Síndrome de Tietze – O que é? Causas, sintomas e tratamentos

sindrome de tietze dor na costela

A SÍNDROME DE TIETZE, também chamada de Síndrome da Junção Costocondral ou simplesmente Condropatia Tuberosa, é caracterizada como uma artropatia benigna e inflamatória, levemente autolimitada, que envolve uma ou mais cartilagens costais.

As manifestações clínicas incluem dor, sensibilidade e edema, envolvendo especialmente as articulações esternocostal e esternoclavicular.

As causas da Síndrome de Tietze são pouco compreendidas, mas acredita-se que esteja relacionada a microlesões e infecção das vias aéreas. Essa síndrome foi descrita pela primeira vez em 1921, pelo professor de cirurgia alemão Alexander Tietze.

As manifestações clínicas da Síndrome de Tietze, muitas vezes, são confundidas com os sintomas de outras condições dolorosas dentro das estruturas esqueléticas, como a costocondrite.https://blogdasaude.com.br/costocondrite-o-que-e-causas-sintomas-e-tratamentos/


Diferenças entre a Síndrome de Tietze e a Costocondrite

tietze costocondrite

A Síndrome de Tietze é, muitas vezes, confundida com costocondrite. Então, a seguir, você entenderá as diferenças mais significativas entre essas duas patologias.

Prevalência – Enquanto a costocondrite é relativamente uma doença comum, a Síndrome de Tietze é rara.

Sinais de inflamação – Na costocondrite não há sinais de inflamação. Na Síndrome de Tietze os sinais de inflamação estão presentes.

Inchaço – Na costocondrite não há inchaço, enquanto na Síndrome de Tietze há presença de inchaço ou ausência, dependendo da gravidade da condição.

Articulações afetadas – As articulações afetadas na costocondrite são múltiplas e unilaterais, geralmente envolvendo a 2ª à 5ª junção costocondral. As articulações afetadas na Síndrome de Tietze são únicas e unilaterais, atingindo entre a 2ª e 3ª junção costocondral.

Faixa etária mais afetada – Pessoas de qualquer idade podem ser afetadas com costocondrite, mas a Síndrome de Tietze é mais comum na faixa etária jovem.

Dor – Na costocondrite, a atividade física repetitiva costuma provocar dor e é incomum ocorrer em repouso. A dor agrava-se diante de atividades de esforço e movimentos.

Na Síndrome de Tietze, a dor surge em decorrência de alguma atividade nova intensa, como tosse excessiva, causando impacto no peito.


Sintomas da Síndrome de Tietze

Os sintomas da Síndrome de Tietze incluem:

  • Dor localizada na metade anterior da parede torácica, que irradia para o ombro e braço;
  • Dor que se agrava com espirros, respiração profunda e tosse;
  • Sensibilidade e inchaço na articulação esternocostal afetada;
  • Psoríase ou pustulose palmar e plantar, em alguns casos.


Diagnóstico

A Síndrome de Tietze é uma condição difícil de diagnosticar, visto que os sintomas podem ser confundidos com o de outras patologias, como costocondrite, artrite reumatoide, doenças pulmonares e angina, caracterizada como uma dor no peito que acontece quando os músculos cardíacos não recebem a quantidade de oxigênio suficiente.

O médico fará uma série de perguntas sobre seus sintomas, seguido de um exame físico. Durante o exame físico, geralmente em mais de 70% dos pacientes o médico observa inchaço e sensibilidade palpável em um lado do tórax, mais especificamente entre a segunda e terceira costela.

Para descartar outras patologias, como doenças coronárias, costocondrite e alterações inflamatórias pulmonares, o médico deverá solicitar exames adicionais, como radiografia do tórax, ultrassonografia, ressonância magnética, biópsia ou eletrocardiograma, a fim de analisar a atividade elétrica cardíaca.

imagem raiox

A abordagem mais comum é a ultrassonografia, utilizada para mostrar o inchaço dos tecidos moles no local da inflamação.

A ressonância magnética possibilita mostrar detalhadamente as alterações inflamatórias no tecido adiposo circundante, bem como o edema da medula óssea, que causa compressão e estreita aderência das superfícies articulares que formam a articulação.

Outro exame que pode ser recomendado para o diagnóstico de Síndrome de Tietze é a cintilografia esquelética, utilizando tech netium-99 ou gálio radioativo.

Estudos recentes publicados nos periódicos Nuclear Medicine Review Central & Eastern Europe e Clinical Nuclear Medicine permitiram a visualização da atividade hipermetabólica na articulação afetada com calcificação densa através da tomografia por emissão de pósitrons CT-fluorodesoxiglicose (PET/CT-FDG).

Esse tipo de exame, mesmo não sendo solicitado frequentemente, pode, no futuro, torna-se um recurso regular para o diagnóstico de síndrome de Tietze.


Tratamento

Para o tratamento da Síndrome de Tietze, são utilizados métodos conservadores que incluem o alívio da dor com medicamentos analgésicos orais ou tópicos e anti-inflamatórios não esteroides. O tratamento de primeira linha baseia-se no uso desses medicamentos.

Em casos raros, quando os métodos medicamentosos são forem suficientes, o médico poderá indicar injeção com lidocaína em combinação com um esteroide.

Compressas de aquecimento são recomendadas para aplicar no local doloroso. É importante também que o paciente limite determinadas atividades físicas durante algumas semanas.

O tratamento com esses métodos deve ser continuado até que a dor seja completamente cessada. Geralmente, os sintomas desaparecem após uma ou duas semanas, se o tratamento for realizado de forma adequada.

Existe a garantia de que o processo da doença geralmente se resolve espontaneamente, sem deixar sequelas permanentes no paciente. No entanto, em casos raros, a dor pode permanecer e se tornar crônica, durando meses ou até um ano.


Considerações Finais

A Síndrome de Tietze não é uma doença mortal. Para reduzir o desconforto físico, a preocupação mental, o desperdício de tempo e os custos do paciente, é de extrema importância que os profissionais de saúde estejam cientes da apresentação clínica, que identifiquem corretamente a condição, realizando uma investigação completa para quaisquer distúrbios agudos com risco de vida que possam ser possíveis.

A comunicação com o paciente é essencial, para tranquilizá-lo sobre essa patologia incomum, mas geralmente benigna e autolimitada.


Referências

DOUDOUH, A. et al. A case of Tietze’s syndrome visualized on PET/CT-FDG. Nuclear Medicine Review Central & Eastern Europe, v. 22, n. 2, p. 88-89. 2019.

OH, J. H. et al. 18F-FDG PET/CT and Bone Scintigraphy Findings in Tietze Syndrome. Clinical Nuclear Medicine, v. 43, n. 11, p. 832-834. 2018.

ROKICKI, W. et al. What do we about Tietze’s Syndrome?. Kardiochirurgia i Torakochirurgia Polska, v.15, n. 3, p. 180-182. 2018.

ROSENBERG, M.; CONERMANN, T. Tietze Syndrome. National Library of Medicine, StatPearls, 2022.

Dr. Carlos Roberto Babá

CRM-SP 47825 / RQE 12910, 19925.

Médico especialista em Ortopedia, Traumatologia e Acupuntura.

Médico Colaborador do Grupo de Dor do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP).

Membro Titular da Sociedade Brasileira de Ortopedia (SBOT).

Atuação na Área Clínica e de Ensino Médico.

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Dr. Carlos Roberto Babá

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CRM-SP 47825 / RQE 12910, 19925.

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Médico Colaborador do Grupo de Dor do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP).

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