Caroço Dolorido no Pescoço – O que pode ser?

CAROÇO DOLORIDO NO PESCOÇO

Sentir um nódulo no pescoço pode gerar preocupações e até fazer pensar na possibilidade de ser um tumor cancerígeno. No entanto, há diversas outras origens para protuberâncias nessa região.

Embora muitas vezes essas protuberâncias sejam benignas e temporárias, é importante avaliar vários aspectos para assegurar o estado de saúde e o bem-estar.

Neste artigo, abordaremos algumas das razões que podem levar ao surgimento de um caroço dolorido no pescoço:

1. Linfonodo Inchado ou Inflamado

Quando você não está se sentindo bem, como quando está prestes a ficar doente, é possível perceber algum inchaço nas laterais do pescoço. Esses caroços provavelmente apresentam uma textura macia e sensibilidade ao toque, podendo causar um leve desconforto.

São, na verdade, gânglios linfáticos inchados. Os linfonodos são pequenas glândulas de defesa localizadas em diversas partes do corpo, incluindo o pescoço. Eles podem inflamar em resposta a infecções, como resfriados, gripes ou problemas dentários, resultando em nódulos dolorosos no pescoço.

Geralmente, a maioria dos gânglios linfáticos inchados não é motivo de preocupação e tende a diminuir à medida que a infecção é tratada. Os profissionais de saúde costumam se preocupar com gânglios linfáticos aumentados quando não há motivo aparente. Se você observar uma região considerável e inchada, mas não estiver se sentindo mal e não tiver tido resfriado, gripe ou outra infecção recente, é recomendado consultar um médico.

2. Infecções na Garganta

CAROCO DOLORIDO NO PESCOCO 1

Infecções bacterianas ou virais na garganta, como amigdalite ou faringite, podem levar ao inchaço dos linfonodos no pescoço.

A amigdalite, também conhecida como inflamação das amígdalas, é uma condição comum. Para a maioria dos pacientes, a amigdalite é autolimitada. Dado que as causas virais são frequentes, o tratamento primordial da amigdalite aguda envolve medidas de suporte, como analgésicos e hidratação. A hospitalização dos pacientes é rara. Medicamentos como anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) podem proporcionar alívio dos sintomas. Em alguns casos, corticosteroides podem ser considerados como terapia complementar para reduzir a dor e acelerar a recuperação.

A faringite é a inflamação das membranas mucosas da parte posterior da garganta, conhecida como orofaringe. A grande maioria dos casos de faringite é desencadeada por vírus, tais como o vírus do resfriado comum ou o vírus sincicial respiratório (VSR). O foco principal do tratamento consiste geralmente em aliviar os sintomas e permitir que o organismo combata a infecção naturalmente.

Em casos raros, a faringite pode ser causada por infecções bacterianas, como a faringite estreptocócica. Nesses casos, a terapia pode envolver o uso de antibióticos para eliminar as bactérias responsáveis pela infecção. Os antibióticos devem ser reservados para pacientes com teste positivo para estreptococos beta-hemolíticos do grupo A, particularmente em crianças, baseado em resultados de cultura ou teste rápido de detecção de antígeno.

3. Cistos e Pelos Encravados

Caroços dolorosos no pescoço podem surgir devido a cistos sebáceos ou pelos encravados, causando desconforto e sensibilidade.

O cisto epidermoide, também chamado de cisto sebáceo, é um nódulo encapsulado e benigno que se desenvolve abaixo da pele, contendo material queratinoso. Esses cistos ocorrem quando uma glândula sebácea fica obstruída, levando à acumulação de sebo sob a pele. As glândulas sebáceas produzem óleo (sebo) para manter a pele e cabelo hidratados. Quando a abertura da glândula é bloqueada, pode ocorrer a formação de um cisto. No pescoço, esses cistos podem causar sensação de pressão ou dor. Se um cisto estiver causando dor ou inflamação, um médico pode drená-lo para aliviar os sintomas.

Por outro lado, pelos encravados ocorrem quando um fio de cabelo cresce para dentro da pele em vez de sair pela superfície. Isso pode resultar em nódulos avermelhados e dolorosos, conhecidos como cistos foliculares ou abscessos. Os pelos encravados podem surgir após procedimentos de depilação, barbear ou cortar cabelo.

