Osteoartrose de Joelho

A osteoartrose é uma desordem patológica caracterizada pela perda localizada de cartilagem, ocorrência de remodelação óssea e presença de osteófitos.

Esse desarranjo molecular apresenta alterações anatômicas e fisiológicas, em que ocorre deterioração da cartilagem, inflamação e comprometimento das articulações. 1

Aproximadamente 4% da população brasileira tem osteoartrose e o joelho é uma das principais articulações mais acometidas por essa doença, com média de 37% dos casos.

A osteoartrose do joelho classifica-se em primária (idiopática) ou secundária (degenerativa) procedente de patologias inflamatórias, infecciosas ou traumáticas capazes de destruir a estrutura da cartilagem. 2-3 

A osteoartrose do joelho é crônico-degenerativa, predomina maiormente no sexo feminino levando à destruição da cartilagem articular progressivamente, provoca deformidade da articulação, com consequente, desequilíbrio muscular e ligamentar que acaba por culminar em perda óssea. 2-3

Nesse caso, a osteoartrose desgasta a cartilagem articular com formação marginal osteofitária, causa dor, rigidez ao se movimentar, possui certo grau de sinovite e crepitação, sugestivos de lesão cartilaginosa que progride com o passar do tempo, quanto maior a faixa etária pior a gravidade de lesão no joelho. 3

A maior parte dos pacientes com osteoartrose é assintomática, caso seja sintomático a tendência é progredir para uma condição de dor articular, perda de força, inaptidão para marcha e diminuição da aptidão física.

A inaptidão procedente reduz a qualidade de vida, podendo aumentar riscos de mortalidade e morbidade. 3 

Alguns fatores de risco predispõem osteoartrose de joelho, quais sejam: 3

  • Envelhecimento: idosos entre 65 anos e 75 anos
  • Obesidade
  • Lesões ou cirurgias prévias
  • Esforço ocupacional ou recreacional cumulativo
  • Lesões periarticulares, mau alinhamento articular, fraqueza muscular.


Diagnóstico

O diagnóstico de osteoartrose do joelho, na maioria dos casos, tem como base o histórico, exames clínicos e radiografias.

A opção da radiografia é o procedimento de imagem mais indicado devido a ser validado, mais acessível e muito disponível. Bem como, suas imagens facilitam realizar a classificação da importância da doença.4 

Os aspectos radiológicos da osteoartrose do joelho evidenciam “redução do espaço articular, aumento da densidade óssea subcondral, alterações proliferativas marginais das articulações e formação de cisto no osso subcondral.” 4

diagnostico

A ressonância magnética (RM) pode contribuir significantemente para casos mais específicos. Esse recurso é particularmente proveitoso para confirmar diagnósticos suspeitos, quando ocorrer de alguns achados radiográficos e clínicos serem divergentes ou imprecisos.

Outro ponto favorável é que esse método não invasivo oferece imagens multiplanares, proporciona alta definição, especificidade e sensibilidade. 4  

Escolher o exame mais específico colabora para acelerar o diagnóstico e aumenta as possibilidades de sucesso do tratamento; também pode evitar gastos desnecessários.

Ao mesmo tempo, cabe salientar que gastos com saúde configuram uma questão complexa, pois, encontram-se envolvidos a vida e ao bem-estar da pessoa.

Do mesmo modo, a tomada de decisão não pode se resumir exclusivamente no diferencial de custos, todavia em empenho de aplicação de esforços dotados de eficiência e qualidade. 4 

Assim sendo, a proposta de um protocolo simples de ser colocado em prática, hábil a corresponder as indicações da ressonância magnética é fundamental para pessoas idosas com suspeita de osteoartrose do joelho, uma vez que, contribui para melhorar a abordagem terapêutica do paciente, procedendo em maior eficácia nos protocolos propostos para esses casos. 4


Tratamento de osteoartrose

Mesmo que não haja cura para a osteoartrose, tem-se a possibilidade se adotar medidas farmacológicas e não-farmacológicas, cujo princípio é especialmente aliviar os sintomas da doença.

A terapêutica é indicada individualmente para cada paciente, buscando reduzir a dor, manter ou melhorar a capacidade dos movimentos articulares.3

terapia 1

As terapêuticas dependem da intensidade da dor e do grau de incapacidade física dos pacientes.

