Principais síndromes geriátricas: sintomas, causas e tratamentos

principais síndromes geriátricas

É natural que, com o envelhecimento do corpo, notemos algumas mudanças. Nem todas elas são preocupantes, mas algumas não passam despercebidas. Além disso, parte delas são saudáveis, outra pode se tornar um problema para saúde e para o bem-estar do indivíduo.

Esse último caso é o das chamadas síndromes geriátricas, que requerem uma atenção especial.

Para saber mais sobre as principais síndromes geriátricas, quais são, como identificar e muito mais, é só continuar a leitura com a gente! Vamos lá?

O que são as síndromes geriátricas?

Os idosos, conforme a idade vai avançando, passam pelo processo natural de declínio de algumas funções corporais, mas também podem apresentar sinais e sintomas relacionados a outras doenças ou agravos que podem diminuir a sua qualidade de vida, já que a reserva funcional do idoso é progressivamente menor do que a de um adulto. A intervenção precoce para tratar sintomas e problemas é essencial para a melhora da sua qualidade.

Mas, antes de conhecer quais são as principais síndromes geriátricas, é importante entender esse conceito. As síndromes geriátricas, de forma resumida, são condições de saúde que afetam de forma significativa a capacidade de um idoso gerenciar sua própria vida, diminuindo sua mobilidade, postura etc.

Quais são as principais síndromes geriátricas?

sindromes geriatricas

O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou no início do ano uma série de projeções de longo prazo sobre o avanço do envelhecimento populacional no Brasil. Uma dessas projeções aponta, já de forma esperada, para uma desaceleração no crescimento populacional e uma inversão da pirâmide etária. Além disso, de acordo com as estimativas do estudo, a população deve atingir o contingente de 233,2 milhões de pessoas, sendo a maior parte desse número idosas, até 2047.

Sendo assim, se faz cada vez mais necessário falarmos sobre a importância da geriatria, que é a área da medicina que estuda e faz o acompanhamento da terceira idade, garantindo mais qualidade de vida e bem-estar aos idosos, preservando ao máximo a sua autonomia e contribuindo para uma saúde plena, em todos os aspectos; garantir ainda mais avanços para esses cuidados e cada vez mais tecnologias para tornar os tratamentos mais efetivos.

Contudo, por mais cuidado que haja com a saúde, é comum desenvolver ao menos uma das principais síndromes geriátricas. Por isso, é importante conhecer um pouco mais sobre cada uma delas e observar os sinais assim que eles começarem a se manifestar. Confira, abaixo, quais são as principais síndromes geriátricas da atualidade e as suas principais características:

Incapacidade cognitiva

A incapacidade cognitiva é uma das síndromes geriátricas mais notáveis com o passar do tempo. Para entender melhor o que essa síndrome afeta, lembre-se que a cognição é o conjunto de funções cerebrais, que são formadas pela memória ou armazenamento de informações, função executiva e capacidade de planejamento, antecipação, monitoramento de tarefas e sequenciamento, linguagem e compreensão da linguagem escrita e oral, função visual-espacial, que é a capacidade de localização no espaço e a percepção do tempo e entre os objetos; gnosia, que é a capacidade de reconhecer os estímulos visuais, táteis e auditivos; praxia, que é a capacidade de executar um ato motor, etc.

Um idoso que tenha recebido o diagnóstico de incapacidade cognitiva é aquele que tem as atividades diárias de sua vida prejudicadas devido ao declínio e comprometimento de uma ou mais áreas de sua cognição. 

Incontinência (urinária ou fecal)

A perda involuntária da urina ou fezes, de forma completa ou escapes, é uma queixa comum entre idosos, principalmente do sexo feminino, em que 12,2% das mulheres que tem entre 60 e 64 anos e 20% das que estão acima dos 85 anos sofrem com esse desconfortável problema.

Essa questão de saúde, além de desconfortável, pode afastar o idoso do convívio social e das atividades que o fazem bem por medo da exposição ou de situações embaraçosas. Por isso, quanto antes o problema for diagnosticado, melhor será para a qualidade de vida do paciente e a sua recuperação.

Instabilidade postural

A instabilidade postural leva a um dos maiores medos por parte dos geriatras e dos familiares dos pacientes: as quedas. As quedas são atualmente, a sexta maior causa de morte em idosos e respondem por mais de 40% das internações. Além disso, a terceira idade, por apresentar com mais frequência casos de osteopenia e osteoporose, sofrem mais riscos de lesões e fraturas ao terem essa instabilidade postural.

