A coluna vertebral é um dos mais importantes conjuntos de ossos do nosso corpo. Uma de suas principais funções é de prover sustentação ao tronco e aos membros superiores. Essa sustentação rígida é um dos principais fatores que nos permitem ser bípedes, isto é, necessitar apenas dos dois membros inferiores para conseguirmos nos locomover.
Porém, embora seja um conjunto de ossos, a coluna se diferencia dos outros ossos do corpo por também carregar e proteger um membro importante do sistema nervoso: a medula espinhal.
A medula espinhal é a porção do sistema nervoso dedicada ao controle da movimentação, além de ser responsável por processar as informações obtidas pelos nervos periféricos, responsáveis por sensações como a de temperatura, textura, pressão, entre outras.
Manter a saúde da coluna é, portanto, crucial para manter a saúde e o funcionamento do nosso corpo. Como você já deve ter ouvido falar, a ocorrência de danos intensos em diferentes partes da coluna pode resultar em graves problemas de movimentação, como a paraplegia ou a tetraplegia.
Porém, mesmo danos leves são capazes de resultar em problemas. A dor nas costas é uma condição muito comum, especialmente durante a velhice. Ela é comumente o resultado de problemas menores que não foram sanados durante a juventude, tornando-se uma dor incômoda e crônica.
A coluna lombar é uma das partes da coluna que mais sofrem com isso. O termo “lombar” é utilizado exclusivamente para se referir à metade inferior das costas, portanto, a coluna lombar é a porção da coluna que se encontra nessa região, sendo composta por exatamente cinco vértebras.
Problemas na coluna lombar tendem a causar lombalgia, isto é, dor na lombar. Independente da intensidade, a dor na lombar normalmente não é o resultado de algum problema grave, mas apenas o diagnóstico por profissional especializado é capaz de identificar a origem do problema. No caso, o médico ortopedista.
Um dos exames que podem ser requisitados pelo ortopedista é o raio-X. O raio-X é um exame bem simples e rápido comparado a outros exames disponíveis atualmente, mas mesmo assim é capaz de revelar diversos tipos de problemas de coluna.
Descoberta | Descrição |
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Espondilolistese | Uma vértebra desliza para a frente sobre a outra, estreitando o canal vertebral. |
Osteoartrite da articulação facetária | Uma articulação entre duas vértebras que fica inflamada e dolorida devido ao desgaste. |
Estenose | Um estreitamento do canal espinhal que pode comprimir a medula espinhal ou as raízes nervosas. |
Fratura | Uma ruptura em uma ou mais vértebras. |
Instabilidade da coluna vertebral | As vértebras ficam desalinhadas e a coluna não tem suporte adequado. |
Por isso, caso precise fazer raio-X da coluna lombar com problema, é importante saber o que esperar desse exame e quais seus possíveis resultados.
Resultados de um raio-X da coluna lombar com problemas
O exame de raio-X consiste no uso de radiação para obter imagens bidimensionais dos ossos de alguma região do corpo. A radiação utilizada apresenta menor capacidade de penetrar o tecido ósseo, pois este é mais denso que os outros tecidos do corpo. Dessa forma, a radiação não atinge a placa sensível posicionada oposta à fonte, criando uma imagem negativa do interior do corpo.
Embora utilize radiação, o raio-X é seguro quando realizado com baixa frequência. Como o operador do dispositivo o utiliza por múltiplas horas seguidas, ele utiliza equipamento de proteção especializado. O uso de raio-X, porém, não é recomendado para gestantes, visto que o feto apresenta maior sensibilidade à radiação.
Para a coluna lombar, é comum, que sejam requeridas duas posições: de lado e de barriga para cima. Comumente, captura-se também parte da coluna torácica (posicionada acima da lombar) e a coluna sacral (posicionada abaixo), devido à proximidade. O procedimento é rápido e as imagens finais são obtidas pouco tempo após sua realização.
Após a realização do exame, é preciso realizar uma nova consulta com o médico responsável pelo acompanhamento para a interpretação das mesmas. As imagens, em conjunto com os relatos dos sintomas, contribuem para a obtenção de um diagnóstico mais preciso.
