Imobilidade: o que é e as principais causas

imobilidade: o que é - saiba tudo sobre o assunto aqui

Afinal de contas, o que é imobilidade?

Com o passar do tempo, diante do envelhecimento, é normal que algumas das funções corporais e motoras percam as suas forças. Com isso, as chances de desenvolver algum problema de saúde relacionado a essas perdas são maiores, e assim, a saúde do idoso vai se deteriorando cada vez mais. Um dos problemas mais comuns relacionados à perda de funcionalidade é a síndrome da imobilidade, que afeta de forma significativa a qualidade de vida na terceira idade.

Com a sua autonomia comprometida, o dia a dia do indivíduo requer ajuda de outra pessoa, e com isso, os seus afazeres são comprometidos e a vida social também. Além disso, o ônus à saúde de quem sofre com a imobilidade é muito grande, visto que os músculos precisam de constante estímulo para se fortificarem.

Quer saber mais sobre a imobilidade, o que é essa síndrome, suas causas, sintomas e principais alterações que pode provocar na saúde do idoso? Então continue com a gente e confira em primeira mão!

Imobilidade: o que é?

imobilidade

A imobilidade ou síndrome da imobilidade, caracteriza-se pela incapacidade do indivíduo, geralmente idoso ou acamado, de se deslocar ou mexer sem o auxílio de outras pessoas com a finalidade de atender suas necessidades diárias, como tomar banho, preparar uma refeição ou outras atividades cotidianas.

Os sintomas do problema são decorrentes da imobilidade por restrição a uma poltrona ou ao leito, caso o idoso ou indivíduo esteja convalescendo por um tempo prolongado, e está associada a diversas causas e múltiplas implicações físicas e psicológicas que podem até mesmo, se não tratadas corretamente, levar ao óbito.

O quadro pode ser temporário, como no caso de internações, cirurgias, fraturas, doenças agudas e infecções, em que a pessoa precisa se manter de repouso ou acamada. Ou, ainda, a imobilidade pode ser crônica, como em casos de astenia, doenças cardiorrespiratórias, dor crônica e aguda, neoplasias, fraturas ou complicações, distúrbios de marcha, fobia de queda, sequelas de AVC, etc.

Nos estágios mais avançados da imobilidade pode ocorrer a supressão de todos os movimentos articulares do indivíduo, causando incapacidade permanente para mudança postural e posteriormente levando até mesmo a complicações que favoreçam a dependência de ajuda. Sua prevalência é de 25% a 50% para casos após hospitalizações prolongadas e 75% em instituições como asilos, casas de repouso, etc.

Dependendo da durabilidade do quadro, a imobilidade pode desenvolver problemas dermatológicos, como as úlceras de decúbito, respiratórios, psicológicos e circulatórios. Muito da mortalidade e morbidade associadas ao paciente que vive restrito ao leito ou a um local específico vem das complicações viscerais e músculo-esqueléticas provenientes da imobilidade.


Efeitos da imobilidade em idosos

ImobilidadeConsequências
Mobilidade ReduzidaA diminuição da atividade física pode levar à redução da massa muscular, diminuição da força e aumento do risco de quedas.
Diminuição da CirculaçãoA diminuição da circulação pode resultar em aumento do risco de úlceras de pressão, feridas e infecções.
Alterações musculoesqueléticasOs músculos podem ficar fracos e rígidos, o que pode levar a um aumento do risco de dor, lesões e fraturas.
Problemas de saúde mentalA atividade física limitada pode levar a um impacto psicológico negativo, incluindo sentimentos de isolamento, depressão e ansiedade.
Problemas respiratóriosA atividade física reduzida pode diminuir a capacidade pulmonar, levando a um risco aumentado de infecções pulmonares.
Complicações cardiovascularesA atividade reduzida pode levar ao aumento da pressão arterial, diminuição da função cardíaca e aumento do risco de derrame.


Por que o repouso é controverso na área da saúde?

Sabe-se que, na antiguidade, um dos principais tratamentos para doenças agudas ou condições delicadas era que o paciente se mantivesse em repouso, com o objetivo de melhorar rapidamente. Contudo, desde aquela época sempre houveram controvérsias a respeito dessa prescrição, pois a partir da segunda metade do século XX, principalmente com as implementações de tratamento que ocorreram devido a segunda guerra mundial, houve um grande avanço na ideia de que é preciso estimular a mobilização precoce de pacientes acamados.

