Cefaléia Crônica Diária – dor de cabeça persistente. Aprenda mais

cefaleia cronica diaria

A cefaleia crônica diária é identificada quando o paciente relata dores de cabeça por pelo menos 15 dias por mês, nos últimos três meses. Esta é uma síndrome que afeta muitas pessoas, provocando redução de sua qualidade de vida.

Se você está apresentando dores de cabeça crônicas diariamente, é importante consultar um médico para determinar a causa e desenvolver um plano de tratamento. Possíveis causas de dores de cabeça crônicas diárias podem incluir: enxaqueca, dores de cabeça do tipo tensional, uso excessivo de medicamentos, distúrbios do sono, ansiedade e depressão.

A dor pode ficar mais forte ou mais fraca a cada dia, mas está sempre presente. Existem medicamentos que podem lhe dar alívio. Ferramentas de controle da dor, como acupuntura, fisioterapia, biofeedback e técnicas de relaxamento, também podem ajudá-lo a se sentir melhor.


CID Cefaléia e tipos

A Classificação Internacional de Doenças (CID-10) especifica os diferentes tipos de cefaleia (G43-G44.8). Entre eles, estão: migrânea e seus subtipos; síndrome de Cluster; cefaleia vascular; tensional; crônica pós-traumática; induzida por drogas.

Os dois tipos com maior prevalência são: cefaleia tensional e migrânea.


O que é cefaleia crônica diária?

Dores de cabeça diárias crônicas ocorrem quando você tem dor de cabeça por 15 dias ou mais por mês durante um período de 3 meses. Tanto adultos quanto crianças podem ter dores de cabeça crônicas ou constantes.

Eles podem se tornar debilitantes e interferir nas atividades do dia a dia.

O primeiro passo ao se avaliar uma cefaleia crônica diária é investigar e excluir causas secundárias. Então, deve-se intervir buscando a atenuação das dores, com redução da frequência dos sintomas.

Não há uma definição precisa sobre as principais causas. Além disso, pode-se utilizar tratamento medicamentoso e terapias auxiliares.

dor-de-cabeca-e-enxaqueca


Uma cefaleia crônica diária pode ser dividida em distúrbios primários e secundários de cefaleia, dependendo de sua etiologia. Os distúrbios primários da cefaleia crônica não têm etiologia orgânica secundária.

Tipos primários de cefaléia crônica diária

  • Cefaleia tensional, com sensação de pressão ao redor da cabeça.
  • Episódios de enxaqueca, que parecem uma dor de cabeça latejante muito intensa que pode ocorrer em um ou ambos os lados da cabeça e às vezes pode ser precedida por uma coleção de sintomas chamados aura
  • Cefaleia em salvas, que pode ocorrer dentro e fora durante um período de semanas ou meses e pode causar dor intensa em um lado da cabeça, geralmente na área ao redor ou atrás de um olho
  • Hemicrania contínua, uma dor de cabeça constante ou diária que ocorre em um lado da cabeça e pode parecer semelhante à enxaqueca
  • Nova dor de cabeça persistente diária, que envolve dor de cabeça que surge repentinamente e continua a ocorrer diariamente, durando meses sem aliviar


Epidemiologia

Cefaleias são comuns e afetam 50% da população adulta geral, em qualquer momento, com prevalência mundial de 66% ao longo da vida conforme mostra estudo conduzido por Stovner (2007). Já a prevalência de cefaleia crônica diária, segundo Olesen (2006), é de 4% na população mundial.

Cefaleias são comuns e afetam 50% da população adulta geral, em qualquer momento, com prevalência mundial de 66% ao longo da vida conforme mostra estudo conduzido por Stovner (2007). Já a prevalência de cefaleia crônica diária, segundo Olesen (2006), é de 4% na população mundial.

Pesquisa de Bigal (2009) indicou que os fatores de risco para progressão de cefaleia migrânea episódica para cefaleia crônica são: obesidade, uso excessivo de medicamentos, eventos estressores, dificuldades respiratórias durante o sono e consumo excessivo de cafeína.

No Brasil, a prevalência de cefaleia do tipo migrânea foi de 15,2%. Em levantamento realizado por Queiroz (2009), este tipo de cefaleia foi 2,2 vezes mais prevalente em mulheres e 1,5 mais prevalente em sujeitos com mais de 11 anos de educação formal.

