Tratamento para Eczema (Dermatite Atópica)

Tratamento para Eczema

A formação de manchas vermelhas pelo corpo, especialmente sem motivo aparente, naturalmente gera preocupação. 

Embora o primeiro reflexo seja pensar nas piores hipóteses, há grandes chances de que a condição em questão seja a dermatite atópica, mais conhecida como eczema. É uma condição de origem predominantemente genética, embora haja fatores ambientais envolvidos. 

A condição causa ainda forte coceira e as lesões podem descamar, prejudicando a qualidade de vida do indivíduo. 

Apesar de ainda não ter sido identificada uma cura, existem excelentes opções de tratamento para eczema. As terapias permitem aliviar os sintomas, ajudando a diminuir a coceira e, portanto, tornando a condição mais tolerável.


Principais opções de tratamento para eczema

Como dito, o eczema não tem cura. É uma condição crônica, que tende a reaparecer de tempos em tempos, especialmente devido ao contato com substâncias irritantes, condições do tempo e hábitos diários[1]Hoare C, Li Wan Po A, Williams H. Systematic review of treatments for atopic eczema. Health technology assessment. 2001 Jan 4;4(37):1-91..

Os cuidados diários, portanto, são uma forma de ajudar a evitar o aparecimento das lesões. Porém, quando já estão presentes, existem medicamentos que contribuem para diminuir sua intensidade e a coceira, ajudando a melhorar os sintomas.

Quando o eczema começa a aparecer quando a pessoa ainda é recém-nascida, a intensidade e frequência dos episódios tende a diminuir a partir dos 5 anos de idade, e geralmente tende a cessar durante a vida adulta[2]Diepgen TL, Agner T, Aberer W, Berth‐Jones J, Cambazard F, Elsner P, McFadden J, Coenraads PJ. Management of chronic hand eczema. Contact dermatitis. 2007 Oct;57(4):203-10..

Existem diversas abordagens para o tratamento para eczema, a depender da gravidade dos sintomas. Por isso, é importante consultar um dermatologista para saber qual seria a abordagem correta para o caso do seu filho.


Anti-histamínicos

Anti-histamínicos são substâncias que agem combatendo o efeito da histamina, a principal responsável pelas reações alérgicas. Devido à sua ação no combate a alergias, os anti-histamínicos tendem a ser mais conhecidos como antialérgicos[3]Nankervis H, Thomas KS, Delamere FM, Barbarot S, Rogers NK, Williams HC. Scoping systematic review of treatments for eczema..

Os anti-histamínicos contribuem principalmente ao alívio da coceira, o que ajuda a tornar os episódios mais toleráveis. Com isso, também ajuda a impedir que o caso se agrave, evitando que a pessoa tente coçar as lesões e, portanto, diminuindo as chances de ocorrer uma infecção bacteriana. Por isso, tende a ser uma das melhores opções para casos mais leves.

Porém, os anti-histamínicos não podem ser aplicados em crianças, nem usados por gestantes e lactantes, diminuindo sua utilidade.

Os anti-histamínicos mais usados para a dermatite atópica são a hidroxizina e a difenidramina, sendo usados por via oral, preferencialmente à noite, visto que causam sonolência. O uso de antialérgicos tópicos não é recomendado para este caso, visto que podem causar dermatite de contato.


Hidratantes

Para uso diário, além do uso durante episódios da condição, há também a opção de utilizar hidratantes. Neste caso, é possível encontrar hidratantes infantis, e eles contribuem para diminuir a coceira e a vermelhidão, ajudando a tratar os episódios e impedir que as lesões sejam coçadas.

A dermatite atópica provoca o ressecamento da pele, sintoma que tende a agravar a coceira. Por isso, a aplicação do hidratante contribui para minimizar isso. O uso diário, aplicado logo após o banho, também é uma forma eficiente de ajudar a evitar que novos casos aconteçam.

Porém, é importante salientar que ele não é completamente efetivo, visto que a existência de outros fatores envolvidos nessa questão também podem contribuir para a ocorrência de episódios de eczema.

Recomenda-se que sejam utilizados hidratantes neutros, isto é, sem a presença de perfumes ou outros aditivos supérfluos, para minimizar as chances das substâncias presentes causarem algum tipo de reação alérgica.


Corticosteroides

Os corticosteroides estão entre as principais opções de tratamento para eczema, sendo utilizados para reduzir a intensidade dos sintomas durante um episódio, especialmente em casos mais graves.

Corticosteroides são substâncias naturalmente produzidas pelo corpo, que contribuem para regular o sistema imunológico em situações de crise. O mais conhecido é a cortisona, hormônio liberado pelo estresse. Na medicina, são utilizados especialmente devido ao seu caráter anti-inflamatório e, a depender do hormônio, imunossupressor.

Porém, o uso contínuo dessas substâncias pode causar efeitos colaterais de alta seriedade. A cortisona, embora contribua para manter o funcionamento do corpo em situações de estresse, por exemplo, com ação anti-inflamatória e o estímulo ao uso de energia armazenada, é também a principal responsável pelos problemas causados pelo estresse crônico.

