Tipos de manchas na pele: conheça os principais

Tipos de manchas na pele

Com o passar do tempo, nossa pele está sujeita a diversos tipos de mudanças. Algumas dessas mudanças apresentam origem genética, outras, são originadas do ambiente ou do nosso estilo de vida, e outras ainda, de uma complexa combinação desses fatores.

Um resultado comum dessas mudanças é o surgimento de manchas na pele. Como esse órgão é o mais externo do corpo, e temos capacidade de vê-lo quase por inteiro, mudanças em seu aspecto e composição tornam-se facilmente visíveis. E a mudança local de coloração é muito comum.

Porém, a mudança repentina desse aspecto pode causar certo incômodo. Comumente, é difícil apontar a origem dessa mudança, e é também difícil de saber se a mancha gerada é benigna ou maligna. Essa dúvida pode gerar ou intensificar problemas como ansiedade e hipocondria, e o aspecto da mancha pode também causar problemas de autoestima e de relações interpessoais.

Portanto, o tratamento dessa nova coloração, se possível ou necessário, pode ser feito para retornar ao estado anterior da pele. Porém, para um tratamento correto, é preciso também o diagnóstico correto. Visualmente, a olho nu, vários tipos de manchas apresentam múltiplas similaridades com outros tipos, benignos ou não, dificultando essa identificação.

Para contribuir nessa questão, neste artigo discutiremos sobre os tipos de manchas na pele mais comuns e suas características.


Os principais tipos de manchas na pele

A identificação de uma mancha na pele é um processo relativamente complexo. Devido às possíveis semelhanças entre os diferentes tipos, a identificação visual nem sempre é suficiente para o diagnóstico correto.

Porém, o desconhecimento dos diversos tipos também leva à tendência de imaginar que qualquer mudança desconhecida implique em uma condição maligna. Pelo contrário, as condições mais comuns são benignas, ainda que possam causar certo incômodo visual.

As descrições a seguir, portanto, servem como um guia pré-diagnóstico, de objetivo puramente informacional. Para identificar o tipo de mancha com maior exatidão, especialmente caso haja incerteza quanto à natureza da mancha, procure um dermatologista.


Pintas e marcas de nascença

Pintas e marcas de nascença são as manchas mais comuns, especialmente em pessoas de pele clara.

As pintas (ou nevos, como são conhecidas na literatura científica), são acúmulos localizados de um pigmento, comumente apresentando baixo ou nenhum relevo e com bordas arredondadas e simétricas.

Comumente são marrons, resultado do acúmulo de melanina no local, sendo benignas. Porém, algumas pessoas também podem desenvolver pintas vermelhas, que são resultado do acúmulo de vasos e sangue no local, que também são benignas.

As pintas apresentam certas semelhanças com o melanoma, o que pode causar certa ansiedade. Discutiremos sobre o melanoma posteriormente neste artigo também.

As marcas de nascença são outra mancha comum, caracterizada por apresentar dimensões maiores que as pintas e estarem presentes desde o nascimento. É comum que sejam marrons, assim como as pintas, mas podem apresentar outras colorações, como roxo e vermelho, a depender de sua causa (pigmentada ou vascular).


Sardas

Sardas são outro tipo de mancha benigna. Apresentam origem hereditária, sendo mais comuns em pessoas ruivas e de pele clara, mas apresentam fatores ambientais envolvidos também.

As sardas costumam aparecer no rosto, em especial nas maçãs no rosto e no nariz. Elas são o resultado de exposição prolongada à luz do sol, formando uma coleção de pintas de cor marrom claro na área exposta. Como ocorre devido à exposição solar, podem também surgir sardas no pescoço, nos braços e na parte superior do tronco.

Esse é um dos tipos de manchas na pele que tende a se manter somente enquanto há exposição solar direta, e podem clarear-se naturalmente ao evitar o sol ou utilizar protetor solar regularmente.

A ocorrência de sardas está normalmente associada a maior sensibilidade da pele à radiação UV, e, portanto, maior tendência à formação do câncer de pele. Portanto, o aparecimento de sardas é indicativo de que maiores cuidados com a pele devem ser tomados.


Manchas senis

As manchas senis são também benignas, e apresentam coloração acastanhada. Como indica seu nome popular, são manchas que comumente surgem durante a velhice.

São de certa forma semelhantes às pintas. Porém, tendem a apresentar tons mais claros e ter dimensões maiores e formatos mais irregulares que as pintas comuns.

Assim como as sardas, elas são o resultado da exposição excessiva à luz solar. Porém, demoram muitos anos para começarem a aparecer na pele. Elas não são necessariamente um indicativo de maior propensão à ocorrência de câncer de pele, mas indicam que houve grande exposição à radiação UV durante a vida, por isso, é importante ficar atento.

