Melanose Solar

O principal efeito benéfico da radiação de luz ultravioleta (UV) na pele é o processo fotoquímico que gera à produção da Vitamina D3.

Apesar disso, a luz solar pode causar efeitos profundos sobre a pele e encontram-se relacionados a uma diversidade de doenças.

A UV ocasiona a maior parte das reações cutâneas fotobiológicas e diversas doenças, dentre elas, a melanose solar. 1


O que é melanose solar?

Conhecida como uma fotodermatose muito comum, a melanose solar resulta do aumento do número dos melanócitos e da sua atividade que produz mais melanina e causa manchas na pele. Considerada uma doença pré-maligna, essa melanose ocorre por meio de um processo degenerativo ocasionado pelo sol. 2

Outras designações para melanose solar, são: “melanose actínica, mancha da senilidade, distrofia cutânea involutiva, senescência cutânea, fotodermatose por irritação cumulativa, pele fotolesada, pele fotoenvelhecida.” 3


Como são as lesões da melanose solar?

A tendência da melanose é surgir como lesões múltiplas provocadas pela incidência de exposição da pele aos raios solares.

Essas manchas podem acometer aproximadamente 90% da população caucasiana com mais de 60 anos, podendo aumentar em quantidade na pele com o passar dos anos. Lembrando-se de que, os pacientes mais jovens também podem ser acometidos, se expostos à luz solar aguda ou crônica.4


sun


Diagnóstico

A dermatoscopia proporciona boa suscetibilidade e especificidade no processo de avaliação das manchas de melanose solar. Mas, torna-se necessário realizar a identificação de padrões dermatoscópicos mais específicos.

O exame histopatológico continua sendo padrão ouro para o seu diagnóstico da melanose solar, cabendo ser desenvolvido na forma de biópsia excisional sempre que houver razoabilidade, devido a perspectiva de se tratar de tumores de colisão de pele, devendo, portanto, fazer uma análise topográfica.5


Diagnóstico Diferencial

As manchas de melanose solar representam uma queixa constante em consultórios de Dermatologia, dado a ser esteticamente chamativas e a gerar aspecto envelhecido na pele, citam-se as principais características da melanose solar: 2-3-4-5

  • Aspecto da pele:  levemente amarelada, ressecada, fina, com rugas e pregas
  • Cor: manchas escuras, de coloração castanha ou marrom
  • Tamanho: manchas comumente pequenas de milímetros até 1,5 cm de diâmetro
  • Formas: bem localizadas, arredondadas ou irregulares
  • Áreas do corpo expostas ao sol: face, dorso das mãos e dos braços, colo e ombros
  • Idade:  maior parte entre 3ª ou 4ª década de vida
  • Desenvolvimento: depende do tipo de pele e da intensidade de exposição solar

A intensidade dessas manchas se comportam conforme o tipo de pele de cada pessoa.  Peles mais claras têm maior tendência, do que as peles mais escuras, pois, são menos resistentes à luz solar.

O quadro cutâneo procede de fatores ambientais e do estilo de vida cultivado por cada indivíduo. 4

A melanose solar forma manchas que referem-se à lesões benignas.6 Entretanto, a melanose pode evoluir excepcionalmente para a degeneração maligna. Em casos assim: “a melanose é infiltrada, de coloração castanha preta e um pouco mais extensa do que o normal.”3

Torna-se relevante realizar um diagnóstico preciso, de forma a refutar a probabilidade de outras manchas de natureza maligna. O diagnóstico e o tratamento devem ser realizados e recomendados pelo médico dermatologista.7


Diferença entre melanose solar e melasma

O melasma e a melanose solar apresentam forte relação com a incidência solar.

No entanto, o melasma é uma patologia multifatorial, em que outras questões como fatores hormonais, medicamentos e predisposição genética também estão relacionadas.


Tratamentos para melanose solar

Crioterapia

A Crioterapia com neve carbônica (dióxido de carbono) ou nitrogênio líquido, com aplicação por 2 a 4 segundos. Se utilizada na face, o resultado é de bom para excelente, especialmente em pessoas de pele clara. Enquanto que, no dorso das mãos, a resposta tende a ser de regular para bom e requer diversas aplicações ao mês.6

Tretinoína

Com aplicação de 0,05% a 0,1%, à noite e removida pela manhã, a tretinoína oferece melhora depois de utilizada por alguns dias. Torna-se indispensável fazer o uso de fotoprotetor durante o dia. Em casos de irritação, aplica-se a cada 2 ou 3 dias.6

Luz Intensa Pulsada (LIP)

A LIP é a alternativa mais recomendada para a melanose solar, cujo aparelho de Luz Intensa Pulsada consegue minimizar em poucas sessões, as lesões provocadas pela exposição prolongada à radiação solar. A LIP possui aplicações diretas de energia, mediante flashlamps ou circuitos elétricos que são produzidos a partir de uma luz brilhante, unificando os efeitos de calor gerados por flashes que atuam diretamente na estrutura desejada.

