A Inveja no Trabalho: 10 Dicas para lidar com esse sentimento nas organizações

inveja no trabalho

O sentimento de inveja está ligado principalmente a natureza social do ser humano, que se desenvolve pela vontade do indivíduo em ter o que é do outro, estando relacionada a fatores negativos. Na atualidade é objeto de estudo das ciências filosóficas, sociológicas e psicológicas.

Quando se fala de ambiente de trabalho, pode interferir de diversas maneiras, ocasionando prejuízos tanto no convívio social quanto nos processos organizacionais.

Conceito de Inveja

A pretensão do sentimento de inveja é decorrente de aspectos como ambição, desejos financeiros e sociais e a necessidade de se sentir superior em relação ao outro. Outra questão que paira o sentimento de inveja são as comparações entre idade, grau de parentesco e quantidade de posses.

A predileção por esse sentimento nasce do pressuposto de necessidades a serem supridas, a partir da visão de que, há conforto e posição de superioridade.

Culturalmente, o conceito de inveja sempre será intrínseco a todos os seres humanos, porém pela história é tratado como algo pejorativo e destrutivo. Por vários elementos, a inveja é condenada por quem tem a praticado, entretanto, mesmo com concepções prévias, é julgado como ato vergonhoso.

Tipos de Inveja

Para a psicologia existem 3 tipos de inveja: a inveja sublimada, a inveja neurótica e a inveja perversa.

  • Inveja Sublimada: O indivíduo tem consciência do sentimento de inveja e isso não o atrapalha suas relações interpessoais. Ele sabe controlar o sentimento e inibir seus impulsos.
  • Inveja Neurótica: O indivíduo não consegue controlar o sentimento de inveja e seus impulsos.
  • Inveja Perversa: O indivíduo apresenta comportamento sádico com o convívio social.

Ambiente de Trabalho

trabalho inveja

De modo geral, o sentimento de inveja pode estar presente independente de qualquer local que esteja inserido, sendo positiva ou negativa para si ou aqueles que se encontram a sua volta. Nas organizações é um sentimento que tem causado consequências como descaso, perda de produtividade e eficiência, dificuldade nas relações interpessoais e dificuldades após metas e objetivos e influem no clima de trabalho.

Pode parecer curioso, entretanto, existe o lado bom do sentimento invejoso. Ele pode ser praticado quando se tem como predisposição se esforçar para alcançar um objetivo, na premissa de que, se deseja provar uma capacidade ao instinto competitivo, fazendo com a busca pela meritocracia seja um sentimento construtivo.

Aspectos Culturais

Ter eficiência e resultados produtivos nas organizações são metas essenciais nas empresas. Todavia, a pressão que isso resulta cria uma sensação de que o fracasso não pode acontecer entre ambas as partes concorrentes, o pensamento de que a sorte está lançada é algo presente, não havendo, portanto, o reconhecimento sobre o esforço de que se alcançou um alvo.

Alguns autores acreditam que há dois pontos importantes no processo dentro das organizações:

1. A Doutrina do Sucesso: parte-se do princípio de que o sucesso é o ponto-chave da inveja dentro do clima organizacional das empresas. É notável que os ideais de sucesso são invertidos, a pessoa abandona suas crenças em prol de conquistar o sucesso que a organização almeja para si, ocasionando insatisfação e inveja aos seus colaboradores.

2. A Denúncia e a Delação como Consequências da Inveja: aqui a pessoa se sente superior pela posição adquirida. Valores éticos e normativos são encarados como sinônimos da inveja. A pessoa é vista com evolução no trabalho e isso gera um sentimento negativo no outro, fazendo com que a pessoa mal-intencionaa sinta a necessidade de boicotar com ataques e julgamentos.

Sentimento de Inveja – Recorrente nas organizações

sentimento de inveja no trabalho

Infelizmente, o sentimento de inveja tem sido bastante recorrente nas organizações e além disso, difundida amplamente em diversos locais de trabalho com relutância ignorada por gestores. Esse sentimento está vinculado a hostilidade, narcisismo, autoestima, depressão e ansiedade, bem-estar psicológico e saúde mental.

Pesquisas indicam que esse sentimento tende a surgir no trabalho pois, existe competitividade por recursos escassos, falta de tempo e reconhecimento do trabalho com promoções, diminuindo como consequência a aproximação de laços de amizade e troca de conhecimento entre os colaboradores.

Atitudes e Orientações

Algumas atitudes e orientações recomendadas aos gestores com o intuito de evitar o reforçamento do comportamento invejo nas equipes de trabalho. Há 10 dicas acerca do sentimento e manejo nas organizações:

  • Dica 1. Incentivar os funcionários a serem respeitados, com a sensação de que são apreciados e de que a recompensação ocorrera de maneira justa;
  • Dica 2. Minimizar comparações no ambiente de trabalho;
    Dica 3. Trabalhar o reconhecimento das especificidades do trabalho elaborado por cada indivíduo;
  • Dica 4. Valorizar as habilidades de cada funcionário;
  • Dica 5. Procurar garantias de que cada colaborador reconheça seu lugar na instituição e se sinta seguro nele;
  • Dica 6. Evitar que aconteça enobrecimento de alguns funcionários em prol de outros dento da equipe;
  • Dica 7. Procurar não expor sentimentos de inferioridade, uma vez que, podem reafirmar associação com deficiências e limitações;
  • Dica 8. Não introjetar elementos narcisistas levando a fundo e contaminando o ambiente;
    Dica 9. Facilitar que colaboradores possam se posicionar coerentemente no quadro profissional;
    Dica 10. Reduzir falhas que podem gerar dramas no clima da empresa e assim criar a oportunidade aos funcionários tentarem de novo.