Um dos profissionais mais importantes na recuperação desses pacientes, sobretudo para os idosos que passam maior parte do tempo em imobilização, é o fisioterapeuta. Tanto em casa como no ambiente hospitalar, o objetivo desse profissional da saúde é retirar o quanto antes o paciente do leito ou da imobilidade para evitar diversas doenças relacionadas a falta de movimento, como úlceras, pneumonia, etc.

Parte da comunidade médica acredita que de 7 a 10 dias seja o período ideal e suficiente para repouso. De 12 a 15 dias já é considerado o início da imobilização, e a partir de 15 dias é considerado um decúbito de longa duração.


Quais são os sintomas da imobilidade?

A imobilidade traz um conjunto de sintomas bastante desagradáveis ao paciente. Contudo, por serem um tanto genéricos, podem ser confundidos com outros problemas, como fadiga, crises agudas de artrite reumatoide, dentre outros. Por isso, ao notar esses sintomas em idosos ou pacientes acamados, não descarte a ideia da síndrome da imobilidade. Abaixo, confira alguns dos sintomas que podem ser apresentados pelos pacientes:

Quais são as complicações que a imobilidade pode trazer a saúde do idoso?

Além dos sintomas que a própria doença causa, a imobilidade pode causar diversas complicações sérias à saúde do paciente. As principais são:

  • Perda de massa muscular e sarcopenia;
  • Perda de força muscular;
  • Redução da amplitude dos movimentos;
  • Rigidez muscular e articular, principalmente pela manhã;
  • Fibroses (endurecimento que pode ocorrer na pele, gordura e músculos);
  • Dislipidemia (altos níveis de lipídios no sangue);
  • Dermatites atópica;
  • Dermatofitoses (infecções fúngicas);
  • Dermatites amoniacal ou dermatite de fralda, decorrente da falta de respiração da pele no local, trazendo assaduras e inflamação;
  • Bexigoma (movimentos involuntários da bexiga);
  • Retenção urinária;
  • Hipotensão postural;
  • Atrofia de pele;
  • Equimoses (o mesmo que hematomas);
  • Escoriações;
  • Úlceras por pressão, mais frequentes em cotovelos, orelhas, ombros, joelhos, calcanhares, escápulas, etc
  • Anorexia e perda de peso;
  • Constipação;
  • Trombose venosa profunda;
  • Tendência a contratura em flexão
  • Edema unilateral (inchaço em um só lado do corpo);
  • Aumento de temperatura local, devido ao edema e trombose;
  • Infecções do trato urinário;
  • Incontinência fecal;
  • Diminuição de tolerância a dor;
  • Delirium;
  • Depressão;
  • Alterações do sono (insônia ou hipomania);
  • Ansiedade;
  • Irritabilidade;
  • Pneumonia;
  • Diminuição da capacidade respiratória;
  • Aumento das secreções respiratórias;
  • Contraturas musculares;
  • Contraturas pulmonares;
  • Descondicionamento físico;
  • Hipotrofia e atrofia muscular;
  • Dificuldade para tossir;
  • Osteoporose, osteopenia e osteomielite;
  • Deformidades;
  • Agravamento dos quadros de artrose ou artrite reumatoide;
  • Deterioração articular;
  • Hipotensão ortostática;
  • Cálculo renal;
  • Tromboembolismo pulmonar;
  • Infecções pulmonares;
  • Atelectasias (parte de um pulmão fica sem ar suficiente para o funcionamento);
  • Fecaloma (grande massa de fezes endurecidas que ficam acumuladas no reto ou no cólon, no final do intestino grosso); 
  • Incontinência urinária.

Quais são as principais causas da imobilidade?

causas imobilidade

A imobilidade pode ter várias causas distintas e associadas a múltiplas doenças, ou ainda, como consequência de diversos problemas de saúde, traumas, etc.

Como a imobilização pode desencadear uma sucessão de problemas à saúde do paciente, sendo temporária ou não, a condição vem sendo estudada cada vez mais pela área médica e da saúde em geral, justamente para saber se as causas são condicionadas ou não.