Dessa forma, o problema traz insegurança ao paciente e sua família, restringindo os seus movimentos e comprometendo o seu do dia a dia ao fazer com que a pessoa fique muito tempo sentada, podendo agravar o quadro e favorecer até mesmo a atrofia muscular.

Imobilidade

A incapacidade de deslocamento sem o auxílio de outras pessoas é outra síndrome que atrapalha e muito o dia a dia do idoso, podendo colocá-lo em uma rotina restrita ao leito e com risco de atrofia muscular, assim como no caso da instabilidade postural. Atualmente, estima-se que 25% a 50% dos idosos, após uma hospitalização prolongada, sofram com o problema de imobilidade, por isso, é tão importante recorrer a fisioterapia para evitar o problema

Insuficiência familiar

Essa é uma síndrome geriátrica difícil de entender e muitas vezes de falar sobre, pois envolve fatos que vão além do que o idoso pode controlar. E sim, a falta de acolhimento, presença e apoio é considerada uma síndrome geriátrica, é a causa e a consequência de vários outros problemas de saúde. Quando um idoso não tem o apoio e respaldo familiar, fica muito mais suscetível a ter problemas de saúde e piorar as restrições da sua idade.

Quais são as principais causas das síndromes geriátricas?

Agora que já falamos sobre as principais síndromes geriátricas e suas características, é importante conhecer um pouco sobre as suas principais causas.

Incapacidade cognitiva

A incapacidade cognitiva, em idosos, é um declínio natural, mas até certo ponto. Por isso, saiba quais são algumas das principais causas para essa síndrome e fique de olho, caso alguém que você conheça já tenha um desses diagnósticos (ou mais) e tenha 60 ou mais anos:

Incontinência urinária ou fecal

A principal causa da incontinência fecal ou urinária, principalmente para mulheres, mas também para homens, é a fraqueza muscular do assoalho pélvico, devido à cirurgias ginecológicas, traumas locais ou gravidez. Para os homens, também pode estar relacionado às cirurgias da próstata. É importante citar que alguns medicamentos, como os para pressão e os diuréticos podem causar quadros de incontinência urinária em pessoas de qualquer idade, principalmente em idosos.

Instabilidade postural e imobilidade

Essas duas síndromes geriátricas têm causas bastante semelhantes, e por isso, podem ser agrupadas para uma melhor compreensão. A instabilidade postural e a imobilidade são multifatoriais e tem um grande impacto na vida dos pacientes, podendo ter ou não associação com doenças prévias, aspectos sociais ou psicológicos. Suas causas mais comuns são:

  • Doenças respiratórias (DPOC – doença obstrutiva pulmonar crônica, asma, bronquite, etc);
  • Problemas osteoarticulares, incluindo problemas nos pés, como deformidades, úlcera plantar, calosidades;
  • Quedas repetidas;
  • Desnutrição;
  • Osteoporose, sarcopenia e osteopenia;
  • AVC, insuficiência cardíaca, doença arterial coronariana ou periférica e demais alterações cardiovasculares;
  • Iatrogenia medicamentosa com ansiolíticos, neurolépticos, hipnóticos, etc;
  • Isolamento social;
  • Doenças psiquiátricas e neurológicas como depressão, mal de parkinson, Alzheimer, demência, etc.

Insuficiência familiar

A insuficiência familiar, apesar de ser considerada pela medicina como uma síndrome geriátrica em si, é também a causa de muitos dos problemas citados acima, pois o idoso não conta com ajuda para manter as medicações em dia, consultas e exames ou respaldo de alguém que se importe para tornar sua rotina mais agradável.

Quais são os tratamentos para as principais síndromes geriátricas?

principais sindromes geriatricas

O tratamento de cada síndrome geriátrica deve ser personalizado para o quadro de cada paciente, contudo, algumas recomendações são universais e trazem um esclarecimento sobre como cuidar dos pacientes. Abaixo, confira um pouco mais sobre o tratamento para cada uma das síndromes geriátricas e como proceder.

