PEDRA NA VESÍCULA, chamada também de cálculos biliares ou colelitíase, consiste em pedras formadas por colesterol e bilirrubina que se formam na vesícula biliar. No momento em que as substâncias na bile atingem seus limites de solubilidade, é quando as pedras se formam.
A vesícula biliar vai se tornando supersaturada, precipitando-se em pequenos cristais. Quando a bile não é totalmente drenada da vesícula, formam-se os cálculos biliares.
Grande parte dos pacientes com pedra na vesícula são assintomáticos, onde 10% desses indivíduos desenvolverão sintomas dentro de cinco anos e 20% deles apenas dentro de 20 anos, após o diagnóstico.
Os principais fatores de risco para ter pedra na vesícula incluem:
- O aumento da idade. Inclusive, estudos já demonstraram que mulheres com idade acima de 60 anos têm mais chances de desenvolver pedras na vesícula;
- Ser mulher;
- Obesidade;
- Sedentarismo;
- Perda de peso muito rápida;
- Síndrome metabólica;
- Jejum prolongado;
- Dieta rica em gordura;
- Dieta rica em colesterol;
- Dieta pobre em fibras;
- Ter diabetes;
- Gravidez, pois a progesterona reduz a contratilidade da vesícula biliar;
- Cirurgia bariátrica;
- Doença de Crohn;
- Fatores genéticos, ou seja, ter histórico familiar de cálculos biliares;
- Uso de alguns medicamentos, como estrogênios, especialmente mulheres que fazem uso de anticoncepcionais ou terapia hormonal.
Quais são os sintomas de pedra na vesícula?
Na maioria dos casos, os pacientes com cálculos biliares são assintomáticos, geralmente descobrindo a condição por acaso através de exames de rotina.
Os assintomáticos podem permanecer assim longos períodos, até que se descubra a existência dos cálculos biliares.
Os sintomas e as complicações de cálculos biliares acontecem quando as pedras obstruem o ducto cístico, os ductos biliares ou ambos. Quando há sintomas, é comum sentir dor abdominal na região direita após a ingestão de alimentos gordurosos ou condimentados, além de náuseas e vômitos.
A dor pode ainda se manifestar na região epigástrica, irradiando para a escápula direita ou para o meio das costas.
Às vezes, a dor nas costas ou dor lombar pode ser confundida com outros problemas de saúde, mas a dor lombar crônica é um dos sintomas de colecistite crônica. Um estudo realizado por Bobé-Armant e colaboradores, publicado pelo Journal of Family Medicine and Primary Care, apresentou um caso de dor lombar identificada como colelitíase. Um homem de 47 anos apresentava dor nas costas subescapular e paralombar há 9 meses. Era uma dor permanente e persistente, com exacerbações muito intensas.
Devido a esse sintoma, foi realizada uma ultrassonografia abdominal, que revelou esteatose hepática e vesícula biliar com múltiplos cálculos internos. Foi realizada uma colecistectomia, que revelou vesícula biliar com grande número de cálculos biliares, confirmando então o diagnóstico de colecistite crônica.
A dor nas costas afeta aproximadamente 80% dos adultos em algum momento de sua vida, em todas as idades. Pode ser a manifestação de várias condições médicas envolvendo a região torácica ou um processo abdominal, como é o caso de pedra nas vesículas.
Por isso, causas não vertebrais, como a presença de cálculos biliares, precisam ser consideradas em pacientes que sentem dor nas costas. Os médicos devem sempre estar atentos aos sintomas atípicos de doenças comuns, para evitar atrasos no diagnóstico. Cálculos biliares precisam ser considerados em pacientes com dor lombar incômoda e indefinida, mesmo que os exames físicos estejam normais na região torácica posterior e área lombar.
A ultrassonografia abdominal é indicada como o primeiro procedimento na suspeita de cálculos biliares, uma vez que a tomografia computadorizada tem uma sensibilidade muito baixa para sua detecção.
Como é o tratamento para pedra na vesícula?
Se os cálculos biliares forem pequenos, podem até mesmo ser eliminados do organismo por conta própria, mas alguns medicamentos e a adoção de uma dieta mais saudável e equilibrada também são úteis e indicados para esse caso, ou para casos assintomáticos.
Quando isso não é possível, o padrão de tratamento é a abordagem laparoscópica. É uma intervenção cirúrgica onde é feito um pequeno corte no abdômen, por onde o cirurgião irá colocar uma câmera para conseguir retirar a vesícula sem a necessidade de um corte maior.
Quando não for aconselhável realizar o procedimento laparoscópico, a opção mais adequada é a colecistectomia aberta.
Prevenção
Para prevenir pedras na vesícula, existem algumas mudanças no estilo de vida que podem ser benéficas:
- Exercícios físicos regulares, por pelo menos 30 minutos, algumas vezes por semana, ajudam a prevenir pedras na vesícula;
- Uma dieta saudável rica em gorduras boas e em fibras deve ser adotada. Um estudo publicado no Alternative Medicine Review, em 2009, inclusive citou que a suplementação diária de fibra reduz a saturação de colesterol da bile. Além disso, a dieta vegetariana é capaz de diminuir o risco do desenvolvimento de pedras na vesícula;
- Deve-se manter um peso adequado;
- Mulheres que fazem uso de anticoncepcionais hormonais devem conversar com seus médicos para analisarem os riscos de desenvolver cálculos biliares;
- E não esqueça: realize regularmente exames para medir seus níveis de colesterol.
Referências:
BOBÉ-ARMANT, F. et al. Cholelithiasis presented as chronic right back pain. Journal of Family Medicine and Primary Care, v. 3, n. 4, p. 458-460. 2014.
GABY, A. R. Nutritional Approaches to Prevention and Treatment of Gallstones. Alternative Medicine Review, v. 14, n. 3, p. 258-267. 2009.
JONES, M. W.; WEIR, C. B.; GHASSEMZADEH, S. Gallstones (Cholelithiasis). National Library of Medicine, StatPearls, 2022.