Espironolactona para acne

  • O uso de espironolactona para acne é uma abordagem que os profissionais de saúde podem recomendar para ajudar com os sintomas da acne em mulheres.
  • Ao bloquear hormônios andrógenos, a espironolactona ajuda a diminuir a secreção de óleo e a melhorar a acne.
  • Antes de tomar espironolactona, é importante saber que este medicamento é um diurético, então você vai urinar com mais frequência. Se isso pode ser um problema, informe o seu dermatologista.

Apesar de poder surgir em qualquer idade, as espinhas geralmente afetam mais intensamente os adolescentes.

Como esse período da vida é marcada pelas inseguranças da idade, é comum que os adolescentes busquem ajuda para solucionar o problema da acne, já que ela pode causar dores e baixa autoestima.

Nesta fase, a aparência e a aceitação social são muito importantes e é sabido que casos graves de acne podem até levar à depressão.

Na busca por tratamentos para combater as espinhas, os médicos podem receitar diversos medicamentos. Um deles é a espironolactona. Ela é uma medicação antiga, usada para várias finalidades em diversas especialidades da medicina.

Confira abaixo mais informações sobre este medicamento.


A acne pode ser frustrante e difícil de se livrar. A boa notícia é que existem medicamentos que podem ajudar. Se você é uma mulher que lida com acne, a espironolactona pode ser uma boa opção.


O que é a espironolactona

Esta substância é um esteroide sintético, porém muito semelhante aos hormônios que são naturalmente produzidos pelo nosso corpo.

A espironolactona, um conhecido medicamento diurético, é utilizada há mais de 20 anos como antagonista dos andrógenos no tratamento da acne e do hirsutismo. Vários estudos randomizados avaliaram sua eficácia para o tratamento do hirsutismo[1]Brown J, Farquhar C, Lee O, Toomath R, Jepson RG. Spironolactone versus placebo or in combination with steroids for hirsutism and/or acne. Cochrane Database of Systematic Reviews. 2009(2).

A espironolactona diminui a produção de hormônios andrógenos do seu corpo, como a testosterona. Esses hormônios podem fazer com que a pele produza muito óleo, resultando em obstrução dos poros e surgimento da acne.


Uso da espironolactona

espironolactona acne

Este medicamento pode ser utilizado para tratar diversas doenças. Na cardiologia, ela é utilizada principalmente para o tratamento de problemas de insuficiência cardíaca e hipertensão arterial.

Na nefrologia, a espironolactona também pode tratar problemas de perda de potássio pelo rim, e na hepatologia, para o tratamento de casos de cirrose hepática.

Já na dermatologia, a espironolactona é amplamente utilizada para tratamento da acne, excesso de pelos (hirsutismo) e alopecia androgenética (queda de cabelo de padrão masculino), apesar de seu uso para este fim ser controverso[2]Isvy-Joubert A, Nguyen JM, Gaultier A, Saint-Jean M, Le Moigne M, Boisrobert E, Khammari A, Dreno B. Adult female acne treated with spironolactone: a retrospective data review of 70 cases. European … Continue reading.


Para que serve a espironolactona

Para citarmos mais alguns usos desse medicamento, ela pode ser utilizada no tratamento de:

  • Distúrbios edematosos, como: edema e ascite da insuficiência cardíaca congestiva, cirrose hepática e síndrome nefrótica;
  • Edema idiopático;
  • Hipertensão;
  • Hipopotassemia;
  • Hipomagnesemia;
  • Hiperaldosteronismo primário.


Espironolactona para acne

antes e depois espironolactona acne
Mulher de 31 anos com acne vulgar e dermatite seborreica em toda a face. (A) Antes do tratamento. (B) Após 4 meses de espironolactona oral (excelentes resultados). A descarga de sebo foi marcadamente reduzida e a dermatite seborreica e a acne melhoraram. Referência: Sato et al., 2006
antes e depois espironolactona acne. 2jpg
Uma mulher de 27 anos com acne vulgar da linha da mandíbula ao pescoço que não melhorou com repetidos peelings de alfa-hidroxiácido (AHA) e antibióticos orais. (A) Antes do tratamento. (B) Após 20 semanas de espironolactona oral (excelentes resultados, menos manchas inflamatórias). Referência: Sato et al., 2006

Em geral, a espironolactona é indicada para o tratamento da acne de grau moderado a grave, principalmente em casos em que os pacientes não respondem aos tratamentos convencionais e preferem evitar a isotretinoína oral, o famoso Roacutan®.

A dose habitualmente prescrita para tratar a acne varia entre 50 mg e 100 mg por dia por, no mínimo, 3 meses de tratamento.

Um estudo publicado por Sato demonstrou eficácia da espironolactona no tratamento de mulheres adultas com acne vulgar. Em monoterapia, 80% das pacientes apresentam irregularidade menstrual[3]Sato K, Matsumoto D, Iizuka F, Aiba-Kojima E, Watanabe-Ono A, Suga H, Inoue K, Gonda K, Yoshimura K. Anti-androgenic therapy using oral spironolactone for acne vulgaris in Asians. Aesthetic plastic … Continue reading. O tratamento foi menos eficaz para os homens do que para as mulheres e, como a ginecomastia se desenvolveu em três pacientes do sexo masculino, o tratamento com espironolactona para os homens foi interrompido.


Em quanto tempo irei notar melhora da acne com o uso da espironolactona?

Você pode não ver os resultados da espironolactona imediatamente.

A maioria das pessoas começa a ver menos espinhas e pele oleosa dentro de algumas semanas, mas sua resposta à medicação pode ser diferente.

