Dor No Calcanhar Ao Acordar – O que pode ser?

Algumas pessoas se queixam de dor no calcanhar, geralmente mais intensa ao acordar. Essa condição costuma se associar à uma inflamação na fáscia plantar, conhecida como fascite plantar.

A fascite plantar é um motivo típico de dor no calcanhar em adultos, além de ser uma condição inflamatória e excruciante situada na região medial da fáscia plantar que se liga ao calcâneo.

Esta é uma das razões mais amplamente reconhecidas para dor no calcanhar plantar, responsável pela grande maioria do agravamento, devido ao desnível biomecânico que acontece como resultado da extrema carga na fáscia.

A fascite plantar foi descrita pela primeira vez em 1812, afetando as pessoas na meia-idade, mas também afetam competidores, particularmente os velocistas.

Os sintomas da fascite plantar incluem uma dor ou sensibilidade do calcanhar, no local da planta do pé. Propaga-se da parte central da almofada do calcanhar ou do tubérculo médio do calcâneo, mas também pode se estender ao longo da cintura plantar até a curva longitudinal média do pé.

A gravidade é bastante variável em relação à sensibilidade na origem da fáscia plantar.

A fascite plantar está relacionada a cerca de 15% de todas as lesões no pé, tanto em atletas quanto em pessoas sedentárias.

É uma condição degenerativa da fáscia plantar que atinge cerca de 10% da população em qualquer fase da vida. Avalia-se que mais de 1 milhão de pacientes procuram tratamento todos os anos para essa condição.


Causas da Fascite Plantar – Causa mais comum de dor no calcanhar ao acordar

A maneira como as pessoas descansam os pés na cama faz com que o ligamento da fáscia plantar se contraia durante o sono. Esta é a mesma razão pela qual você provavelmente sentirá dor no calcanhar após ficar sentado por um tempo.

De etiologia ainda não esclarecida, percebe-se que a fascite plantar é multifatorial, sendo mais comum em velocistas de ponta e trabalhadores que passam muito tempo em pé, como vigias, zeladores, carteiros e enfermeiros.

Os principais fatores de risco são: idade entre 40 a 60 anos, sexo feminino, obesidade e possuir limitação no tornozelo.

Existem dois tipos de fatores de inclinação que podem causar fascite plantar: os fatores inatos e externos. Os fatores inatos envolvem: pronação expandida, pés nivelados, hipermobilidade do feixe principal, pés gregos com encurtamento do feixe principal ou pés cavos com encurtamento dos músculos surais.

pisada

Os fatores externos são: andar em superfícies extremamente duras ou macias, amortecimento exagerado do calçado, calçados sem salto ou desgaste na parte interna do antepé, que exige um esforço excessivo da fáscia plantar para manter o equilíbrio.


Sintomas da Dor no Calcanhar

Os sintomas podem durar semanas ou meses. Geralmente, a dor piora ao ficar em pé após o repouso, logo ao acordar. Quando o indivíduo começa a andar, a dor começa a reduzir.

A dor reduz, mas nunca se resolve totalmente ao longo do dia, e é mais sentida ao realizar atividades como caminhada ou exercício prolongado, especialmente em superfícies duras.

Geralmente afeta apenas um pé, mas também pode afetar os dois pés. Algumas pessoas ainda podem sentir uma queimação que se estende para fora do calcanhar.

A fascite plantar pode desaparecer sozinha, mas pode levar mais de um ano para que a dor diminua. Sem tratamento, podem ocorrer complicações. É melhor consultar o seu médico e iniciar tratamentos não cirúrgicos imediatamente.


Diagnóstico da Dor no Calcanhar

O diagnóstico é clínico, tendo como base o histórico e exame físico.

Durante o exame físico, o médico analisa a sensibilidade da fáscia plantar, que é provocada por palpação. Você precisará flexionar o pé enquanto o médico empurra a fáscia plantar, para ele verificar a intensidade da dor conforme acontece a flexão.

