Escoliose – O que é? Quando me preocupar?

A ESCOLIOSE é definida como uma deformidade estrutural da coluna, apresentando uma curvatura em forma de C ou S. Essa palavra foi utilizada pelos médicos gregos Hipócrates e Galeno para descrever a condição e sua etiologia.

Apesar de se manifestar em qualquer idade, frequentemente é diagnosticada em crianças e adolescentes.

O ângulo da curvatura pode ser pequeno, intermediário ou grande. É considerado escoliose quando mede mais de 10 graus em um raio-X.

Nem sempre a escoliose é perceptível, mas algumas pessoas tendem a se inclinar para um lado ou apresentar ombros, ou quadris irregulares, justamente devido à curvatura da coluna.


Tipos de escoliose

escoliose coluna

A escoliose pode ser estrutural ou não-estrutural. Quando é estrutural, as curvas são irreversíveis com presença de rotação vertebral. Já a não-estrutural acontece quando a curva pode ser corrigida através do posicionamento corporal e, nesse caso, não se observa rotação vertebral.

A escoliose pode ser classificada segundo a sua origem de formação, dividindo-se basicamente em: escoliose idiopática, escoliose congênita, escoliose neuromuscular, escoliose degenerativa.

A escoliose idiopática não possui uma causa esclarecida e os médicos não encontram uma razão exata para a coluna curvada, mas é o tipo mais comum de escoliose, correspondendo a aproximadamente 70% das ocorrência de escoliose. Nesse tipo está incluída a escoliose infantil, juvenil e do adolescente.

O risco de progressão na curva é maior na puberdade precoce, afetando 1 a 4% dos adolescentes e desproporcionalmente mulheres jovens. Normalmente, esse tipo de escoliose é assintomático e passa despercebido por muitos anos.

Tipo de escolioseDescrição
Escoliose idiopáticaO tipo mais comum de escoliose, causada por fatores desconhecidos e geralmente encontrada em crianças.
Escoliose congênitaPresente ao nascimento, devido a uma malformação das vértebras.
Escoliose neuromuscularResultante de fraqueza muscular ou anormalidades nervosas, geralmente causadas por uma condição médica.
Escoliose DegenerativaDesenvolvendo-se mais tarde na vida devido à degeneração da coluna relacionada à idade.

A escoliose congênita já inicia antes do nascimento. Os médicos, geralmente, detectam essa condição rara logo quando o bebê nasce, mas também pode ser percebida anos depois, apenas na adolescência.

A escoliose neuromuscular é causada por algum distúrbio neurológico ou muscular, como a paralisia cerebral ou uma lesão na medula espinhal. Essas condições, quando danificam os músculos, fazem as costas se curvarem.

A escoliose degenerativa é o tipo que afeta os adultos. Conforme os anos passam, esse tipo de escoliose desenvolve-se na parte inferior das costas, devido ao desgaste dos discos e articulações da coluna.


Quais são os sintomas da escoliose?

dor lombar

Geralmente, a escoliose se manifesta desde a infância ou adolescência. Mas ao decorrer dos anos, os sintomas podem variar de acordo com a idade do paciente. Os sinais e sintomas da escoliose incluem:

A coluna geralmente pode girar ou torcer, além de curvar de um lado para o outro. Em adolescentes, é comum as roupas não vestirem uniformemente e as pernas terem comprimentos ligeiramente diferentes.

Quando a escoliose é notada em bebês, as mães observam que o corpo fica curvado mais para um lado, quando a criança está deitada.

Em casos graves, bebês podem apresentar problemas pulmonares e cardíacos, levando a dor no peito e falta de ar. Se o bebê não receber o tratamento adequado, correrá riscos de ter problemas a longo prazo, na vida adulta, como insuficiência cardíaca.

Adultos mais velhos frequentemente relatam dores nas costas, que raramente é grave e não causa nenhuma grande incapacidade para a maioria dos indivíduos.


Tabela: alguns dos sintomas da escoliose

SintomaExplicação
Desvio lateral da coluna vertebralA coluna vertebral pode se desviar para o lado, formando uma curva lateral na parte superior ou inferior das costas.
Assimetria dos quadris ou ombrosComo quadris ou ombros podem parecer irregulares ou em alturas diferentes, devido à curvatura lateral da coluna vertebral.
Mudança na altura da cintura ou da cabeçaA curvatura lateral da coluna vertebral pode causar uma mudança na altura da cintura ou da cabeça.
Dor nas costas ou nas pernasA escoliose pode causar Dor nas costas ou nas pernas devido à compressão dos nervos e dos músculos pelas curvas da coluna vertebral.
Fadiga ou dificuldade para respirarA escoliose pode causar fadiga ou dificuldade para respirar devido à compressão dos pulmões pelas curvas da coluna vertebral.