4. Inflamação Muscular

CAROCO DOLORIDO NO PESCOCO 2

A inflamação muscular ocorre quando há inflamação nos tecidos musculares, seja por lesões, tensões, esforços excessivos ou condições médicas específicas. No caso dos músculos do pescoço, essa inflamação pode ocasionar o aparecimento de nódulos ou inchaços dolorosos. Geralmente, esses nódulos são sensíveis ao toque e podem ser sentidos sob a pele.

Algumas condições médicas, como fibromialgia e miosite (inflamação muscular), podem levar à inflamação crônica dos músculos, resultando em nódulos ou protuberâncias no pescoço. Manter uma postura inadequada por longos períodos também pode causar tensão muscular no pescoço, o que pode desencadear inflamação e o surgimento de nódulos.

5. Infecções Bacterianas ou Virais Graves

Algumas infecções bacterianas ou virais mais graves, como a mononucleose infecciosa ou infecções oportunistas em pessoas com sistema imunológico enfraquecido, podem causar linfonodos inflamados e doloridos no pescoço.

A mononucleose infecciosa é uma condição clínica marcada por dor de garganta, aumento dos gânglios linfáticos no pescoço, fadiga e febre, frequentemente observada em adolescentes e jovens adultos, com duração de várias semanas. Pode ser causada por vários agentes infecciosos, sendo o vírus Epstein-Barr o principal responsável.

A transmissão ocorre principalmente por contato íntimo através da saliva, daí o termo “doença do beijo”. No entanto, também pode ser transmitida através de objetos contaminados, como utensílios ou copos.

Não há tratamento específico para a mononucleose. Geralmente, o foco é aliviar os sintomas. Em certos casos, quando há complicações como ruptura do baço, a hospitalização pode ser necessária.

6. Doenças Autoimunes

CAROCO DOLORIDO NO PESCOCO 3

Algumas condições autoimunes podem levar ao inchaço dos linfonodos, como é o caso do lúpus ou da artrite reumatoide.

O lúpus eritematoso sistêmico, por exemplo, é uma doença autoimune caracterizada por seu envolvimento em várias partes do corpo. Vários fatores, como genética, funcionamento imunológico, hormônios e ambiente, desempenham um papel na falha do sistema em reconhecer e respeitar os próprios tecidos.

Isso pode levar à produção de anticorpos que atacam os tecidos do próprio corpo, causando danos de várias maneiras. O tratamento tem como objetivo evitar danos aos órgãos e alcançar a remissão.

Quando Procurar Atendimento Médico

É importante consultar um profissional de saúde se você notar um caroço dolorido no pescoço que:

  • Permanece presente por mais de duas semanas.
  • Continua a aumentar de tamanho ou se torna cada vez mais dolorido.
  • Está associado a outros sintomas, como febre, perda de peso inexplicada, sudorese noturna excessiva ou dificuldade para engolir.

Encontrar um caroço dolorido no pescoço pode gerar desconforto e preocupação, mas na maioria dos casos, está relacionado a causas benignas e temporárias, como infecções ou irritações locais. No entanto, é essencial estar vigilante em relação a quaisquer sintomas adicionais ou mudanças que possam indicar a necessidade de atenção médica.

Um médico será capaz de avaliar de maneira adequada o caroço, realizar exames físicos e, se necessário, solicitar exames complementares para determinar a causa do problema e recomendar o tratamento adequado.

Dra. Juliana Toma

CRM-SP: 156490 / RQE: 65521.
Médica pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP/EPM). Residência Médica em Dermatologia pela UNIFESP. Pós-Graduação em Dermatologia Oncológica pelo Instituto Sírio Libanês (SP).
Fellow em Tricologias, Discromias e Acne pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP).
Pós-Graduação em Pesquisa Clínica pela Harvard Medical School – EUA (Principles and Practice of Clinical Research).

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Dra. Juliana Toma

Dra. Juliana Toma

CRM-SP: 156490 / RQE: 65521.
Médica pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP/EPM). Residência Médica em Dermatologia pela UNIFESP. Pós-Graduação em Dermatologia Oncológica pelo Instituto Sírio Libanês (SP).
Fellow em Tricologias, Discromias e Acne pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP).
Pós-Graduação em Pesquisa Clínica pela Harvard Medical School – EUA (Principles and Practice of Clinical Research).

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