Essas manchas costumam causar certo incômodo à pessoa que a apresenta, embora sejam benignas devido à sua associação com o envelhecimento. Mas, caso desejado, existem diversos tipos de tratamentos para removê-las.


Melasma

O melasma é outra condição benigna e razoavelmente comum. Apresenta origem genética, mas tende a ser ativado somente em situações de estresse da pele, como exposição excessiva ao sol ou alterações hormonais.

É caracterizado pelo surgimento de manchas acastanhadas descontínuas na pele. Costumam ser claras, mas ainda assim perceptíveis. Surgem principalmente no rosto, sendo normalmente simétricas (isto é, aparecem nas mesmas regiões de ambos os lados do rosto). Porém, podem aparecer em outras partes do corpo também.

Em geral, após o seu primeiro aparecimento, torna-se reincidente, isto é, tende a reaparecer algum tempo após ser removida.

É possível também que o melasma não seja crônico, desaparecendo naturalmente poucos meses após seu surgimento. Isso é comum quando o melasma surge devido à gravidez, caso em que é denominado cloasma.


Psoríase

Ao contrário das condições dos outros tipos de manchas na pele, a psoríase tende a ser mais incômoda, tanto visualmente quanto em relação ao seu aspecto e outros sintomas que pode apresentar.

A psoríase é uma doença autoimune rara, caracterizada pelo ataque a células cutâneas por parte do sistema imunológico. Tipicamente não resulta em complicações graves, porém, causa o surgimento de manchas de diversos tamanhos pelo corpo.

A forma mais comum, conhecida como psoríase vulgar, consiste no aparecimento de manchas avermelhadas, assemelhando-se à queimadura de sol. Porém, diferencia-se dela por se apresentar como um “conjunto de discos” conectados entre si, marcadamente distintos da pele ao redor. A psoríase vulgar representa 90% dos casos.

Porém, diferentes tipos de psoríase podem apresentar diferentes colorações e diferentes formatos e aspectos, tornando difícil sua identificação visual pela pessoa afetada.

O aparecimento dessas lesões, assim como a ocorrência de descamação e formação de placas espessas, tendem a ser os sintomas mais comuns. Porém, ela também pode ocasionar coceira, irritação, dores locais e sensibilidade, especialmente nas articulações.

A condição não tem cura, mas existem tratamentos que são efetivos em diminuir os sintomas e prevenir o aparecimento das lesões, contanto que o tratamento seja mantido e haja acompanhamento médico. Ao contrário das outras condições, a exposição moderada ao sol contribui para prevenir essas erupções cutâneas.

Leia também: Urticária


Dermatite

O termo dermatite é utilizado para nomear todo tipo de inflamação que acomete a pele. São muito mais comuns que a psoríase, e podem ter aspecto semelhante, mas, assim como ela, não são contagiosas. Porém, ao contrário dela, são curáveis, e comumente curadas com certa facilidade.

As dermatites tendem a ser mais incômodas, apresentando, além de vermelhidão e bolhas, secreções, ressecamento da pele, inchaço e dor local, o que tende a prejudicar a qualidade do sono. Podem ocorrer em diversas partes do corpo.

A dermatite atópica é a mais comum. É uma condição crônica, encontrada principalmente em crianças, e que pode-se estender durante boa parte da vida. As causas ainda não foram bem definidas, mas há um componente genético envolvido, assim como outros possíveis fatores, como qualidade e umidade do ar, funcionamento do sistema imunológico e o nível de permeabilidade da pele.

Outro tipo comum é a dermatite de contato. Neste caso, a dermatite ocorre devido ao contato constante com substâncias irritantes. Embora essas substâncias não causem necessariamente irritação na pele logo após o contato, o uso constante pode causar sensibilidade na pele, resultando na ocorrência de dermatite em contatos subsequentes.

Além desses dois tipos, existem também as dermatites seborreicas, herpetiforme e ocre, que apresentam sintomas semelhantes, mas causas diferentes.


Pitiríase

O termo “pitiríase” é utilizado para designar três condições que apresentam consideráveis diferenças: a pitiríase alba, e versicolor e a rósea.

A pitiríase alba envolve a formação de manchas brancas pelo corpo, comumente com certo grau de ressecamento, o que pode resultar em descamação. As manchas formam-se lentamente, iniciando com uma descoloração leve do local e culminando em uma notável ausência de coloração. As causas são desconhecidas, mas ela geralmente não apresenta sintomas além da descoloração.

A pitiríase versicolor, também conhecida como pano branco, consiste no aparecimento de manchas amareladas ou acastanhadas, comumente em locais que foram expostos à luz solar por longos períodos. 

