Tratamento para foliculite: saiba como funciona

Tratamento para foliculite

A pele é o maior órgão do nosso corpo, e também um dos mais complexos. Devido a essa extensão, ela acaba tendo certo grau de heterogeneidade, isto é, suas características apresentam certas diferenças em diferentes regiões.

Uma das diferenças mais visíveis é a presença de pelos. Ao contrário da maioria dos outros mamíferos, apresentamos uma grande variação da densidade e comprimento dos fios pelo corpo.

A cabeça tende a apresentar maior concentração dos mesmos, especialmente no couro cabeludo, e a palma das mãos e plantas dos pés tendem a não apresentar pelo algum.

Essa heterogeneidade também significa que diferentes condições podem ocorrer em certas regiões da pele, mas não em outras, embora algumas possam acontecer em qualquer lugar.

A foliculite é uma condição que apresenta ocorrência em locais específicos. No caso, ocorre apenas nas regiões que apresentam pelos. Ela consiste em uma inflamação do folículo piloso, parte do fio que se encontra protegida pela derme, e inclui sua raiz.

Ela pode atingir qualquer pessoa, mas fatores genéticos e hábitos diários podem aumentar a propensão à sua ocorrência. Felizmente, não tende a causar complicações graves, e existem ótimas opções de tratamento para foliculite, que são capazes de combater os sintomas e diminuir a inflamação.

Métodos de tratamento para foliculite

A foliculite pode ser aguda ou crônica. Aguda no sentido de que não ocorre com frequência, ou ainda ocorre apenas uma vez na vida da pessoa. Crônica, que ocorre com certa frequência, causando bastante incômodo.

Ambos os casos podem ser tratados com os tratamentos a serem descritos, mas atenção especial deve ser dada por parte das pessoas que apresentam foliculite crônica, visto que apresentam maior dependência a esses tratamentos no cotidiano.

Além da diferenciação quanto à frequência, existem também dois tipos principais de foliculite, que apresentam diversos subtipos.

A foliculite superficial é a que ocorre na parte superior do folículo, mais próximo à superfície e, portanto, mas longe da raiz. Pode ser originada tanto de infecções bacterianas ou fúngicas quanto de pelos encravados. Os sintomas comumente consistem em uma inflamação semelhante a uma espinha, contendo pus, e com ocorrência de coceira.

A foliculite profunda, por outro lado, ocorre mais próxima à raiz. Por isso, apresenta maior risco de causar efeitos mais graves, como perda da capacidade de crescimento de pelo no local e formação de cicatrizes. Tende a ser causada por infecções bacterianas ou fúngicas. Gera uma inflamação mais intensa e dolorida, além de apresentar maior extensão. O furúnculo é um tipo de foliculite profunda.

Existem diversos tipos de tratamento para foliculite, mas a escolha deles depende da intensidade da inflamação. Para casos mais simples, tratamentos caseiros tendem a ser suficientes. Porém, em casos mais graves, ou que apresentem maior dificuldade de melhorarem naturalmente, algum tipo de intervenção médica pode ser necessário.

Métodos caseiros

Em casos leves, existem algumas medidas que podem contribuir para melhorar os sintomas mais rapidamente.

A mais simples consiste no uso de compressas mornas. Deve-se mergulhar um pano limpo em água morna e posteriormente manter esse pano sobre a região onde a inflamação está presente. Após a temperatura da compressa se igualar à temperatura do corpo, pode-se realizar o procedimento novamente para manter os efeitos.

Ao invés de utilizar apenas água, pode-se também utilizar uma mistura de água e sal. Essa mistura se mostra mais efetiva em acelerar a drenagem das inflamações. Deve-se usar uma proporção de duas xícaras de água para uma colher de sopa de sal.

Esse processo pode também ser associado a uma limpeza mais intensa da região. Isso contribui especialmente para a diminuição da ação bacteriana e fúngica no local. No caso, essa limpeza consiste na combinação de água morna e sabão antisséptico.

Para contribuir para a prevenção da proliferação desses micróbios, deve-se dar preferência ao uso de toalhas descartáveis também, como toalhas de papel.

Deve-se, porém, evitar o uso de métodos abrasivos no local, como esponjas, buchas e outros esfoliantes, para evitar agravar a inflamação e, com isso, dificultar a sua regeneração.

Finalmente, para ajudar a diminuir a inflamação, podem ser utilizados também cremes ou pomadas que apresentem propriedades anti-inflamatórias. Deve-se, porém, evitar o uso de corticosteroides nesse estágio, visto que o uso frequente deles pode sensibilizar a pele, o que por sua vez pode aumentar a propensão à ocorrência da foliculite.

