Dor na Parte Interna da Coxa Próximo da Virilha – O que pode ser? Quando me preocupar?

A COXA é uma área do corpo humano localizada abaixo da virilha e acima do joelho. Sua função básica envolve a sustentação e locomoção corporal.

Ou seja, as coxas suportam a maior parte do peso corporal de uma pessoa, mantendo os quadris e as pernas em alinhamento, além de também proporcionar o equilíbrio.

A coxa é formada por vários músculos, como os quadríceps, isquiotibiais, adutores, pectíneo e sartório. Todos esses músculos trabalham em função da boa locomoção e sustentação que as coxas proporcionam ao indivíduo. Os quadríceps e os isquiotibiais ajudam a dobrar e estender o quadril e o os joelhos.

A função dos músculos adutores é mover as pernas para dentro, enquanto o pectíneo e o sartório possibilitam a flexão e rotação das coxas nas articulações do quadril.

Sentir dor na parte interna da coxa próximo à área da virilha pode indicar algumas patologias, mas esse artigo destacará a causa mais comum, que é a pubalgia.

Lembre-se sempre de procurar um médico quando sentir sintomas fortes e persistentes, pois somente ele poderá realizar o diagnóstico correto e recomendar o tratamento adequado para cada caso.

O que é pubalgia?

A pubalgia, também chamada de osteíte púbica, é definida como um quadro doloroso, muitas vezes auto-limitado e de causa inflamatória, podendo ser traumático ou infeccioso, que causa desequilíbrio e afeta os tendões dos músculos reto abdominal e adutores, bem como a articulação da sínfise púbica. A sínfise púbica permite a ligação entre os músculos da coxa, abdominais e da coluna vertebral.

Essa condição é uma queixa comum em atletas. Devido ao uso excessivo dos atletas dessa área do corpo, principalmente aqueles que realizam repetitivos movimentos de chutes e mudanças bruscas de direção, e pela multifatoriedade etiológica das lesões no sistema musculoesquelético, a pubalgia é considerada como “a hérnia do esporte”.

Alterações na biomecânica do quadril também podem ser fatores que levam à pubalgia. Outras causas menos comuns incluem distúrbios reumatológicos, procedimentos urológicos e ginecológicos prévios ou gravidez.

A pubalgia é mais frequente em atletas que praticam futebol, rugby, beisebol, handebol, salto em altura e corredores de longa distância.

salto vara

Pode afetar pessoas de qualquer idade, ocorrendo com mais frequência entre os 20 aos 40 anos de idade. É mais comum em homens, mas também pode ocorrer em ambos os sexos.

Diferentes sintomas estão associados à pubalgia, sendo mais comum uma dor aguda na sínfise púbica depois da prática esportiva.

Essa dor também costuma ser difusa, irradiando para o abdômen, para a parte interna da coxa próximo à virilha, articulações do quadril, região inguinal e suprapúbica, que pode desaparecer com repouso e retornar com o movimento.

A dor sentida nos músculos adutores e retos da coxa pode ser explicada pelo desalinhamento da sínfise púbica que acontece em razão do encurtamento dos isquiotibiais, fazendo com que esses músculos trabalhem em alongamento ou encurtamento, o que facilita o surgimento de lesões.  



Diagnóstico de pubalgia – dor na virilha

O diagnóstico de pubalgia é baseado em exame físico, no qual o médico pedirá que o paciente realize alguns movimentos, os chamados testes diagnósticos, que incluem: o teste dos adutores, Sinal de Malgaigne’s e Teste do Flamingo.

Poderão também ser solicitados alguns exames de imagem para visualizar melhor a parte interna da coxa, a virilha e as suas possíveis lesões. Os exames de imagem são as radiografias, ultrassonografia, ressonância magnética e tomografia computadorizada.

Em alguns pacientes, os achados no exame radiográfico costumam ser normais, mas após quatro semanas, podem apresentar evidências patológicas. Outro exame que pode ser utilizado para pubalgia é a cintilografia óssea, que é mais sensível que a radiografia.