Também a prevalência foi 1,59 maior em pessoas com renda mensal menor que cinco salários mínimos. Além disso, foi 1,43 mais prevalente naqueles que não praticam exercícios físicos.


Diagnóstico

A avaliação de um paciente com cefaleia crônica diária deve prover informações sobre uso de medicamentos e condições neurológicas. Para isso, é preciso revisar o histórico do paciente e proceder com o exame físico específico.

Salvo se estiverem presentes sintomas sistêmicos, não há base para exames laboratoriais. Além disso, é importante verificar a presença de sinais de alerta, que podem sugerir causa secundária e, inclusive, indicar um quadro urgência.

Segundo Yancey (2014), alguns sinais de alerta são: cefaleia é agravada ou aliviada quando paciente modifica postura entre vertical e supinada; dores são provocadas quando utilizada manobra de Valsalva; histórico de início repentino; paciente com mais de 50 anos; presença lateralizada de sinais neurológicos; perda de peso, febres ou dores musculares; puerpério.

ExameImportância
Histórico médicoSeu médico fará perguntas sobre seus sintomas e estilo de vida para entender melhor sua condição.
Exame físicoSeu médico examinará sua cabeça, pescoço e outras partes do corpo para verificar se há anormalidades físicas que possam estar causando suas dores de cabeça.
Tomografia Computadorizada ou Ressonância MagnéticaEsses exames de imagem podem ajudar seu médico a determinar se há alguma anormalidade estrutural em seu cérebro ou em outras partes do corpo que esteja causando suas dores de cabeça.
Exames de sangueExames de sangue podem ajudar a descartar outras possíveis causas de dores de cabeça, como uma infecção ou deficiência de vitaminas.
Exame neurológicoEste exame avaliará seus reflexos, coordenação e outras funções neurológicas para verificar possíveis sinais de um distúrbio neurológico que pode estar causando suas dores de cabeça.
Raios-XOs raios-X podem ajudar a identificar quaisquer anormalidades ósseas ou problemas com a mandíbula que possam estar causando suas dores de cabeça.
Eletroencefalograma (EEG)Este teste pode ajudar a detectar qualquer atividade elétrica anormal no cérebro que possa estar causando suas dores de cabeça.
Angiografia cerebralEste teste é usado para examinar os vasos sanguíneos no cérebro para verificar se há bloqueios ou outras anormalidades que possam estar causando suas dores de cabeça.


Causas secundárias de cefaleia

As causas secundárias mais comuns de cefaleia são, segundo Halker (2011): infecções, como meningite e sinusite; alteração de pressão intracraniana; uso excessivo de medicamento; hemorragia intracraniana por uso excessivo de anticoagulantes; neuralgias occipital e trigeminal; traumatismo cranioencefálico; alterações estruturais; problemas vasculares, como urgência hipertensiva, aneurisma ou acidente vascular cerebral.

Se os sinais de alerta estiverem presentes, Dodick (2006) orienta para a utilização de exames de imagem durante a avaliação. O teste mais utilizado é a ressonância magnética, que é mais sensível do que a tomografia computadorizada.

  • Enxaqueca: Um distúrbio de dor de cabeça recorrente caracterizado por dor latejante ou pulsante moderada a intensa, geralmente em um lado da cabeça. Os sintomas podem incluir náusea, sensibilidade à luz e ao som.
  • Chuva de cabeça: um tipo de dor de cabeça caracterizada por dor intensa, geralmente em um lado da cabeça. Muitas vezes é acompanhada por nariz escorrendo ou entupido e olhos vermelhos.
  • Cefaléia tensional: um tipo de dor de cabeça causada por tensão muscular no pescoço, cabeça e mandíbula. Geralmente é caracterizada por uma dor incômoda tipo pressão.
  • Cefaleia por uso excessivo de medicamentos: um tipo de dor de cabeça causada pelo uso excessivo de certos medicamentos, como analgésicos de venda livre.
  • Cefaleia crônica diária: um tipo de dor de cabeça que ocorre mais de 15 dias por mês por pelo menos 3 meses.
  • Cefaleia cervicogênica: um tipo de dor de cabeça causada por um distúrbio da coluna cervical, como uma hérnia de disco.
  • Cefaléia hipnótica: um tipo de dor de cabeça que ocorre no meio da noite e geralmente dura pelo menos 15 minutos.
  • Cefaleia relacionada a hormônios: um tipo de dor de cabeça causada por alterações nos níveis hormonais, como durante a menstruação ou a menopausa.
  • Artrite de células gigantes: um tipo de distúrbio inflamatório que pode causar dores de cabeça e outros sintomas.
  • Malformação de Chiari: um tipo de distúrbio congênito que pode causar dores de cabeça, dor no pescoço e outros sintomas.
  • Hipertensão intracraniana idiopática: um tipo de distúrbio caracterizado pelo aumento da pressão no crânio e pode causar dores de cabeça.
  • Dores de cabeça vasculares: um tipo de dor de cabeça causada pelo fluxo sanguíneo anormal para o cérebro.
  • Cefalgia autonômica do trigêmeo: um tipo de dor de cabeça caracterizada por dor intensa em um lado da cabeça e acompanhada por outros sintomas como lacrimejamento, vermelhidão dos olhos e congestão nasal.< /li>



