Dor Na Virilha (Pubalgia)

A pubalgia é uma lesão crônica na virilha. Atletas com pubalgia têm um desequilíbrio dos músculos adutores e abdominais no púbis, o que leva a um aumento da fraqueza da parede posterior da virilha. Esse desequilíbrio leva a uma dor profunda na virilha.

A DOR na virilha, cientificamente chamada de pubalgia, é caracterizada como uma condição dolorosa e inflamatória abrangendo os ossos púbicos, sínfise púbica e estruturas abrangentes, de diferentes causas.

Lesões que geram dor na virilha são localizadas na região púbica, mas é difícil definir o local específico, pois a área da virilha abrange a sínfise púbica, escroto, região abdominal inferior, região inguinal, área adutora da coxa, quadril e outras estruturas próximas, envolvendo tecidos moles, estruturas ósseas, ou ambos.

Devido a essa dificuldade na localização da estrutura afetada, existem diversos termos utilizados para definir a dor na virilha além de pubalgia. Pode ser chamado também de “osteíte púbica”, “sinfisite púbica”, “pubalgia atlética”, “lesão por estresse no púbis”, entre outros termos.

De qualquer modo, o termo pubalgia é o mais utilizado na prática clínica.

A pubalgia é muito comum em atletas de alta competição, com maior frequência em pessoas que praticam esportes envolvendo aumento de velocidade, movimentos repetitivos de chutes, aceleração e desaceleração rápidas, mudanças bruscas de direção, deslocamentos laterais, torções de tronco, cintura e giros, sobrecarregando a pélvis, mais explicitamente na sínfise púbica.

Essa condição pode ocasionar em ausência prolongada da prática esportiva, até o devido tratamento. Esportes, como futebol, hóquei no gelo, rugby, handebol, atletismo ou tênis fazem parte dos desportos que mais causam pubalgia.

A fisiopatologia da pubalgia ainda não está totalmente esclarecida, mas acomete com mais frequência, em primeiro lugar, os jogadores de futebol e corredores, depois os tenistas.

Existem dois tipos de pubalgia: a pubalgia traumática e a pubalgia crônica.

A pubalgia traumática normalmente ocorre devido o acometimento da sínfise púbica. Já a pubalgia crônica acontece por um desequilíbrio muscular.


A pubalgia estar relacionada ao uso excessivo com força muscular subjacente, equilíbrio, estabilidade ou desigualdade de resistência entre uma musculatura abdominal mais fraca e um grupo muscular adutor do quadril mais forte, levando ao aumento do estresse nas estruturas da parede inguinal.


Causas da Pubalgia

A pubalgia pode ter sua origem em virtude de diversas causas, que podem incluir causas ortopédicas e não ortopédicas.

Dentre as causas ortopédicas, estão:

  • Tendinite;
  • Desequilíbrio de forças entre os músculos adutores, principalmente o longo adutor e o recto abdominal;
  • Estiramento do recto femural;
  • Contusão muscular;
  • Miosite ossificante;
  • Fraturas no púbis ou no colo do fémur;
  • Osteíte púbica;
  • Instabilidade da sínfise púbica;
  • Hérnia do desportista;
  • Artrite;
  • Fraturas nas vértebras lombares;
  • Sacroileíte;
  • Patologias reumatológicas como espondilartropatias seronegativas e gota;
  • Infecções ósseas como osteomielite;
  • Neoplasias pélvicas como condrossarcoma.

Dentre as causas não ortopédicas, estão incluídas:

As três causas mais comuns são as lesões envolvendo o longo adutor, a hérnia do desportista e a osteíte púbica. Inclusive, a lesão mais comum envolvendo o longo adutor é o estiramento.

Uma distensão na virilha geralmente cicatriza sozinha. É extremamente importante descansar e abster-se da atividade esportiva que causou a lesão na virilha em primeiro lugar. Diminua a inflamação aplicando gelo na área afetada e tomando medicamentos anti-inflamatórios


Sintomas da Pubalgia

A pubalgia é frequentemente unilateral, mas também pode ser bilateral.

Os homens são mais afetados do que as mulheres.

Um sintoma característico é o surgimento progressivo de dor centralizado na virilha.

dor manha

Outros sintomas incluem:

  • Sensibilidade na sínfise púbica;
  • Dor intensa pela manhã, após o treino ou ao mudar de posição enquanto dorme;
  • Dor durante os movimentos de abdução passiva, adução ativa e rotação interna de quadril;
  • Dor no escroto;
  • Em alguns casos, pode surgir febre e leucocitose;
  • Erosões ou esclerose óssea na junção da sínfise.


Como É O Diagnóstico?

No exame físico, algumas manobras podem ser realizadas para o diagnóstico de pubalgia. Por exemplo, a palpação da sínfise púbica e a mobilização do membro inferior podem avaliar a dor do paciente.

Os testes funcionais dos músculos abdominais avaliam a dor e a força, bem como os testes funcionais dos músculos psoas-ilíaco.

O especialista pode realizar a manobra de flexão e abdução parcial dos dois membros inferiores, contraindo a musculatura abdominal.

Caso o paciente sinta dor sobre a sínfise púbica, isso reforça o diagnóstico clínico de pubalgia.


