Azitromicina para Acne – Funciona?

Acne

A ACNE é uma doença de pele inflamatória dos folículos pilossebáceos. Afeta quase 90% dos adolescentes, mas um número crescente de adultos também sofre dessa doença. 

É uma condição multifatorial e suas causas se concentram na hiperqueratinização folicular, colonização pela bactéria Propionibacterium acnes, aumento da produção de sebo e inflamação.

Antibiótico (azitromicina) para acne vulgar

Além do tratamento conservador, como o controle de fatores dietéticos e lavagem facial, a antibioticoterapia oral (como o uso da azitromicina) pode ser a primeira linha de tratamento para pacientes com acne que sofrem de efeitos adversos físicos e psicossociais de formas moderadas a graves.

Tratamentos com antibióticos tem sido úteis no tratamento da acne vulgar, pois agem na supressão do crescimento de P. acnes, na redução da produção de mediadores inflamatórios e na atuação de imunomoduladores.

Opções de antibióticos

A antibioticoterapia de primeira linha inclui as tetraciclinas e os macrolídeos, sendo mais comum a eritromicina.

No entanto, em vista do aumento da resistência bacteriana à eritromicina, muitos dermatologistas recomendam a azitromicina, um macrólido diferente para combater a acne.

Como a azitromicina age?

azitromicina acne funciona

A azitromicina é um antibiótico que age inibindo patógenos intracelulares atípicos, além de bactérias gram-positivas e gram-negativas aeróbicas e anaeróbicas, incluindo a bactéria causadora da acne, a Propionibacterium acnes.

A azitromicina é indicada para infecções leves a moderadas no sistema respiratório, infecções da pele e estruturas cutâneas, doenças sexualmente transmissíveis e algumas infecções micobacterianas.

Diferentemente de outros antibióticos orais, a azitromicina é caracterizada por sua rápida absorção do sangue para os tecidos em concentrações muito maiores do que a eritromicina.

A azitromicina possui uma meia-vida de aproximadamente 68 horas e permanece nos compartimentos intracelulares por um período prolongado em níveis superiores à concentração inibitória mínima para muitos patógenos.

Devido ao seu perfil de tolerabilidade mais alto e meia-vida mais longa, a azitromicina é uma excelente opção a ser considerada para o tratamento da acne vulgar. Além do seu efeito antibacteriano e potencial imunomodulador e anti-inflamatório, a azitromicina pode ser administrada em pacientes com outros distúrbios dermatológicos, incluindo rosácea, psoríase e osteíte.

Vantagens da azitromicina

A azitromicina apresenta muitas vantagens quando comparada a outros antibióticos. Por exemplo, é mais estável que a eritromicina em pH gástrico baixo, produz menos efeitos adversos gastrointestinais e não apresenta grandes interações medicamentosas

Além disso, parece ser mais segura do que as novas tetraciclinas em pacientes pediátricos. 

AZITROMICINA PARA ACNE

Estudos – azitromicina para acne funciona?

Um estudo publicado no periódico Dermatology Online Journal analisou a eficácia da azitromicina em 52 pacientes que sofriam de acne vulgar pápulo-pustulosa moderada a grave. A dosagem prescrita para o tratamento foi 500 mg, 3 vezes por semana, durante 8 semanas[1]Bardazzi F, Savoia F, Parente G, Tabanelli M, Balestri R, Spadola G, Dika E. Azithromycin: a new therapeutical strategy for acne in adolescents. Dermatology online journal. 2007;13(4)..

Nenhuma terapia tópica foi associada ao tratamento com azitromicina. Os pacientes também não se submeteram a nenhum procedimento de beleza, como peelings químicos, ou tratamentos faciais durante o tratamento.

Os resultados desse estudo mostraram que 90,4% dos pacientes apresentaram melhora notável nas primeiras 4 semanas de tratamento, com redução significativa das lesões inflamatórias pápulo-pustulosas de acne. Esse estudo confirmou que a azitromicina é um medicamento antimicrobiano eficaz, seguro e tolerável, com efeitos adversos mínimos e boa adesão, até mesmo em adolescentes. 

Outra observação importante é que o medicamento não é fotossensibilizante, ou seja, o uso de azitromicina pode ser benéfico nos meses de verão. O tratamento foi considerado excelente e apenas três pacientes apresentaram distúrbios gastrointestinais na forma de náuseas e azia. Esses baixos efeitos colaterais e tolerância clínica resultam em uma boa adesão do paciente à azitromicina. 

