A partir dos 6 meses de idade, o leite materno pode ser mantido e deve-se iniciar, de forma complementar, a introdução alimentar do bebê(3
). Quase sempre os primeiros alimentos ofertados são as frutas, por serem de fácil preparo e boa aceitação.
Hoje iremos abordar apenas o consumo das frutas.
Para que o bebê goste de muitas frutas, é recomendado apresentar a ele uma grande variedade delas, com diferentes propriedades organolépticas, ou seja, com diversidade de cores, texturas, sabores e cheiros.
Segundo o Guia alimentar para crianças brasileiras menores de 2 anos2, as frutas são classificadas como o grupo de alimentos in natura ou minimamente processados.
Esse agrupamento se baseia nos tipos e quantidades de nutrientes apresentados e com o seu uso culinário. As frutas oferecidas para os bebês de 6 meses pode ser as mesma frutas consumidas pela família, apenas deve ser feita algumas adaptações, quando for necessário.
Conheça na tabela abaixo que frutas são essas e como oferecê-las para o bebê de 6 meses2.
Grupo das frutas
Alimentos | Abacate, abacaxi, abiu, açaí, acerola, ameixa, amora, araçá, banana, cajá, caju, caqui, carambola*, cereja, cupuaçu, figo, goiaba, graviola, jabuticaba, jaca, jenipapo, laranja, tangerina, lima, maçã, mangaba, mamão, maracujá, melancia, melão, morango, pequi, pera, pêssego, pitanga, pomelo, romã, umbu, uva. |
Nutrientes principais | Fibras, vitaminas e minerais. São também importante fonte de energia. |
Preparo e oferta | Após o sexto mês, o bebê deve receber duas frutas por dia. Podem ser oferecidas raspadas, amassadas ou em pedaços, não devem ser liquidificadas nem peneiradas. O preparo das frutas também pode ser cozido ou assado, e não acrescentar açúcar ou mel. Atenção especial para as frutas pequenas ou com caroços, a exemplo de uva e acerola, pois podem provocar engasgo. O ideal é que você retire as sementes das frutas e as corte em pedaços menores (dividir a fruta em 2 a 4 pedaços). |
Observações | Recomenda-se que a produção artesanal ou industrial da polpa do açaí deve seguir as normas de higiene e processamento por meio do branqueamento ou a pasteurização, para evitar contaminações e transmissão da Doença de Chagas. Já as preparações de açaí vendidas em sorveterias e lanchonetes, são adoçadas e não deve ser ofertada aos menores de dois anos. |
(*) A carambola é contraindicada nos casos de insuficiência renal. A fruta possui uma neurotoxina que não é eliminada pelos rins dessas pessoas.
Como vocês podem observar na tabela acima, nenhuma fruta é contraindicada na introdução alimentar de um bebê saudável, desde que oferecidas de forma segura.
Como sugestão, prefira ofertar as frutas da estação (possuem baixo nível de agrotóxicos e fertilizantes), típicas da sua região e com melhor oferta local3.
Oferecer frutas em vez de sucos
Oferecer frutas é mais saudável para o bebê do que os sucos. A fruta é rica em fibras e estimula a mastigação.
É recomendado não oferecer suco de frutas até 1 ano de idade.
O risco para deficiência de ferro e vitamina A
Os bebês de 6 meses apresentam maior risco de desenvolver deficiências de ferro e vitamina A2.
Por isso, é importante oferecer frutas que contenham esses nutrientes diariamente ou sempre que possível e nutrientes que ajudem na sua absorção:
• Frutas que contêm Ferro: abacate, maracujá, limão, damasco, maça, uva, morango e amora preta fresca.
• Frutas que contêm Vitamina C: a biodisponibilidade do ferro não heme, proveniente dos alimentos de origem vegetal, é aumentada se, na mesma refeição, for oferecido um alimento rico em vitamina C, como laranja, tangerina, abacaxi, acerola, goiaba, morango, manga, caju, limão, mamão, romã, camu-camu, etc.