No caso da dermatite atópica, são eficazes em diminuir a inflamação e, com isso, a coceira, por isso tendem a ser utilizados nesses casos. Porém, a continuidade do uso deve ser cuidadosamente regulada pelo especialista responsável, pois, a longo prazo, pode causar certas alterações, como atrofia e descoloração da pele, além de possivelmente aumentar os riscos de infecção.

Caso seja necessário o uso por longos períodos, pode ser alternado com o uso de tratamentos sem corticosteroides. Em casos graves, pode ser receitado o uso de corticosteroides orais também.


Imunossupressores

Uma reação alérgica é uma reação inapropriada por parte do sistema imunológico a alguma substância não-nociva. Por isso, uma das formas de reduzir a ação de uma alergia é através da redução da efetividade do sistema imunológico.

Imunossupressores são substâncias especializadas em suprimir total ou parcialmente a resposta imunológica. Podem ter ação localizada, por exemplo, pelo uso de pomadas, ou ação generalizada, quando tomados como comprimidos.

Os imunossupressores podem ser uma boa alternativa aos corticosteroides, visto que geralmente resultam em efeitos colaterais menos graves, e podem ser usados tanto para casos moderados quanto casos graves. Podem inclusive ser aplicados em regiões onde a pele é mais fina, como no rosto e no pescoço.

O tratamento é iniciado com o uso de pomadas, aplicadas diretamente sobre as lesões. Caso esse método não surta efeito, especialmente no caso da dermatite atingir grandes extensões, recomenda-se o uso de imunossupressores em comprimido.

O uso dessas substâncias, porém, pode não ser recomendado quando há a presença de outras condições coexistindo com as lesões, especialmente infecção nas mesmas, visto que isso prejudica a resposta imune do corpo a esses agentes.


Cuidados diários

A mudança de hábitos e a adoção de cuidados diários são alguns dos métodos mais importantes para evitar o aparecimento das lesões e tratar os casos mais brandos[4]Langan SM, Williams HC. What causes worsening of eczema? A systematic review. British Journal of Dermatology. 2006 Sep;155(3):504-14..

Como dito anteriormente, o uso de hidratantes neutros é uma das principais formas de evitar e tratar a dermatite atópica. Sua ação contribui para manter a saúde da pele e evitar a ocorrência de irritações. Deve ser aplicado logo após o banho para maximizar seus efeitos.

Cuidados com o banho são alguns dos principais. Deve-se tomar banho no máximo uma vez ao dia, utilizando água morna ao invés de água quente. Deve-se utilizar sabonetes mais suaves, como sabonetes vegetais, ao invés dos sabonetes comuns. Ao se secar, utilizar toalha macia e não esfregar, apenas aplicá-la suavemente sobre a pele.

É importante também tomar cuidado com as roupas. Deve-se optar por roupas de algodão e tecidos macios. Roupas mais grossas, com tecidos ásperos e feitas com tecido sintético podem contribuir para a irritação da pele.

Recomenda-se também utilizar umidificador de ar caso o ar esteja seco, evitar atividades que induzam sudorese e manter as unhas curtas, para causar menos danos à pele em caso de coceira.

Recomenda-se também ficar atento às substâncias com que entra em contato para saber quais potencialmente são as principais responsáveis pelo aparecimento das lesões. Algumas substâncias possivelmente irritantes são o pólen e o cloro de piscinas.


Outros tratamentos

Caso ocorra infecção em conjunto com a lesão, por exemplo, devido à coceira, também pode ser receitado o uso de antibióticos, visando conter essa infecção.

Há alguns tratamentos alternativos sendo estudados e desenvolvidos que podem também contribuir no tratamento para eczema.

Dentre eles, destaca-se a fototerapia. A fototerapia consiste no uso de radiação ultravioleta para o tratamento das lesões. Pode ser feita em consultório, mas também pode ser aplicada em casa, caso tenha o aparelho específico e siga as recomendações médicas.

Alternativamente, tomar sol regularmente também contribui para reduzir a inflamação, visto que os raios solares também contém radiação ultravioleta. Ambos os métodos também são recomendados para o tratamento de outras dermatites, como a seborreica.

Leia também: Tipos de manchas na pele: conheça os principais


Tratamento para Eczema


Sobre o eczema

Como dito anteriormente, o eczema apresenta origem predominantemente hereditária, e os episódios tendem a ser desencadeados por contato com substâncias irritantes. O diagnóstico toma como base as características das feridas, histórico familiar, entre outros possíveis fatores. Não é contagiosa, mas suas causas específicas ainda são desconhecidas.

É caracterizada principalmente pela formação de regiões avermelhadas e ressecadas na pele, comumente acompanhada de coceira intensa. Pode também ocorrer descamação e bolhas. As regiões mais comuns em que as lesões aparecem são as dobras da pele.