A transmissão dessa energia é feita diretamente para uma lâmpada de xenônio, tornando a energia elétrica aglomerada em energia luminosa. A LIP apresenta vários comprimentos de onda, de forma que seja possível haver diversas aplicações sobre o tecido e absorver a energia por meio deles, convertendo a luz em calor.

A energia é conduzida ao cromóforo, ou seja, melanossomos melanizados, mediante comprimento característico de onda, esse alvo deve absorver uma energia luminosa tornando-a em calor ou reação fototérmica que leva à destruição e a necrose celular. 8

Laser

Maiormente o rubi-laser pode ser aplicado com resultados satisfatórios.6 O Q-Swicth Laser Nd:YAG contribui para minimizar as manchas hipercrômicas, promove resultado satisfatório àqueles pacientes que esperam uma melhora na aparência da pele em que se encontra as manchas, fato que ainda pode contribuir para resgatar a autoestima da pessoa acometida. 4

Peelings Químicos

peeling

Deriva da cana de açúcar e oferece maior capacidade de absorção da pele, dado a ser de menor peso molecular, tem a capacidade de aumentar a composição da epiderme e do colágeno e ajudar na penetração de outros ativos, como Ácido tricloroacético e Vitamina C.2

O Ácido tricloroacético (ATA) é recomendado para realizar peelings químicos a partir de dois veículos: a pasta hidrossolúvel e a solução aquosa.

Genericamente, o peeling de ATA em solução aquosa pode ser feito por meio de contínuas aplicações intermitentes de tempo padronizados, em que se tem a oportunidade de observar a condição de dano/frosting ocasionado pelas aplicações precedentes.

A pasta de ATA objetiva alcançar maior uniformidade no eficácia do ácido.

Essas pastas apresentam uma consistência semissólida, com grande quantidade de partículas sólidas insolúveis (~20-50%), formuladas com excipientes de propriedades graxas ou aquosas utilizadas em três sessões de peeling com intervalo de 30 dias entre cada sessão.

Os peelings ao utilizar solução ou pasta de ATA a 20% mostram-se eficazes para o tratamento das melanoses no dorso das mãos. O tempo de dois minutos expostos à pasta parece propiciar um clareamento eficaz.9

Sugere-se ainda usar pelling químico de ácido glicólico a 30%, deixando-o permanecer na pele por cerca de dez minutos, bem como pode-se utilizar juntamente a vitamina C tópica.

A Vitamina C tem o objetivo de estimular a formação do colágeno, naturalmente produzido pela pele, restabelecendo a sua elasticidade, sendo muito aplicada para fazer o clareamento das manchas de melanose solar.

Para finalizar o atendimento parte-se para a aplicação de protetor solar, em seguida, orienta-se o paciente a prosseguir com o tratamento domiciliar, recomenda-se o uso de hidratante com niacinamida 5%, que contribui para reduzir a hiperpigmentação e uniformizar o tom da pele, por fim, tem-se o ácido ferúlico 0, 5%, que é um potente antioxidante capaz de prevenir os danos ocasionados pela radiação UV, além do proteção solar ajuda no clareamento das manchas.2


Como evitar a melanose solar?

Medidas preventivas devem ser acessíveis a todos os pacientes e estas compreendem o uso contínuo de protetores solares, máxima cautela com a exposição à luz solar e uso frequente de proteções físicas, como bonés, chapéus, óculos, luvas.

Além disso, recomendam-se usar frequentemente fotoprotetores mesmo em presença de rápidas exposições solares. 2-3-4-5-6-7

As considerações ora mencionadas permitiram compreender que a melanose solarrefere-se aum quadro muito comum nos consultórios, pois é procedente da ação da luz solar na pele, que ocorre sobretudo com pessoas que ficam demasiadamente expostas ao sol ao longo da vida.

Mas, essas manchas podem ocorrer com qualquer pessoa independentemente de idade, devido à falta de cuidado com as medidas preventivas nos momentos de exposição aos raios solares.

O ideal é fazer a prevenção adequada no cotidiano, se proteger do sol, tanto em momentos de lazer, quanto no cotidiano, valendo-se do uso de filtro solar e proteções físicas.

Essas medidas podem contribuir para evitar o estímulo do aparecimento da melanose solar.


