DOR DE CABEÇA – ou cefaleia – é uma experiência humana universal, considerada uma das queixas mais comuns encontradas em consultórios médicos. A prevalência de dores de cabeça é de aproximadamente 96%, atingindo, na maioria dos casos, as mulheres.
As pontadas na cabeça podem surgir devido a vários motivos, como excesso de estresse, desidratação e noites mal dormidas.
No entanto, pode indicar outras condições, incluindo enxaqueca, dor de cabeça sinusal, cefaleia tensional e problemas mais graves como AVC (Acidente Vascular Cerebral), aneurisma ou algum tumor no cérebro.
Por ser motivo de patologias diferenciadas, é de extrema importância que o médico busque o histórico detalhado das pontadas na cabeça para a realização de um diagnóstico correto. Quanto mais detalhadas forem as informações, melhor a correspondência diagnóstica.
O médico procurará saber a frequência, duração, localização e características desencadeantes, como idade, estilo de vida, dieta, uso de cafeína, hábitos de sono, estresse e condições de trabalho.
Nesse artigo, destacamos as principais causas das pontadas na cabeça e o tratamento para cada uma delas.
1. Enxaqueca
A enxaqueca é a terceira doença mais prevalente, sendo também a sétima mais incapacitante do mundo. Existem vários tipos de enxaqueca: a comum, com aura, oftálmica, episódica, crônica e menstrual. No entanto, os principais subtipos são a enxaqueca comum e com aura.
A aura é um conjunto reversível de sintomas do sistema nervoso, afetando os sistemas visuais ou sensoriais, que se desenvolvem gradualmente, regridem e acompanham outros sintomas como náuseas, vômitos, fotofobia e fonofobia.
A enxaqueca comum, geralmente, é manifestada por localização unilateral, dor pulsante de intensidade moderada ou grave, náuseas, fotofobia e fonofobia.
O pródromo, presente em até 60% dos pacientes, ocorre antes de uma enxaqueca. Consiste em sensações que avisam quando uma crise é iminente, incluindo irritabilidade, dor no pescoço, fadiga, perda de apetite, micção frequente e depressão.
Tratamento para enxaqueca
O tratamento para o alívio dos sintomas da enxaqueca inclui medicamentos anti-inflamatórios não esteróides, analgésicos combinados, antieméticos e corticosteróides.
A medicação preventiva é indicada caso o paciente esteja sofrendo de dores de cabeça por mais de 6 dias.
Os medicamentos para o tratamento preventivo são escolhidos com base nas reações adversas do paciente, podendo incluir betabloqueadores, anticonvulsivantes e anticorpos monoclonais.
2. Cefaleia Tensional
A cefaleia tensional, embora não seja tão grave quanto uma enxaqueca, é o tipo de cefaleia mais comum, manifestando dor incômoda, bilateral e pulsante.
Fatores ambientais podem desempenhar um papel na cefaleia tensional, bem como sensibilidade dos músculos pericranianos e distúrbios na coluna e no pescoço.
Preocupações constantes, estresse, ansiedade, alterações hormonais e tensão emocional contribuem para o surgimento de cefaleia tensional.
Tratamento para cefaleia tensional
Normalmente, a cefaleia tensional não requer tratamento médico. Porém, a administração de medicamentos pode ser considerada, dependendo da frequência e incapacidade.
Estudos apontam que analgésicos de venda livre com cafeína mostraram eficácia para cefaleia tensional. A condição também pode ser tratada com relaxantes musculares.
Em pacientes com episódios de ansiedade e estresse, é indicado repouso em ambientes sem luz, adoção de novos hábitos, meditação e realização de exercícios físicos.
3. Dor de cabeça sinusal
A dor de cabeça sinusal é aquela associada a crises de sinusite, causando dor ou pressão facial, obstrução e congestão nasal, anosmia e, em alguns casos, febre. O acúmulo de pressão nos seios nasais causa dor de cabeça que pode ser pulsante.
Dores de cabeça sinusais podem ser agudas ou crônicas, e podem ser confundidas com outros tipos de dores de cabeça recorrentes, como cefaleias tensionais ou enxaquecas.
Tratamento para dor de cabeça sinusal
O tratamento envolve o alívio dos sintomas e da infecção, se houver.
O médico poderá prescrever analgésicos e corticosteróides por um curto período de tempo para aliviar a inflamação nos seios da face. Em casos de infecção, antibióticos, anti-histamínicos e descongestionantes são recomendados.