Um fator relevante na fisiopatologia da osteoartrose é a perda das propriedades viscoelásticas do líquido sinovial, para isso, desenvolveram-se os hialuronatos como tratamento clássico para a doença, estes são eficientes para casos de artroses mediante infiltração desses medicamentos via intrarticular.3

A capacidade funcional da pessoa com osteoartrose de joelho pode ser analisada por meio de testes que visam quantificar a ocorrência restrição de atividade física, tais como: caminhadas com tempo marcado, subir escadas, uso de suporte de pesos e aplicação de questionários que  indagam o paciente a respeito de seus limites e insuficiências, esse método é importante e muito benquisto entre todos os públicos, dado a sua simplicidade e por avaliar a opinião dos pacientes a respeito de suas incapacidades.3  

O índice de Lequesne é instrumento eficaz para mensurar a dor, a condição de caminhar e a capacidade de desenvolver as tarefas cotidianas para portadores de osteoartrose de joelho.

O entendimento do processo de alterações funcionais na osteoartrose de joelho pode colaborar para planejar medidas preventivas de tratamento em populações de risco.3

Ressaltam-se que protocolos de tratamento para osteoartrose do joelho ainda apresentam controvérsias, mas, genericamente, objetivam reduzir a dor e melhorar a funcionalidade.

O plano de estratégias farmacológicas tem como prioridade aliviar a dor, a partir de medicamentos que objetivam eliminar ou abrandar os sintomas; ou evitar doenças subjacentes ao usar medicamentos modificadores da osteoartrite. 5

Os medicamentos mais comumente prescritos para o alívio da dor são os anti-inflamatórios clássicos (AINEs) e os inibidores da ciclooxigenase-2 (COXIBs). Mas, estes contem índices terapêuticos estreitos e começo de ação relativamente baixos, se comparados com as injeções de esteroides intra-articulares. 5

Relacionado aos DMOADs (glicosaminoglicano polissulfato – nomes comerciais: Adequan® e Cartrophen®), eles têm o objetivo de retardar ou cessar a progressão da destruição da cartilagem articular ou condroproteção, mas, até o presente momento, não receberam aprovação para serem utilizados pela Foodand  Drug Administration  (FDA)  e   European  Medicines  Agency  (EMEA) 5


Tratamento cirúrgico

O tratamento cirúrgico nem sempre oferece um efeito satisfatório, além disso, é muito comum ocorrer dor persistente no processo pós-operatório, após realizar artroplastia total do joelho. Reparos da cartilagem por meio de cirurgias são desafiadores.

Por outro lado, os objetivos do tratamento conservador visam propiciar alívio dos sintomas, melhorar a função articular e adiar possíveis intervenções cirúrgicas.5

As opções de tratamentos conservadores e pouco invasivos são muito relevantes para o manejo do tratamento da osteoartrite de joelho.

Porém, diferentes programas de exercício físico vêm sendo indicados; também, o interesse pelo uso da terapia com ozônio vem aumentando significativamente. 5  

Os programas de exercícios terapêuticos objetivam centrar e promover o fortalecimento muscular, principalmente do músculo quadríceps; dentre outros elementos que beneficiam a estabilidade do joelho, como glúteo mínimo, médio e máximo,  que tem a fraqueza  como fator gerador de lesão  adicional.

Ademais a importância proprioceptiva é diminuída nesses pacientes, isso indica que os exercícios proprioceptivos podem ser aconselhados e eficientes para compor as abordagens multimodais da OAJ. 5

Torna-se relevante lembrar que a hipoalgesia levada por um programa de exercício pode apresentar-se mais variável nos pacientes portadores de dor crônica, mas, a resposta pode oscilar para cada paciente, podendo reduzir a sensibilidade à dor, ficar sem alterações ou até aumentar em resposta ao exercício.

Importante lembrar-se de que, o aumento exagerado da dor por causa de realização de exercícios pode configurar um empecilho considerável à sua adesão, correndo-se o risco de entrar em um ciclo de inatividade física capaz de agravar a dor e desencadear incapacidade para se locomover a longo prazo. 5

Diante dessa condição, aderir a um programa multidisciplinar, planejado para envolver diversas estratégias terapêuticas com a finalidade de otimizar as prerrogativas e induzir o exercício, pode ser uma boa medida terapêutica, devendo tais programas serem muito  avaliados conjuntamente pelos profissionais envolvidos.5

Mas, costuma ser bastante promissor o efeito dos exercícios físicos para melhorar os sintomas da osteoartrose, como dor, promoção da função física e, portanto, obtenção de melhora na qualidade de vida do paciente. 5-1

A hidroterapia pode também trazer diferentes benefícios para pessoas portadoras de osteoartrose de joelho; aliás, reduzir a dor é o efeito terapêutico principal dessa atividade que, por sua vez, costuma ser aceita com grande adesão por muitas pessoas.

Além disso, a hidroterapia colabora para diminuir a gordura corporal, melhorar o desempenho físico e a capacidade aeróbica, o que favorece os pacientes com variados níveis de osteoartrose.

