Para Que Serve Um Exame de Proteína C Reativa?

proteína Creativa (PCR) é uma proteína produzida pelo fígado que, geralmente, está aumentada quando existe algum tipo de processo inflamatório.

Primeiramente, precisamos entender o que é a proteína c reativa (PCR) ou C- Reactive Protein (CRP), trata- se de uma proteína plasmática de fase aguda. É uma das diversas proteínas componentes do nosso organismo que atuam com as reações do nosso do sistema imunológico.

Descoberta em 1930, a partir do soro de pacientes com pneumonia em processo de infecção aguda.

No início os pesquisadores acreditavam que o próprio patógeno secretava a PCR. Com o avanço da medicina concluiu-se que sua síntese era, de fato, hepática.


A Proteína C Reativa

A proteína c reativa, possui um poder de se ligar a outras substâncias (cromatina) que estão presentes nas superfícies de células em apoptose, ou, nas bactérias se ligam às fosfocolinas.

Possuem em sua morfologia cinco sítios ativos, que são os locais onde essas ligações se fixam 1, esses ligantes ativados são como sinalizadores que iniciam a resposta imunológica inata, já desenvolvida desde o nosso nascimento, por uma via chamada de “via clássica do complemento” com a ligação da fosfocolina e PCR no componente 1q (C1Q) o complexo C1 torna-se ativo e inicia a movimentação de células de defesa como os macrófagos que irão fagocitar as células em apoptpse ou microorganismos invasores, é desta maneira que a proteína c reativa faz parte desse processo.


Utilização da Proteína C Reativa

É utilizada para ajudar no diagnóstico de doenças que causam inflamação como um marcador biológico, em exames laboratoriais de análise clínicas, identifica se há um processo inflamatório.

É produzida pelo fígado e de características endoteliais. Quando ocorre alguma lesão tecidual são liberadas citocinas pelos macrófagos. As citocinas estimulam o fígado a produzir PCR 2.


Dosagem de PCR

blood collect

Sua dosagem é feita através de coleta de sangue, dependendo da suspeita de doença também pode ser pedido coleta de outros materiais biológicos para exames complementares, e assim, fechar um perfil e uma sugestão de diagnóstico.

Existem vários tipos de execução para testes bioquímicos de PCR, pode ser utilizado o soro, o plasma ou o sangue total com anticoagulantes. O princípio da reação dos testes se baseia na aglutinação dos reagentes e na reação antígeno-anticorpo.

Sendo que, quanto maior for a concentração de proteína c, maior será a formação do aglutinado que pode ser observado a olho nu, ou, quanto maior a presença da PCR maior será a formação do complexo antígeno-anticorpo. Essas formações são, portanto, proporcionais ao valor da quantidade de proteína c reativa presente na amostra, o teste é um avaliativo de quantificação e qualificação da inflamação.

O processo em látex, um das primeiras técnicas a surgirem para a avaliação da proteína c reativa, é a reação de compostos, sendo as partículas de látex um dos reagentes.

Quanto em contato formam um aglomerado que pode ser visto a olho nu em contra-posição a luz branca.  A quantificação pode ser feita manualmente através de divisões de alíquotas.

Em outra técnica, são formadas ligações utilizando anticorpos marcados com fluorescência. Os anticorpos fluorescentes se ligam ao antígeno PCR na amostra e os complexos se fixam em uma tira de reação emitindo sinais de fluorescência.

A quantificação é feita automaticamente por leitores já programados, que irão apresentar os valores precisos no monitor3.

Existem ainda, outras técnicas como por exemplo de da imuno difusão.


Valores de Referência

Os valores de referência podem variar, deve-se analisar uma série de aspectos. Geralmente, infecções bacterianas apresentam resultados de valores mais altos, pois as bactérias são mais agressivas em danificação tecidual, causando maior dano celular e liberando as citocinas através dos macrófagos, mas, vale ressaltar que o quadro todo do paciente deve ser avaliado.

Um resultado acima de 5 mg/L (dependendo do laboratório) pode ser indicativo positivo para algum processo inflamatório agudo ou crônico..

Não é necessário estar em jejum para a coleta e o resultado fica pronto de maneira rápida e segura.


PCR Como Biomarcador Para Doenças Cardiovasculares

cardio 1

A proteína c também vêm sendo utilizada na medicina como biomarcador para doenças cardiovasculares4 pois, presente nas formações das placas ateroscleróticas e o acumulo do colesterol também implica em um processo inflamatório.  A PCR pode indicar risco de acidente vascular cerebral, ou infarto do miocárdio. Neste caso é feito o teste Hight sensibiliti PCR ou PCR de alta sensibilidade5.

