A PARESTESIA caracteriza-se como uma anormal sensação de dormência, ardor, dor, sensibilidade ao frio e ao calor, causada por danos aos nervos.
Termo | Definição |
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Parestesia | Sensação de formigamento, cócegas, picadas ou queimação na pele de uma pessoa sem causa física aparente. |
As parestesias são um dos maiores agrupamentos gerais de problemas nervosos chamados neuropatias.
Existem alguns tipos de parestesia:
- Hiperestesia: é a capacidade aumentada dos mecanorreceptores e receptores nocioceptivos, que geralmente surgem no período de recuperação de danos nos nervos;
- Hipoestesia: é o inverso do anterior, ou seja, a capacidade diminuída da percepção dos mecanorreceptores e receptores nocioceptivos;
- Alodínia: dor devido a um estímulo que normalmente não provoca dor.” Um exemplo seria um leve toque de pena (que deveria apenas produzir sensação), causando dor.
- Anestesia: é a ausência completa de reconhecimento e percepção de estímulos, tanto de mecanorreceptores quanto de receptores nociceptivos;
- Disestesia: é a percepção anormal de um estímulo cuja sensação é desagradável ou excruciante;
- Sinestesia: é a dificuldade em encontrar rapidamente o ponto exato onde está o estímulo;
- Ageusia: é a perda do paladar;
- Hipogeusia: é a sensação de paladar diminuída;
- Neurapraxia: é a interferência temporal da transmissão nervosa, normalmente por pressão leve e não duradoura;
- Axotmese: é a destruição da congruência dos axônios, geralmente por forte pressão;
- Neurotmese: é a perda de congruência entre os dois extremos do nervo.
Causas de parestesia
A parestesia pode ser causada por uma ampla gama de condições.
Parestesia oral
Grande parte dos casos de parestesia acontecem após tratamentos odontológicos que são transitórios e desaparecem em questão de dias, semanas ou meses. Parestesias que permanecem por mais de 6 meses já são definidas como persistentes e não recuperam completamente, apesar do fato de acontecer periodicamente. Recuperação da função sensorial após um ano são casos raros.
Etiologicamente, as parestesias estão associadas a extrações dentárias de molares e pré-molares inferiores, pois as lesões nervosas são mais atingidas nesses casos, geralmente devido à própria técnica cirúrgica em si.
A habilidade e a experiência do cirurgião dentista são fatores que influenciam bastante na incidência das complicações e recuperação no pós-operatório. Estudos revelam que complicações associadas a procedimentos cirúrgicos em terceiros molares é quatro vezes maior entre profissionais pouco experientes comparando com os mais experientes na área.
Os nervos mais atingidos nesse tipo de procedimento são os nervos lingual e alveolar inferior. Mas existem também outras causas não cirúrgicas para as parestesias, como o tratamento ortodôntico-cirúrgico, tratamento endodôntico e colocação de implantes.
Um estudo publicado pelo The Journal of the American Dental Association relatou que as parestesias podem também ser provocadas devido à neurotoxicidade das soluções anestésicas a 4% de prilocaína e articaína.
Os sintomas manifestam-se através de uma anestesia ou disestesia da área que inerva o nervo lingual, provocando sensações desconfortáveis como atrofia das papilas fungiformes.
Outros sintomas incluem queimaduras e alterações da fala, em casos mais graves, o que poderia levar até mesmo a transtornos psicológicos ao paciente. É comum que essas complicações acarretem em graves problemas à qualidade de vida de um indivíduo, resultando em reclamações judiciais.
Outras causas de parestesia
Outras causas de parestesias podem ter origem autoimune, circulatória, endócrina, osteomuscular, hepática ou neurológica. Diabetes, acidente vascular cerebral, artrite, hérnia de disco, esclerose múltipla, síndrome do túnel do carpo, deficiência de vitaminas B12, B6 e de cobre são exemplos de fatores causais de parestesias.