Outros estudos

Outros estudos revelam que a administração de azitromicina juntamente com eritromicina tópica resulta em melhora mais significativa do que, por exemplo, a doxiciclina combinada com eritromicina tópica. Além disso, a azitromicina tem uma eficácia ligeiramente superior no tratamento de lesões inflamatórias da acne em comparação com a tetraciclina.

Como forma de melhorar os resultados do tratamento, o médico poderá prescrever medicamentos adjuvantes em terapias combinadas com a azitromicina, incluindo tretinoína tópica, adapaleno, peróxido de benzoíla e eritromicina. A combinação de azitromicina oral com adapaleno tópico, por exemplo, proporciona um tratamento mais eficaz do que a azitromicina sozinha.  

Pode usar em gestantes?

Sempre existiu uma preocupação sobre o uso de antibióticos para gestantes e lactantes devido a possíveis efeitos colaterais no feto e no bebê. No entanto, apesar dos riscos potenciais da azitromicina atravessar a barreira placentária, ainda não foram observados efeitos adversos no desenvolvimento fetal em modelos animais. 

A FDA classificou a azitromicina como medicamento de categoria B para o tratamento da acne vulgar, confirmando a compatibilidade desse medicamento com a gravidez.

Azitromicina

Apesar da azitromicina ter a meia-vida mais longa entre os macrolídeos, esse antibiótico não demonstra toxicidade para o feto ou o bebê. Mas ainda assim, deve ser usada durante a gravidez somente se, de fato, for realmente necessário e o benefício superar o risco, sob a orientação de um médico. No geral, o uso de azitromicina para o tratamento de gestantes ou lactantes com acne vulgar é aprovado, mas é recomendado consultar um médico antes de tomar esse medicamento durante a gravidez. 

Devido aos efeitos colaterais leves e potenciais efeitos anti-inflamatórios e imunomoduladores da azitromicina, esse medicamento é uma ótima escolha para aqueles pacientes que não toleram outros antibióticos orais que são geralmente usados. Além disso, nenhuma resistência bacteriana foi relatada em relação ao tratamento da acne vulgar com azitromicina, tornando então o tratamento com esse antibiótico muito promissor.

Esse medicamento pode desempenhar um papel importante para ajudar a limpar a acne, mas ao incluí-lo em seu plano de tratamento, o médico irá prescrevê-lo pelo tempo adequado de acordo com o seu caso. Então, leve a sério a duração do tratamento, não interrompendo e nem usando mais do que o recomendado.

Referências:

BARDAZZI, F. et al. Azithromycin: A new therapeutical strategy for acne in adolescents. Dermatology Online Journal, v. 13, n. 4, 2007.

KARDEH, S. et al. Efficacy of Azithromycin in Treatment of Acne Vulgaris: A Mini Review. World Journal of Plastic Surgery, v. 8, n. 2, p. 127-134. 2019. RIDDLE, C. C. et al. A Review of Azithromycin for the Treatment of Acne Vulgaris. Cosmetic Dermatology, v. 20, n. 5, p. 299-302. 2007.

Referências Bibliográficas

Referências Bibliográficas
1 Bardazzi F, Savoia F, Parente G, Tabanelli M, Balestri R, Spadola G, Dika E. Azithromycin: a new therapeutical strategy for acne in adolescents. Dermatology online journal. 2007;13(4).

Dra. Juliana Toma

CRM-SP: 156490 / RQE: 65521.
Médica pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP/EPM). Residência Médica em Dermatologia pela UNIFESP. Pós-Graduação em Dermatologia Oncológica pelo Instituto Sírio Libanês (SP).
Fellow em Tricologias, Discromias e Acne pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP).
Pós-Graduação em Pesquisa Clínica pela Harvard Medical School – EUA (Principles and Practice of Clinical Research).

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Dra. Juliana Toma

Dra. Juliana Toma

CRM-SP: 156490 / RQE: 65521.
Médica pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP/EPM). Residência Médica em Dermatologia pela UNIFESP. Pós-Graduação em Dermatologia Oncológica pelo Instituto Sírio Libanês (SP).
Fellow em Tricologias, Discromias e Acne pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP).
Pós-Graduação em Pesquisa Clínica pela Harvard Medical School – EUA (Principles and Practice of Clinical Research).

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