Medicamentos

Caso a infecção apresenta inflamação de grande intensidade, apresente grande extensão, mostre dificuldade de cessar ou tenha caráter crônico, pode ser necessário o uso de medicamentos específicos para controlá-la de forma mais efetiva.

Neste caso, deve-se consultar um dermatologista para saber qual seria a melhor abordagem para o seu caso, assim como para obter a prescrição dos medicamentos. O médico irá providenciar exames para descobrir se o agente causador são bactérias ou fungos, e determinar os seguintes passos a partir disso.

Caso as bactérias sejam os agentes causadores, provavelmente será adotada uma abordagem baseada em medicamentos antibacterianos.

Uma primeira abordagem pode consistir no uso de medicamentos tópicos, visto que apresentam ação mais localizada e mais leve, isto é, com menor probabilidade de efeitos adversos.

Uma das possibilidades é o uso do peróxido de benzoíla. Ele não é propriamente um antibiótico, mas apresenta uma potente ação oxidante que é capaz de eliminar alguns tipos de bactérias, sendo bastante usado no tratamento da acne devido a esse fato.

Também é possível o uso de clindamicina em gel ou loção, que é propriamente um antibiótico.

Caso não surtam efeito, ou a condição tenha atingido extensão considerável, o uso de antibióticos orais tende a ser mais indicado, visto que apresenta efeito sistêmico e com maior intensidade.

Se o agente causador for fúngico, abordagens semelhantes podem ser utilizadas, isto é, optando primeiramente por medicamentos tópicos e, em seguida, sistêmicos, mas com o uso de substâncias antifúngicas.

Se necessário, especialmente caso a inflamação esteja muito intensa, pode ser receitado o uso de corticosteroides. Porém, o uso prescrito tende a ser pouco frequente e de curta duração, visto que o uso prolongado tende a causar efeitos colaterais a longo prazo.

Intervenções mais intensas

No caso de abscessos que apresentem maiores dimensões, especialmente caso estejam muito inflamados e prejudicando o dia a dia e não estejam melhorando naturalmente, pode ser recomendada a realização de uma intervenção cirúrgica.

O objetivo dessa intervenção é finalizar a inflamação mais rapidamente através da drenagem completa do pus, acelerando também a recuperação. Sendo uma intervenção cirúrgica, há maiores riscos envolvidos, por isso, tende a ser utilizada apenas nesses casos mais extremos.

Nos casos em que a foliculite é crônica e tende a resultar em inflamações intensas e de difícil cura, uma opção possível é a destruição do folículo piloso. Dessa forma, impede-se que a região seja infectada novamente.

Não é necessariamente preciso que grandes extensões da pele tenham o folículo removido. Caso seja identificado que apenas alguns apresentam inflamação recorrente, o procedimento pode se limitar a eles. Isso, porém, depende do caso do paciente, e inflamações mais extensas requereriam tratamentos mais extensos também.

Esse tipo de intervenção pode ser realizado através de métodos de depilação permanente comuns, contanto que sejam realizados enquanto o folículo está saudável. Dentre esses métodos, destacam-se a depilação a laser e a terapia fotodinâmica.

Sobre a foliculite

Tratamento para foliculite

A foliculite é uma condição muito comum, e pode ser causada por diversos fatores. A transpiração e a danificação da pele, mesmo pela fricção, são alguns fatores que podem facilitar sua ocorrência. Visto que pode ter origem bacteriana ou fúngica, pode também ser transmitida pelo uso de saunas e banheiras de hidromassagem cuja água não recebeu o tratamento químico adequado.

As causas da foliculite ainda foram concretamente definidas, mas podem haver fatores hereditários envolvidos, visto que estudos indicam que pessoas negras e de descendência asiática apresentam maior propensão. Também se mostra mais presente em pessoas obesas e pessoas que apresentam baixa imunidade.

A principal causadora é a bactéria Staphylococcus aureus. Essa bactéria está normalmente presente no nosso corpo, sendo inofensiva em condições normais. Porém, em certos casos, pode ocasionar infecções de diferentes níveis de gravidade.

A infecção mais comum que causa é a acne. A acne também envolve a região dos pelos, mas se concentra principalmente nas glândulas sebáceas.

No caso da foliculite, é a responsável pela formação dos furúnculos, caso a infecção atinja tal profundidade. Porém, também pode causar foliculite superficial.

Outros possíveis agentes causadores são bactérias do gênero Pseudomonas, sendo as principais responsáveis da foliculite originada de um banho coletivo com água tratada inadequadamente (no caso, ocasionando foliculite superficial) e fungos Pytirosporum ovalle (tanto superficial quanto profunda), que também são responsáveis pela pitiríase versicolor.

Embora o antibiótico seja um dos métodos de tratamento para foliculite, em certos casos é possível que ela seja derivada do uso contínuo do medicamento.

