A Ansiedade nos Relacionamentos Amorosos

A Ansiedade é um conjunto de sinais e sintomas físicos e emocionais que fazem parte do comportamento dos seres humanos.

Podendo se apresentar em diferentes graus dependendo da situação, a ansiedade obtêm características adaptativas ou patológicas. É bom lembrar que tal componente é essencial para auxiliar nos mecanismos de esquiva e enfrentamento de momentos de dificuldade.

Estando presente em vários contextos, a ansiedade pode ser um suporte preparando o organismo para continuar um processo. Por vezes, provocando um desconforto físico como uma descarga de adrenalina, dilatação das pupilas, tensionamento muscular, sudorese, boca seca, borboletas no estômago, mãos geladas, medo, inquietação, preocupação e insegurança está manejando o organismo para uma situação de alerta ou atenção.

Cada indivíduo sente os sintomas de um jeito particular e em quantidades peculiares. A intensidade é bastante importante. Ela denotará um certo grau de patologia, levando a um transtorno psiquiátrico assim como a sua frequência sem um motivo aparente, causando sofrimento e prejuízos na funcionalidade social e profissional do indivíduo.


Definição de ansiedade

A definição de Ansiedade está pautada em ter pré-ocupações com o futuro. O indivíduo se antecipa em relação a objetivos, situações ou pessoas. Existe uma vontade incontrolável de que as coisas aconteçam antes do previsto. Apreensões acerca de idealizações fazem parte do quadro.

Quando fala-se em amor ocorre a menção de uma emoção complexa que está contida nas relações humanas desempenhando papel básico. Todavia, esta pode ter uma valência tanto positiva quanto negativa, mesmo sendo uma experiência totalmente subjetiva e individual.

Entre os elementos que se assemelham a valência negativa há: o ciúme, a inveja, o medo, a vergonha, a culpa, o aborrecimento, a raiva, a decepção e por último, a ansiedade.

Pesquisas indicam que pessoas apaixonadas aparentam maiores traços de ansiedade no relacionamento amoroso. Essa característica seria mais evidente em mulheres e adolescentes sendo um fator diretamente relacionado a ansiedade individual e não situacional.

A Ansiedade nos Relacionamentos Amorosos

Teoria do apego

A Teoria do Apego auxilia compreender como o Amor Romântico influência no estabelecimento de laços amorosos saudáveis no futuro. Essa representação demonstra que relações de Apego da criança afetam relações de Apego do adulto. Assim, uma criança que tem Apego Inseguro com Ansiedade em suas relações teria a tendência de se tornar um adulto em Relacionamentos Românticos de Apego Ansioso.

Os Relacionamentos Amorosos ocupam um lugar importante na vida das pessoas, entretanto, existe necessidade maior para alguns em detrimento do que para outros. De modo geral, a busca por um amor é como a busca pela felicidade, ela é subjetiva, individual e traz completude. Devido o sentimento de ambiguidade em desejar o outro e preservar a própria individualidade é comum ocorrer conflitos na relação gerando Ansiedade.

A Ansiedade nos Relacionamentos Amorosos advém da insegurança de expectativas construídas com parceiro. Nos Relacionamentos Amorosos a dúvida acerca da estima do objeto de amor é uma questão que traz Ansiedade na relação. Além disso, quando se está iniciando o Relacionamento Romântico e ambos estão se conhecendo intimamente é natural haver uma certa desconfiança. A dúvida nas relações amorosas pode ser um grande tabu para iniciar ou manter uma relação, a fim de evitar que os sintomas de Ansiedade tragam aquele desconforto inicial ou sofrimento emocional, impactando até mesmo a saúde mental do casal.

Porém, por mais desagradável que possa ser os sintomas de Ansiedade frente uma novidade ou medo de sofrer novamente, tal comportamento não pode impedir de vivenciar momentos e histórias significativas na vida da pessoa. Vale a pena avaliar e se assegurar de escolhas sensatas ao coração.

ansiedade

Quando o assunto é “ficar”

Para os adolescentes, jovens adultos e interessados, quando o assunto é “ficar” os sintomas de Ansiedade também aparecem. Embora, não de modo contundente sua relevância também se faz necessário. A Ansiedade que antecipa todo o envolvimento é saudável e ajuda na preparação do enlace amoroso. Ela se apresenta de maneira situacional antevendo situações e circunstâncias que podem acontecer.

