Ombro Travado: O Que Pode Ser?

Problemas que atingem a articulação do ombro são comuns, principalmente nos dias atuais, onde temos o aumento da expectativa de vida associado a fatores como sedentarismo e a trabalhos que exigem movimentos repetitivos1.

Além disso, muitas vezes é difícil distinguir as diferentes patologias que podem atingir o ombro, uma vez que os sintomas tendem a ser parecidos.

Assim, é necessário consultar um especialista no assunto, para se obter um diagnóstico correto e iniciar o tratamento o mais rápido possível, evitando o avanço do problema e as suas complicações.

O Que É O Ombro Travado?

“Ombro travado” é uma forma coloquial de chamar o quadro de restrição de movimento que atinge a articulação, causando dificuldades para realização das atividades diárias e dor.

Além disso, outros sintomas podem estar associados, como:

  • Edema local;
  • Crepitações durante o movimento;
  • Sensação de fraqueza muscular;
  • Dificuldade para realizar movimentos específicos, como elevação do braço.

Outro ponto a ser analisado é a característica da dor, que pode estar presente apenas durante a movimentação do membro ou, como ocorre em alguns casos, em repouso.

Assim, para entender o que é o ombro travado, é necessário primeiro aprofundar nas diferentes patologias que causam esse sintoma, e então descobrir as suas causas e possíveis tratamentos.


A Articulação do Ombro

A articulação do ombro, ou articulação glenoumeral, é composta pelo úmero (osso do braço) e pela escápula, e está envolta por numerosos ligamentos e por uma cápsula articular contendo líquido sinovial, que lubrifica a articulação.

Por isso, problemas que envolvem o ombro podem estar ligados a qualquer um de seus componentes, o que de certa forma dificulta o diagnóstico rápido.


Possíveis Causas

Diferentes fatores estão associados à redução da amplitude de movimentos do ombro e ao desenvolvimento de problemas articulares. Alguns deles são:

Mas, quando falamos especificamente de patologias que travam o ombro, podemos destacar as duas mais comuns:

  • Capsulite adesiva: A doença é caracterizada pela rigidez articular progressiva, e atinge principalmente mulheres entre os 40 e os 70 anos. Pode, ainda ser caracterizada como primária, quando ocorre sem causa aparente, ou secundaria, ocorrendo em decorrência de problemas como traumas ou lesões2.
  • Artrose: A degeneração da articulação glenoumeral pode levar a um quadro de rigidez articular, ou ombro travado. Entretanto, o grau de rigidez vai depender da gravidade do problema, que pode variar de leve a severo3.

Outras patologias incluem:

CausaDescrição
Rotura do Manguito RotadorDanos no grupo de músculos e tendões que formam um manguito ao redor da articulação do ombro.
Síndrome do ImpactoCompressão dos tendões do manguito rotador entre a cabeça do úmero e o osso adjacente.
ArtriteInflamação da articulação devido ao desgaste da cartilagem.
BursiteInflamação da bursa, um saco cheio de líquido localizado entre o osso e um tendão.
Capsulite AdesivaAderências da cápsula articular e do tecido da cápsula resultando em perda de amplitude de movimento.
Laceração labialDano na borda da cartilagem que reveste a cavidade do ombro.
TendiniteInflamação dos tendões ao redor da articulação do ombro.
Distensão/EntorseUma ruptura ou estiramento dos ligamentos ou músculos ao redor da articulação do ombro.
Artrose da articulação acromioclavicularInflamação da articulação acromioclavicular devido à degeneração.
Esporas ósseasProjeções ósseas na escápula ou úmero que podem causar dor.

Todavia, é importante ressaltar que existem outras possíveis causas, menos frequentes, que podem levar ao quadro de ombro travado. Assim, caso apresente alguma dificuldade para movimentar o ombro, procure um médico para que ele possa fazer o diagnóstico adequado e iniciar o tratamento.

Tratamentos para ombro travado

O tratamento do ombro travado vai depender primariamente da sua causa e do grau de comprometimento da articulação4,5, e pode envolver:

  • Uso de medicamentos anti-inflamatórios, para reduzir a inflamação e a dor local;
  • Infiltração de medicamentos diretamente na articulação, que é indicado para alguns casos para se obter um efeito anti-inflamatório mais potente;
  • Fisioterapia, tanto para melhorar a amplitude de movimento quanto para reduzir a dor;
  • Cirurgia, para a liberação da articulação, reservado para casos mais graves;
  • Substituição cirúrgica da articulação do ombro, em casos avançados de artrose da articulação glenoumeral.