Medidas simples também podem contribuir para o alívio dos sintomas, como se manter bem hidratado e utilizar umidificador de ar no ambiente.
4. Acidente Vascular Cerebral (AVC)
Um AVC acontece quando uma veia que transporta oxigênio e nutrientes para a cérebro é impedida por um coágulo ou quando há algum rompimento.
No momento em que isso ocorre, uma parte do cérebro não consegue obter o sangue e o oxigênio necessários, provocando a morte das células cerebrais.
Os sintomas incluem: dormência facial, no braço ou pernas, principalmente em apenas um lado do corpo; dificuldades para caminhar; tonturas; confusão mental; problemas para enxergar; e dor de cabeça súbita e pulsante sem causa conhecida.
Tratamento para Acidente Vascular Cerebral
Essa condição requer tratamento de emergência. Como existem dois tipos de acidentes vasculares cerebrais (isquêmicos e hemorrágicos), essa condição possui causas e efeitos diferentes no corpo, exigindo, portanto, tratamentos diferentes.
No AVC isquêmico, o tratamento se baseia em restaurar um fluxo adequado de sangue para o cérebro. Medicamentos anticoagulantes podem ser recomendados.
A injeção de ativador de plasminogênio tecidual (TPA) é muito eficaz para a dissolução de coágulos e pode ser indicada, preferencialmente, dentro de 4 horas, logo após o início dos sintomas.
Para o AVC hemorrágico, o tratamento está voltado no controle do sangramento e na redução da pressão cerebral. Alguns medicamentos atendem esses objetivos.
A recuperação bem-sucedida também envolve terapias específicas, como fisioterapia (que ajuda o paciente a recuperar a mobilidade) e terapia ocupacional (ajudando a melhorar a capacidade de realizar atividades cotidianas, como comer, escrever e tomar banho).
A participação em grupos de apoio também é importante, pois contribui a lidar com problemas de saúde mental que podem ocorrer após um AVC.
Acompanhamento com nutricionista torna a recuperação ainda mais significativa, ajudando a adotar uma dieta balanceada como forma de evitar o acúmulo de gordura nas artérias.
5. Aneurisma
O aneurisma refere-se a uma dilatação anormal na parede de um vaso sanguíneo. Pode atingir qualquer parte do sistema circulatório, porém geralmente acontece ao longo da aorta, que é a principal artéria do corpo, e nos vasos sanguíneos cerebrais.
Caso os aneurismas se rompam, pode ser fatal e levar ao óbito.
Dependendo da localização, os aneurismas podem ser cerebrais, abdominais e torácicos. Um aneurisma cerebral pode não apresentar sintomas, mas se for muito grande e se romper, pode provocar dor de cabeça intensa e pulsante, com início rápido, rigidez no pescoço, convulsões, paralisia e problemas visuais.
Tratamento para aneurisma
O tratamento depende da localização e gravidade do aneurisma. Em alguns casos, requer medicamentos para o controle da pressão alta. O aneurisma cerebral é tratado por meio de boninas de metal ou inserção de grampeamento cirúrgico.
Se o risco de rompimento for baixo, consultas regulares ao médico e exames de rotina são fundamentais para o monitoramento do aneurisma.
6. Tumor no cérebro
O tumor no cérebro representa, aproximadamente, 3% das neoplasias malignas e cerca de 85% de todos os tumores primários do sistema nervoso, apresentando uma taxa de sobrevida estimada em cinco anos de até 35% para tumores malignos e 90% para benignos.
Os tumores no cérebro variam de benignos a malignos e, eventualmente, a tumores metastáticos, sendo esses últimos, mais prevalentes em adultos do que em crianças.
O sintoma mais relatado é a dor de cabeça intensa e pulsante, apresentando-se como sintoma inicial, na maioria dos casos. Outras manifestações incluem: distúrbios visuais, dificuldades ao falar, náuseas, vômitos, fadiga, sonolência, problemas de memória e sensação de formigamento em algumas áreas do corpo.
Tratamento para tumor no cérebro
O tratamento depende da extensão do tumor, grau, localização, idade do paciente, condicionamento físico entre outros fatores.
Para essa condição, uma equipe multidisciplinar participa do processo terapêutico, incluindo médico oncologista, neurocirurgião, radio-oncologista e nutricionista.
Vários elementos podem ser combinados, dependendo do caso, como remoção cirúrgica do tumor, quimioterapia, radioterapia, terapia direcionada e fisioterapia.
Referências
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