A Organização Mundial da Saúde (OMS) incluiu a obesidade na Classificação Internacional de Doenças (CID), por ser considerada uma doença por predispor o paciente à morte precoce, e por desenvolver outras doenças, além de ser um dos mais graves problemas da saúde.
O diagnóstico da obesidade se dá através do Índice de Massa Corporal (IMC), que segundo a OMS, um IMC acima de 30kg/m² já é considerado indício de obesidade.
Somado ao problema da obesidade, temos os padrões de beleza que surgem de uma forma socialmente impositiva, criando modelos de corpos perfeitos sem pensar nos principais pilares que são saúde e bem-estar.
A sociedade em geral tem preferido um caminho distante de conquistas reais, que envolvem tempo, determinação, esforço físico, a preferência é por um caminho que proporciona um emagrecimento rápido e sem muito esforço.
Portanto, para muitos os remédios emagrecedores são a solução. Mas você sabe quais são os permitidos pela legislação brasileira? E quais são os riscos que o uso indiscriminado representa a saúde?
Os emagrecedores são medicamentos usados para reduzir ou controlar o peso.
No Brasil as três principais substâncias autorizadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), são Sibutramina que age no sistema nervoso central inibindo o apetite, Liraglutida que além de reduzir a fome, diminui o esvaziamento gástrico prolongando a sensação de saciedade e o Orlistat que reduz a absorção de gordura pelo organismo.
Vale lembrar que o uso destas substâncias para o tratamento da obesidade se faz pelo uso offlabel, ou seja, medicamentos que foram criados para outros fins, porém possuem bons resultados na perda de peso.
Destes, apenas medicamentos que tem sibutramina na composição exigem receita controlada, mas que apesar disso qualquer um consegue comprar esses produtos facilmente na internet.
Muitos são amplamente divulgados nas redes sociais e vendidos em sites conhecidos, porém endocrinologistas esclarecem que são medicamentos utilizados para tratamentos médicos, geralmente prescritos a pacientes obesos ou que estejam acima do peso e com doenças associadas.
Não há indicação para pessoas saudáveis que desejam emagrecimento rápido, apenas por estética.
Para pessoas saudáveis que não tem nenhuma comorbidade como sobrepeso, a indicação é de mudança de estilo de vida, reeducação alimentar e incluir constância na atividade física.
Quais São Os Riscos Que O Uso Destes Medicamentos Representa A Saúde?
De acordo com a presidente do Departamento de Obesidade da Sociedade Brasileira de Endocrinologia, Maria Edna de Melo, os riscos do uso indiscriminado desses medicamentos tendem a aumentar a frequência cardíaca, aumentar da pressão arterial, causar doenças hepáticas e renais, arritmia cardíaca, derrame cerebral e infarto.
Avaliando os medicamentos já mencionados e permitidos pela ANVISA, podem oferecer efeitos colaterais incômodas e até mesmo aumentar o risco de problemas graves, por exemplo:
Sibutramina: causa dores de cabeça, insônia, taquicardia, ansiedade e pode elevar a pressão arterial, aumentando o risco de infarto e derrame.
Liraglutida: provoca enjoo, tontura, vômitos, baixa pressão arterial e diarreia.
Orlistat: aumenta a produção de gases, urgência para evacuar e cólicas abdominais.
Além disso, existe também, algumas doenças associadas à perda de peso repentina como doenças intestinais (úlceras e doenças de Crohn), doenças neurológicas (demência e doença de Parkinson), problemas na tireoide, como hipertireoidismo, doenças de Addison (distúrbios na glândula adrenal); diabetes e depressão.
Em 2011 a ANVISA retirou do mercado inibidores de apetite do tipo Anfepramona, Femproporex e Mazindol que são drogas sintéticas anorexígenas e derivadas da anfetamina, que são medicamentos muito antigos, sem muitos estudos sobre segurança e que podem causar dependência, devido sua ação estimulante, aumento da pressão arterial e problemas psiquiátricos, delírios e crises de ansiedade.
O Uso de Laxantes Emagrece? Quais São Os Riscos?
Embora muitas pessoas façam o uso de laxantes com o objetivo de emagrecer, este medicamento serve para tratar prisão de ventre.
Portanto não promovem a perda de gordura, mas sim um esvaziamento gástrico devido à perda de líquidos dando uma falsa sensação de perda de peso, devido à redução do inchaço.
O uso contínuo de laxantes irrita a mucosa intestinal e consequentemente prejudica a microflora. Além disso, causa desidratação, diarreia, cólicas intensas, hemorroidas, bem como a perda de micronutrientes devido à má absorção.
Em casos mais graves o uso indiscriminado de laxantes pode tornar o organismo dependente, o intestino fica ainda mais lento e preguiçoso, passando a funcionar apenas se o paciente fizer uso do medicamento.
Como consequência, outros efeitos indesejados vão surgindo como disbiose, problemas renais, doenças autoimunes e síndrome do intestino irritável.
Afinal, Existe Medicamento Natural Para Emagrecer?
Existem inúmeras publicidades dos “medicamentos naturais”, “fitoterápicos” milagrosos para emagrecimento, chás ou ervas emagrecedoras que são apresentados como produtos naturais.
Por isso, é importante estar atento a estes tipos de medicamentos que prometem emagrecimentos rápidos de forma “natural”, esta é com toda certeza uma publicidade enganosa, afinal não existe medicamento milagroso, tampouco fitoterápico ou ervas que tenham comprovação científica sob inibição do apetite.
Vale ressaltar que, em sua maioria, possuem princípios ativos que atuam no sistema nervoso central inibindo o apetite, em muitos casos, essas substâncias não estão mencionadas no rótulo.
Após alguns casos de mortes por hepatite fulminante, doenças hepáticas associados ao uso de chás emagrecedores, a ANVISA fez um levantamento destes produtos que são comercializados de forma irregular e disponibilizou uma lista atualizada de emagrecedores irregulares e produtos similares aos “50 ervas”, a fim de evitar a vulnerabilidade do consumidor diante da publicidade enganosa, além do uso indiscriminado podendo levar a morte.
Emagrecer Com Responsabilidade
Em suma, caso você esteja pensando em tomar algum medicamento para emagrecer, não faça isso sozinho.
É recomendado que procure um endocrinologista, pois ele é o especialista recomendando para tratar obesidade, sobrepeso ou doenças associadas.
Com o acompanhamento médico será possível identificar se há alguma alteração hormonal que esteja impedindo o seu processo de emagrecimento, se existe a possibilidade de utilizar algum medicamento para auxiliar este processo, bem como avaliar a segurança e eficácia do tratamento.
Os emagrecedores que são permitidos devem ser vistos como uma ferramenta útil, e como um auxílio para a perda de peso para os pacientes que realmente tem indicação para o tratamento, e não como um milagre.