Estiramento na Virilha

UM ESTIRAMENTO na virilha, também chamado de distensão na virilha, refere-se a uma lesão muscular na parte interna da coxa.

A virilha é uma área do corpo que promove a ligação entre o abdômen e os membros inferiores, sendo constituída por muitos músculos, ligamentos, tendões e fáscias, inseridos no púbis ou na sínfise púbica. Existem cinco músculos na virilha, conhecidos como grupo muscular adutor, que se estendem para a parte interior do osso da coxa, o fêmur.

Os músculos da virilha são importantes para muitos tipos de atletas, então um estiramento na virilha é comum nesse grupo de pessoas, especialmente jogadores de futebol, nadadores e velocistas.

Isso acontece porque esses esportes exigem um uso intenso da musculatura adutora durante os treinamentos e competições.


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O músculo adutor longo é frequentemente o mais afetado durante um estiramento na virilha.

Os estiramentos na virilha podem ser classificados em 3 graus, dependendo da gravidade da condição.

  • Grau 1: consiste em uma dor leve sem perda de função ou força;
  • Grau 2: consiste em uma dor moderada com leve ou moderada perda de força e dano tecidual. Uma hemorragia ou inchaço podem ser observadas no local afetado, alguns dias após a lesão;
  • Grau 3: consiste em uma dor intensa caracterizada por uma severa perda de força e função em razão da ruptura total do músculo. As lesões apresentam-se com margens desgastadas e retração das fibras musculares rompidas.


Quais os sintomas da distensão na virilha?

Os sintomas podem variar entre uma dor incômoda ou aguda. Os principais sintomas da distensão na virilha, ou estiramento na virilha, incluem:


Diagnóstico

O médico inicia o diagnóstico obtendo um histórico do paciente e, depois, realiza um exame físico. Na avaliação física, é comum observar sensibilidade à palpação com edema focal dos adutores, bem como redução da força adutora e dor com adução resistida. 

Durante o exame físico, o médico solicitará que o paciente fique em pé para avaliar o alinhamento das extremidades.

O paciente deve então deitar em decúbito dorsal para o médico conseguir observar o movimento da articulação do quadril e a flexibilidade dos músculos da virilha e do quadril. 

Caso o músculo adutor esteja realmente lesionado, o paciente sentirá dor na virilha através da resistência à adução da perna e pelo alongamento passivo na abdução total do quadril. 

O teste de força isométrica em flexão de quadril e a palpação acima do ligamento inguinal podem avaliar a dor, força e flexibilidade do músculo iliopsoas.

A palpação da inserção do músculo abdominal no osso púbico, palpação na articulação da sínfise e um teste funcional em que o paciente é solicitado a sentar podem avaliar a dor e força associadas aos músculos abdominais.

Exames de imagem não são necessários, mas pode ser úteis para descartar patologias relacionadas ao diagnóstico diferencial.

Através do exame de radiografia, é comum observar achados anormais ao redor da sínfise púbica, como edema da medula óssea púbica. Atletas assintomáticos também podem apresentar esses resultados radiológicos.


Tratamento

Geralmente, um estiramento na virilha costuma se curar sozinho, mas quanto mais cedo é tratado, idealmente nas primeiras 48 horas após a lesão, mais rapidamente o inchaço e a dor serão resolvidos.

O tratamento se baseia principalmente em descanso da perna e aplicação de compressas de gelo. O gelo é um anti-inflamatório natural, então aplicá-lo sobre a área afetada auxilia na redução da dor e inchaço.

O recomendado é aplicar por 20 minutos a cada 3 horas, até que a dor cesse. Lembre-se: não aplique o gelo diretamente sobre a pele, pois isso poderá causar queimaduras.

Outro método que pode ajudar na aceleração da cura de distensão na virilha é o uso de bandagem elástica, uma excelente opção para tratar lesões musculares, que age aumentando a pressão nas articulações e músculos circundantes da área afetada, o que promove alívio da dor.

Medicamentos anti-inflamatórios não esteroides e analgésicos também ajudam a aliviar a dor e o inchaço, desde que não utilizados a longo prazo, devido aos efeitos adversos.


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Seu médico também poderá recomendar um programa de fisioterapia com exercícios de alongamento suave e fortalecimento para auxiliar na cicatrização dos tecidos.


Prevenção

Visto que as distensões na virilha podem ser bem dolorosas e debilitantes, você deve querer evitar e conhecer medidas de prevenção. Logo, preste atenção na seguintes dicas:

Quando devo procurar um médico?

Consulte um médico se os sintomas de distensão na virilha forem graves, a ponto de provocar dor em repouso e dificuldades para andar.

Sintomas graves de distensão na virilha precisam ser avaliados por um médico, pois pode ter ocorrido a ruptura muscular total.

Nesse caso, é necessário que seja realizado um tratamento cirúrgico para recolocar as extremidades rompidas do músculo. Raramente a cirurgia é necessária, mesmo em pacientes com distensão de grau 3 na virilha, pois esses pacientes, em sua maioria, respondem bem ao tratamento conservador.

Caso você não tenha certeza de que se trata realmente de uma distensão na virilha e os sintomas persistirem, procure um médico para que ele realize um diagnóstico adequado, pois outras doenças podem ser confundidas com distensão na virilha.


 Referências

HOLMICH, P. Groin injuries in athletes – development of clinical entities, treatment, and prevention. Danish Medical Journal, v. 62, n. 12, 2015.

KIEL, J.; KAISER, K. Adductor Strain. StatPearls Publishing, Treasure Island, 2018.

SISSONS, C. What can you do about a groin strain?. Medical News Today, 2018.

VALENT, A. et al. Insertional tendinopathy of the adductors and rectus abdominis in athletes: a review. Muscles, Ligaments and Tendons Journal, v. 2, n. 2, p. 142-148. 2012.

Dr. Andrew Seung Ho Park

CRM-SP: 157730 RQE: 67991 | Médico especialista em Fisiatria e Acupuntura. Residência Médica de Fisiatria pelo HC-FMUSP. Residência Médica em Neurofisiologia Clínica pelo HC-FMUSP. Pós-Graduação em Dor pelo Centro de Dor do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Professor Colaborador do CEIMEC – Centro Integrado de Estudo em Medicina Chinesa. Membro Titular da Sociedade Brasileira de Medicina Física e Reabilitação (SBMFR).

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Dr. Andrew Seung Ho Park

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CRM-SP: 157730 RQE: 67991 | Médico especialista em Fisiatria e Acupuntura. Residência Médica de Fisiatria pelo HC-FMUSP. Residência Médica em Neurofisiologia Clínica pelo HC-FMUSP. Pós-Graduação em Dor pelo Centro de Dor do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Professor Colaborador do CEIMEC – Centro Integrado de Estudo em Medicina Chinesa. Membro Titular da Sociedade Brasileira de Medicina Física e Reabilitação (SBMFR).

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