CondiçãoPrevenção
ArtriteExercício regular para manter a flexibilidade das articulações, evitar a inatividade e manter um peso saudável
OsteoporoseExercícios de levantamento de peso, evitar fumar e consumir álcool em excesso e ingestão adequada de cálcio e vitamina D
Fraqueza muscularExercícios de fortalecimento, alongamento e atividade física regular
Problemas de equilíbrioExercícios de equilíbrio e coordenação, evitando riscos ambientais e atividade física regular
Doença de ParkinsonTerapias físicas e ocupacionais, medicamentos e modificações no estilo de vida
AVCTerapia de reabilitação, medicamentos, modificações no estilo de vida e atividade física regular

As causas podem ser neurológicas, músculo-esqueléticas, traumas físicos e também podem vir em decorrência do avanço da idade e do sedentarismo. Infelizmente, nem sempre o desfecho da doença é fácil de lidar, pois na maioria das vezes se dá pela perda de independência do paciente, e até mesmo o óbito, em decorrência das alterações de saúde, como úlceras, aumento de pressão arterial, dificuldade respiratória e hipotonia muscular.

As principais causas da imobilidade são, por exemplo:

  • Doenças reumatológicas;
  • Polineuropatia;
  • Dores crônicas em qualquer parte do corpo;
  • Repouso prolongado no leito;
  • Hospitalização prolongada sem acompanhamento de um fisioterapeuta;
  • Doenças neurológicas que comprometem a contratura muscular;
  • Limitação da marcha e equilíbrio;
  • Depressão;
  • Demência;
  • Cardiopatias e problemas cardíacos em geral;
  • Problemas ósseos (fratura de fêmur, osteoartrose, osteopenia, osteoporose, osteomielite, calcificação óssea);
  • Deformidade plantar;
  • Calosidade;
  • Úlcera plantar;
  • Fraturas e quedas isoladas;
  • Imobilização do joelho por lesão do menisco, rótula, patela, etc;
  • Acidente vascular cerebral (AVC);
  • Insuficiência cardíaca;
  • Doença arterial periférica;
  • Trombose venosa profunda;
  • Iatrogenia medicamentosa (efeitos negativos de uma combinação de remédios ou apenas um);
  • Uso prolongado de neurolépticos (antipsicóticos), ansiolíticos e hipnóticos;
  • Doença de parkinson;
  • Esclerose múltipla;
  • Esclerose amiotrófica lateral;
  • Neuropatia periférica;
  • Isolamento social;
  • Desnutrição;
  • Quedas de repetição;
  • Fraqueza muscular;
  • Labirintite e doenças do equilíbrio, como doença de Menière;
  • Pneumopatia e problemas respiratórios crônicos graves;
  • DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica).

Há tratamento para a imobilidade?

A imobilidade tem tratamentos medicamentosos, fisioterapêuticos e paliativos.

A grande maioria foca no alívio dos sintomas, na possível recuperação de estímulos musculares e na reabilitação, na medida do possível, da qualidade de vida do paciente.

Abaixo, confira algumas medidas de tratamento para a imobilidade que estão disponíveis hoje em dia.

Tratamentos medicamentosos

A primeira opção sempre é tratar a doença de base da imobilidade com o médico especialista. Com isso em dia, os sintomas podem ser controlados e amenizados com algumas medicações, como:

  • Amitriptilina (antidepressivo tricíclico que ajuda na insônia e nas dores crônicas, como na fibromialgia e polineuropatia),
  • Ciclobenzaprina (chamado popularmente de Miosan, a ciclobenzaprina é um relaxante muscular potente usado em casos de dor intensa, mas que também pode ser aplicado no tratamento da imobilidade pela sua ação contra dores crônicas),
  • Cloridrato de loperamida (medicação usada em casos de incontinência fecal, para aumentar o tônus muscular e evitar escapes),
  • Codeína e tramadol (medicamentos para dor crônica, da modalidade dos opióides, que são vendidos apenas com retenção de receita).

Tratamentos alternativos ou paliativos

Existem, também, alguns tratamentos alternativos que surtem muito efeito na imobilidade, ou tratamentos paliativos, que mantém a qualidade de vida do paciente.