O sexo é um dos fatores de risco das parestesias, onde as mulheres estão mais propensas a ter síndrome do túnel do carpo em comparação com os homens, devido ao canal nervoso mais estreito. Movimentos repetitivos estão incluídos como fatores de risco.
A obesidade também influencia, pois o peso adicional pode pressionar e comprimir os nervos. O ganho de peso e inchaço durante a gravidez também pode causar pressão nos nervos, fazendo surgir a parestesia.
Causa | Descrição |
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Infecções | A parestesia pode ser causada por infecções virais ou bacterianas, como herpes-zóster, doença de Lyme e HIV. |
Lesão física | As lesões físicas, como um nervo comprimido ou ossos quebrados, podem causar parestesia. |
Pressão nos nervos | Longos períodos sentado ou em pé podem causar pressão em certos nervos, resultando em parestesia. |
Esclerose Múltipla | A esclerose múltipla (EM) é uma doença do sistema nervoso central que pode causar parestesia. |
AVC | AVCs podem causar danos ao sistema nervoso, resultando em parestesia. |
Deficiência de vitamina | Uma deficiência em certas vitaminas, como B12 ou tiamina, pode causar parestesia. |
Alcoolismo | O alcoolismo prolongado pode levar a danos nos nervos, resultando em parestesia. |
Tumores | Os tumores podem causar pressão nos nervos circundantes, levando à parestesia. |
Em casos raros, a parestesia pode ser causada por distúrbios que afetam o sistema nervoso central, como acidente vascular cerebral e ataques isquêmicos transitórios (mini-derrames), esclerose múltipla, mielite transversa e encefalite.
Vídeo sobre Parestesia
Diagnóstico das parestesias
A parestesia pode ser confundida com diversas outras patologias.
Por isso, é necessário que o médico realize uma série de perguntas sobre o histórico, sintomas e hábitos do paciente.
O diagnóstico é realizado por meio de exame físico, mas exames complementares de imagem e sangue podem ser úteis.
Exames complementares para parestesia
Eletroneuromiografia é uma das ferramentas mais importantes para diagnosticar e tratar distúrbios neuromusculares. Pode ser usada para detectar atividade elétrica anormal nos músculos, o que pode indicar danos musculares, fraqueza ou danos nos nervos. Também pode ser usado para monitorar a atividade muscular durante a fisioterapia ou reabilitação. A eletroneuromiografia é essencial para fornecer um diagnóstico preciso e criar um plano de tratamento personalizado para distúrbios neuromusculares.
Ultrassonografia é realizada em áreas menores do corpo para buscar as compressões e danos aos nervos. A ressonância magnética pode ser solicitada para analisar detalhadamente as diferentes áreas do corpo.
É importante avaliar a origem da parestesia, para que se defina o melhor tratamento ao paciente.
Diagnóstico Diferencial de Parestesia
Diagnóstico Diferencial | Explicação |
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Insuficiência Vascular | A parestesia pode ser causada por uma redução no fluxo sanguíneo para um nervo, como devido a doença arterial periférica, trombose venosa profunda ou acidente vascular cerebral. |
Diabetes | A neuropatia diabética pode causar um tipo de parestesia devido a danos nos nervos periféricos causados por níveis cronicamente altos de açúcar no sangue. |
Neuropatia Química | A exposição a certas toxinas, medicamentos ou outros produtos químicos pode causar danos nos nervos e levar à parestesia. |
Neuropatia infecciosa | Certos vírus ou infecções bacterianas podem danificar os nervos e levar ao desenvolvimento de parestesia. |
Trauma físico | Trauma de força contundente em um nervo pode causar parestesia temporária ou permanente. |
Neoplasias | Os tumores podem causar danos nos nervos e levar à parestesia. |
Tratamento das parestesias
Dependendo da causa da parestesia, as opções de tratamento são bastante variáveis.
É comum ser recomendado que o paciente repouse, interrompendo as atividades que provavelmente estejam pressionando os nervos. O repouso, muitas vezes, pode incluir a utilização de talas para limitar os movimentos da área afetada.