Mesmo sendo um breve desfecho é um momento importante para conhecer uma pessoa despertando um envolvimento amoroso a longo prazo e a posteriori, quem sabe. A incerteza que o antes e o depois trazem também acarreta diversas possibilidades de hesitações.

Relacionamentos amorosos do tipo “casamento”

Relacionamentos Amorosos do tipo casamento, onde os parceiros se conhecem a muitos anos tendem a diminuir sintomas de Ansiedade. Exceto quando há projetos novos no Relacionamento como filhos, cachorros, compra de uma casa nova, carros, viagens, etc. Os interesses mudam e o que passa a ser o objeto de atenção são as construções do casal e principalmente os filhos. O que gira em torno são preocupações com o futuro e tensões em oferecer condições melhores aos descendentes. Incertezas e aflições cercam o casal sobre cuidar e sanar todas as despesas e cuidados dos filhos. Quando não bem administrado esses sintomas podem levar a problemas de saúde mental.

Casais amorosos que se deparam com a adoção do primeiro filho experimentam vários sintomas psicológicos e emocionais e dentre eles a Ansiedade. A adoção não é um processo por si só fácil pois, requer uma série de etapas e análises.

A Ansiedade não está apenas no casal que adotará, mas também na criança e na Instituição que participa da ação. Envolve Ansiedade o processo de adoção e quando a criança já foi adotada, sendo que preocupações fazem parte do novo momento do casal e da criança.

Relacionamentos Amorosos onde o casal possui a infertilidade passam por momentos de Ansiedade. Atualmente, a fertilização já é uma realidade porém, as chances de acontecerem de primeira podem ser razoável, havendo portanto, um custo alto no tratamento. Desse modo, nem todos os casais amorosos partem de condições financeiras para arcar com tais possibilidades, gerando Ansiedade Situacional e Social.

Infelizmente, casais LGBTQIA+ podem passar por situações vexatórias ao se exporem nas ruas. O fato de andar como casal pode causar Ansiedade Social a algumas pessoas. Todavia, nem todo casal LGBTQIA+ sentirá Ansiedade Situacional por isso. Também nem toda pessoa sentirá Ansiedade por estar lado de um LGBTQIA+. Tudo é uma questão de percepção.

As inovações tecnológicas trouxeram novas formas de aproximação entre as pessoas. Antes apenas fisicamente, agora a interação pode ser feita virtualmente. Esse tipo de contato pode ampliar o número de conversações entre as pessoas e minimizar sintomas de Ansiedade que antes eram protuberantes em relações presenciais.

A Terapia cognitivo-comportamental

A Terapia Cognitivo-Comportamental tem sido associada a qualidade de vida na melhora de pacientes com Ansiedade. Em quadros onde o paciente apresenta disfuncionalidade e sofrimento intenso a literatura indica o tratamento complementar ao medicamentoso e alternativo para casos graves de Ansiedade, como o Transtorno de Ansiedade Generalizada – TAG.

O Transtorno de Ansiedade Generalizada – TAG se manifesta como sintoma ansioso persistente, tensão motora, tremores, incapacidade para relaxar, fadiga, cefaleia, hiperatividade, palpitação, sudorese, tontura, ondas de frio e calor, falta de ar, irritabilidade, dificuldade de concentração, mudança de humor e de pensamento e expectativas apreensivas com pensamentos negativos. O transtorno pode ser crônico desenvolvendo para temperamento ansioso.

terapia

Os níveis de Ansiedade condizem com a gravidade do quadro de saúde. A Ansiedade Situacional e Social fazem parte do cotidiano como mecanismo de preservação do organismo humano. São funcionais e adaptáveis a situações. Quando ocorrem situações importantes a Ansiedade se manifesta para auxiliar em padrões de defesa e ajuste, sendo natural sentir no corpo alguns desconfortos físicos e emocionais. Já o Transtorno de Ansiedade Generalizada – TAG e suas variantes se tratam de distúrbios psiquiátricos, que se caracterizam pela intensidade, frequência e duração, trazendo prejuízos a saúde mental e ocupacional da pessoa.

