Estenose da Coluna Lombar – Causas, Sintomas e Tratamentos

  • A estenose lombar é um estreitamento do canal vertebral, localizado na parte inferior das costas.
  • É causada por condições degenerativas como a artrite, que pode fazer com que os ossos, discos e ligamentos engrossem e obstruam o canal espinhal.
  • O estreitamento do canal pode causar pressão nas raízes nervosas espinhais e/ou na medula espinhal, resultando em dor, dormência, formigamento e/ou fraqueza nas pernas.
  • É mais comum em adultos mais idosos, devido à natureza degenerativa da doença.
  • Os tratamentos comuns incluem fisioterapia, medicamentos e, em alguns casos, cirurgia.
  • Se não for tratada, a estenose lombar pode levar a danos permanentes e incapacidade.


A coluna humana tem diversas funções, dentre elas estão a função de locomoção e movimentação, postura, flexibilidade, fixação para o crânio, suporte para o peso do corpo, proteção da medula espinhal e dos nervos espinhais.

A coluna vertebral do ser humano compreende desde o crânio até a pelve, contendo 24 vértebras, posicionadas uma sobre a outra, estas são subdividas em sete vértebras cervicais, doze vértebras torácicas, cinco vértebras lombares.

A junção das vértebras forma o canal vertebral, cuja função é proteger e abrigar a medula espinhal e é também por onde passam as raízes nervosas. Na região lombar, o aspecto do canal vertebral é triangular e possui grande mobilidade.

As raízes nervosas ou nervos espinhais, por sua vez, são responsáveis pelas informações elétricas que são enviadas para e pelo cérebro. São o todo 33 pares de nervos espinhais, sendo 5 deles encontrados na região lombar, chamados de nervos lombares, os quais são de maior interesse neste artigo.

Estas são as estruturas das quais se deve ter conhecimento para compreender do que se trata a estenose de canal lombar.  Portanto, continue lendo para conhecer sobre esta afecção, suas causas, sintomas e tratamento.

O que é estenose de canal lombar?

A estenose de canal é um estreitamento do canal vertebral, o qual abriga as raízes nervosas, como já fora explicado. Este estreitamento gera uma compressão contra a medula e contra os nervos espinhais, influenciando mecânica e vascularmente.

Assim, a estenose de canal lombar nada mais é que o estreitamento do canal na região das vértebras lombares, comprimindo os cinco pares de nervos espinhais lombares. Nesta região, as raízes nervosas se encontram na chamada cauda equina, assim, a estenose de canal lombar é popularmente conhecida como síndrome da cauda equina.

A estenose na região lombar é mais comum do que na região cervical, esta patologia afeta mais às pessoas idosas, com idade superior à quinta década de vida. Segundo estimativas, a cada 100.000 habitantes com mais de 60 anos, 10 apresentam estenose de canal lombar.

Causas da estenose de canal lombar

A estenose de canal lombar pode ser classificada em dois tipos, cujos critérios estão relacionados à causa da patologia. Verifique a descrição abaixo:

-Estenose de canal lombar congênita: é causada por alterações constitucionais ou pré-natal, decorrentes de deslocamento de discos ou alterações nas articulações facetárias.

-Estenose de canal lombar adquirida: é causada pela degeneração do canal vertebral, do desgaste gradual da coluna devido à idade ou pela ocorrência de traumas repetidos progressivamente.

A etiologia da estenose de canal lombar inclui, ainda, a relação com outras doenças, como osteomielite, doenças reumatológicas, traumatismos, hérnia de disco e tumores.


CausaDescrição
EnvelhecimentoO desgaste gradual dos discos e ossos da coluna vertebral que ocorre naturalmente com a idade.
LesãoTraumas ou lesões na coluna podem causar estreitamento do canal vertebral.
ArtriteA artrite degenerativa da coluna pode levar ao estreitamento do canal vertebral.
Deformidades da coluna vertebralCurvaturas anormais da coluna vertebral, como escoliose, podem causar estreitamento do canal vertebral.
TumoresOs tumores dentro ou perto da coluna vertebral podem causar estreitamento do canal vertebral.

Sintomas da estenose de canal lombar

Devemos imaginar que o canal vertebral, ao comprimir os nervos espinhais, o que ocorre é algo parecido com comprimir uma mangueira d’água, de forma que a informação, isto é, a água, é enviada, porém não há espaço suficiente para que o tráfego seja normal.