Os antibióticos são ferramentas importantes no tratamento de uma infecção bacteriana. Porém, sua ação nem sempre é focada, se limitando apenas ao agente infeccioso. Geralmente, apresenta ação ampla, causando a morte de bactérias benéficas ao corpo. Isso inclui tanto as da pele quanto as da flora intestinal.

Por isso, o uso de antibióticos, por exemplo, durante o tratamento da acne, pode aumentar a propensão da pele a infecções bacterianas, incluindo da foliculite. Neste caso, há maior propensão da “foliculite gram-negativa”, foliculite profunda causada por bactérias do tipo gram-negativa, que apresentam maior propensão a serem nocivas ao corpo.

Prevenção

Embora os métodos de tratamento para foliculite tendam a ser efetivos em controlar os sintomas, a melhor forma de controlar a inflamação é através da adoção de métodos de prevenção da sua ocorrência. Embora não sejam necessariamente efetivos em impedir que ocorra com total eficácia, têm capacidade de diminuir sua frequência de forma considerável.

Os principais métodos consistem em melhorar a higiene da pele. Deve-se lavar as mãos com frequência e aplicar sabonete antisséptico após a depilação, visando controlar a proliferação das bactérias. Deve-se também atentar a lavar as mãos após tocar nas lesões formadas pela inflamação, para que ela não se espalhe para outras partes do corpo.

Tome cuidado com as banheiras, saunas e piscinas que deseje usar. Certifique-se de que estejam devidamente higienizadas e recebam o tratamento químico adequado para evitar a proliferação de doenças.

Evite manter a pele molhada. Evite também o uso de roupas muito justas, para evitar suar com facilidade, e troque de roupa rapidamente após suar. Seque-se rapidamente e com atenção logo após o banho, para evitar se vestir com partes do corpo ainda úmidas.

Mantenha a pele saudável, para que ela tenha capacidade de manter suas capacidades defensivas. Evite deixar que a pele resseque, aplicando hidratantes regularmente para mantê-la hidratada.

Isso se aplica também ao barbeamento e ao pós-barba. Use loções de barbear para diminuir os danos por parte da lâmina sobre a pele. Após se barbear, aplique uma loção hidratante para manter a saúde do local. O uso de barbeadores elétricos também pode ser uma boa alternativa às lâminas de barbear comuns.

É importante também controlar o próprio peso. A obesidade e o sobrepeso aumentam a propensão à foliculite, além de aumentar também a transpiração. Pratique exercícios físicos regularmente e evite as comidas gordurosas.

Conclusão

A foliculite é uma condição comum e pouco grave, embora tenda a ser um tanto incômoda. Qualquer pessoa pode desenvolvê-la em algum momento, mas algumas pessoas apresentam maior propensão, por exemplo, devido a fatores hereditários ou de estilo de vida.

Ela consiste em uma inflamação do folículo piloso, parte do fio de um pelo ou do cabelo que se situa na derme, camada intermediária da pele. Pode ser tanto superficial, afetando a parte superior do folículo, quanto profunda, afetando a região próxima da raiz.

Geralmente, a inflamação se resolve espontaneamente, e esse processo pode ser acelerado com o uso de tratamentos caseiros. Porém, em alguns casos, especialmente quando a infecção é profunda, pode haver comprometimento da raiz, prejudicando ou impedindo o crescimento do fio, e a formação de cicatrizes.

Para casos de maior intensidade ou que sejam crônicos, podem ser utilizados medicamentos para tratá-la. Destaca-se o uso de medicamentos antibióticos ou antifúngicos, visto que bactérias e fungos são os principais causadores da condição. Corticoides também podem ser receitados para diminuir a inflamação, se necessário.

Caso isso não seja o suficiente, há a possibilidade de intervenção cirúrgica, para a remoção de abscessos de grandes proporções, e de remoção do folículo piloso, visando impedir a reincidência da inflamação.

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Dra. Juliana Toma

CRM-SP: 156490 / RQE: 65521.
Médica pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP/EPM). Residência Médica em Dermatologia pela UNIFESP. Pós-Graduação em Dermatologia Oncológica pelo Instituto Sírio Libanês (SP).
Fellow em Tricologias, Discromias e Acne pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP).
Pós-Graduação em Pesquisa Clínica pela Harvard Medical School – EUA (Principles and Practice of Clinical Research).

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Dra. Juliana Toma

Dra. Juliana Toma

CRM-SP: 156490 / RQE: 65521.
Médica pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP/EPM). Residência Médica em Dermatologia pela UNIFESP. Pós-Graduação em Dermatologia Oncológica pelo Instituto Sírio Libanês (SP).
Fellow em Tricologias, Discromias e Acne pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP).
Pós-Graduação em Pesquisa Clínica pela Harvard Medical School – EUA (Principles and Practice of Clinical Research).

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