Metformina ajuda a engravidar?

Ao usar a metformina no tratamento da Síndrome dos Ovários Policísticos, os ciclos menstruais são regulados e a ovulação é restaurada, aumentando assim as chances de uma gravidez bem-sucedida. Além disso, ela também diminui a possibilidade de aborto.

METFORMINA é um medicamento aprovado em 1994 pela FDA, indicado para o tratamento do diabetes mellitus tipo 2. Esse medicamento reduz os níveis de glicose no sangue, diminuindo a produção de glicose no fígado e a absorção intestinal, além de aumentar a sensibilidade à insulina. 

A metformina age através de liberação imediata e prolongada, sendo utilizada em diversos produtos combinados com outros medicamentos antidiabéticos.

Não é indicada para o diabetes mellitus tipo 1 e, normalmente, para o diabetes tipo 2, a recomendação é modificar o estilo de vida com exercícios e dieta.


Para que a metformina é indicada?

O medicamento é usado como monoterapia ou em combinação quando as atividades físicas e a dieta não são eficazes na redução da hiperglicemia. 

Usos da metformina
Tratamento da diabetes tipo 2
Gerenciamento de perda de peso
Redução dos níveis de hemoglobina A1c em pessoas com diabetes tipo 2
Pode reduzir o risco de câncer
Pode reduzir o risco de doenças cardiovasculares


Outros usos da metformina

Além de ser utilizada para o tratamento do diabetes tipo 2, a metformina também tem outras indicações, mas que ainda não são aprovadas cientificamente pela FDA, incluindo: controle do ganho de peso induzido por antipsicóticos, diabetes gestacional e tratamento da Síndrome dos Ovários Policísticos.

Sobre as possíveis indicações, o medicamento vem sendo estudado para contribuir nos efeitos antienvelhecimento, anticancerígenos e neuroprotetores.

Nome do medicamentoUsosEfeitos colaterais
MetforminaTratamento da síndrome dos ovários policísticos (SOP)Diarreia, náusea, vômito, dor abdominal, dor de cabeça, fraqueza, perda de apetite, gosto metálico na boca e erupção cutânea


Infertilidade e Síndrome dos Ovários Policísticos

Uma das principais causas da infertilidade é a Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP). Mulheres com SOP, além de terem dificuldade para engravidar, tendem a apresentar graus de resistência à insulina.

O medicamento metformina ajuda nesses casos por diminuir os níveis de insulina, reduzindo também os níveis de hormônio luteinizante e andrógeno, o que ajuda a normalizar o ciclo menstrual.

Inclusive, mulheres na pré-menopausa devem ficar alertas ao usar metformina, pois aumenta o potencial de gravidez.

A Síndrome dos Ovários Policísticos costuma provocar a estimulação inadequada dos ovários, inibindo a maturação folicular e, consequentemente, a liberação dos óvulos.


Riscos da Síndrome dos Ovários Policísticos

Mulheres com Síndrome dos Ovários Policísticos também apresentam um risco maior de terem diabetes gestacional, parto prematuro, pré-eclâmpsia, aborto espontâneo e natimorto. Além disso, a obesidade aumenta ainda mais esses riscos.

Visto que a metformina ajuda a regular os ciclos menstruais e permite a ovulação, por esse motivo, esse medicamento pode aumentar as chances de engravidar, diminuindo inclusive o risco de abortos espontâneos.

Se a mulher engravidar, fica a critério do obstetra em definir com cuidado se a paciente deve manter ou suspender o medicamento durante a gestação.

RiscoDescrição
InfertilidadeAs mulheres com SOP têm dificuldade em conceber devido à falta de ovulação.
Aborto espontâneoMulheres com SOP têm maior probabilidade de abortar.
Diabetes GestacionalPode aumentar o risco de desenvolver diabetes gestacional durante a gravidez.
Pressão AltaA SOP pode causar pressão alta e aumentar o risco de desenvolver hipertensão.
Doença CardiovascularCorrem um risco maior de desenvolver doenças cardíacas, derrame e colesterol alto.
Apnéia do SonoAs mulheres com SOP têm maior probabilidade de sofrer de apneia do sono devido ao ganho de peso.
Depressão e ansiedadeA SOP pode levar à depressão e ansiedade devido a desequilíbrios hormonais.
Câncer de endométrioRisco aumentado de câncer de endométrio devido à menstruação irregular.


Metformina para ajudar a engravidar

Vale destacar que o aumento da ovulação que a metformina pode fornecer não significa necessariamente que a mulher irá ter o sucesso da gravidez.

A melhor opção para ajudar a engravidar é realizar uma combinação de metformina com outros medicamentos para fertilidade, como Clomid e Letrozol.

Gonadotrofinas injetáveis ​​combinadas com metformina também ajudam a aumentar a taxa de natalidade em até 60% em mulheres.

  • A metformina é um medicamento prescrito usado para auxiliar no controle dos níveis de açúcar no sangue em mulheres grávidas.
  • A metformina tem sido usada para reduzir o risco de diabetes gestacional, um tipo de diabetes que ocorre apenas durante a gravidez.
  • A metformina geralmente é considerada segura quando tomada conforme prescrito para mulheres grávidas.
  • A metformina pode ajudar a reduzir o risco de parto prematuro e baixo peso ao nascer.
  • A metformina não é recomendada como forma de controle de natalidade e não deve ser usada para prevenir a gravidez.
  • As mulheres devem consultar seu médico antes de tomar metformina para determinar se é o tratamento certo para elas.