O tratamento farmacológico, como anti-inflamatórios não esteroides, pode ser necessário para o alívio da dor e redução da inflamação e inchaço.
Tratamento | Descrição |
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Antidepressivos | Alguns antidepressivos, como antidepressivos tricíclicos e inibidores seletivos da recaptação da serotonina (SSRIs), podem ajudar a reduzir a parestesia. |
Analgésicos tópicos | Analgésicos tópicos, como lidocaína, podem ser aplicados na área afetada para ajudar a reduzir a parestesia. |
Capsaícina | Usada para ajudar a aliviar neuralgia (dor aguda nos nervos). Também é usada para ajudar a aliviar dores menores associadas à artrite reumatóide ou entorses e distensões musculares. |
Medicamentos anticonvulsivantes | Medicamentos anticonvulsivantes, como a gabapentina e pregabalina, podem ajudar a reduzir a dor neuropática e a parestesia. |
Medicamentos antiespasmódicos | Os medicamentos antiespasmódicos podem ajudar a aliviar os espasmos musculares que podem contribuir para a parestesia. |
Vitamina B1, B6 e B12 para lesões neuropáticas
Estudos já comprovaram a eficácia das vitaminas B1, B6 e B12 para a promoção da recuperação de lesões nervosas.
- Vitamina B1 (Tiamina):
- Melhora a condução nervosa, reduzindo a parestesia e a dor nervosa
- Aumenta os níveis de energia e reduz a fadiga
- Evita danos nos nervos causados pelo estresse oxidativo
- Reduz a inflamação e a dor
- Vitamina B6 (Piridoxina):
- Diminui a dor e a sensibilidade do nervo
- Melhora a função nervosa, reduzindo a parestesia
- Melhora a produção de neurotransmissores, apoiando a saúde dos nervos
- Evita danos nos nervos causados pelo estresse oxidativo
- Vitamina B12 (Cobalamina):
- Melhora a condução nervosa, reduzindo a parestesia e a dor nervosa
- Aumenta os níveis de energia e reduz a fadiga
- Evita danos nos nervos causados pelo estresse oxidativo
- Reduz a inflamação e a dor
Fisioterapia para parestesia
A fisioterapia pode ser recomendada para o fortalecimento dos músculos ao redor do nervo afetado, pois músculos fortalecidos aliviam a compressão do tecido, evitando que ocorra novamente.
- Educação sobre modificações no estilo de vida para reduzir os sintomas
- Alongamento suave e exercícios de amplitude de movimento
- Técnicas de terapia manual para relaxar os músculos tensos
- Estimulação elétrica para reduzir a dor e o formigamento
- Ultrassom para reduzir inflamações e espasmos
- Iontoforese para administrar medicamentos na área afetada
- Massagem para reduzir a dor e melhorar a circulação
- Termoterapia para reduzir a inflamação e melhorar a circulação
- Treinamento de equilíbrio e coordenação para melhorar a função nervosa
- Treinamento de força e resistência para melhorar a função muscular
TENS pode ser utilizado para alívio das sensações álgicas. Benefícios incluem:
- Redução da intensidade e a frequência da dor
- Redução de espasmos musculares
- Melhora da amplitude de movimento
- Aumento da circulação na área afetada
- Redução da inflamação local
- Alívio da dor pós-cirúrgica
Acupuntura para parestesia
Muito se fala também na acupuntura como tratamento para parestesias, bem como para outras patologias. A acupuntura, através de agulhas em pontos específicos, atua liberando mediadores químicos endógenos, promovendo ação analgésica, anti-inflamatória e relaxante.
O tratamento com acupuntura promove a liberação de neuromoduladores que controlam os neurônios na via sensorial nociceptiva, reduzindo o quadro doloroso nos aspectos sensoriais, neuromotores e emocionais.
Em casos de parestesia temporária, a acupuntura pode reduzir o tempo de recuperação.
Cirurgia para parestesia?
Em último caso, a cirurgia é indicada para reduzir a pressão no nervo que está sendo comprimido. O tipo de cirurgia dependerá das causas e dos sintomas de cada paciente.