Abaixo, listamos algumas das formas de ajudar com esses tratamentos, focado no que um cuidador ou familiar pode fazer por quem está passando por esse problema de saúde, como:

  • Estimular a higiene oral e corporal (dê toalhas macias, sabonete neutro e itens fáceis de manusear), mas esteja sempre por perto caso o idoso ou paciente precise de ajuda; 
  • Dê privacidade ao paciente para que se sinta bem, e caso seja o cuidador, se coloque à disposição para ajudar caso precise;
  • Se preciso, ajude o idoso com o uso de fraldas para mantê-lo seguro de acidentes, e sempre que possível, troque-a e mantenha a limpa limpa;
  • Usar loções com ácidos graxos em locais que ficam sob pressão, como óleo de amêndoas e óleos específicos de farmácia, como o conhecido óleo Dersani;
  • Ao mudar o paciente de lado na cama, evitar a fricção da pele para que não haja rompimento da derme ou hematomas;
  • Evitar hematomas e rompimentos da pele ao encostar na pele do paciente ou apertar os que já são existentes;
  • Cuidar da alimentação e hidratação do idoso;
  • Manter os exames de densitometria óssea em dia para evitar quadros de sarcopenia;
  • Realizar trocas posturais a cada duas horas, pois o posicionamento correto do corpo promove uma respiração mais efetiva, circulação sanguínea, mais conforto, alívio da dor e previne complicações sérias, como contraturas musculares e úlceras de pressão;
  • Manter as consultas com fisioterapeuta, médico, geriatra, fonoaudiologia, nutrição e psicólogo em dia, além dos exames;
  • Atentar para os cuidados específicos em caso de uso de sondas, traqueostomia, urostomia, colostomia, ileostomia ou drenos;
  • Manter a medicação em dia;
  • Fazer acolhimento emocional sempre que possível;
  • Ter uma equipe multidisciplinar;
  • Fazer alongamentos, exercícios musculares e respiratórios;
  • Fazer o treino da marcha e equilíbrio;
  • Evitar a posição em flexão de articulações;
  • Proteger as proeminências ósseas;
  • Reiniciar a mobilização precoce;

Prevenção da imobilidade

Existem algumas ações que podem ajudar na prevenção da imobilidade, visto que esse é um problema de saúde sério, que pode acarretar em consequências irreversíveis. Confira abaixo algumas formas de prevenir a imobilidade:

  • Identificar os fatores de risco;
  • Promover atividades físicas, estimulando a mobilidade do paciente e evitando sempre a restrição ao leito;
  • Orientar o idoso e a família, ou a equipe multidisciplinar responsável na adequação do ambiente e na adaptação do idoso em suas atividades diárias, para evitar os acidentes domésticos;
  • Manter o uso dos medicamentos;
  • Manter as consultas e terapia física em dia;
  • Em caso de hospitalizações prolongadas.

Imobilidade: ao perceber qualquer sintoma, busque ajuda médica para garantir a qualidade de vida do paciente e evitar o agravamento do quadro

Aqui no Blog da Saúde, nos preocupamos em trazer informação relevante, verdadeira e científica, escrita por médicos, para orientar nas mais diversas situações da sua vida.

Se você tem notado qualquer um dos sintomas citados ao longo do artigo, não hesite em buscar auxílio médico e terapêutico, e assim, resgatar o seu bem-estar e qualidade de vida.

Para mais conteúdos sobre saúde física, mental, informações científicas e revisadas sobre doenças e medicações, fique sempre de olho no nosso blog.

Dr. João Arthur Ferreira

CRM-SP 19759 / RQE 3179 Atua no tratamento de reabilitação em atletas, dor aguda e dor crônica (cervicalgia, lombalgia, enxaqueca). Médico especialista em Fisiatria e Acupuntura Coordenador do CEIMEC – Centro de Estudo Integrado de Medicina Chinesa – Curso de Pós-Graduação em Acupuntura Médica, reconhecida pelo CMBA (Colégio Médico Brasileiro de Acupuntura).
Membro Titular da Sociedade Brasileira de Medicina Física e Reabilitação (SBMFR).
Ex-Colaborador do Grupo de Dor do Departamento de Neurologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

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CRM-SP 19759 / RQE 3179 Atua no tratamento de reabilitação em atletas, dor aguda e dor crônica (cervicalgia, lombalgia, enxaqueca). Médico especialista em Fisiatria e Acupuntura Coordenador do CEIMEC – Centro de Estudo Integrado de Medicina Chinesa – Curso de Pós-Graduação em Acupuntura Médica, reconhecida pelo CMBA (Colégio Médico Brasileiro de Acupuntura).
Membro Titular da Sociedade Brasileira de Medicina Física e Reabilitação (SBMFR).
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