Tratamento da dor na virilha

A pubalgia é tratada dependendo da gravidade da lesão. O tratamento conservador inclui descanso, compressas de gelo na região, ultra-som, medicamentos anti-inflamatórios e, em alguns casos, injeções de hidrocortisona.

A fisioterapia é útil para reconstruir a força na virilha através de exercícios de alongamento e fortalecimento.

Esse tratamento conservador pode ser demorado. Em alguns casos, os atletas podem levar seis meses ou mais para retornar à condição antes da lesão, mas é comum que a maioria retorne às suas atividades esportivas em 3 meses.

Apesar de ser prolongado, o tratamento conservador continua sendo a base do tratamento para pubalgia. Quanto mais cedo o paciente inicia o tratamento, menor é o tempo e melhor será o resultado.

Se após alguns meses de fisioterapia, a dor permanecer, poderá ser necessária a realização de uma cirurgia.

As opções de tratamento cirúrgico incluem: fusão sinfisária, ressecção em cunha da sínfise com ou sem artrodese e uma série de procedimentos para reparar a musculatura abdominal ou do assoalho pélvico.


Prevenção

As medidas de prevenção para dor na parte interna da coxa próximo à virilha são de extrema importância, pois como já mencionado, o tratamento de pubalgia pode ser demorado.

A prevenção é, definitivamente, o melhor tratamento para essa condição, porém o Brasil é um país onde frequentemente acontecem jogos em excesso e treinamentos que colocam os atletas em vulnerabilidade de lesões.

Para os atletas, a prevenção deve ser baseada em um treinamento equilibrado, dosado e progressivo, proporcionando uma melhora na qualidade de vida do atleta e o aumento na sobrevida útil na sua prática esportiva.

As seguintes medidas podem ser úteis para prevenir a dor que causa a pubalgia ou osteíte púbica:

1. Exercícios de flexibilidade e aumento da mobilidade articular: para a realização desses exercícios, é necessário que se tenha conhecimento dos grupos musculares envolvidos com o púbis.

2. Alongamentos: o alongamento dos isquiotibiais e flexores de quadril são importantes para prevenir a pubalgia.

3. Treinamento de lateralidade: estimular o chute com as duas pernas durante os treinos das atividades esportivas pode diminuir o estresse causado pela pubalgia.

4. Calçados adequados: adotar calçados adequados pode ser útil, bem como treinar em campos adequados. Um calçado inadequado e um terreno de superfície dura aumenta a força absorvida no púbis.

5. Alimentação: é importante ainda adotar alguns cuidados com a alimentação, envolvendo aportes glicídicos e uma boa hidratação.


Referências

AZEVEDO, D. C. et al. A pubalgia no jogador de futebol. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, v. 5, n. 6, p. 233-238. 1999.

ZIDE, M. R. et al. Pubalgia: Causas e possibilidades terapêuticas. Fisioterapia Brasil, v. 3, n. 3, p. 403-414. 2002.

MAGALHÃES, F. Características do sistema musculoesquelético de atletas com pubalgia: uma revisão da literatura. 2013. Monografia (Especialização em Ortopedia) – Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2013.

VALENT, A. et al. Insertional tendinopathy of the adductors and rectus abdominis in athletes: a review. Muscles, Ligaments and Tendons Journal, v. 2, n. 2, p. 142-148. 2012.

Dr. Carlos Roberto Babá

CRM-SP 47825 / RQE 12910, 19925.

Médico especialista em Ortopedia, Traumatologia e Acupuntura.

Médico Colaborador do Grupo de Dor do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP).

Membro Titular da Sociedade Brasileira de Ortopedia (SBOT).

Atuação na Área Clínica e de Ensino Médico.

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Dr. Carlos Roberto Babá

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CRM-SP 47825 / RQE 12910, 19925.

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Médico Colaborador do Grupo de Dor do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP).

Membro Titular da Sociedade Brasileira de Ortopedia (SBOT).

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