Assim, uma pequena quantidade de líquido pode sair com dificuldade, ocorrendo uma alteração na transmissão nervosa dos nervos lombares. Ao chegar ao local de compressão, as informações são dissipadas, podendo não atingir o local de destino, interferindo, portanto, na movimentação dos membros inferiores, no trato gastrointestinal, na sensibilidade, etc.

Consideremos isto para compreender os principais sintomas da estenose de canal lombar:

  • Dor na região lombar: devido à alteração da anatomia normal do canal e devido à alteração da postura;
  • Alteração da sensibilidade: devido à compressão dos nervos, a sensibilidade pode aumentar ou diminuir;
  • Dor nos membros inferiores: a dor lombar é irradiada para as regiões próximas, devido ao esforço aumentado;
  • Dificuldade para dormir: devido à dor e falta de posição confortável para dormir, o sono fica afetado, interferindo em outros aspectos como apetite, humor, aumento da dor, etc;
  • Alteração no funcionamento gastrointestinal: a compressão dificulta a chegada de informações nervosas aos órgãos responsáveis pela digestão e excreção, podendo então causar problemas intestinais e urinários;
  • Paralisia ou perda dos reflexos nos membros inferiores: também devido à compressão, em alguns casos pode haver paralisia ou dificuldade de movimentar os membros inferiores, uma vez que não chega aos músculos as informações nervosas necessárias ao movimento e locomoção;
  • Alteração da força nos membros inferiores: devido à compressão, as informações nervosas chegam com mais dificuldade ao destino, assim, os músculos respondem com menos força;
  • Alteração na postura: devido à dor causada pela compressão do canal vertebral, o paciente compensa alterando a postura para um modo mais confortável.


SintomaDescrição
DorDor na parte inferior das costas, nádegas e pernas, especialmente ao caminhar ou ficar em pé por longos períodos de tempo.
Dormência ou formigamentoSensação de Dormência ou formigamento em uma ou ambas as pernas.
FraquezaFraqueza em uma ou ambas as pernas.
CólicasCãibras dolorosas em uma ou ambas as pernas.
Perda do controle da bexigaIncapacidade de controlar a micção ou a defecação.


Diagnóstico da Estenose da Coluna Lombar

O diagnóstico é feito através da sintomatologia relatada ao médico, além da anamnese que contribui com a informação de fatores relacionados à idade e ao histórico de doenças predisponentes. Além disso, exames de imagem da coluna são necessários para fins de confirmação do diagnóstico, a saber: radiografia simples, mielografia, tomografia, ressonância magnética.

Outros exames laboratoriais podem ser solicitados pelo médico em alguns casos, como exames de fezes, de urina e hemograma, principalmente nos casos em que os sintomas incluem a alteração do trato gastrointestinal, nestes casos, os exames laboratoriais são importantes para eliminar outras suspeitas.

Da mesma forma, exames complementares devem ser realizados quando há suspeita também de outras afecções, como tumores cerebrais ou na coluna, hérnia de disco, abscesso epidural, aracnoidite inflamatória, espondilolistese degenerativa, entre outras.


Tratamento para estenose de canal lombar

A maioria dos pacientes apresenta bons resultados com o tratamento conservador, isto é, sem intervenções invasivas. O tratamento conservador para estenose de canal lombar inclui:

  • Repouso: insistir em movimentar e locomover pode ser prejudicial, pois há alteração no posicionamento da coluna devido à dor e à compressão, assim, este seria um esforço que pode agravar o problema. O estímulo é bem-vindo quando os sintomas forem controlados, antes disso, é recomendado o repouso;
  • Analgésicos: para alívio da dor, são administrados medicamentos orais de analgesia, no entanto, em alguns casos quando a dor é incessante, é necessário administrar corticóides através de injeções espinhais.
  • Anti-inflamatórios: principalmente na fase aguda, são utilizados anti-inflamatórios para o tratamento da inflamação dos nervos, que entram em processo de inflamação devido à compressão;
  • Fisioterapia: após o controle da dor e dos sintomas, é recomendada a realização de fisioterapia para o fortalecimento da musculatura, para a melhora da circulação sanguínea e para a correção postural, prevenindo a reincidência da dor.

