Dor Nas Costelas – O que é, sintomas, tratamentos e causas

AS COSTELAS fazem parte da estrutura óssea da caixa torácica que protege os órgãos vitais em seu interior, como coração, pulmão, fígado, baço e a porção superior dos rins. Existem 12 pares de costelas e cada uma articula-se com duas vértebras torácicas através da articulação costovertebral.  

A dor nas costelas pode ser causada por uma variedade de patologias, desde tensão muscular a inflamações das articulações, excesso de gases e fraturas.

Outras condições também podem causar dor nas costelas, como embolia pulmonar, doenças autoimunes e câncer.


Introdução

A dor nas costelas é uma queixa comum em todas as idades. Pode ser causada por vários fatores diferentes, variando de tensão muscular a condições médicas. A dor nas costelas pode ser aguda ou incômoda e pode variar de leve a grave.

Pode estar localizada em um ponto específico ou pode irradiar para outras áreas do corpo, como o peito ou as costas. Em alguns casos, a dor nas costelas pode ser um sinal de uma condição médica grave e deve ser avaliada imediatamente por um profissional de saúde.

Por isso, é essencial consultar um médico sempre que a dor for intensa e persistente, para que seja realizada uma análise mais detalhada e, posteriormente, a escolha do tratamento adequado.

Este artigo ajudará você a identificar possíveis causas que podem levar a dor nas costelas.



1. Fraturas 

Fraturas de costela ocorrem após algum trauma na parede torácica e, geralmente, provocam dor em alguma costela, causando até mesmo dificuldades para respirar.

Fraturas na clavícula e no esterno também podem sofrer traumas, causando dor no peito semelhante à dor nas costelas. As fraturas na clavícula acometem cerca de 5% de todas as fraturas do corpo humano, ocorrendo em sua maioria o terço medial.

2. Pneumonia

A pneumonia é causada por microrganismos ou pela inalação de agentes tóxicos. Pode ser adquirida por meio do ar, secreções, transfusões sanguíneas ou por mudanças bruscas de temperatura. Os sintomas incluem febre alta, calafrios, tosse com secreção, falta de ar e dor no peito durante a respiração, causando dor nas costelas.

O tratamento varia, dependendo do agente causador da doença. Quando a pneumonia é causada por agente bacteriano, o médico prescreve antibióticos, e quando é causada por agentes virais, o tratamento baseia-se em antitérmicos e analgésicos para o alívio dos sintomas.

Em casos de agentes fúngicos, são prescritos outros medicamentos mais específicos.

penumonia

3. Costocondrite

A costocondrite consiste em um processo inflamatório nas junções costocondrais das costelas ou articulações condroesternal da caixa torácica. Essa condição provoca dor e sensibilidade na região das costelas superiores e média, diante de palpação, sendo que essa dor pode aumentar progressivamente ou surgir de repente.

Pessoas com costocondrite também sentem dor ao respirar profundamente. Embora seja uma condição benigna que se cura com o tempo, não sendo motivo de grande preocupação, deve ser distinguida de outras causas mais graves de dor torácica. Quando a dor for persistente, procure um médico para o tratamento adequado. 

Um diagnóstico diferencial de costocondrite é a Síndrome de Tietze. Leia mais sobre ela aqui.

4. Neuralgia intercostal

A neuralgia intercostal é uma condição neuropática que envolve os nervos intercostais, causando dor ao longo desses nervos, que estão localizados entre as costelas. A dor é constante e pode afetar qualquer um dos nervos intercostais e o nervo subcostal da 12ª costela. O sintoma mais comum é a dor no peito ao realizar movimentos, como pular, tossir ou espirrar.

Além disso, a dor pode ainda ser acompanhada por sensação de queimação ou dormência na área inferior das costas, ou na região do coração, além de contração involuntária e espasmos de grupos musculares. Na neuralgia intercostal não há febre, dispneia ou falta de ar.

5. Espondilite anquilosante

A espondilite anquilosante é uma doença autoimune inflamatória, que afeta principalmente as articulações da coluna, provocando inflamação na articulação entre as costelas e a coluna vertebral.

É uma doença complexa e debilitante, tendo como sintoma inicial uma dor maçante que é insidiosa no início. Geralmente, a dor é sentida na região lombar e acompanhada de rigidez matinal na mesma área que dura algumas horas, melhora com a atividade e retorna com a inatividade.

Dentro de alguns meses, a dor torna-se persistente e bilateral, geralmente piorando à noite. Não existe cura para essa doença, mas os sintomas podem ser aliviados com o uso de medicamentos e fisioterapia.

6. Fibromialgia

A fibromialgia é caracterizada como uma síndrome crônica dolorosa, não inflamatória e de etiologia desconhecida. As manifestações dos seus sintomas envolvem o sistema musculoesquelético.

O diagnóstico da fibromialgia é difícil e demorado, exigindo análise detalhada e bastante cuidadosa, por exames que descartam outras patologias com sintomas semelhantes.

O sintoma comum em todos os pacientes é a dor difusa e crônica, abrangendo o esqueleto axial e periférico, além de inchaço, dores de cabeça, fadiga, distúrbios no sono e gastrointestinais, entre outros.

É uma doença que não tem cura, mas os sintomas podem ser aliviados por medicamentos ou tratamentos não farmacológicos, como acupuntura e fisioterapia.

7. Herpes Zoster

Herpes Zoster (Zóster) é uma infecção causada pelo vírus varicela-zoster, o mesmo vírus que causa a varicela.

Pode se manifestar como uma erupção dolorosa no peito, incluindo a área das costelas.