Estudos também descobriram que as pessoas tendem a obter mais benefícios do medicamento quanto mais tempo o tomam.


Efeitos colaterais

espironolactona para acne

Como qualquer outro medicamento, a espironolactona pode causar reações adversas nos pacientes, principalmente dependendo da doença para qual este remédio é utilizado.

Por exemplo, em pacientes que não apresentam hiperaldosteronismo, o uso da espironolactona pode causar desbalanço hidroeletrolítico, que é o aumento dos níveis de potássio no sangue.

Já no caso de tratamento para os hormônios sexuais, a espironolactona pode causar redução da libido, disfunção erétil, dor e aumento das mamas (ginecomastia) no sexo masculino.

Em mulheres, este medicamento também pode causar também redução do desejo sexual, menstruação desregulada, dor e aumento das mamas. Esses efeitos colaterais estão diretamente relacionados a dose ingerida.

Em mulheres, doses de até 100 mg de espironolactona por dia são bem toleradas e dificilmente levam à descontinuação por conta desses efeitos colaterais.

Já em mulheres que estão na idade fértil, é altamente recomendável (para não dizer obrigatório) que estejam utilizando algum método contraceptivo durante o tratamento.

Isso porque a espironolactona pode causar problemas no feto de sexo masculino, impedindo o desenvolvimento normal da genitália pelo bloqueio do efeito dos hormônios masculinos no desenvolvimento desses órgãos.

Além desses, é importante avaliar as dosagens de sódio e potássio no sangue nos pacientes que estejam utilizando a espironolactona para tratamento de doenças não relacionadas este problema de saúde.

Dentre as reações comumente relatadas por pacientes, estão: hiperpotassemia, estado de confusão mental, tontura, náusea, prurido (coceira), erupção cutânea, cãibras nas pernas, dor nas mamas (em homens), mal-estar.

Mais raramente, ou seja, que pode ocorrer entre 0,1% e 1% dos pacientes que utilizam este medicamento, os efeitos colaterais relatados foram: neoplasma (tumor) benigno de mama (em homens), função hepática anormal, urticária (alergia de pele).

Já os sintomas de frequência desconhecida, ou seja, que não puderam ser estimadas, são:

  • Agranulocitose (redução severa do número de glóbulos brancos que aumenta a probabilidade de infecções);
  • Eucopenia (diminuição dos glóbulos brancos);
  • Trombocitopenia (redução do número de plaquetas);
  • Alteração na libido;
  • Distúrbio gastrointestinal;
  • Necrólise epidérmica tóxica (NET);
  • Síndrome de Stevens-Johnson;
  • Erupção ao medicamento com eosinofilia e sintomas sistêmicos;
  • Alopecia;
  • Hipertricose (crescimento anormal de pelos).

Portanto, se você apresentar qualquer um dos sintomas acima durante o tratamento, informe seu médico imediatamente e suspenda o uso.

Grupos de risco

Algumas pessoas não devem ser tratadas com a espironolactona pois podem ter efeitos adversos graves. Este é o caso de pacientes que fazem tratamento para a pressão arterial, como ARA-II ou inibidores da ECA, ou possui diabetes, ou insuficiência renal.

Nessas situações, a espironolactona deve ser administrada com maior cuidado, pois o aumento do potássio sanguíneo pode levar a arritmias cardíacas.

Além disso, este medicamento não é indicado para pacientes com Doença de Addison, Hipercalemia, Hipersensibilidade conhecida à Espironolactona, ou a qualquer outro componente da fórmula, e que faça uso concomitante de eplerenona.

Portanto, sempre consulte um dermatologista para avaliar seu caso de acne antes de iniciar o tratamento com qualquer medicamento.

Referências Bibliográficas

Referências Bibliográficas
1 Brown J, Farquhar C, Lee O, Toomath R, Jepson RG. Spironolactone versus placebo or in combination with steroids for hirsutism and/or acne. Cochrane Database of Systematic Reviews. 2009(2).
2 Isvy-Joubert A, Nguyen JM, Gaultier A, Saint-Jean M, Le Moigne M, Boisrobert E, Khammari A, Dreno B. Adult female acne treated with spironolactone: a retrospective data review of 70 cases. European Journal of Dermatology. 2017 Jul;27(4):393-8.
3 Sato K, Matsumoto D, Iizuka F, Aiba-Kojima E, Watanabe-Ono A, Suga H, Inoue K, Gonda K, Yoshimura K. Anti-androgenic therapy using oral spironolactone for acne vulgaris in Asians. Aesthetic plastic surgery. 2006 Dec;30(6):689-94.

Dra. Juliana Toma

CRM-SP: 156490 / RQE: 65521.
Médica pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP/EPM). Residência Médica em Dermatologia pela UNIFESP. Pós-Graduação em Dermatologia Oncológica pelo Instituto Sírio Libanês (SP).
Fellow em Tricologias, Discromias e Acne pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP).
Pós-Graduação em Pesquisa Clínica pela Harvard Medical School – EUA (Principles and Practice of Clinical Research).

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Dra. Juliana Toma

Dra. Juliana Toma

CRM-SP: 156490 / RQE: 65521.
Médica pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP/EPM). Residência Médica em Dermatologia pela UNIFESP. Pós-Graduação em Dermatologia Oncológica pelo Instituto Sírio Libanês (SP).
Fellow em Tricologias, Discromias e Acne pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP).
Pós-Graduação em Pesquisa Clínica pela Harvard Medical School – EUA (Principles and Practice of Clinical Research).

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