É importante lembrar que esta tabela é apenas informativa e que os sintomas da escoliose podem variar de pessoa para pessoa. Se você tiver algum desses sintomas, é recomendável consultar um médico para um diagnóstico preciso.


Causas e fatores de risco da escoliose

Escoliose o que e

A escoliose é uma doença causada por uma complexa interação entre fatores genéticos e ambientais, atuando por meio de mecanismos integrativos biológicos e biomecânicos.

Quando a coluna funciona normalmente, mas parece curvada, a escoliose pode ser causada por comprimentos diferentes nas pernas, espasmos musculares e inflamações, como apendicite. Tratando essas condições, a escoliose geralmente desaparece.

Quando a curva da coluna é rígida e não pode ser revertida, as causas podem envolver distrofia muscular, paralisia cerebral, defeitos congênitos, tumores e condições genéticas, como Síndrome de Down.

A osteoporose também pode causar escoliose, em virtude da degeneração óssea. Além dessas causas citadas, também é importante citar a má postura, lesões que causam curvaturas da coluna vertebral e o hábito de carregar mochilas muito pesadas.

Os fatores de risco incluem: a idade, pois geralmente a escoliose inicia-se durante um surto de crescimento pouco antes da puberdade; sexo, sendo que as mulheres possuem mais tendência a sofrer de escoliose do que os homens; e genética, pois a escoliose comumente surge entre parentes da mesma família.

Fator de riscoDescrição
GêneroAs meninas são mais propensas a desenvolver escoliose do que os meninos.
História FamiliarSe um dos pais ou irmão tiver escoliose, o risco aumenta.
IdadeA maioria dos casos de escoliose se desenvolve entre as idades de 10 e 15 anos.
Outras condições médicasCertas condições médicas, como paralisia cerebral e distrofia muscular, são fatores de risco para escoliose.

Se você ou alguém da sua família tem escoliose, certifique-se de que seus filhos sejam examinados regularmente para essa condição.


Diagnóstico

O diagnóstico para escoliose consiste em exame físico da coluna, costelas, ombros e quadris. O médico verificará o grau de escoliose através de um equipamento chamado inclinômetro. Quando o grau é maior que 10, indica escoliose.

Exames complementares de imagem (raio-x, tomografia computadorizada e ressonância magnética) podem ser solicitados para auxiliar o médico a analisar a forma, direção e ângulo da curvatura.

O exame de raio-x mensura o grau que a escoliose apresenta, onde por meio da imagem obtida, mensura-se o Ângulo de Cobb, que é uma medida universal utilizada para quantificar o ângulo frontal da escoliose em uma radiografia de incidência ântero-posterior.

A ressonância geralmente é solicitada para descartar outras patologias, como um tumor que pode estar inclinando e curvando a coluna.


Tabela: exames que podem ser usados para diagnosticar a escoliose:

ExameExplicação
Raio-XUm raio-X da coluna vertebral pode mostrar as curvas e os desvios laterais da coluna.
Ressonância magnética (RM)A ressonância pode mostrar as curvas da coluna vertebral em detalhes, além de verificar se há compressão dos nervos e dos músculos.
Tomografia computadorizada (TC)Pode mostrar a forma e o tamanho do canal vertebral, seu conteúdo e as estruturas ao seu redor. Muito bom em visualizar estruturas ósseas.


Tratamento

  1. Acompanhamento: Dependendo da gravidade da escoliose, seu médico pode recomendar um período de observação para monitorar a progressão da curva.
  2. Órtese: Dependendo da gravidade da escoliose, uma órtese pode ser recomendada para ajudar a prevenir o agravamento da curva.
  3. Exercício: O exercício pode ajudar a melhorar a postura, fortalecer os músculos e aumentar a flexibilidade.
  4. Fisioterapia: A fisioterapia pode ajudar a melhorar a postura, fortalecer os músculos e aumentar a flexibilidade.