Incapacidade cognitiva

A incapacidade cognitiva terá um tratamento diferenciado a depender da causa e da extensão do problema e dos danos que já foram causados. Por isso, é de extrema importante ter o diagnóstico correto dos problemas de saúde e ter o acompanhamento do especialista da doença e de um geriatra de confiança para a montagem de um prognóstico e abordagem de cuidados personalizados.

Contudo, alguns tratamentos que vêm sendo amplamente usados são as terapias alternativas, estímulos com leitura, jogos de memória, jogos com números, palavras-cruzadas, jogos de adivinhação e estratégia, etc.

Incontinência urinária ou fecal

O tratamento para a incontinência fecal e urinária, assim como no caso da incapacidade cognitiva, depende da extensão dos danos e de sua etiologia. Se forem casos leves, os idosos devem usar fraldas geriátricas adequadas para o seu tamanho, trocadas sempre que possível e manter a higiene íntima em dia.

Contudo, para casos avançados ou com doenças de base ativa, como lesões ginecológicas, de próstata ou doenças inflamatórias pélvicas ou intestinais, como doença de Chron e retocolite ulcerativa ativas, poderá ser necessária a cirurgia de colocada de bolsa de urostomia (bolsa coletora de urina) ou colostomia (bolsa coletora de fezes), dependendo da necessidade do paciente.

Instabilidade postural e imobilidade

A imobilidade e instabilidade postural possuem tratamentos semelhantes, como medicamentos para dor e fortalecimento dos ossos, reposição de cálcio e vitamina se necessário, fisioterapia constante para fortalecer os músculos e uma mudança de hábitos para trazer a qualidade de vida do paciente de volta.

Além disso, para evitar quedas e outros acidentes que pioram o quadro, é preciso manter o local em que o idoso passa a maior parte do tempo mais seguro, colocando barras de segurança nas paredes do banheiro, usando tapetes especiais emborrachados no chão do banheiro para evitar quedas e que o ambiente fique escorregadio durante o banho, retirando carpetes e desníveis que possam causar tropeços e quedas e também deixando os utensílios de uso frequência ao alcance das mãos do idoso, para que evite subir em bancos, escadas e cadeiras, e assim, possa sofrer alguma queda e posterior trauma.

Insuficiência familiar

A insuficiência familiar pode ser diminuída com a presença de uma equipe de saúde preparada e experiente na vida do idoso, ou ainda, a sua entrada em uma casa de repouso para que seja assistido sempre que necessário.

Contudo, essas medidas não substituem a importância das pessoas queridas na vida do idoso. Por isso, sempre que possível, reunir a família e verificar se está bem ou precisa de algo é uma forma de manter o seu bem-estar e qualidade de vida.

Principais síndromes geriátricas: mantenha os sinais sob controle e garanta a qualidade de vida do paciente

Aqui no Blog da Saúde nos preocupamos em trazer informação relevante, verdadeira e científica, para orientar nas mais diversas situações da sua vida.

Se você tem notado qualquer um dos sintomas citados ao longo do artigo, não hesite em buscar auxílio médico e terapêutico, e assim, resgatar o seu bem-estar e qualidade de vida.

Para mais conteúdos sobre saúde física, mental, informações científicas e revisadas sobre doenças e medicações, fique sempre de olho no nosso blog.

Dr. João Arthur Ferreira

CRM-SP 19759 / RQE 3179 Atua no tratamento de reabilitação em atletas, dor aguda e dor crônica (cervicalgia, lombalgia, enxaqueca). Médico especialista em Fisiatria e Acupuntura Coordenador do CEIMEC – Centro de Estudo Integrado de Medicina Chinesa – Curso de Pós-Graduação em Acupuntura Médica, reconhecida pelo CMBA (Colégio Médico Brasileiro de Acupuntura).
Membro Titular da Sociedade Brasileira de Medicina Física e Reabilitação (SBMFR).
Ex-Colaborador do Grupo de Dor do Departamento de Neurologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

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CRM-SP 19759 / RQE 3179 Atua no tratamento de reabilitação em atletas, dor aguda e dor crônica (cervicalgia, lombalgia, enxaqueca). Médico especialista em Fisiatria e Acupuntura Coordenador do CEIMEC – Centro de Estudo Integrado de Medicina Chinesa – Curso de Pós-Graduação em Acupuntura Médica, reconhecida pelo CMBA (Colégio Médico Brasileiro de Acupuntura).
Membro Titular da Sociedade Brasileira de Medicina Física e Reabilitação (SBMFR).
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