Além disso, o médico verificará se a dor reduz à medida que você aponta o dedo do pé. O médico também observa se a área possui sinais de inchaço ou vermelhidão.

Ainda durante o exame físico, é comum o médico avaliar a força dos músculos e a saúde dos nervos, observando o tônus muscular, reflexos e a coordenação.

Exames de imagem podem ser solicitados como radiografias e ressonância magnética, pois revelam informações úteis sobre as estruturas e tecidos do pé, até mesmo verificando se há alguma fratura óssea.

Ultrassonografia de pés e tornozelos também podem ser úteis para avaliação da espessura da fáscia, presença de rupturas e também avaliação de lesões no pé e tornozelo, como artrite e entorses.


Tratamento da Dor no Calcanhar

tratamento pe

O tratamento de primeira escolha é sempre conservador, incluindo tratamentos fisioterapêuticos com ataduras, ultrassom, exercícios de alongamento nos pontos, modificação de calçados, TENS, ondas de choque, laserterapia de baixo nível e acupuntura.

Fisioterapia

O tratamento fisioterapêutico é normalmente combinado com a administração de medicamentos anti-inflamatórios.

A cinesioterapia é bastante recomendada para o tratamento de fascite plantar, fortalecendo e alongando os músculos, contribuindo para o ganho funcional e possibilitando a capacidade da função motora do membro afetado. Os resultados são eficazes mesmo a curto prazo.

Bandagem funcional

As bandagens funcionais têm sido indicadas como recurso satisfatório para a diminuição da dor da fascite plantar.

O objetivo da aplicação da bandagem funcional na fascite plantar é diminuir a tensão sobre essa área e nas estruturas mediais do arco. Há vários tipos de bandagens, empregadas com diferentes objetivos terapêuticos: rígidas, inelásticas e elásticas.

Acupuntura

Com relação ao tratamento com acupuntura, este é um método antigo que se popularizou na China há mais de 4 mil anos, baseando-se no estímulo de determinados pontos do corpo com agulhas, visando restaurar e manter a saúde do indivíduo, proporcionando alívio de dores e até a cura de doenças crônicas.

Duas abordagens são utilizadas no tratamento da fascite plantar: pontos de acupuntura locais ou um ponto de acupuntura distal.

Estudos apontam que a combinação de várias técnicas parece ser mais eficaz do que qualquer técnica isolada. O período de recuperação tende a aumentar quando o tratamento inicia logo nas primeiras 6 semanas depois que surgem os sintomas.

Ondas de Choque

A terapia por ondas de choque é uma opção de tratamento não invasivo e não cirúrgico para fascite plantar crônica ou tendinite de Aquiles. É usado quando outros tratamentos, como fisioterapia ou injeções de esteróides, não foram eficazes.

A terapia envolve o uso de uma máquina para transmitir ondas sonoras de alta frequência para a área afetada do pé. Essas ondas sonoras quebram o tecido cicatricial e estimulam a regeneração, além de aumentar o fluxo sanguíneo para a área para desencadear o processo de cura natural do corpo.

Um curso de três a seis tratamentos, espaçados de uma a duas semanas, geralmente é necessário para se beneficiar totalmente da Terapia por Ondas de Choque.

O prazo para a terapia por ondas de choque funcionar varia dependendo da condição e gravidade da lesão ou dor. Geralmente, seus efeitos começam a se tornar visíveis após algumas semanas, embora possa levar vários meses para o desenvolvimento de novos tecidos e para que os efeitos completos da terapia por ondas de choque sejam vistos.

Aprenda mais sobre as Ondas de Choque neste artigo.


Opções cirúrgicas

Caso nenhuma opção do tratamento fisioterapêutico resolva, a cirurgia pode ser indicada, envolvendo a fasciotomia plantar parcial e alongamento gastrocnêmico.

Na fasciotomia plantar parcial, o procedimento pode ser realizado por cirurgia aberta ou via endoscópica, onde será cortado parte do ligamento da fáscia plantar para liberar a tensão.

