguíneos.

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Sintomas
Dor ou sensibilidade na parte posterior da coxa
Inchaço e/ou hematoma
Fraqueza no músculo
Dificuldade para caminhar, correr e/ou curvar-se
Sensação de estalo ou estalo durante o movimento


Tratamento

Existem duas etapas para o tratamento de lesões nos isquiotibiais.

Inicialmente, na fase aguda, o objetivo é minimizar os sintomas.

Na sequência, o segundo momento visa reabilitar a musculatura e prevenir recidivas do quadro[4]Ramos GA, Arliani GG, Astur DC, Pochini AD, Ejnisman B, Cohen M. Reabilitação nas lesões musculares dos isquiotibiais: revisão da literatura☆. Revista Brasileira de Ortopedia. 2017 Jan;52:11-6..

Outro fator importante que interfere significativamente na definição da intervenção terapêutica é o grau de dano muscular. Ressaltamos que quanto maior a intensidade da lesão, mais longa a duração do tratamento. 

Ademais, a restauração da musculatura exige um processo de cicatrização completo e, por isso, é essencial que o paciente tenha paciência e saiba aguardar as recomendações médicas para retornar, gradualmente, a prática de atividades físicas.

Em relação à primeira etapa do tratamento, para aliviar os sintomas, os métodos utilizados costumam ser: compressas de gelo, uso de anti-inflamatórios, repouso e fisioterapia. É possível, quando a dor é muito intensa, utilizar muletas para caminhar[5]Signori LU, Voloski FR, Kerkhoff AC, Brignoni L, Plentz RD. Efeito de agentes térmicos aplicados previamente a um programa de alongamentos na flexibilidade dos músculos isquiotibiais encurtados. … Continue reading.

Após a abordagem inicial, a próxima fase deve favorecer a cicatrização tecidual e reduzir as perdas funcionais. Para tal, o mais indicado é a fisioterapia e a realização de exercícios de fortalecimento e alongamento dos músculos posteriores da coxa.

Destacamos que na maioria dos casos o tratamento é conservador. Porém, há duas situações que podem exigir uma intervenção cirúrgica: quando ocorre uma avulsão muscular ou se a ruptura dos músculos é excessivamente extensa.

Sobre a avulsão, esta acontece quando junto ao dano muscular e tendíneo há um desprendimento de fragmento ósseo. Especificamente associado aos isquiotibiais, é mais comum o destacamento de osso na região da tuberosidade isquiática.

Por fim, queremos reforçar que embora as lesões nesses músculos sejam frequentes, elas podem e devem ser prevenidas a partir de ações como: fortalecimento e alongamento dos músculos posteriores da coxa, bem como aquecimento antes da prática física.

Medicamentos para tratamento de lesões nos isquiotibiais

  • Anti-inflamatórios não esteróides (AINEs) Esses medicamentos reduzem a inflamação e a dor no tendão da coxa.
  • Corticosteroides reduzem a inflamação no tendão e podem ser injetados diretamente na área afetada.
  • Anestésicos Locais reduzem a dor no tendão bloqueando os sinais nervosos.
  • Relaxantes musculares relaxam os músculos isquiotibiais e reduzem os espasmos.
  • Opioides reduzem a dor aguda e podem ser prescritos apenas para uso de curto prazo.

Prevenção

Prevenir uma lesão nos isquiotibiais é fundamental para evitar o desconforto e os possíveis efeitos a longo prazo da lesão. Existem vários exercícios que podem ser feitos para fortalecer os músculos isquiotibiais e prevenir lesões. Exercícios de alongamento e fortalecimento devem ser feitos regularmente para maximizar a flexibilidade, reduzir a dor e reduzir as chances de lesões.

Importante aquecer adequadamente antes de iniciar qualquer atividade física que possa sobrecarregar os músculos isquiotibiais. O alongamento dinâmico, como caminhadas e balanços das pernas, pode ajudar a preparar o corpo para o exercício e reduzir o risco de puxar ou esticar um tendão.

Além disso, é importante usar a forma e a técnica adequadas ao levantar pesos ou realizar qualquer exercício para garantir que os músculos sejam trabalhados corretamente e não sobrecarregados.

Qual ​é o prognóstico da lesão no tendão?

O prognóstico de uma lesão no tendão depende da gravidade da lesão.

  • As distensões dos isquiotibiais de grau 1 são tipicamente a forma mais branda e podem ser tratadas com repouso, gelo e alongamento suave.
  • As distensões dos isquiotibiais de grau 2 são mais graves e podem exigir até 6 semanas de descanso e fisioterapia para cicatrizar.
  • As distensões dos isquiotibiais de grau 3 são as mais graves e podem exigir até 12 semanas de descanso, fisioterapia e até mesmo cirurgia em alguns casos.

Em todos os casos, o prognóstico melhora com os cuidados adequados. Se uma lesão no tendão não for tratada, pode causar danos mais sérios e demorar mais para cicatrizar.

A fisioterapia pode ajudar a fortalecer os músculos da área para evitar novas lesões. Os tempos de recuperação variam dependendo da gravidade da lesão e da rapidez com que a pessoa segue o plano de tratamento.

Referências Bibliográficas

Referências Bibliográficas
1 Brasileiro JS, Faria AF, Queiroz LL. Influência do resfriamento e do aquecimento local na flexibilidade dos músculos isquiotibiais. Brazilian Journal of Physical Therapy. 2007;11:57-61.
2 Almeida J. Estudo de revisão acerca da prevenção de lesões musculares nos isquiotibiais.
3 Nogueira JF, Lins CA, Souza AV, Brasileiro JS. Efeitos do aquecimento e do alongamento na resposta neuromuscular dos isquiotibiais. Revista Brasileira de Medicina do Esporte. 2014 Jul;20:262-6.
4 Ramos GA, Arliani GG, Astur DC, Pochini AD, Ejnisman B, Cohen M. Reabilitação nas lesões musculares dos isquiotibiais: revisão da literatura☆. Revista Brasileira de Ortopedia. 2017 Jan;52:11-6.
5 Signori LU, Voloski FR, Kerkhoff AC, Brignoni L, Plentz RD. Efeito de agentes térmicos aplicados previamente a um programa de alongamentos na flexibilidade dos músculos isquiotibiais encurtados. Revista Brasileira de Medicina do Esporte. 2008;14:328-31.

Dr. Carlos Roberto Babá

CRM-SP 47825 / RQE 12910, 19925.

Médico especialista em Ortopedia, Traumatologia e Acupuntura.

Médico Colaborador do Grupo de Dor do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP).

Membro Titular da Sociedade Brasileira de Ortopedia (SBOT).

Atuação na Área Clínica e de Ensino Médico.

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Dr. Carlos Roberto Babá

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