Não consiste na concentração de pigmentos, mas sim na prevenção da pigmentação da região com o estímulo da radiação UV, o que lhe deu seu nome. É causada por um fungo que está sempre presente na pele, e sua ocorrência está associada à exposição ao sol e à baixa imunidade.

A pitiríase rósea, que pode também ser conhecida apenas como pitiríase, consiste no aparecimento de manchas rosadas em algumas partes do corpo, em especial o tronco e as costas. É comum que se inicie com uma mancha maior, e ela seja seguida por manchas menores ao redor dela. A causa também não é conhecida, mas ela tende a desaparecer em até três meses.


Vitiligo

O vitiligo é uma condição benigna caracterizada pela perda da pigmentação em certos locais da pele. É rara, acometendo entre 1 e 2% da população mundial. Embora possa ocorrer independente do tom de pele, costuma ser mais visível em pessoas que apresentem tons mais escuros.

A condição surge da morte dos melanócitos, células responsáveis pela produção de melanina. Comumente se inicia nas articulações ou nas extremidades, e pode se espalhar pelo corpo posteriormente.

A morte desses melanócitos pode ter diversas causas. Pode ser, por exemplo, causada pelo contato com determinadas substâncias, como a hidroquinona, mas também pode ser originadas de disfunções do corpo, como doenças autoimunes, diabetes ou problemas na tireoide. Fatores genéticos também podem estar envolvidos.

A condição apresenta tratamento, mas nem sempre é curável. Os tratamentos geralmente buscam frear a proliferação da despigmentação e repigmentar os locais já afetados. Porém, caso já tenha se espalhado por mais da metade do corpo, o procedimento recomendado é de despigmentação completa, visando diminuir os efeitos estéticos e psicológicos da condição.

Leia também: O Que É Queloide? Cicatriz Hipertrofica – Causas, Sintomas e Tratamentos


Melanoma

Melanoma é o nome clínico de um tipo de câncer de pele. Consiste no aparecimento de nódulos cancerígenos pigmentados, o que permite que sejam visíveis a olho nu. A pigmentação se deve ao fato de se originar de um melanócito.

São semelhantes às pintas, comumente evoluindo delas, mas apresentam notáveis diferenças que facilitam sua identificação entre outros tipos de manchas na pele. Essas diferenças são normalmente resumidas no padrão ABCDE:

  • Assimetria: são pigmentações assimétricas, ao invés de serem redondas ou ovais;
  • Bordas: irregulares, ao invés de serem regulares;
  • Coloração: tende apresentar mais de uma cor ou tom de cor, ao invés de ser homogênea;
  • Diâmetro: maior que o normal, isto é, maior que o diâmetro de um lápis comum;
  • Evolução: tende a crescer continuamente, ao invés de se estabilizar.

Outros possíveis sintomas são sangramentos, coceira e inflamação.

O surgimento do melanoma está associado à exposição à luz solar, portanto, evitar essa exposição e utilizar protetor solar regularmente contribui para sua prevenção. Fatores genéticos também estão envolvidos, e o histórico de melanoma na família indica a presença de predisposição genética.

Ele é um dos tipos de câncer mais comuns, e também um dos mais perigosos e agressivos. Portanto, tomar as devidas precauções e ficar atento ao surgimento de manchas estranhas no corpo é uma forma de preveni-lo e de tratá-lo precocemente.


Tipos de manchas na pele


Identificação das manchas

Para uma correta e definitiva identificação dos tipos de manchas na pele, é importante consultar um dermatologista. Como pode ser notado pela descrição dos tipos de manchas, eles apresentam muitas similaridades entre si, o que pode tornar difícil identificá-las apenas pela análise visual.

O dermatologista, porém, apresenta maior número de ferramentas para a realização do diagnóstico diferencial, incluindo a realização de exames mais específicos, como a biópsia. Com isso, apresenta maior capacidade de chegar a um diagnóstico definitivo.

Dra. Juliana Toma

CRM-SP: 156490 / RQE: 65521.
Médica pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP/EPM). Residência Médica em Dermatologia pela UNIFESP. Pós-Graduação em Dermatologia Oncológica pelo Instituto Sírio Libanês (SP).
Fellow em Tricologias, Discromias e Acne pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP).
Pós-Graduação em Pesquisa Clínica pela Harvard Medical School – EUA (Principles and Practice of Clinical Research).

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Dra. Juliana Toma

Dra. Juliana Toma

CRM-SP: 156490 / RQE: 65521.
Médica pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP/EPM). Residência Médica em Dermatologia pela UNIFESP. Pós-Graduação em Dermatologia Oncológica pelo Instituto Sírio Libanês (SP).
Fellow em Tricologias, Discromias e Acne pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP).
Pós-Graduação em Pesquisa Clínica pela Harvard Medical School – EUA (Principles and Practice of Clinical Research).

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