O que fazer em casa para tentar aliviar a dor de cabeça?

  • Beba muita água
  • Descanse bastante se tiver um resfriado ou gripe
  • Tente relaxar – o estresse pode piorar as dores de cabeça
  • Tomar paracetamol ou dipirona
  • Tente ficar em casa e evitar o contato com outras pessoas se você tiver uma temperatura alta ou se não se sentir bem o suficiente para realizar suas atividades normais

Tratamento farmacológico

O tratamento mais utilizado tem base farmacológica. As principais opções para dores agudas são paracetamol, anti-inflamatórios não esteroidais, tramadol e triptanos.

Para a cefaleia crônica diária, Goadsby (2002) recomenda tratamento profilático, sobretudo, quando se suspeita de cefaleia decorrente do uso excessivo de outros medicamentos.


Amitriptilina e antidepressivos tricíclicos para cefaleia

Entre as opções de profilaxia, Goadsby (2002) cita amitriptilina e os antidepressivos tricíclicos. Em estudo de Couch (2011), a amitriptilina reduziu a duração e a severidade de cefaleias tensionais quando comparada ao efeito do placebo. Por outro lado, estudo de Moja (2008) mostrou que a classes dos inibidores seletivos da recaptação de serotoninas, como a Fluoxetina, não tiveram efeitos positivos superiores ao placebo ou aos antidepressivos tricíclicos para cefaleia crônica.


Tratamento não farmacológico para cefaleia

Já as opções não-farmacológicas para o tratamento de cefaleias crônicas diárias estão relacionadas com alterações comportamentais. Algumas modificações severas de comportamento podem trazer grandes benefícios. Exemplo disso é a eliminação do consumo de cafeína ou tabaco, melhoria na qualidade do sono, alterações na dieta e regulação dos horários para alimentação. No entanto, Halker (2011) afirma que faltam evidências para confirmar a efetividade dessas modificações comportamentais.

Estudo de Jull (2002), que examinou esquemas de exercícios cervicais de baixa carga e manipulação osteopática sugeriu eficácia no tratamento da cefaleia cervicogênica. Este estudo, embora aborde um tipo não reconhecido pela Sociedade Internacional de Cefaleias, sugere novas pesquisas para avaliação da efetividade dos exercícios leves para os tipos de dor de cabeça já reconhecidos.


Acupuntura para dor de cabeça diária

A acupuntura também mostrou eficácia na redução da frequência de dores de cabeça em pessoas com enxaqueca ou cefaleia tensional. No entanto, como indicado por Linde (2009), não foram detectadas diferenças significativas entre a técnica e um procedimento falso aplicado.


Psicologia e sua importância

Além disso, existem evidências sobre técnicas psicoterapêuticas que podem ser eficazes na diminuição da incapacidade para indivíduos com cefaleia crônica diária. Alguns procedimentos incluem biofeedback e relaxamento, como sugere Devineni (2005). No que se refere à psicoterapia, a terapia cognitivo-comportamental (TCC) possui evidências de efetividade. Nash (2004) e Thorn (2007) demonstraram que a TCC pode reduzir a frequência e a gravidade da dor de cabeça além de melhorar a qualidade de vida geral.