Dose da metformina para engravidar

Sobre a dosagem de metformina, deve ser prescrita apenas pelo médico responsável, conforme as necessidades de cada paciente.

No entanto, geralmente a dose inicial é de 500 mg duas ou três vezes ao dia.


Evidências Científicas

Um estudo publicado no periódico The Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism avaliou 320 mulheres que fizeram tratamento com metformina nas dosagens de 1.500 a 2.000 mg por dia, durante 3 meses antes do tratamento de fertilidade e por mais 9 meses durante o tratamento e até 12 semanas de gestação.

Os resultados demonstraram um aumento na taxa de gravidez de 40,4% para 53,6%, sendo que as mulheres obesas apresentaram maior benefício.

pregnant

Além disso, a taxa de nascidos vivos aumentou em relação às mulheres que receberam metformina. Levando em consideração esses resultados e de estudos posteriores, a obesidade indica ser um fator que causa maior impacto no risco de aborto espontâneo.

A metformina reduz as taxas de abortos espontâneos em mulheres obesas.

Devido a uma grande incidência de obesidade, diabetes tipo 2 e diabetes gestacional, o medicamento metformina é amplamente utilizado, além de ter baixo custo e ser de fácil administração.

No entanto, estudos já estabeleceram que a metformina atravessa a placenta, mas faltam estudos de acompanhamento em crianças que foram expostas ao medicamento no útero.

Efeitos colaterais da metformina

A metformina é considerada um medicamento seguro e bem tolerado. No entanto, alguns efeitos colaterais gastrointestinais são bastante comuns, incluindo náuseas, diarreia e vômito, ocorrendo geralmente em até 30% dos pacientes que fazem uso da medicação.

Com menos frequência, alguns pacientes se queixam de desconforto torácico, dores de cabeça, rinite, diaforese, hipoglicemia e fraqueza.

A diminuição dos níveis de vitamina B12 está relacionada à metformina em longo prazo, devendo ser monitorada, principalmente em pacientes que apresentam anemia ou neuropatia periférica. Então, pode ser necessária a suplementação de vitamina B12 em combinação com a metformina.


Contraindicações

Esse medicamento é contraindicado em pacientes com disfunção renal grave. A dosagem de metformina também deve ser interrompida no dia da realização de qualquer intervenção cirúrgica. Hipersensibilidade ao medicamento e acidose metabólica também são outras contraindicações já relatadas.

A bula da metformina recomenda a descontinuação do medicamento antes de administrar agentes de contraste iodados em pacientes com taxa de filtração glomerular inferior a 60 ml/min.

Depois que a taxa estiver normalizada, a metformina pode ser reiniciada após o procedimento. Devido ao risco de acidose láctica, é recomendado também que ocorra a suspensão da medicação em casos de náuseas, vômitos e desidratação.

As recomendações ainda incluem evitar metformina em pacientes com insuficiência hepática ou insuficiência cardíaca instável. 

Os médicos possuem opiniões diferentes sobre o uso de metformina para tratar a infertilidade. Mais evidências e estudos precisam ser realizados sobre a segurança e os benefícios do uso da metformina para o tratamento da fertilidade e para o uso durante a gestação.

Isso vai ajudar a servir como um guia a todo profissional de saúde que for prescrever esse medicamento na sua prática clínica. Se você tem dificuldade para engravidar, consulte um médico especializado e questione os riscos e possíveis benefícios de fazer tratamento com metformina.

Referências

CORCORAN, C.; JACOBS, T. F. Metformin. National Library of Medicine, StatPearls, 2022.

MORIN-PAPUNEN, L. et al. Metformin improves pregnancy and live-birth rates in women with polycystic ovary syndrome (PCOS): a multicenter, double-blind, placebo-controlled randomized trial. The Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism, v. 97, p. 1492-1500. 2012.

RAPERPORT, C.; CHRONOPOULOU, E.; HOMBURG, R. Effects of metformin treatment on pregnancy outcomes in patients with polycystic ovary syndrome. Expert Review of Endocrinology & Metabolism, v. 16, n. 2, p. 37-47. 2021.

Dra. Juliana Toma

CRM-SP: 156490 / RQE: 65521.
Médica pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP/EPM). Residência Médica em Dermatologia pela UNIFESP. Pós-Graduação em Dermatologia Oncológica pelo Instituto Sírio Libanês (SP).
Fellow em Tricologias, Discromias e Acne pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP).
Pós-Graduação em Pesquisa Clínica pela Harvard Medical School – EUA (Principles and Practice of Clinical Research).

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Dra. Juliana Toma

Dra. Juliana Toma

CRM-SP: 156490 / RQE: 65521.
Médica pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP/EPM). Residência Médica em Dermatologia pela UNIFESP. Pós-Graduação em Dermatologia Oncológica pelo Instituto Sírio Libanês (SP).
Fellow em Tricologias, Discromias e Acne pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP).
Pós-Graduação em Pesquisa Clínica pela Harvard Medical School – EUA (Principles and Practice of Clinical Research).

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