Entretanto, a seleção do melhor tratamento para cada caso vai depender da avaliação médica, uma vez que nem todos os pacientes podem se beneficiar das diferentes abordagens.


Fisioterapia para ombro travado

Benefícios incluem:

  • Redução da dor e do desconforto: exercícios e tratamentos de fisioterapia podem ajudar a reduzir a dor e o desconforto associados à reabilitação do ombro. Uma combinação de mobilização e manipulação articular, massagem e exercícios para aumentar a mobilidade e reduzir o inchaço e a dor podem ser realizados.
  • Amplitude de movimento aprimorada: a fisioterapia pode ajudar a aumentar a amplitude de movimento no ombro e prevenir rigidez futura. O terapeuta usará uma combinação de exercícios e manipulação para aumentar a flexibilidade e a força no ombro. Exercícios de alongamento e fortalecimento para melhorar a flexibilidade e a amplitude de movimento são recomendados.
  • Melhor força e resistência: a fisioterapia pode ajudar a melhorar a força e resistência no ombro. O terapeuta usará exercícios de fortalecimento e alongamento para melhorar a estabilidade do ombro e fortalecer os músculos. O terapeuta também pode usar faixas de resistência e pesos para melhorar a força e a resistência.
  • Melhor postura e equilíbrio: a fisioterapia pode ajudar a melhorar a postura e o equilíbrio no ombro.
  • Melhor coordenação: a fisioterapia pode ajudar a melhorar a coordenação no ombro. O terapeuta usará uma combinação de exercícios para melhorar a coordenação e a amplitude de movimento.

Prevenção de ombro travado

Apesar das diferentes causas possíveis para o ombro travado, existem algumas formas de reduzir o risco de ocorrência do problema. São elas:

  • Fortalecimento muscular, visando dar mais sustentação à articulação e assim evitar possíveis lesões;
  • Evitar, sempre que possível, realizar atividades repetitivas por tempo prolongado;
  • Procurar atendimento médico caso sinta dores articulares que não melhoram com descanso, de forma a diagnosticar precocemente qualquer problema que possa evoluir para uma capsulite adesiva ou para uma degeneração articular;
  • Adotar um estilo de vida saudável, incluindo a prática regular de atividades físicas e uma alimentação balanceada.

Essas medidas não garantem a prevenção total do problema, uma vez que ele pode ser causado por fatores genéticos ou mesmo por lesões. Mas elas ajudam a diminuir tanto o risco quanto a severidade do quadro, caso ele ocorra.

Referências Bibliográficas

1. Linaker CH, Walker-Bone K. Shoulder disorders and occupation. Best Practice & Research Clinical Rheumatology Volume 29, Issue 3, June 2015, Pages 405-423.

2. Le HV, Lee SJ, Nazarian A, Rodriguez EK. Adhesive capsulitis of the shoulder: review of pathophysiology and current clinical treatments. Shoulder Elbow. 2017;9(2):75-84.

3. Miyazaki AN, Fregoneze M, Silva LA, Sella GV, Garotti JER, Checchia SL. Avaliação dos resultados do tratamento não artroplástico (artroscópico) da artrose do ombro. Rev Bras Ortop. 2015;50(4).

4. Neviaser AS, Hannafin JA. Adhesive Capsulitis: A Review of Current Treatment. The American Journal of Sports Medicine. 2010;38(11):2346-2356.

5. Boselli KJ, Ahmad CS, Levine WN. Treatment of Glenohumeral Arthrosis. The American Journal of Sports Medicine. 2010. Vol. 38, No. 12.

Dr. Andrew Seung Ho Park

CRM-SP: 157730 RQE: 67991 | Médico especialista em Fisiatria e Acupuntura. Residência Médica de Fisiatria pelo HC-FMUSP. Residência Médica em Neurofisiologia Clínica pelo HC-FMUSP. Pós-Graduação em Dor pelo Centro de Dor do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Professor Colaborador do CEIMEC – Centro Integrado de Estudo em Medicina Chinesa. Membro Titular da Sociedade Brasileira de Medicina Física e Reabilitação (SBMFR).

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CRM-SP: 157730 RQE: 67991 | Médico especialista em Fisiatria e Acupuntura. Residência Médica de Fisiatria pelo HC-FMUSP. Residência Médica em Neurofisiologia Clínica pelo HC-FMUSP. Pós-Graduação em Dor pelo Centro de Dor do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Professor Colaborador do CEIMEC – Centro Integrado de Estudo em Medicina Chinesa. Membro Titular da Sociedade Brasileira de Medicina Física e Reabilitação (SBMFR).

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