Para o hs-PCR o resultado de baixo risco está entre 1,0 mg/L, de médio risco, 1,0mg/l até 3,0mg/l e de alto risco, geralmente, a partir de 3,0 mg/l, qualquer outra alteração ou queixas do paciente devem ser investigadas.

 Cabe ao médico avaliar e pedir outros exames complementares para compor um diagnóstico.


O Uso da PCR Associada ao Diagnóstico de Câncer

O uso do da PCR também pode ser associada ao diagnóstico de câncer6, PCR em níveis muito elevados pode indicar carcinoma ou até metástase. Mas, o uso da PCR para acompanhar o tratamento e monitorar a inflamação, a regressão ou progressão do câncer é uma ferramenta mais utilizada, muito útil e eficiente.

Atualmente, o valor de um exame de Proteína C Reativa em laboratórios particulares gira em torno de R$ 30,00.

Pelo SUS também é possível ser feito o exame, o médico deverá fornecer um encaminhamento com o pedido do exame e o paciente deverá levar pedido até a unidade básica de saúde e fazer o agendamento.


PCR Para Exame de COVID-19

covid

Devemos lembrar que a sigla PCR também pode ser utilizada para se referir a outro tipo de exame: o Polimerase Chain Reaction ou Transcriptase Reversa e Reação em Cadeia da Polimerase, RT-PCR.  Que é o exame feito para detectar partes do material genético do vírus da Covid-19.

Esse exame utiliza outra técnica, de biologia molecular, na qual a enzima Polimerase irá replicar o material genético do Corona Vírus, possivelmente, presente na amostra de maneira a torná-lo detectável em uma leitura automática.

Esse material é identificado caracterizando o teste positivo para COVID-19 e é feito através da coleta de amostra pelo profissional da saúde com um swab nasal (assemelha-se a um grande “cotonete”).

A proteína c reativa tem muitas aplicabilidades, serve principalmente como marcador de inflamação.

Existem hábitos ou condições que podem atrapalhar a clareza do teste, entre eles:  o uso de alguns medicamentos anti-inflamatórios, a idade do paciente, pacientes senis podem apresentar fatores de inflamação. O estresse, tabagismo, diabetes, sedentarismo, obesidade. Podem confundir a interpretação dos resultados do exame.

Como biomarcador, a proteína c reativa torna-se a cada dia mais importante na avaliação da saúde dos pacientes.


Referências:

1.Volanakis JE. Human C-reactive protein: expression, structure, and function. Mol Immunol. 2001 Aug; p.38(2-3):189-97.

2.BALDACCI, EVANDRO R. Qual a utilidade da proteína C reativa quantitativa no manejo das infecções em crianças? Revista da Associação Médica Brasileira 2001, v. 47, n. 3

3.Pepys MB, Hirschfield GM. C-reactive protein: a critical update correction J Clin Invest. 2003;p.111(12):p.1805-1812.

4.Santos, W B et al. Proteína-C-reativa e doença cardiovascular: as bases da evidência científica. Arquivos Brasileiros de Cardiologia 2003, v. 80, n. 4, pp. 452-456.

5.Koenig W, Sund M, Fröhlich M, Fischer HG, Löwel H, Döring A, Hutchinson WL, Pepys MB. C-Reactive protein, a sensitive marker of inflammation, predicts future risk of coronary heart disease in initially healthy middle-aged men (Monitoring Trends and Determinants in Cardiovascular Disease) Augsburg Cohort Study, 1984 to 1992. 1999 Jan p. 19; 99(2): vol.237-42.

6.Socha MW, Malinowski B, Puk O, Wartęga M, Bernard P, Nowaczyk M, Wolski B, Wiciński M. C-reactive protein as a diagnostic and prognostic factor of endometrial câncer. Crit Rev Oncol Hematol. 2021 Aug; p. 164: vol. 103419.

Fabíola Tavares Lemos

CRBM: 35430

Biomédica de formação, habilitada como analista clínica. Pós-Graduada em Auditoria dos Serviços da Saúde. Atualmente trabalha como Pesquisadora Auxiliar e cursa Pós-Graduação no nível de Mestrado no Laboratório de Biologia do Estresse da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP).

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Fabíola Tavares Lemos

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Biomédica de formação, habilitada como analista clínica. Pós-Graduada em Auditoria dos Serviços da Saúde. Atualmente trabalha como Pesquisadora Auxiliar e cursa Pós-Graduação no nível de Mestrado no Laboratório de Biologia do Estresse da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP).

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