Fratura
Uma fratura vertebral é a danificação de uma ou mais vértebras da coluna. Assim como a fratura de outros ossos do corpo, a fratura de uma vértebra pode causar dor intensa e problemas de movimentação. Através do raio-X, é possível identificar o tipo de fratura gerado e, disso, também qual foi a possível causa da mesma.
A fratura de uma vértebra é normalmente o resultado de algum tipo de impacto de alta energia. Porém, caso a pessoa já apresente patologias que afetem e fragilizem o osso, como a osteoporose, esse tipo de fratura pode ocorrer com maior facilidade.
A fratura por compressão, por exemplo, é mais comum em pessoas com osteoporose, sendo resultado da rápida compressão de uma vértebra pela parte superior do corpo, por exemplo, devido a um movimento súbito, como errar um degrau ou segurar um objeto pesado que esteja caindo.
A danificação da medula espinhal é um possível efeito colateral de uma fratura, mas não está sempre presente. É mais comum em fraturas que envolvem deslocamento lateral da vértebra, como a fratura por explosão (comum em acidentes de carro).
Hérnias
A hérnia de disco consiste no deslocamento ou achatamento de um ou mais dos discos cartilaginosos presentes na coluna. Esses discos estão presentes entre as vértebras, sendo responsáveis por permitir a movimentação da coluna. São equivalentes às juntas presentes em outras partes do corpo.
A região lombar é a mais afetada por hérnias, representando 80% dos casos, visto que é a região da coluna que se mantém sob maior tensão.
Esse deslocamento ou compressão danifica o disco, o que pode prejudicar a movimentação da coluna e das vértebras envolvidas, em especial, o que pode resultar em dor, especialmente durante movimentos. Porém, é comum que isso resulte em uma porção do disco extravasar a região em que estava contida e pressionar o tecido nervoso da espinha (e, em alguns casos, a própria medula espinhal).
Essa pressão sobre os nervos causa uma dor intensa, sendo um dos principais problemas da hérnia, visto que pode ser incapacitante. O tratamento normalmente consiste na adoção de medidas para reduzir a dor causada e, em certos casos, cirurgia de correção da hérnia.
Osteofitose
Mais conhecida como “bico de papagaio”, a osteofitose consiste no crescimento ósseo nas bordas das vértebras. Esse crescimento comumente resulta na formação de extensões “pontudas” em algumas partes das vértebras, em especial, próximo aos discos intervertebrais, formando a aparência de um bico.
A osteofitose é uma resposta do corpo ao desgaste das vértebras. Esse desgaste ocasiona a modificação do comportamento das vértebras quando em movimento, gerando certas imprecisões e oscilações, o que pode acabar intensificando esse desgaste e prejudicar também o tecido no entorno.
O crescimento ósseo surge como uma forma de buscar minimizar esse desgaste, compensando esses problemas de movimentação através da modificação do formato da vértebra. Porém, essas modificações podem afetar o tecido ao redor também, sendo uma das principais causas da dor na coluna na velhice.
O desgaste das vértebras, por sua vez, é o resultado do acúmulo de danos causados por maus hábitos ao longo da vida. A má postura é a principal culpada: a imposição de tensão sobre a coluna de forma incorreta causa danos sobre as vértebras, e a má postura, por causar o alinhamento incorreto da coluna, contribui para isso.
Esse efeito também acaba sendo intensificado por outros fatores, como o estresse, o abuso de álcool e o tabagismo, visto que são questões que provocam prejuízos a nível sistêmico.
Artrose
A artrose, também conhecida como osteoartrite, é uma condição que afeta as juntas dos ossos. É mais comum nos membros periféricos, especialmente nas mãos e nos joelhos, mas pode também afetar os discos cartilaginosos presentes entre as vértebras.
A artrose consiste na degeneração dessa parte cartilaginosa das juntas. Essa parte é composta predominantemente por água, acompanhada por uma matriz de colágeno e elastina, o que permite a movimentação da junta. Os ossos são muito rígidos e enervados, portanto, se as juntas fossem compostas apenas do contato entre eles, seriam mais rígidas e dolorosas.
Embora essa maior flexibilidade seja o que garanta sua função, ela também a torna menos resistente, sendo mais danificada por impactos do que o osso. Como resultado, frequentes impactos sobre as juntas causam danos progressivos a essa estrutura, até que atinja um ponto em que seja incapaz de se regenerar. Nesse ponto, desenvolve-se a artrose.