Há empresas que se aproveitam de práticas gerenciais motivacionais baseadas no cultivo do sentimento da inveja, desempenhando um jogo inconsciente de status entre os colaboradores.

Quando isso ocorre, a fluidez das relações interpessoais e o comportamento de negligenciar componentes como a criatividade e a colaboração, essencialmente fundamentais no processo de trabalho em equipe, se tornam um desafio pela dúvida de superar suas próprias habilidades de autonomia no emprego e reduzir comparações no trabalho com o outro.

A destarte, o contexto organizacional onde a inveja está contida deve ser gerenciada com estratégias por meio de elementos individuais e organizacionais, pois, o sentimento invejoso é marcado pela sensação não equitativa de recursos não injustos ou merecidos, gerando frustração e decepção.

Práticas realizadas quando há o comportamento invejoso: Sucesso a todo custo; Desvalorização; Negação; Idealização e Projeção. Nas organizações ocorre: Individualismo; Estruturas fechadas; Autoritarismo; Privilégios e Ostentações; Polarizações e Politizações; Mentiras e Boatos.

Pensando nisso, do ponto de vista organizacional, alguns especialistas elencam fatores preponderantes que reduziriam a inveja no ambiente de trabalho, são eles:

  1. Cooperar e trabalhar em equipe;
  2. Participar da gestão;
  3. Ter flexibilidade e autonomia;
  4. Cultivo de programas de salários redondos;
  5. Participar dos lucros;
  6. Administrar a negociação de conflitos;
  7. Ter o reconhecimento da avaliação de méritos e potenciais;
  8. Criar sistemas de informação.

É possível dizer que o invejoso encarna sentimentos de ressentimento que podem distorcer certos pontos de compreensão dentro das relações de trabalho. Isso se deve ao fato, da pressão e da produtividade que as empresas colocam em seus funcionários em prol de rendimentos acima da média.

Alguns especialistas listam tais fatores que costumam gerar dificuldades pela complexidade de categorias de conflito nas organizações:

  1. a) Diferenças entre metas e aspirações conscientes identificadas no indivíduo ou no grupo;
  2. b) Divergências de percepção da realidade de trabalho, do ambiente e clima;
  3. c) Dificuldade e tomar de decisão em conjunto duvidando de pares;
  4. d) Dúvida do sistema de recompensa da organização, criticando processos e sistemas;
  5. e) Integração de diversos grupos em múltiplas atividades;
  6. f) Obstáculos de comunicação em termos de semântica;
  7. g) Conflitos na avaliação de desempenho, julgando alicerces de trabalho;
  8. h) Ambiguidades na sugestão de tarefas;
  9. i) Verificação de trações de habilidades pessoais.

REFERÊNCIAS:

  1. Beck, N. G. (1998). A inveja: um comportamento esquecido nas organizações. Revista Teoria e Evidência Econômica, 5(10).
  2. González-Navarro P, Zurriaga-Llorens R, Tosin Olateju A, Llinares-Insa LI. Envy and Counterproductive Work Behavior: The Moderation Role of Leadership in Public and Private Organizations. Int J Environ Res Public Health. 2018 Jul 10;15(7):1455.
  3. GERENCIAIS, T. E. P., & DOS SANTOS, H. A. A INVEJA COMO FATOR MOTIVACIONAL NAS ORGANIZAÇÕES.
    Silva, M. D. S., Roazzi, A., de Souza, B. C., & do Nascimento, A. M. (2020). INVEJA, BEM-ESTAR SUBJETIVO E SAÚDE MENTAL NOS LOCAIS DE TRABALHO. Amazônica-Revista de Psicopedagogia, Psicologia escolar e Educação, 25(2, jul-dez), 390-411.
  4. SILVA, M. D. S. (2020). Inveja, bem-estar subjetivo e saúde mental no local de trabalho de professores universitários.
  5. Vasconcellos, E., & Kalinowski, L. F. A. (1985). Conflitos entre linha e apoio em organizações de pesquisa: causas e sugestões de solução. Revista de Administração, 20(3), 53-63.

Adhila Carlos Oliveira de Espírito

CRP 06/109972
Psicóloga.
Experiência em Triagem, Atendimento e Pesquisa de Saúde Mental pela Universidade Federal de São Paulo/Escola Paulista de Medicina. Atuação na Área de Psicologia com Avaliação e/ou Atendimento Psicológico e
Acompanhamento Terapêutico de Alta Complexidade em Equipamentos de Saúde de Nível Terciário ou Autônomo.
Colaboração em Pesquisa Científica de Projetos da Área da Saúde e Atividades Acadêmicas Correlatas, a saber: Medicina Preventiva, Psiquiatria e Psicobiologia.

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Adhila Carlos Oliveira de Espírito

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Experiência em Triagem, Atendimento e Pesquisa de Saúde Mental pela Universidade Federal de São Paulo/Escola Paulista de Medicina. Atuação na Área de Psicologia com Avaliação e/ou Atendimento Psicológico e
Acompanhamento Terapêutico de Alta Complexidade em Equipamentos de Saúde de Nível Terciário ou Autônomo.
Colaboração em Pesquisa Científica de Projetos da Área da Saúde e Atividades Acadêmicas Correlatas, a saber: Medicina Preventiva, Psiquiatria e Psicobiologia.

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