A coceira costuma resultar em piora do quadro. Coçar as lesões tende a intensificar a coceira, além de tornar a região mais suscetível a infecções bacterianas. Por isso, o alívio da coceira é um dos principais focos do tratamento para eczema. A coceira também causa o espessamento da pele no local, fenômeno conhecido como liquenificação.

Não existe atualmente tratamento capaz de curar completamente o eczema, por isso, os tratamentos visam apenas abrandar a inflamação e controlar a coceira, além de buscar evitar a ocorrência de novos episódios da condição.

Porém, especialmente quando se inicia quando bebê, a doença tende a se abrandar em intensidade e frequência com o tempo. Na infância, ela tende a ser mais abrangente, se iniciando no rosto e se espalhando pelo resto do corpo, e geralmente se inicia até os três meses de idade.

Após os 5 anos, entra em sua fase crônica, em que os episódios se limitam a ocorrer em lugares específicos, especialmente nas dobras. É mais tolerável, mas a coceira apresenta maior propensão a ressecar e liquenificar a pele, portanto, deve-se haver maior cuidado.

Geralmente, os sintomas desaparecem ou abrandam consideravelmente até os 30 ou 40 anos.

A dermatite atópica é parte das “atopias”, classe de condições genéticas que envolvem certo nível de disfunção do sistema imunológico. As atopias consistem na ocorrência de reações alérgicas de alta intensidade a substâncias inofensivas presentes no ambiente, resultado de uma desregulação da produção da imunoglobulina E.

Outras atopias comuns são a bronquite, a asma, a rinite e a conjuntivite. Devido à relação do eczema com essas outras doenças, é comum que a presença de uma implique na presença de outras. A asma e a rinite estão especialmente ligadas à ocorrência da dermatite atópica, e formam o que é conhecido como “tríade atópica”.

O eczema é, portanto, um importante sinal de alerta de que há predisposição ao desenvolvimento dessas outras condições. Portanto, é necessário também redobrar os cuidados quanto ao contato com substâncias possivelmente alergênicas ou irritantes de forma a minimizar esses riscos e maximizar a qualidade de vida da criança, além, também, de consultar com médicos especializados para descobrir se já não estão presentes.

Leia também: Melanose Solar


Conclusão

A dermatite atópica, mais conhecida como eczema, é uma condição hereditária que comumente se inicia já nos primeiros anos de vida. É caracterizada pela ocorrência de áreas de inflamação pelo corpo e coceira intensa.

O eczema não apresenta tratamento capaz de curá-lo, porém, tende a abrandar em intensidade e frequência com o passar dos anos. Após os 5 anos, torna-se mais esporádica e limitada em extensão, e tende a desaparecer até a vida adulta.

Os tratamentos disponíveis buscam aliviar os sintomas, em especial a coceira, para que cessem mais rapidamente. Aliviar a coceira é uma dos principais objetivos dos tratamentos, visto que coçar as regiões inflamadas aumenta a predisposição a infecções bacterianas e pode resultar em espessamento da pele no local.

O tratamento para eczema geralmente se baseia no uso de produtos tópicos para o alívio dos sintomas, em especial, hidratantes, corticosteroides e imunossupressores. Em casos mais graves, medicamentos orais também podem ser administrados. Mudanças dos hábitos diários devem ser adotados para evitar a ocorrência de novos episódios de inflamação.

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Referências Bibliográficas

Referências Bibliográficas
1 Hoare C, Li Wan Po A, Williams H. Systematic review of treatments for atopic eczema. Health technology assessment. 2001 Jan 4;4(37):1-91.
2 Diepgen TL, Agner T, Aberer W, Berth‐Jones J, Cambazard F, Elsner P, McFadden J, Coenraads PJ. Management of chronic hand eczema. Contact dermatitis. 2007 Oct;57(4):203-10.
3 Nankervis H, Thomas KS, Delamere FM, Barbarot S, Rogers NK, Williams HC. Scoping systematic review of treatments for eczema.
4 Langan SM, Williams HC. What causes worsening of eczema? A systematic review. British Journal of Dermatology. 2006 Sep;155(3):504-14.

Dra. Juliana Toma

CRM-SP: 156490 / RQE: 65521.
Médica pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP/EPM). Residência Médica em Dermatologia pela UNIFESP. Pós-Graduação em Dermatologia Oncológica pelo Instituto Sírio Libanês (SP).
Fellow em Tricologias, Discromias e Acne pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP).
Pós-Graduação em Pesquisa Clínica pela Harvard Medical School – EUA (Principles and Practice of Clinical Research).

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Dra. Juliana Toma

Dra. Juliana Toma

CRM-SP: 156490 / RQE: 65521.
Médica pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP/EPM). Residência Médica em Dermatologia pela UNIFESP. Pós-Graduação em Dermatologia Oncológica pelo Instituto Sírio Libanês (SP).
Fellow em Tricologias, Discromias e Acne pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP).
Pós-Graduação em Pesquisa Clínica pela Harvard Medical School – EUA (Principles and Practice of Clinical Research).

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