Quando devo me preocupar com parestesia?
Em muitos casos, a parestesia desaparece sozinha. Mas se alguma área do seu corpo ficar dormente regularmente ou sentir aquela sensação de “alfinetadas e agulhadas”, converse com seu médico. Eles perguntarão sobre seu histórico médico e farão um exame físico neurológico.
Eles também podem recomendar certos exames para descobrir o que está causando sua parestesia. Estes podem incluir exames de sangue, ressonância magnética ou tomografia computadorizada.
Se o seu médico suspeitar de uma causa específica para a parestesia, eles podem prescrever medicamentos ou recomendar tratamento com fisioterapia para reduzir os sintomas.
Prevenção
Existem algumas medidas que ajudam a prevenir a compressão dos nervos, e assim, evitar a condição de parestesia. Essas medidas incluem:
- Manter uma boa postura, prática essencial para evitar pressões sobre os nervos;
- Evitar movimentos repetitivos para reduzir a chance de lesões nos nervos;
- Caso seja necessário trabalhar com movimentos repetitivos, procure fazer pausas curtas e periódicas, alongando antes e depois da atividade;
- Manter um peso saudável;
- Praticar exercícios físicos regularmente, incluindo aqueles que exigem trabalhar força e flexibilidade;
- Adotar uma dieta rica em nutrientes e alimentos anti-inflamatórios, para prevenir deficiências nutricionais e inflamações relacionadas à parestesia.
Perguntas Frequentes
Quando a parestesia é grave?
A parestesia é considerada grave se os sintomas forem persistentes e interferirem nas atividades diárias do paciente.
Quais são os sintomas da parestesia?
Parestesia é uma sensação de formigamento, queimação, formigamento ou dormência na pele. Pode ser temporário ou crônico.
Como você se livra da parestesia?
O tratamento da parestesia depende da causa subjacente. Em alguns casos, os sintomas podem resolver por conta própria. Em outros casos, medicamentos, fisioterapia ou outros tratamentos podem ser necessários para reduzir os sintomas.
Qual a diferença entre parestesia e neuropatia?
A neuropatia é um grupo de condições que afetam o sistema nervoso e causam dor e dormência nas mãos e nos pés. Parestesia é uma sensação de formigamento, queimação, formigamento ou dormência na pele.
Que deficiência de vitamina causa parestesia?
Deficiências de vitaminas, como B12 ou folato, podem causar parestesia.
O que causa parestesia neurológica?
Doenças neurológicas, como esclerose múltipla, acidente vascular cerebral ou lesão cerebral traumática, podem causar parestesia.
Qual é a maneira mais rápida de se livrar da parestesia?
A maneira mais rápida de se livrar da parestesia é identificar e tratar a causa subjacente. Medicamentos são muitas vezes necessários para controlar e estabilizar os sintomas. Anticonvulsivantes podem ser utilizados.
Estresse e ansiedade podem causar parestesia?
Sim, estresse e ansiedade podem causar parestesia. Podem diminuir o limiar de dor, aumentar sensibilidade neuropática e exacerbar os sintomas.
O que acontece se a parestesia não for tratada?
Se a parestesia não for tratada, os sintomas podem piorar e interferir nas atividades diárias.
Conclusão
A parestesia pode melhorar com o tempo. Você pode notar formigamento ou outras sensações enquanto seus nervos estão se recuperando.
Por outro lado, a sensibilidade local pode retornar tão gradualmente que você pode não perceber nenhuma melhora. É possível que todas ou algumas das suas sensações retornem.
REFERÊNCIAS
FONTOURA, T. A. Parestesias: etiologia e abordagem clínica. 2013. Dissertação (Mestrado em Medicina Dentária) – Universidade Católica Portuguesa, Viseu, 2013.
GARISTO, G. A. et al. Occurrence of paresthesia after dental local anesthetic administration in the United States. The Journal of the American Dental Association, v. 141, n. 7, p. 836-844. 2010.