SE VOCÊ fica doente, sentindo-se cansado, enjoado e inchado após consumir alimentos com glúten, provavelmente você tem intolerância ao glúten.
Glúten refere-se a uma mistura de proteínas encontradas em grãos, como aveia, trigo e cevada.
O Que É Intolerância Ao Glúten?
A intolerância ao glúten é um termo abrangente, integrando três tipos de distúrbios associados ao glúten. De modo geral, é chamada de sensibilidade ao glúten não celíaca, mas também integra a doença celíaca e alergia ao trigo.
Muitas pessoas confundem sensibilidade ao glúten não celíaca, alergia ao trigo e doença celíaca, mas não são a mesma coisa. Embora tenham sintomas semelhantes, como diarreia, inchaço e vômitos, existe uma série de fatores que diferenciam essas condições.
Doença Celíaca X Alergia ao Trigo X Sensibilidade ao Glúten Não Celíaca
A doença celíaca refere-se a uma enteropatia autoimune, causada por fatores genéticos e ambientais, onde o próprio sistema imunológico ataca células saudáveis, provocando um processo inflamatório, de modo que quando um indivíduo ingere o glúten, seu corpo libera anticorpos que atacam a parede intestinal.
A prevalência é estimada em 1% da população mundial.
O diagnóstico da doença celíaca geralmente é realizado através de exame sorológico. Se os resultados apontarem a presença de certos anticorpos, a pessoa pode ter doença celíaca.
A doença celíaca não é caracterizada somente por sintomas, mas também por manifestações extraintestinais, incluindo algumas que envolvem uma consequência direta de respostas de autoimunidade, como dermatite herpetiforme, e outras que podem envolver consequências indiretas da anemia.
Sintomas da doença celíaca
Os sintomas podem se manifestar através de inflamação intestinal, atrofia das vilosidades, aumento da infiltração por linfócitos intraepiteliais, perda de peso e diarreia crônica.
A diarreia normalmente leva a outros problemas de saúde, como desidratação e fadiga. Devido à má absorção de nutrientes, geralmente celíacos apresentam anemia, fezes pálidas e malcheirosas.
Sintomas |
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Problemas gastrointestinais (diarréia, inchaço, gases, constipação) |
Dores de cabeça e enxaquecas |
Fadiga |
Dor nas articulações |
Erupções cutâneas |
Depressão e ansiedade |
Névoa cerebral |
Anemia por deficiência de ferro |
Existe uma teoria de que celíacos possuem um sistema nervoso supersensível geneticamente, e por esse motivo, eles ativam em menor proporção os neurônios sensoriais que causam dores musculares e articulares.
Outro sintoma relacionado à doença celíaca é a dormência nos membros superiores e inferiores. Depressão e ansiedade também costumam ser condições relatadas por pacientes celíacos.
A alergia ao trigo é definida como uma alergia alimentar mediada por IgE (anticorpo conhecido como imunoglobulina E, presente em concentrações baixas no soro, atuando em processos alérgicos), provocando uma sensibilização a alérgenos proteicos do trigo.
Os sintomas manifestam-se dentro de algumas horas, mas diferentemente da doença celíaca, não causam danos gastrointestinais ou em outros órgãos permanentes.
Alérgicos a trigo podem experimentar erupções cutâneas, problemas digestivos, diarreia, inchaço, congestão nasal e até mesmo anafilaxia, que é uma reação alérgica grave que pode ser fatal se não for tratada a tempo.
Sensibilidade ao glúten não celíaca
A Sensibilidade ao Glúten Não Celíaca (SGNC) também não tem relação com doença autoimune e anticorpos, não havendo danos ao revestimento intestinal. Os sintomas podem envolver dor abdominal, distensão abdominal, desconforto, diarreia e fadiga.
Muitas pessoas com sensibilidade ao glúten não celíaca experimentam dores de cabeça ou ataques de enxaqueca em determinados períodos. Outro sintoma é a névoa cerebral, sensação de incapacidade de pensar com clareza, envolvendo esquecimento e fadiga mental.
Essa condição é mais diagnosticada em adultos do que em crianças. Geralmente, a sensibilidade ao glúten não celíaca manifesta-se poucas horas depois do consumo de alimentos que contém glúten.
Dados revelam que pacientes com sensibilidade ao glúten não celíaca podem apresentar deficiências nutricionais e uma diminuição da densidade mineral óssea quando comparados com indivíduos que não apresentam essa condição.