O alongamento gastrocnêmico é indicado quando o paciente tem dificuldades para flexionar os pés, mesmo depois de alongamentos.

Esse procedimento trata-se de um alongamento no músculo da panturrilha, como o objetivo de aumentar a flexibilidade do pé e o movimento do tornozelo, liberando a tensão da fáscia plantar.


Prevenção de dor no calcanhar

A fascite plantar pode ser evitada diante de algumas mudanças no estilo de vida. Isso inclui:

  • Substituir os calçados por aqueles que possuem um apoio com bom suporte de arco;
  • Adotar exercícios de baixo impacto, como natação;
  • Evitar sobrecarregar a região da fáscia plantar com corridas muito frequentes;
  • Quando precisar realizar essas atividades, não esqueça do alongamento das panturrilhas, do calcanhar e fáscia plantar;
  • Manter o peso ideal para a sua estatura, para reduzir a tensão na fáscia plantar.

Referências

SANTOS, L. M.; MIRANDA, J. V. T. Abordagem fisioterapêutica no tratamento da fascite plantar. Brazilian Journal of Development, v. 7, n. 3, p. 32863-32874. 2021.

Dr. João Arthur Ferreira

CRM-SP 19759 / RQE 3179 Atua no tratamento de reabilitação em atletas, dor aguda e dor crônica (cervicalgia, lombalgia, enxaqueca). Médico especialista em Fisiatria e Acupuntura Coordenador do CEIMEC – Centro de Estudo Integrado de Medicina Chinesa – Curso de Pós-Graduação em Acupuntura Médica, reconhecida pelo CMBA (Colégio Médico Brasileiro de Acupuntura).
Membro Titular da Sociedade Brasileira de Medicina Física e Reabilitação (SBMFR).
Ex-Colaborador do Grupo de Dor do Departamento de Neurologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

Compartilhe Esse Conteúdo
Facebook
Twitter
LinkedIn
Dr. João Arthur Ferreira

Dr. João Arthur Ferreira

CRM-SP 19759 / RQE 3179 Atua no tratamento de reabilitação em atletas, dor aguda e dor crônica (cervicalgia, lombalgia, enxaqueca). Médico especialista em Fisiatria e Acupuntura Coordenador do CEIMEC – Centro de Estudo Integrado de Medicina Chinesa – Curso de Pós-Graduação em Acupuntura Médica, reconhecida pelo CMBA (Colégio Médico Brasileiro de Acupuntura).
Membro Titular da Sociedade Brasileira de Medicina Física e Reabilitação (SBMFR).
Ex-Colaborador do Grupo de Dor do Departamento de Neurologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

Últimos Posts

newsletter

Receba Novidades Por E-mail

Deixe um Comentário

Postagens Relacionadas

Anosognosia: tudo sobre o assunto

Anosognosia: o que é, sintomas e principais causas

Anosognosia é uma condição neurológica caracterizada por uma falta de consciência ou negação de uma doença ou deficiência, mais comumente observada em pacientes com danos cerebrais ou distúrbios neurológicos.  Esquecimentos são comuns,

Continue Lendo
categorias

Pesquise por Categoria

Urologia

Sintomas

Reumatologia

Radiologia

Psiquiatria

Psicologia

Pediatria

Otorrinolarigonlogia

Ortopedia

Oncologia

Oftalmologia

Nutrição

Notícias

Neurologia

Neurocirurgia

Nefrologia

Medicina Esportiva

Mastologia

Infectologia

Ginecologia e Obstetrícia

Gerontologia

Geriatria

Gastroenterologia

Fisioterapia

Fisiatria

Farmácia

Endocrinologia

Educação Física

Dor

Doenças

Dermatologia

Curiosidades

Clínica Médica

Cirurgia Vascular

Cirurgia Plástica

Canabidiol

Biomedicina

Artigos

Alergia

Acupuntura

newsletter

Receba Novidades Por E-mail