• Frutas precursoras da vitamina A: mamão, manga, caqui, caju, acerola, melancia, goiaba vermelha, melão, etc.
Mãos limpas na hora da comida
Antes de oferecer a fruta para a criança, certifique-se de lavar bem as mãos com água e sabão. Mãos limpas evitam a contaminação por micro-organismos e parasitas que transmitem doenças, como as verminoses. As mãos das crianças também devem ser lavadas antes de comer.
O bebê consegue comer mesmo que ainda não tenha surgido os dentes
A partir dos 6 meses, os dentes começam a surgir, mas, não se preocupe se isso ainda não aconteceu com seu filho.
A gengiva costuma ficar endurecida, pois os dentes estão se preparando para aparecer. Logo, a criança consegue amassar os alimentos. Além disso, o atrito com o alimento facilita o rompimento da gengiva para a saída dos dentes.
Nem sempre o bebê aceita a fruta na primeira vez em que é oferecida
O bebê pode gostar do alimento na primeira vez que o experimenta ou pode precisar provar o alimento várias vezes até se familiarizar com ele. Em geral, o bebê precisa ingerir o mesmo alimento entre 12 a 15 vezes para aceitar. Ou seja, é fundamental que os pais não desistam nesse período.
Deixe passar alguns dias e ofereça-o com outras formas de preparação. A repetição que diminui o medo de experimentar novos sabores4.
Você conhece o Método BLW?
O método BLW é uma nova abordagem de alimentação complementar que sugere que os bebês, a partir dos seis meses, têm capacidade motora para conduzirem a própria ingestão alimentar, e aqueles que apresentam adequado crescimento e desenvolvimento estão aptos a começarem o consumo de alimentos em forma de pedaços, tiras ou bastões, sem necessidade de alterações substanciais de consistência ou da inclusão de colher1,6.
Esse método dá oportunidade para que as crianças escolham:
- O momento em que as refeições serão iniciadas;
- O que será ingerido dentre as opções saudáveis oferecidas pelos cuidadores;
- O ritmo em que as refeições serão realizadas;
- A quantidade que será consumida em cada uma das refeições.
Qual a forma de oferecer as frutas no BLW?
A partir de 6 meses
Nessa idade, o bebê ainda está desenvolvendo suas habilidades motoras. Ele tende a pegar o alimento e não soltá-lo mais. Então, o corte ideal nesse início é o palito, aproximadamente no tamanho do seu dedo indicador.
A maioria das frutas basta apenas ser cortadas e oferecidas. As frutas escorregadias, como o mamão e a banana, a sugestão é deixar uma parte da casca onde o bebê segura. Com isso, ele firma melhor ao segurar a fruta e conseguirá comer as partes fora da casca com mais facilidade.
Este conteúdo não substitui a orientação de um especialista na área. Agende uma consulta com o nutricionista.
Referências Bibliográficas:
- ARANTES, A. L. A. et al. Método Baby-led Weaning (BLW) no contexto da alimentação complementar: uma revisão. Revista Paulista de Pediatria, n. 36, 2018.
- BRASIL. Ministério da Saúde. Guia alimentar para crianças brasileiras menores de 2 anos. Ministério da Saúde, Brasília, 2021.
- BRASIL. Ministério da Saúde. Saúde da criança: Nutrição infantil: aleitamento materno e alimentação complementar. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica – Brasília: Editora do Ministério da Saúde, n. 23, p. 112. 2009.
- CARVALHO, A. K . B; SILVA, M. C. Seletividade alimentar em crianças: revisão bibliográfica. Centro Universitário de Brasília – UniCEUB. Faculdade de Ciências da Educação e Saúde. Brasília, 2018.
- Como oferecer frutas no BLW. Blw Brasil. Disponível em: http://blw-app.com/como-oferecer-as-frutas-no-blw/. Acessado em 28/05/2022.
- WEFFORT, V. R. S. t al. Guia Prático de Atualização: A Alimentação Complementar e o Método BLW (Baby-Led Weaning). Sociedade Brasileira de Pediatria. Departamento Científico de Nutrologia, n.3, 2017.