Dica para evitar melanose solar

Proteção solar nas áreas continuamente expostas ao sol, seja na praia ou piscina, ou mesmo no dia a dia.


As manchas da melanose solar são permanentes?

O tratamento e prevenção adequado pode ajudar na regressão e melhora das lesões. No entanto, sem os cuidados preventivos adequados, há o risco das manchas voltarem a surgir.


A melanose solar pode virar câncer?

A melanose solar é uma lesão benigna, associada à exposição solar, e não vira câncer ou tumor. No entanto, as pessoas que são submetidas a exposição solar prolongada, sem adequada proteção, tem o risco maior de desenvolvimento de melanona e câncer na pele.


Referências

1 Simis T, Simis DRC. Doenças da pele relacionadas à radiação solar. Rev. Fac. Ciênc. Méd. Sorocaba, v.8, n. l. p.1-8, 2006 Disponível em: <https://revistas.pucsp.br/RFCMS/article/download/74/pdf/0. > Acesso em: junho de 2022

2 Bianchini AB (et al.) Uso do peeling de ácido glicólico e vitamina c no tratamento de melanose solar: um estudo de caso. 2015. Anais do Salão de Ensino e de Extensão. XXIV Seminário de Iniciação Científica. IX Salão de Ensino e de Extensão acontecerão 22 a 26 de outubro de 2018, campus da Unisc de Santa Cruz do Sul. Disponível em: <https://online.unisc.br/acadnet/anais/index.php/salao_ensino_extensao/article/view/13909> Acesso em: junho de 2022

3 Barros LAB. Dicionário de Dermatologia. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2009.

4 Romani R (et al.) Tratamento efetivo de melanoses solares nas mãos com 1 sessão do Q-Swicth Laser Nd:YAG. Vezza, 03(1):1-8, 2020. Disponível em: <https://www.vezza.ind.br/wp-content/uploads/2020/03/ARTIGO_QS.pdf> Acesso em: junho de 2022

5 Mendes MST. Correlação clínica, dermatoscópica e histopatológica das lesões pigmentadas planas da face. 2016. 106 f., il. Dissertação (Mestrado em Ciências da Saúde) — Universidade de Brasília, Brasília, 2016. Disponível em: < https://repositorio.unb.br/handle/10482/21619 >. Acesso em: junho de 2022.

6 Rivitti EA. Manual de Dermatologia clínica de Sampaio e Rivitti [recurso eletrônico] / Evandro A. Rivitti. – Dados eletrônicos. – São Paulo: Artes Médicas, 2014.

7 Sociedade Brasileira de Dermatologia – Regional Rio de Janeiro. SBDRJ. O que são melanoses solares? Disponível em: <https://sbdrj.org.br/o-que-sao-as-melanoses-solares/>. Acesso em: junho de 2022.

8 Nunes LCS, Neves JCF. Tratamento da melanose solar com a luz intensa pulsada. Trabalho de conclusão de curso. Curso Bacharelado em Estética. Centro Universitário Hermínio da Silveira- IBMR, Rio de Janeiro. 2017, 26p. Disponível em: <https://www.ibmr.br/files/tcc/tratamento-da-melanose-solar-com-a-luz-intensa-pulsada-lara-campos-da-silva-nunes-e-jaqueline-coelho-felipe-das-neves.pdf>. Acesso em: junho de 2022.

9 Orso RPR, Rodrigues LFL, Vilaverde SJ, Araújo SPC. Peeling de ácido tricloroacético no tratamento de melanoses actínicas no dorso das mãos: estudo comparativo e randomizado entre dois veículos Surgical & Cosmetic Dermatology, 7(4): 294-297, 2015. Disponível em:

<https://www.redalyc.org/pdf/2655/265544156002.pdf>. Acesso em: junho de 2022.

Dra. Juliana Toma

CRM-SP: 156490 / RQE: 65521.
Médica pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP/EPM). Residência Médica em Dermatologia pela UNIFESP. Pós-Graduação em Dermatologia Oncológica pelo Instituto Sírio Libanês (SP).
Fellow em Tricologias, Discromias e Acne pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP).
Pós-Graduação em Pesquisa Clínica pela Harvard Medical School – EUA (Principles and Practice of Clinical Research).

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Dra. Juliana Toma

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CRM-SP: 156490 / RQE: 65521.
Médica pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP/EPM). Residência Médica em Dermatologia pela UNIFESP. Pós-Graduação em Dermatologia Oncológica pelo Instituto Sírio Libanês (SP).
Fellow em Tricologias, Discromias e Acne pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP).
Pós-Graduação em Pesquisa Clínica pela Harvard Medical School – EUA (Principles and Practice of Clinical Research).

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