Podendo ainda, beneficiar a circulação sanguínea e melhorar atividades cotidianas; pois, ao eliminar as dores, promove uma melhora no físico do acometido, ajudando-o a manter melhor qualidade de vida. 6

Face ao exposto, pode-se dizer que, considerada uma doença articular crônica, a osteoartrose de joelho compromete a funcionalidade das atividades cotidianas, em razão de causar dor e perda de mobilidade, de forma a interferir na capacidade motora da pessoa.

Importante enfatizar que os métodos de diagnóstico realizados por imagem, a partir de tecnologias, renovam-se constantemente, realidade que muito favorece a saúde e do bem-estar das pessoas.

Enfatiza-se, assim, que os exames de imagens são categóricos para especificar diferentes tipos de doenças; com isso, maiores tornam-se as chances de controle e cura dos pacientes, quanto mais precocemente for realizado o diagnóstico.


Referências

  1. Santos CG, Rosa DB, Martins GA, Rosa EF, Pereira Neto J. Fisioterapia e qualidade de vida na osteoartrose do joelho. Fisioterapia Brasil. 21(1):86-92, 2020. Disponível em: https://web.p.ebscohost.com/abstract?direct=true&profile=ehost&scope=site&authtype=crawler&jrnl=15189740&AN=142326608&h=UQyzf12i%2bgNAVmeClEyLVD%2b1btBJHyzPCODvYYzE3KZFg5SMMzoRha8ygt3bkRgDm2E1XpuMHJQhJRvmkrl3dQ%3d%3d&crl=c&resultNs=AdminWebAuth&resultLocal=ErrCrlNotAuth&crlhashurl=login.aspx%3fdirect%3dtrue%26profile%3dehost%26scope%3dsite%26authtype%3dcrawler%26jrnl%3d15189740%26AN%3d142326608 Acesso em: 16 jul. 2021.
  • Fontinele AD. Características radiográficas e imaginológicas de alteraçoes ósseas e viscerais recorrentes do sedentarismo. Trabalho de conclusão de curso. Graduação em Tecnólogo em Radiologia. Faculdade UNIRBPARNAÍBA/PI. Parnaíba-PI 2021, 36f. Disponível em: http://dspace.unirb.edu.br/xmlui/handle/123456789/326?show=full Acesso:   10 jun. 2022.
  • Arliani GG, Vergara JM, Mesquita Júnior ID, Oliveira VO, Lara PHS, Ferreira GF. Protocol for the Request of Knee Magnetic Resonance Imaging in Elderly Patients with Suspected Osteoarthritis: Reduction in Test Requests and Impact on Management and Diagnosis. Rev Bras Ortop (Sao Paulo). 57(3):409-414, 2021. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC9246541/ Acesso: 17 jun. 2022.
  • Rezzo TC, Silva YVB, Tim CR, Martignago CCS, Silva RB, Garcia LA. Ozonioterapia: terapia adjuvante no tratamento da osteoartrite do joelho. RSD [Internet]. 11(4):e38911427417, 2022. Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/27417. Acesso: 18 jul. 2022
  • Piola Kruger CR, Silva IM, Ribeiro Izidro Sampaio. AC. A eficácia da hidroterapia em pacientes com osteoartrose no joelho. Rev Inic Cient Ext 4(1):595-602, 2022. Disponível em: https://revistasfacesa.senaaires.com.br/index.php/iniciacao-cientifica/article/view/320 Acesso: 18 jul. 2022

Dr. João Arthur Ferreira

CRM-SP 19759 / RQE 3179 Atua no tratamento de reabilitação em atletas, dor aguda e dor crônica (cervicalgia, lombalgia, enxaqueca). Médico especialista em Fisiatria e Acupuntura Coordenador do CEIMEC – Centro de Estudo Integrado de Medicina Chinesa – Curso de Pós-Graduação em Acupuntura Médica, reconhecida pelo CMBA (Colégio Médico Brasileiro de Acupuntura).
Membro Titular da Sociedade Brasileira de Medicina Física e Reabilitação (SBMFR).
Ex-Colaborador do Grupo de Dor do Departamento de Neurologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

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CRM-SP 19759 / RQE 3179 Atua no tratamento de reabilitação em atletas, dor aguda e dor crônica (cervicalgia, lombalgia, enxaqueca). Médico especialista em Fisiatria e Acupuntura Coordenador do CEIMEC – Centro de Estudo Integrado de Medicina Chinesa – Curso de Pós-Graduação em Acupuntura Médica, reconhecida pelo CMBA (Colégio Médico Brasileiro de Acupuntura).
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