Exames complementares para dor na virilha

Além do exame físico, podem ser solicitados alguns exames complementares.

O quadro clínico de pubalgia pode ser confundido com outras doenças, como cistite, endometriose, infecção urinária, cálculos uretrais e fraturas pélvicas.

Por esse motivo, é importante diagnosticar a pubalgia envolvendo uma combinação de histórico e exame físico, juntamente com análises laboratoriais com ou sem procedimentos de imagens, como a ultrassonografia transabdominal e transretal.


Tratamento da Dor na Virilha (Pubalgia)

Nos casos agudos da pubalgia, o tratamento consiste basicamente em repouso, medicamentos analgésicos e anti-inflamatórios, crioterapia, compressão local, elevação do membro para reduzir o edema e aliviar o quadro doloroso, e afastamento das atividades físicas, resultando em uma melhora inicial parcial, porém os sintomas reaparecem com o retorno da atividade esportiva.

De preferência, a crioterapia deve ser aplicada quatro a cinco vezes por dia, em um período máximo de 20 minutos, por sessão.

A pubalgia traumática tem várias alternativas de tratamento, incluindo: compressas quentes, osteopatia, eletroterapia, acupuntura, fitoterapia, homeopatia, entre outros.

A maioria das pessoas pode esperar retornar aos seus níveis normais de atividade física dentro de 4 a 6 semanas. No entanto, algumas pessoas que não apresentam melhora com esses tratamentos podem se beneficiar da cirurgia para reparar tecidos rasgados.


Tratamento para dor na virilha crônica

A pubalgia crônica já possui um grau maior de severidade, sendo necessário incluir outros métodos de tratamento e, em casos muito avançados, é indicada a cirurgia.

A fisioterapia por lesão do longo adutor visa manter a força, flexibilidade, capacidade contrátil e restabelecer a extensão máxima do movimento muscular.

Deve ser realizada juntamente com o início da crioterapia e do tratamento farmacológico, iniciando com alongamentos isométricos, sem causar dor, ampliando progressivamente a carga e a quantidade de repetições.

Quando não houver mais dor na realização de exercícios isométricos, pode-se iniciar exercícios isotônicos concêntricos e excêntricos e de condicionamento cardiovascular.

É recomendado também a realização de atividades isocinéticas, permitindo um trabalho de fortalecimento muscular e resistência.

A fisioterapia deve ter um período médio de 90 dias. Após o término da fisioterapia, o competidor com lesão no longo adutor pode retornar aos seus exercícios específicos do desporto, mas tomando alguns cuidados para não voltar a ter a lesão na virilha.

O tratamento pelas cadeias musculares envolve a realização de vários testes em diversos grupos musculares, com o intuito de avaliar as compensações, fraquezas e encurtamentos dos músculos, para assim tratá-los.


Opções de tratamento

Os tratamentos citados dependem de uma série de fatores médicos e sociais.

Os fatores médicos envolvem a identificação da lesão específica e o seu grau de debilidade, prováveis consequências negativas de jogar com o tipo específico de lesão, e as taxas de sucesso de tratamentos operatórios em comparação com os não-operatórios.

Os fatores sociais podem incluir o momento da lesão, ou seja, se ocorre dentro ou no final de uma estação.

Esteja ciente que quando não tratada adequadamente, a pubalgia pode evoluir para uma forma crônica, piorando o prognóstico. Por isso, é essencial o tratamento assim que for diagnosticada.


Como Prevenir A Pubalgia?

alongamento 1

A prevenção da pubalgia acaba sendo profundamente significativa, pois requer um tratamento lento.

É possível prevenir através de aquecimento apropriado antes da atividade física, de exercícios de flexibilidade e de condicionamento, especialmente nos músculos abdominais.

A musculatura abdominal deve ser bem trabalhada e os músculos extensores bem alongados em todos os treinos para alcançar um equilíbrio adequado do quadril.

Os alongamentos dos músculos da coxa e da perna precisam ser bem realizados, antes e após a prática desportiva.

A correção do desequilíbrio de forças entre o longo adutor e o recto abdominal é muito importante.

Essas são medidas preventivas capazes de evitar possíveis lesões e consequente pubalgia.


Referências

MAGALHÃES, F. Características do sistema musculoesquelético de atletas com pubalgia: uma revisão da literatura. 2013. Monografia (Especialização em Fisioterapia) – Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2013. s

MANATA, J. M. C. S. Abordagem das principais etiologias de pubalgia em desportistas. 2014. Trabalho Final (Mestrado Integrado em Medicina) – Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, 2014.

PEREYRA, B. B. S. Aspectos fisiológicos, possíveis mecanismos fisiopatológicos, tratamento e prevenção da pubalgia em jogadores de futebol – artigo de revisão. Ciências Biológicas e de Saúde Unit, v. 4, n. 3, p. 59-70. 2018.     

Dra. Celia Yunes Portiolli

CRM-SP 27971 / RQE 5148 – 19469 Médica Pediatra e Especialista em Acupuntura Área de Atuação em Dor pela AMB (Associação Médica Brasileira), Coordenadora do Curso de Especialização em Acupuntura do CEIMEC – Centro de Estudo Integrado em Medicina Chinesa Médica colaboradora do Ambulatório de Acupuntura do Centro de Dor da Neurologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.

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