A erupção é geralmente acompanhada por dor em queimação ou pontada, coceira e formigamento. Em alguns casos, a dor pode ser intensa e até persistir após a cicatrização da erupção cutânea.

Pode se manifestar como uma erupção dolorosa no peito, incluindo a área das costelas.

8. Síndrome do Desfiladeiro Torácico

A Síndrome do Desfiladeiro Torácico é uma patologia causada pela compressão de nervos e/ou vasos sanguíneos na área entre a clavícula e a primeira costela. Essa área é conhecida como desfiladeiro torácico e é o espaço por onde passam os nervos, artérias e veias do pescoço aos braços e mãos.

Os sintomas da Síndrome do Desfiladeiro Torácico incluem dor, dormência e formigamento no ombro, braço e mão. Outros sintomas podem incluir fraqueza no braço, fadiga e dificuldade em realizar atividades que exijam o uso do braço afetado.

Em alguns casos, os sintomas podem ser tão graves que interferem nas atividades diárias.

O tratamento da inclui fisioterapia, medicamentos para reduzir a inflamação e a dor e modificações no estilo de vida. Em alguns casos, a cirurgia pode ser necessária para aliviar a pressão nos nervos e/ou vasos.


Como é realizado o diagnóstico de dor nas costelas?

O diagnóstico de dor nas costelas é realizado através de exames de imagem, como a radiografia, tomografia computadorizada e ressonância magnética. Se o paciente estiver com dor crônica, é solicitada a cintilografia óssea. 

A princípio, a avaliação inicia-se por radiografia de tórax para distinguir as porções posteriores, laterais e anteriores das costelas, evidenciando se há fraturas ou anormalidades ósseas.

A tomografia computadorizada pode ser solicitada em casos de traumas de costelas, pois nessas situações, o raio-X de tórax mostra-se negativo em até 60% dos casos. Esse exame ajuda na análise de linhas de fraturas, formação de calo ósseo e hematomas pleurais. 

Se houver alguma anormalidade, como por exemplo, um crescimento anormal, a ressonância magnética das costelas é solicitada, permitindo um estudo adequado da extensão das lesões da parede torácica e dos músculos, órgãos e tecidos circundantes.

A cintilografia óssea é útil na detecção de lesões ósseas ainda não identificadas, sendo geralmente utilizada na detecção de tumores ósseos primários ou secundários.

Eletrocardiograma pode ser solicitado para avaliação de causas secundárias. Um eletrocardiograma é um tipo de teste que registra a atividade elétrica do coração. Ele pode ser usado para verificar qualquer anormalidade do ritmo cardíaco.


Tratamento para dor na costela

O tratamento dependerá da causa do problema.

Se a dor na caixa torácica for causada por inflamação, contusão ou tensão muscular, os sintomas podem ser aliviados por compressas frias na área, e administração de analgésicos de venda livre, como o paracetamol.

Em alguns casos, a fisioterapia pode ajudar por exercícios de alongamento, fortalecimento e educação postural.

Acupuntura e liberação miofascial podem ajudar no relaxamento muscular e dor aguda.

Se a dor for persistente e não houver um motivo aparente, procure um atendimento médico para um diagnóstico mais preciso por meio de exames de sangue e de imagem. 


Quando consultar um médico para dor nas costelas?

Se a dor persistir, procure tratamento médico, pois existem várias doenças sistêmicas que podem apresentar sintomas de dor nas costelas e requerem avaliação e tratamento por um médico


Referências

DUREJA, G. P. Intercostal Neuralgia: a review. Journal of Neurology & Translational Neuroscience, v. 5, n. 1, p. 1-8. 2017.

KOVALEK, D. O. Análise das deformações ósseas da clavícula fraturada fixada com placa e dispositivo intramedular por meio das redes de Bragg em fibras óticas. 2020. Dissertação (Mestrado em Ciências) – Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Curitiba, 2020.

NARAHASHI, E. et al. Avaliação das costelas através da imagem. Vinheta Imagenológica, v. 46, n. 2, p. 137-140. 2006. 

PROULX, A. M.; ZRYD, T. W. Costochondritis: Diagnosis and Treatment. American Family Physician, v. 80, n. 6, p. 617-620. 2009.

PROVENZA, J. R. et al. Fibromialgia. Revista Brasileira de Reumatologia, v. 44, n. 6, 2004. 

SIEPER, J. et al. Ankylosing spondylitis: an overview. Annals of Rheumatic Diseases, v. 61, p. 8-18. 2002.

Dr. João Arthur Ferreira

CRM-SP 19759 / RQE 3179 Atua no tratamento de reabilitação em atletas, dor aguda e dor crônica (cervicalgia, lombalgia, enxaqueca). Médico especialista em Fisiatria e Acupuntura Coordenador do CEIMEC – Centro de Estudo Integrado de Medicina Chinesa – Curso de Pós-Graduação em Acupuntura Médica, reconhecida pelo CMBA (Colégio Médico Brasileiro de Acupuntura).
Membro Titular da Sociedade Brasileira de Medicina Física e Reabilitação (SBMFR).
Ex-Colaborador do Grupo de Dor do Departamento de Neurologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

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CRM-SP 19759 / RQE 3179 Atua no tratamento de reabilitação em atletas, dor aguda e dor crônica (cervicalgia, lombalgia, enxaqueca). Médico especialista em Fisiatria e Acupuntura Coordenador do CEIMEC – Centro de Estudo Integrado de Medicina Chinesa – Curso de Pós-Graduação em Acupuntura Médica, reconhecida pelo CMBA (Colégio Médico Brasileiro de Acupuntura).
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