ExercícioDescrição
AlongamentoAlongar os músculos da região lombar, nádegas e pernas pode ajudar a reduzir a dor e a rigidez.
FortalecimentoFortalecimento dos músculos centrais e da região lombar, nádegas e pernas.
Exercício aeróbicoExercícios aeróbicos de baixo impacto, como natação ou caminhada, podem ajudar a melhorar o condicionamento físico geral e reduzir a dor.
Exercícios de equilíbrioExercícios de equilíbrio, como ficar em um pé só ou se equilibrar em uma bola de estabilidade, podem ajudar a melhorar o equilíbrio e a coordenação.
YogaAs posturas de ioga podem ajudar a melhorar a flexibilidade, o equilíbrio e a força, além de reduzir a dor.

É necessário cirurgia para estenose da coluna?

Em alguns casos, se faz necessária a intervenção cirurgia, são casos nos quais a compressão é mais intensa ou quando há sintomas neurológicos muito incapacitantes ou ainda, há a risco de déficit neurológico ou consequências como atrofia e paralisia. Ou mesmo quando há boa resposta ao tratamento conservador, porém, com a cirurgia, o paciente pode voltar a ter uma melhor qualidade de vida.

A cirurgia para solucionar a estenose de canal lombar, é uma cirurgia na coluna que tem como objetivo a descompressão. Faz-se uma incisão na região lombar para que seja feita a descompressão do canal vertebral, aumentando a circunferência onde se encontra os nervos espinhais, para isso, pode ser preciso retirar tecido, incluir implantes ou substituir o disco vertebral por uma prótese de titânio.

Isto é, o procedimento cirúrgico dependerá do caso, da intensidade da compressão, do próprio médico, etc. Da mesma forma o tratamento conservador também dependerá de cada quadro. Entretanto, no geral, os tratamentos são conduzidos da forma explicada, até que haja novas pesquisas e técnicas.

É preciso que o paciente tenha uma boa adesão ao tratamento para que sejam percebidos resultados eficazes, redução dos sintomas e melhora na qualidade de vida. Sabendo que a maioria dos pacientes afetados pela estenose de canal lombar são pessoas idosas, é preciso levar em conta que pode haver dificuldade na adesão ao tratamento, sendo necessário o acompanhamento da família e de equipe multiprofissional, isto é, além do médico e fisioterapeuta, podem ser bem-vindas as participações de psicólogos, enfermeiros e cuidadores.

Esta participação de outros profissionais é interessante, pois esta patologia afeta não somente a coluna, como vimos, afeta também o aspecto neurológico, o aspecto locomotor e motor, o aspecto gastrointestinal e urinário, etc.

Com isso, os sintomas afetam a questão emocional do paciente, fazendo necessário o acompanhamento psicológico, a fisioterapia para a melhora motora, o enfermeiro ou cuidador para o auxílio com os cuidados em relação às necessidades básicas, como a higiene do paciente, bem como auxílio para defecar e urinar, pois há dificuldade com esta questão decorrente da doença, principalmente aos pacientes mais debilitados, mais idosos e no pós-cirúrgico.

Conclusão

Pode-se perceber que a estenose de canal lombar é uma doença pouco falada, mas bastante incapacitante, que requer o tratamento adequado, de forma que se faz necessário o apoio familiar, o auxilio de uma equipe capacitada, bem como a força de vontade do próprio paciente, pois com a adesão ao tratamento, a doença é revertida de uma forma simples.

O que deve ser evitada é a negligência aos sintomas e não procurar recursos terapêuticos, pois a sintomatologia é capaz de tirar a qualidade de vida da pessoa afetada. Dessa forma, apoiar o paciente inclui conscientizá-lo e incentivá-lo a seguir corretamente o tratamento.

Foto Destaque: Escritório foto criado por 8photo – br.freepik.com

Dr. Carlos Roberto Babá

CRM-SP 47825 / RQE 12910, 19925.

Médico especialista em Ortopedia, Traumatologia e Acupuntura.

Médico Colaborador do Grupo de Dor do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP).

Membro Titular da Sociedade Brasileira de Ortopedia (SBOT).

Atuação na Área Clínica e de Ensino Médico.

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Dr. Carlos Roberto Babá

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CRM-SP 47825 / RQE 12910, 19925.

Médico especialista em Ortopedia, Traumatologia e Acupuntura.

Médico Colaborador do Grupo de Dor do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP).

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