A artrose, portanto, não apresenta cura. Pode resultar em dor crônica com episódios de dor aguda, sendo mais comum na velhice, e também dificuldade de uso das juntas afetadas. O tratamento consiste na adoção de métodos e hábitos que visam minimizar a dor, como realização de exercícios aeróbicos e uso de analgésicos.
Espondilite anquilosante
A espondilite anquilosante é uma condição de origem predominantemente genética que compromete a função e movimentação das vértebras. Ela consiste na fusão parcial das vértebras ao longo de uma mesma extremidade, portanto, impedindo a movimentação.
A espondilite se inicia com dores espaçadas, especialmente na região lombar, ocorrendo normalmente durante a noite. Essa dor se torna mais frequente e intensa com o tempo, e disso começam a aparecer os primeiros sinais de rigidez, especialmente durante o período da manhã. A inclinação para frente costuma melhorar os sintomas, e isso predispõe a coluna a se enrijecer nessa posição.
Em fases mais avançadas da doença, a coluna torna-se completamente rígida e arqueada, com cifose intensa e ausência da lordose lombar, e pode haver o comprometimento do funcionamento de diversos órgãos e tecidos, como o pulmão, o coração, e as articulações de órgãos periféricos.
A condição não apresenta cura, mas apresenta tratamento. O tratamento é capaz de aliviar os sintomas e controlar a progressão da doença. Dessa forma, limita-se os danos causados e mantém-se considerável flexibilidade da coluna.
O tratamento comumente envolve o uso de anti-inflamatórios, para controlar a inflamação ao redor da coluna, e a realização de exercícios regulares e mudanças de postura, de forma a impedir que a pessoa se acomode com a cifose e estimule a coluna e manter sua flexibilidade.
Tumores
Tumores, também chamados de neoplasias, são o resultado de um padrão anormal de crescimento de um tecido, formando uma massa protuberante comumente arredondada. A palavra “tumor” costuma ser associada ao câncer. Porém, nem todo tumor é cancerígeno.
Um tumor benigno é um tumor não cancerígeno. A palavra “benigno” não significa que ele ajuda o corpo, mas sim que não o prejudica. Um tumor é considerado benigno quando ele apresenta crescimento lento, não interfere com o funcionamento dos outros tecidos e órgãos, não se espalha, e se mostra bem delimitado, além de não ocorrer novamente após ser retirado.
Tumores benignos também podem causar problemas, como inflamação, dor e infecção do mesmo e dos tecidos ao redor, embora sejam comparativamente pequenos em relação aos causados pelos malignos.
Os tumores malignos são os tumores cancerígenos. São compostos por células diferenciadas em relação às do tecido ao redor, apresentam crescimento anormal e acelerado, invadem os tecidos vizinhos e geram outros tumores semelhantes neles (metástase).
O raio-X permite identificar a presença dessas massas na vértebra e também em outras posições próximas. Porém, por si só, nem sempre permite identificar se o tumor é maligno ou benigno. Por isso, outros tipos de exame tendem a seguir esse resultado, buscando identificar com maior precisão o tipo de tumor envolvido.
Indefinido
Nem sempre é possível identificar a origem do problema na coluna lombar através do raio-X. O raio-X apresenta maior capacidade de visualizar modificações externas ou externalizadas do osso, visto que isso é o que esse exame permite ver. Portanto, questões internas ao osso, ou ainda que tenham origem em outras partes do corpo, não são visíveis por esse método.
Nesses casos, outros exames podem ser requeridos como forma de tentar encontrar a origem do problema. Exames como ressonância magnética e tomografia são ótimas alternativas ao exame de raio-X nesse caso, mas outros exames também podem ser utilizados, como exames de sangue.
Por outro lado, o raio-X por si só também nem sempre é o suficiente para obter um diagnóstico preciso. É comum que outros exames possam ser pedidos posteriormente para o diagnóstico diferencial, isto é, eliminar a suspeita de outras condições semelhantes, mas menos comuns. Dessa forma, há maior garantia de que o tratamento a ser receitado é o correto.
O raio-X é apenas um dos instrumentos disponíveis ao ortopedista e, a depender do caso, pode inclusive não ser o melhor. Portanto, nem sempre é requerido, e pode ser já de início substituído por algum outro, dependendo das suspeitas iniciais do médico.