O lúpus é uma doença crônica autoimune e inflamatória com uma ampla gama de manifestações clínicas devido ao seu efeito em múltiplos sistemas de órgãos. Está relacionado à uma inflamação multissistêmica causada pela função imunológica anormal.
Indivíduos com lúpus apresentam surtos periódicos de gravidade variável ou casos em que não há sinais ou sintomas visíveis.
Existem quatro tipos principais de lúpus, que são: lúpus eritematoso neonatal e pediátrico, lúpus eritematoso discóide, lúpus induzido por drogas e lúpus eritematoso sistêmico.
O lúpus eritematoso sistêmico é o tipo mais comum, sendo diagnosticado em aproximadamente 20 a 150 pessoas a cada 100.000. É observado em mulheres em idade reprodutiva, podendo afetar também pacientes do sexo masculino, em qualquer idade.
As chances são maiores em mulheres em idade reprodutiva devido aos hormônios, principalmente o estrogênio. Alguns estudos já demostraram que mulheres que tiveram menarca precoce ou que usaram contraceptivos orais ou terapias hormonais possuem um risco maior de ter lúpus eritematoso sistêmico.
É um grande desafio chegar ao diagnóstico correto do lúpus, em vista da multiplicidade de apresentações clínicas observadas. O lúpus pode afetar os rins, pulmões, pele, sistema nervoso e sistema músculo-esquelético, bem como outros órgãos do corpo.
É importante destacar que nas últimas décadas, os índices de mortalidade atribuídas ao lúpus reduziram bastante como resultado da detecção precoce da doença e dos avanços no tratamento.
O que causa o lúpus?
A causa exata do lúpus ainda permanece desconhecida, mas várias associações foram identificadas como resultado inúmeras pesquisa. Estudos afirmam que fatores genéticos, hormonais, imunológicos e ambientais podem desempenhar um papel significativo no desenvolvimento do lúpus.
Estudos genéticos associados ao lúpus já mostraram uma predisposição genética dentro das famílias, de modo que parentes de primeiro grau de pacientes com lúpus estão mais propensos a desenvolver a doença em comparação com o resto da população.
Com relação aos fatores ambientais, estes incluem determinados vírus e a luz ultravioleta. O vírus Epstein-Barr já foi associado ao aparecimento de lúpus em crianças. Quanto à luz ultravioleta, ela estimula os queratinócitos, causando a estimulação das células B e a produção de anticorpos. Além disso, estimula a atividade das células T, resultando na produção adicional de autoanticorpos.
O cigarro e alguns produtos capilares, como tinturas, também podem ser possíveis causadores do lúpus.
Quais são os sintomas?
As manifestações de lúpus podem ser complexas, considerando a variedade de órgãos que podem ser acometidos por essa doença. Indivíduos com lúpus experimentam crises em vários graus, bem como períodos de remissão da doença.
Alguns sinais e sintomas são comuns, mas cada paciente pode manifestar um conjunto único de sintomas. Geralmente, os sintomas incluem febre, fadiga e perda de peso. O sistema músculo-esquelético, o sistema pulmonar e a pele são os mais afetados pelo lúpus.
Os sintomas associados ao sistema músculo-esquelético incluem artralgias, mialgias e artrite. Os sintomas pulmonares geralmente envolvem respiração dolorosa, tosse e falta de ar, embora derrame pleural e hipertensão pulmonar já tenham também sido relatados.
Com relação à pele, indivíduos com lúpus geralmente manifestam uma erupção cutânea vermelha no nariz e nas bochechas após a exposição ao sol. Essa erupção é vista em forma de “borboleta”, sendo identificada em um número significativo de pacientes com lúpus em algum momento durante o curso da doença. Alopecia, feridas na boca e no nariz também estão associados às manifestações cutâneas causadas pelo lúpus.
O lúpus pode ainda afetar os sistemas cardiovascular, gastrointestinal, renal e hematológico, bem como o sistema nervoso central.
Os sintomas envolvendo esses sistemas incluem: problemas gastrointestinais, como náuseas, vômitos e dor abdominal; alterações hematológicas, como anemia e leucopenia; dor de cabeça; depressão; ansiedade; convulsões; comprometimento cognitivo; e função renal diminuída.
Cerca de 50% dos pacientes com lúpus desenvolvem nefrite, que é uma das principais causas de mortalidade envolvendo a doença.
Como é o tratamento de lúpus?
Até hoje, ainda não foi descoberto a cura para essa doença autoimune. No entanto, diversos medicamentos estão disponíveis para ajudar a controlar os sintomas, controlar as crises e manter a remissão.
O tratamento dependerá dos sintomas, do tipo e da gravidade da doença, mas as recomendações gerais envolvem proteção solar, dieta e nutrição adequadas, além de exercícios, parar de fumar, imunizações apropriadas e tratamento de comorbidades.
Para lúpus leve a moderado, são geralmente prescritos anti-inflamatórios não esteroidais, medicamentos antimaláricos e corticosteroides. À medida que a doença progride e os sintomas pioram, são recomendados corticosteroides em altas doses e agentes imunossupressores para controlar a progressão da doença.
A relação entre gravidez e lúpus
Será que mulheres com lúpus podem engravidar? A resposta é sim, mas com algumas ressalvas.
Mulheres com lúpus possuem maior risco de complicações na gravidez, como infecções, trombose, trombocitopenia, pré-eclâmpsia e morte. Por causa do alto risco de aborto espontâneo e parto prematuro, é recomendado que mulheres não engravidem se a doença estiver ativa ou estiver comprometendo significativamente alguns órgãos.
Até os contraceptivos orais precisam ser administrados com bastante cuidado, pois doses altas de estrogênio podem causar exacerbações do lúpus.
Se uma mulher estiver grávida e a doença estiver ativa, podem ser prescritos corticosteróides com cautela para ajudar a controlar a doença. Os anti-inflamatórios não esteroidais também têm sido usados, embora em menor grau, e devem ser evitados no início da gravidez e no último trimestre.
Os resultados da gravidez serão melhores se a concepção for adiada até que o lúpus esteja inativo por, pelo menos, 6 meses e também se os medicamentos da paciente forem ajustados com antecedência.
É importante que os recém-nascidos sejam cuidadosamente avaliados com relação à transferência placentária de anticorpos maternos, o que poderia levar a complicações de pele ou problemas cardíacos no bebê.