O tratamento clínico da escoliose é realizado com base na magnitude e progressão da curva espinhal, sendo que se a curva piorar, o paciente poderá desenvolver problemas futuros, como dor, aumento da deformidade, aumento do risco de mortalidade precoce e problemas psicossociais negativos.

Geralmente, a magnitude da curvatura aumenta, ao longo da vida do paciente.

Para escoliose leve, durante a infância e adolescência, não é necessário nenhum tipo de tratamento. Crianças com escoliose leve são monitoradas regularmente com raios-x para acompanhar se a curva está apresentando piora.

tratamento costas

Dependendo do grau de curvatura da coluna, se o tratamento for necessário, pode ser recomendado uma combinação de órtese e fisioterapia. O objetivo da órtese é evitar que a curva progrida para uma gravidade que exija cirurgia, antes que o paciente atinja a maturidade esquelética.

Com esse tratamento, o risco de progressão da curva e o risco de uma cirurgia diminuem bastante. O tratamento mais comum envolve o uso de uma órtese rígida, como uma órtese toracolombosacral.

Para pacientes de alto risco, é recomendado que utilizem a órtese por mais de 13 horas por dia, até atingirem a maturidade esquelética. O tempo médio utilizando uma cinta é de aproximadamente 3 anos, mas isso não impede o indivíduo de continuar realizando as suas atividades rotineiras.

Quando a escoliose é mais grave, essa condição pode reduzir a quantidade de espaço dentro do tórax, o que dificulta o funcionamento apropriado dos pulmões. Mas isso acontece em casos raros.

Quando acontece, o tratamento é cirúrgico com o objetivo de restaurar o alinhamento da coluna e prevenir as consequências a longo prazo de grandes deformações da coluna e do tórax, que podem incluir dor, desfiguração e redução da capacidade pulmonar.


Importância da fisioterapia motora no tratamento da escoliose

  1. Melhora a postura: A fisioterapia pode ajudar a melhorar a curvatura da coluna causada pela escoliose ao te ensinar diversos exercícios posturais.
  2. Aumenta a flexibilidade: A fisioterapia ajuda a alongar a coluna e outros músculos, o que pode aumentar a flexibilidade e ajudar a reduzir a dor.
  3. Fortalece os músculos: A fisioterapia ajuda a fortalecer os músculos da coluna, o que pode ajudar a reduzir a curvatura da coluna e reduzir a dor.
  4. Melhora o equilíbrio: A fisioterapia ajuda a melhorar o equilíbrio ensinando exercícios para ajudar a manter o centro de gravidade.
  5. Reduz a dor: A fisioterapia ajuda a reduzir a dor por meio de exercícios de fortalecimento e alongamento, que podem ajudar a reduzir a inflamação e melhorar a circulação.
  6. Previne novas curvaturas: A fisioterapia ajuda a prevenir novas curvaturas da coluna, ensinando-lhe exercícios para ajudá-lo a manter uma boa postura.
  7. Melhora a mobilidade: A fisioterapia ajuda a melhorar a mobilidade, ensinando-lhe exercícios para ajudá-lo a mover-se com maior facilidade e conforto.
  8. Melhora a qualidade de vida: A fisioterapia ajuda a melhorar sua qualidade de vida, aliviando a dor e melhorando a mobilidade.


Referências

BLASIUS, V. A. Verificação do índice de escoliose nos acadêmicos da 10ª fase do Curso de Fisioterapia da UNESC. 2010. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Fisioterapia) – Universidade do Extremo Sul Catarinense, Criciúma, 2010.

CHENG, J. C. et al. Adolescent idiopathic scoliosis. Nature Reviews Disease Primers, v. 1, n. 1, p. 1-20. 2015.

TURRA, P. Qualidade de vida de indivíduos com escoliose idiopática. 2015. Monografia (Especialização em Reabilitação Físico-Motora) – Centro de Ciências da Saúde, Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, 2015.

Dr. Carlos Roberto Babá

CRM-SP 47825 / RQE 12910, 19925.

Médico especialista em Ortopedia, Traumatologia e Acupuntura.

Médico Colaborador do Grupo de Dor do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP).

Membro Titular da Sociedade Brasileira de Ortopedia (SBOT).

Atuação na Área Clínica e de Ensino Médico.

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Dr. Carlos Roberto Babá

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CRM-SP 47825 / RQE 12910, 19925.

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Médico Colaborador do Grupo de Dor do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP).

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