Dormir Muito Faz Mal?

dormir muito faz mal

A SONOLÊNCIA é uma função biológica natural, definida como uma vontade de adormecer. Uma boa noite de sono é fundamental para a saúde.

No entanto, dormir demais, talvez por compulsão, tendência a tirar cochilos involuntários ou sofrer ataques de sono quando o sono não é desejado, traz consequências para o estudo, o trabalho, as relações sociais e a saúde em geral, pois pode resultar em alterações neuropsicológicas, alterações cognitivas e aumento do risco de acidentes.

Além disso, dormir demais também está associado a diversos problemas médicos, incluindo doenças cardíacas, diabetes e o aumento da mortalidade.


Quantidade necessária de sono

A quantidade necessária de sono varia significativamente ao longo da vida de uma pessoa, dependendo de fatores como idade, hábitos de vida e saúde geral. Por exemplo, durante o período de uma doença, o organismo pode sentir uma necessidade maior de sono. 

No entanto, por mais que as necessidades de sono variem de pessoa para pessoa e de acordo com as circunstâncias, o recomendado é que pessoas adultas durmam entre sete e nove horas por dia.

Dormir demais pode ser causado por fatores distintos, como é o caso da hipersonia. A hipersonia é um distúrbio médico, um estado de sonolência excessiva que pode resultar em diminuição do funcionamento, afetando negativamente o desempenho. É um dos grandes problemas de saúde pública atual e estima-se que cerca de um quinto dos acidentes automobilísticos no país ocorrem por sonolência excessiva.

Outros distúrbio do sono que faz as pessoas dormirem muito é a apneia do sono, onde o indivíduo para de respirar momentaneamente durante o sono, levando a um aumento da necessidade de sono em outros horários.

dormir muito faz mal

Mas nem sempre dormir demais está associado a algum distúrbio do sono.

Outras possíveis causas incluem: o abuso de medicamentos, como medicamentos hipnóticos, sedativos e anti-hipertensivos; doenças neurodegenerativas, como o mal de Parkinson; doenças genéticas, como a distrofia miotônica; processos inflamatórios e neoplásicos; distúrbios endócrinos e metabólicos, como a encefalopatia hepática, hipotireoidismo e deficiência de vitamina D; e transtornos psiquiátricos, como a depressão.


Do ponto de vista do desempenho cognitivo, algumas alterações estão diretamente associadas ao fato de dormir demais, incluindo:

  • Maior dificuldade em fixar e manter a atenção;
  • Perda da memória;
  • Perda na capacidade estratégica de planejamento;
  • Perda motora leve, envolvendo prejuízos na agilidade e precisão;
  • Dificuldade em controlar os impulsos;
  • Pensamentos confusos.

É importante destacar que o funcionamento mental é totalmente integrado com o organismo geral, então se houver perda em alguma função, o desempenho em outra função pode ser afetado, em maior ou menor grau.

Dormir muito aumenta as chances de pesar mais, contribuindo para a obesidade. Pessoas que dormem mais do que dez horas por dia correm mais risco de se tornarem obesas quando comparadas às pessoas que dormem entre sete e nove horas por dia. Além disso, as dores nas costas também estão relacionadas ao hábito de dormir demais.

Antigamente, o recomendado era que as pessoas que sofriam com dores nas costas fossem direto para a cama. No entanto, hoje já se sabe que para manter a saúde é necessário manter um certo nível de atividade física.

dores de cabeça

Dormir mais que o habitual pode ainda causar dores de cabeça, principalmente em pessoas que já são propensas a sentir dores de cabeça durante o dia. Isso acontece devido ao efeito que a sonolência excessiva tem em determinados neurotransmissores no cérebro.

Estudos também apontam que quem dorme mais do que onze horas por noite estão mais propensos a sofrer com doenças coronarianas e diabetes, mas a conexão entre dormir muito e adquirir doenças cardíacas ainda não está totalmente esclarecida.


Dicas para evitar a sonolência excessiva

  • Investigue doenças associadas ao fato de dormir demais: A sonolência excessiva pode estar relacionada a problemas médicos que precisam ser investigados e tratados adequadamente;
  • Durma bem durante a noite e não tire cochilos durante o dia: Se a sonolência excessiva tem a ver com o estilo de vida, é necessário modificar alguns hábitos diários. Cochilar durante certos períodos no dia pode afetar e interferir no sono noturno, desregulando o ritmo circadiano e fazendo a pessoa sentir sonolência diurna.
  • Faça exercícios físicos: Exercícios físicos regulares oferecem benefícios para o sono, principalmente exercícios aeróbicos. Além de fornecer mais energia durante o dia, os exercícios físicos realizados sob a luz solar ajudam a regular os padrões de sono.
  • Adote uma alimentação saudável e regular: Refeições saudáveis e regulares, ou seja, realizadas na hora certa, ajudam a regular o ritmo circadiano.

exercícios físicos

Essas são algumas dicas que podem ajudá-lo a melhorar a sua sonolência excessiva.

Fazer algumas mudanças simples no seu estilo de vida podem ser benéficas.

Se as mudanças no estilo de vida não ajudarem e você continuar tendo dificuldade em se manter acordado, consulte seu médico para ele descobrir o que está causando o problema e garantir que você receba o tratamento mais eficaz.


Referências:

BITTENCOURT, L. R. A. et al. Excessive daytime sleepiness. Revista Brasileira de Psiquiatria, v. 27, n. 1, p. 16-21. 2005.

BOLLU, P. C. et al. Hypersomnia. Missouri Medicine, v. 115, n. 1, p. 85-91. 2018.

PARKER, H. Physical side effects of oversleeping. WebMD. 2022.

PERI, C. 12 tips to avoid daytime sleepiness. WebMD. 2013.

SILVA, A. B. et al. Sonolência excessiva e suas consequências. Revista Neurociências, v. 5, n. 1, p. 20-26. 1997.

Dr. Andrew Seung Ho Park

CRM-SP: 157730 RQE: 67991 | Médico especialista em Fisiatria e Acupuntura. Residência Médica de Fisiatria pelo HC-FMUSP. Residência Médica em Neurofisiologia Clínica pelo HC-FMUSP. Pós-Graduação em Dor pelo Centro de Dor do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Professor Colaborador do CEIMEC – Centro Integrado de Estudo em Medicina Chinesa. Membro Titular da Sociedade Brasileira de Medicina Física e Reabilitação (SBMFR).

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Dr. Andrew Seung Ho Park

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CRM-SP: 157730 RQE: 67991 | Médico especialista em Fisiatria e Acupuntura. Residência Médica de Fisiatria pelo HC-FMUSP. Residência Médica em Neurofisiologia Clínica pelo HC-FMUSP. Pós-Graduação em Dor pelo Centro de Dor do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Professor Colaborador do CEIMEC – Centro Integrado de Estudo em Medicina Chinesa. Membro Titular da Sociedade Brasileira de Medicina Física e Reabilitação (SBMFR).

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