Complicações possíveis e abuso de analgésicos

As complicações mais comuns da cefaleia crônica são induzidas por efeitos adversos de medicamentos. Por isso, Goadsby (2009) orienta para a importância de explicar ao paciente sobre o tipo, a dosagem ou o momento da farmacoterapia. Este procedimento tem como objetivo ajudá-lo a evitar o uso excessivo de medicamentos.

Nesse sentido, é necessário mantê-lo informado sobre as cefaleias causadas pelo uso excessivo de medicamentos, o que o paciente pode ter dificuldade de compreender. Fritsche (2010) demonstra que as intervenções educacionais podem impedir o uso abusivo de medicamentos e o consequente surgimento de enxaquecas.


Referências

Bigal ME, Lipton RB. (2009). What predicts the change from episodic to chronic migraine? Curr Opin Neurol, 22(3):269-276.

Couch JR, Amitriptyline Versus Placebo Study Group. (2011). Amitriptyline in the prophylactic treatment of migraine and chronic daily headache. Headache, 51(1):33-51.

Devineni T, Blanchard EB. (2005). A randomized controlled trial of an internet-based treatment for chronic headache. Behav Res Ther, 43(3):277-292.

Dodick DW. (2006). Clinical practice. N Engl J Med. 2006;354(2):158-165.

Fritsche G, Frettlöh J, Hüppe M, et al.; Study Group. (2010). Prevention of medication overuse in patients with migraine. Pain, 151(2):404-413.

Goadsby PJ, Boes C. (2002). Chronic daily headache. J Neurol Neurosurg Psychiatry, 72 suppl 2:ii2-ii5

Jull G, Trott P, Potter H et al. (2002). A randomized controlled trial of exercise and manipulative therapy for cervicogenic headache. Spine (Phila Pa 1976), 27(17): 1835-1843.

Linde K, Allais G, Brinkhaus B, Manheimer E, Vickers A, White AR. (2009). Acupuncture for migraine prophylaxis. Cochrane Database Syst Rev, 2009(1):CD001218.

Olesen J, Bousser MG, Diener HC, Dodick D, First M, Goadsby PJ, et al. (2006). Headache Classification Committee. New appendix criteria open for a broader concept of chronic migraine. Cephalalgia, 26:742–6.

Moja PL, Cusi C, Sterzi RR, Canepari C. (2005). Selective serotonin re-uptake inhibitors (SSRIs) for preventing migraine and tension-type headaches. Cochrane Database Syst Rev, (3):CD002919.

Nash JM, Park ER, Walker BB, Gordon N, Nicholson RA. (2004). Cognitive-behavioral group treatment for disabling headache. Pain Med, 5(2):178-186.

Queiroz LP, Peres MFP, Piovesan EJ, Kowacs F, Ciciarelli MC, Souza JA, Zukerman E. (2009). A Nationwide Population-Based Study of Migraine in Brazil. Cephalalgia, 29(6):642-9. doi: 10.1111/j.1468-2982.2008.01782.x.

Stovner LJ, Hagen K, Jensen R, et al. (2007). The global burden of headache: a documentation of headache prevalence and disability worldwide. Cephalalgia, 27(3):193-210.

Thorn BE, Pence LB, Ward LC, et al. (2007) A randomized clinical trial of targeted cognitive behavioral treatment to reduce catastrophizing in chronic headache sufferers.

J Pain, 8(12):938-949

Yancey Jr, Sheridan R, Koren Kg. (2014). Chronic Daily Headache: Diagnosis and Management. Am Fam Physician, 89(8):642-648.

Dr. Marcus Yu Bin Pai

CRM 158074 / RQE 65523, 65524 | Médico especialista em Acupuntura e Fisiatria pela USP. Área de Atuação em Dor pela Associação Médica Brasileira. Doutorado em Ciências pela Universidade de São Paulo. Professor e Colaborador do Grupo de Dor do Hospital das Clínicas da USP. Diretor do Colégio Médico Brasileiro de Acupuntura (CMBA).

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CRM 158074 / RQE 65523, 65524 | Médico especialista em Acupuntura e Fisiatria pela USP. Área de Atuação em Dor pela Associação Médica Brasileira. Doutorado em Ciências pela Universidade de São Paulo. Professor e Colaborador do Grupo de Dor do Hospital das Clínicas da USP. Diretor do Colégio Médico Brasileiro de Acupuntura (CMBA).

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