O Que a Depressão Pode Causar no Corpo?

o que a depressão pode causar no corpo

A depressão é um distúrbio psiquiátrico que causa um sentimento persistente de tristeza, vazio e perda de interesse, acompanhado de um conjunto de sintomas cognitivos, comportamentais e emocionais, afetando a capacidade de funcionamento do indivíduo. 

A depressão é uma condição séria, afetando pessoas em qualquer fase da vida, embora a incidência seja mais alta durante a adolescência e na fase adulta. Estima-se que uma em cada 20 pessoas já apresentou episódios depressivos. A depressão é uma verdadeira pandemia que causa, anualmente, cerca de 1 milhão de mortes por suicídio de indivíduos deprimidos. 

Atualmente, sabe-se que na depressão ocorre um distúrbio bioquímico que provoca a hipoatividade de alguns neurotransmissores, como serotonina, noradrenalina e dopamina, que podem estar envolvidos com a hiperatividade inibitória de outros neurotransmissores, como GABA e glutamato. No entanto, esse mecanismo ainda tem sido alvo de estudos.

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A Depressão e suas variações

A depressão varia em gravidade – que pode ser branda até muito grave, ocorrendo esporadicamente ou, em muitos casos, sendo recorrente ou crônica. As mulheres são mais vulneráveis a terem depressão em comparação aos homens, pois estão mais expostas às oscilações hormonais, especialmente durante o período fértil.

Geralmente, a depressão é multifatorial, possuindo fatores ambientais e até mesmo genéticos. Acontecimentos que causam feridas profundas e aborrecimentos da vida podem funcionar como gatilhos para o desenvolvimento de uma depressão. Eventos traumáticos, como a morte de um ente querido, falta de apoio social, problemas financeiros, dificuldades interpessoais e conflitos são exemplos de estressores que provocam a depressão.

Evidências indicam que fatores genéticos podem desempenhar um papel na depressão de início tardio. Parentes de primeiro grau de pessoas deprimidas, por exemplo, têm 3 vezes mais chances de desenvolver depressão. No entanto, a depressão também se desenvolve em indivíduos sem histórico familiar de depressão.

Além da influência dos fatores ambientais e genéticos, existem ainda fatores de risco biológicos que já foram identificados em depressão de idosos. Taxas mais altas de depressão em idosos tem sido associadas à ocorrência de doenças neurodegenerativas, esclerose múltipla, acidente vascular cerebral, câncer e dor crônica.

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Quais os sintomas de depressão?

A depressão é caracterizada por sintomas emocionais, cognitivos, motivacionais e físicos.

Um indivíduo precisa apresentar sintomas nesses quatro conjuntos para ser diagnosticado como uma pessoa depressiva. Quanto mais sintomas uma pessoa apresentar – e quanto mais intenso forem esses sintomas – maior é a certeza de que está sofrendo de depressão.

Se alguém estiver experimentando alguns dos sintomas abaixo na maior parte do dia, quase todos os dias, provavelmente está sofrendo de depressão. Observe os sinais e principais sintomas:

Os sintomas físicos da depressão incluem dor nas articulações, dor nas costas, dor nos membros, distúrbios gastrointestinais, fadiga, alterações na atividade psicomotora e alterações no apetite. Muitas vezes, a depressão pode não ser diagnosticada da forma correta, pois os sintomas físicos associados podem ser interpretados erroneamente como sintomas de uma doença somática.

De forma geral, quanto piores forem os sintomas físicos, mais grave tende a ser a depressão. Existe uma via neurológica compartilhada entre a dor e a depressão. A resposta a estímulos dolorosos é moderada no cérebro pela serotonina e norepinefrina, hormônios que afetam o humor. 

Quando há desregulação de neurotransmissores, pode haver um desequilíbrio de serotonina e norepinefrina, explicando, portanto, a conexão entre sintomas físicos dolorosos e depressão. Sendo assim, quando uma pessoa com depressão se queixa de que está sentindo dor física, existe uma razão química por trás.

A gravidade, a duração e a frequência dos sintomas variam dependendo do indivíduo e da sua condição específica. O surgimento de sintomas clínicos inexplicáveis pode variar de acordo com a severidade do episódio depressivo. Em episódios leves e moderados, o indivíduo geralmente apresenta sintomas de ansiedade, baixa autoestima e culpa, coisas que limitam sua produtividade na vida social.

Episódios graves de depressão, por outro lado, podem incapacitar completamente o paciente, impossibilitando-o de realizar até mesmo atividades simples do dia a dia, como a higiene pessoal. Nesses casos mais graves, a pessoa pode ter pensamentos e tentativas suicidas.


Tratamento da depressão

A depressão pode ser tratada. Quanto mais cedo iniciar o tratamento, mais eficaz ele será.

Geralmente, o tratamento da depressão é baseado em medicamentos antidepressivos, psicoterapia ou a associação dos dois. A terapia combinada já foi associada a taxas mais altas de melhora dos sintomas depressivos.

terapia cognitivo comportamental

A Terapia Cognitivo Comportamental e a Terapia Interpessoal são dois métodos de psicoterapia eficazes no tratamento da depressão. Para os pacientes que não estão respondendo bem aos medicamentos ou aqueles que já tentaram suicídio, a terapia eletroconvulsiva (ECT) mostra-se ser bastante útil.

Se você suspeita que possa estar com depressão ou que alguém próximo a você esteja apresentando os sintomas, marque uma consulta com um médico especializado em diagnosticar e tratar condições de saúde mental.


Referências:

CHAND, S. P.; ARIF, H. Depression. National Library of Medicine. StatPearls, 2022.

MONTEIRO, L. B. Depressão: mecanismos envolvidos, farmacoterapia e o papel do SUS. 2016. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Biomedicina) – Faculdade de Ciências da Educação e Saúde, Brasília, 2016.

RUFINO, S. et al. Aspectos gerais, Sintomas e diagnóstico da depressão. Revista Saúde em Foco, n. 10, p. 837-843. 2018.

TRIVEDI, M. H. The link between depression and physical symptoms. The Primary Care Companion to the Journal of Clinical Psychiatry, v. 6, n. 1, p. 12-16. 2004.

Dr. João Arthur Ferreira

CRM-SP 19759 / RQE 3179 Atua no tratamento de reabilitação em atletas, dor aguda e dor crônica (cervicalgia, lombalgia, enxaqueca). Médico especialista em Fisiatria e Acupuntura Coordenador do CEIMEC – Centro de Estudo Integrado de Medicina Chinesa – Curso de Pós-Graduação em Acupuntura Médica, reconhecida pelo CMBA (Colégio Médico Brasileiro de Acupuntura).
Membro Titular da Sociedade Brasileira de Medicina Física e Reabilitação (SBMFR).
Ex-Colaborador do Grupo de Dor do Departamento de Neurologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

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CRM-SP 19759 / RQE 3179 Atua no tratamento de reabilitação em atletas, dor aguda e dor crônica (cervicalgia, lombalgia, enxaqueca). Médico especialista em Fisiatria e Acupuntura Coordenador do CEIMEC – Centro de Estudo Integrado de Medicina Chinesa – Curso de Pós-Graduação em Acupuntura Médica, reconhecida pelo CMBA (Colégio Médico Brasileiro de Acupuntura).
Membro Titular da Sociedade Brasileira de Medicina Física e Reabilitação (SBMFR).
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