O Que é Ansiedade Patológica

A ansiedade patológica é caracterizada por preocupações excessivas, medos irracionais e constantes, pensamentos catastróficos sobre o futuro, intolerância à incerteza e tentativas de controlar situações fora do controle da pessoa. Isso gera sofrimento, prejuízos no cotidiano e na rotina.

As distorções cognitivas mais comuns em pessoas com ansiedade patológica são:

  • Visão em túnel: foco somente em informações negativas.
  • Tirar conclusões precipitadas: prever desfechos ruins sem evidências.
  • Pensamento “tudo ou nada”: raciocínio dicotômico extremo.
  • Personalização: achar que tudo é sua culpa.

Essas distorções levam a comportamentos de inquietação, irritabilidade, cansaço e à dificuldade de relaxar.

Impactos da Ansiedade Patológica nos Relacionamentos Amorosos

A ansiedade patológica afeta significativamente os relacionamentos amorosos, podendo levar a:

  • Invasividade e controle excessivo, pela dificuldade em lidar com incertezas.
  • Medo constante de abandono.
  • Dificuldade em demonstrar vulnerabilidade e intimidade.
  • Relacionamento superficial, pela dificuldade de conexão profunda.
  • Problemas sexuais, como falta de libido e impotência.
  • Auto-sabotagem ou dependência emocional, pela insegurança.

Convivendo com uma Pessoa Ansiosa

A seguir, algumas dicas para conviver bem com alguém com ansiedade patológica:

  • Tenha paciência e tente compreender seus medos.
  • Estimule enfrentamento gradual dos medos.
  • Não minimize seu sofrimento.
  • Estabeleça limites saudáveis.
  • Incentive a buscar ajuda profissional.
  • Melhore a comunicação e expressão de sentimentos.
  • Respeite necessidades de individuação e espaço.
  • Seja parceiro, mas não substitua um terapeuta.

REFERÊNCIAS:

  1. De Carvalho Cerqueira, I., & da Rocha, F. N. Amor e relacionamentos amorosos no olhar da psicologia1. Revista Mosaico, 9(2), 10-17, 2018.
  2. Dela Coleta, A. D. S. M., Dela Coleta, M. F., & Guimarães, J. L. O amor pode ser virtual? O relacionamento amoroso pela internet. Psicologia em estudo, 13, 277-285, 2008.
  3. Gawda B. Associations between anxiety and love scripts. Psychol Rep. Aug;111(1):293-303, 2012.
  4. Kaczkurkin AN, Foa EB. Cognitive-behavioral therapy for anxiety disorders: an update on the empirical evidence. Dialogues Clin Neurosci. Sep;17(3):337-46, 2015.
  5. Lopes, K. C. D. S. P., & dos Santos, W. L. Transtorno de ansiedade. Revista de Iniciação Científica e Extensão,1(1), 45-50, 2018.

Adhila Carlos Oliveira de Espírito

CRP 06/109972
Psicóloga.
Experiência em Triagem, Atendimento e Pesquisa de Saúde Mental pela Universidade Federal de São Paulo/Escola Paulista de Medicina. Atuação na Área de Psicologia com Avaliação e/ou Atendimento Psicológico e
Acompanhamento Terapêutico de Alta Complexidade em Equipamentos de Saúde de Nível Terciário ou Autônomo.
Colaboração em Pesquisa Científica de Projetos da Área da Saúde e Atividades Acadêmicas Correlatas, a saber: Medicina Preventiva, Psiquiatria e Psicobiologia.

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Adhila Carlos Oliveira de Espírito

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Experiência em Triagem, Atendimento e Pesquisa de Saúde Mental pela Universidade Federal de São Paulo/Escola Paulista de Medicina. Atuação na Área de Psicologia com Avaliação e/ou Atendimento Psicológico e
Acompanhamento Terapêutico de Alta Complexidade em Equipamentos de Saúde de Nível Terciário ou Autônomo.
Colaboração em Pesquisa Científica de Projetos da Área da Saúde e Atividades Acadêmicas Correlatas, a saber: Medicina Preventiva, Psiquiatria e Psicobiologia.

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