Alguns estudos já apontaram que o glúten pode causar ansiedade, depressão, esquizofrenia e autismo em pacientes com sensibilidade ao glúten não celíaca, sendo que a psicose também pode ser uma manifestação dessa patologia.
Como Aliviar Os Sintomas da Intolerância Ao Glúten?
Atualmente, a intolerância ao glúten se tornou uma questão importante, pois a incidência de pessoas diagnosticadas com essa condição vem aumentando.
Sendo assim, há uma necessidade de abordagens mais eficazes e inovadoras para tratar distúrbios relacionados ao glúten.
A intolerância ao glúten não tem cura, mas existem meios de aliviar os sintomas decorrentes da doença. Uma maneira comprovadamente eficaz de tratar tanto a Sensibilidade ao Glúten Não Celíaca quanto a Doença Celíaca é evitando alimentos que contenham glúten, ao realizar, portanto, uma dieta livre de glúten.
Na literatura, ainda há poucas informações sobre doses mínimas de glúten que podem ser ingeridas de forma segura para pacientes com intolerância ao glúten.
Tratamento | Descrição |
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Dieta sem glúten | A eliminação de todas as fontes de glúten da dieta é o único tratamento para a intolerância ao glúten. |
Suplementação | A suplementação com vitaminas, minerais e probióticos pode ajudar a manter a saúde digestiva. |
Medicamentos | Medicamentos prescritos podem ser usados para tratar sintomas específicos associados à intolerância ao glúten. |
Terapias alternativas | Terapias alternativas, como acupuntura e remédios fitoterápicos, podem ajudar a reduzir os sintomas de intolerância ao glúten. |
Porém, o que se sabe hoje é que deve-se situar entre 10-50 a 100 mg de ingestão diária.
Apesar de, atualmente, existir no mercado alimentos livres de glúten, uma dieta plenamente desprovida de glúten pode ser irreal, pois produtos sem glúten à base de amido ainda apresentam alguns vestígios de glúten.
Existe a contaminação cruzada e a presença de pequenas quantidades de glúten em alimentos e até mesmo medicamentos.
Mesmo assim, sempre leia cuidadosamente os rótulos dos alimentos e bebidas que você compra em supermercados, analisando se os ingredientes contêm glúten e suas porcentagens.
Uma pessoa que procura evitar o glúten deve estar atenta à isso, para que não piore sua situação. Produtos “sem glúten” em suas embalagens não contém níveis de glúten suficiente para causar os sintomas causados por intolerância ao glúten.
Substituições Saudáveis Para Intolerantes Ao Glúten
Muitos profissionais de saúde não consideram uma dieta livre de glúten como algo saudável. Isso porque, geralmente, produtos sem glúten são feitos com farinhas refinadas com baixo teor de fibras.
O consumo de quantidades de fibra dietética está associado a importantes benefícios para a saúde. Então, uma dieta totalmente livre de glúten pode levar a deficiências nutricionais em fibras.
Sendo assim, o ideal é que pacientes com intolerância ao glúten façam uso de fontes de pseudocereais de fibra além de produtos sem glúten, para manter o nível necessário de teor de fibra.
É recomendado consumir frutas e vegetais ricos em vitaminas e substâncias antioxidantes até cinco vezes ao dia.
Estudos comprovaram ainda que os produtos de cereais sem glúten contêm quantidades menores de folato, havendo a necessidade de suplementação adicional de folato.
Recomenda-se também a ingestão de cereais isentos de glúten como quinoa, sorgo e amaranto, que são seguros e ricos em ácido fólico, vitaminas (riboflavina, vitamina C e vitamina E) e minerais.
Recomendações
Como você conseguiu perceber ao decorrer da leitura desse artigo, a intolerância ao glúten abrange três condições diferentes que podem ter sintomas semelhantes. Se você experimenta alguns desses sintomas, pode ter intolerância ao glúten.
Converse com o seu médico para descobrir qual a sua condição específica, para que ele defina a melhor opção de tratamento para você.
Referências
BALAKIREVA, A. V.; ZAMYATNIN, A. Properties of Gluten Intolerance: Gluten structure, evolution, pathogenicity and detoxification capabilities. Nutrients, v. 8, n. 644, p. 1-27. 2016.