Você já se sentiu sem vontade de viver? Talvez, em algum momento, você já pode ter sentido vontade de desistir da vida. Saiba que se você já teve esse sentimento, não está sozinho.
Doenças, eventos inesperados e traumáticos, dificuldades a longo prazo ou grandes expectativas adiadas são alguns dos motivos pelos quais uma pessoa pode deixar de ter vontade de viver.
Não ter mais vontade de viver pode ser um sentimento passageiro, mas também um precursor de depressão e suicídio. Por isso, é uma condição que deve ser levada à sério por meio de tratamento especializado e multidisciplinar, além do apoio da família e amigos.
Se você conhece alguém que esteja sem vontade de viver, preste atenção aos seguintes sinais indicativos de pensamentos suicidas.
Os principais sintomas são:
- Lamentar ter nascido;
- Sentimentos de desesperança;
- Fazer despedidas;
- Organizar os negócios sem motivo aparente;
- Doar posses;
- Esconder medicamentos, armas ou outros itens para acabar com a própria vida;
- Uso excessivo de substâncias e outras formas de autoagressão;
- Isolamento social;
- Mudanças de humor;
- Mudanças na rotina diária.
Geralmente, a vontade de desistir de viver associada a pensamentos suicidas acontece devido a distúrbios de humor, como transtorno bipolar, transtorno de ansiedade, depressão e até mesmo condições hormonais, incluindo depressão pós-parto e Transtorno Disfórico Pré-Menstrual.
O Transtorno Disfórico Pré-Menstrual é uma condição crônica que pode ser extremamente grave, afetando de 3 a 8% das mulheres em idade reprodutiva. Esse transtorno é caracterizado por alterações cognitivas, afetivas e comportamentais debilitantes que ocorrem durante a fase menstrual lútea e geralmente remitem após o início da menstruação.
Os fatores que levam uma pessoa a querer desistir de viver costumam ser complexos e variados, mas existem evidências científicas de que a menstruação pode desempenhar um papel significativo para muitas mulheres.
Estudos já comprovaram que desânimo, se sentir sem vontade de viver e tentativas de suicídio em mulheres estão associadas a fases específicas do ciclo menstrual e flutuações dos hormônios estrogênio e progesterona.
Vários estudos de autópsia também já identificaram incidências significativamente aumentadas de suicídios consumados durante as fases lútea e menstrual, levando à conclusão de que realmente alterações hormonais relacionadas à menstruação são um importante fator mediador para desistir de viver.
É comum também sentir vontade de desistir de viver sem o diagnóstico de distúrbios ou sem experimentar mudanças hormonais. As circunstâncias da vida podem fazer uma pessoa perder a vontade de viver, talvez por experimentar o luto devido à perda de um ente querido, passar por um rompimento ou por um divórcio e perder o emprego, especialmente se a identidade da pessoa estava fortemente envolvida no seu papel profissional nesse tal emprego.
A vontade de desistir de viver pode ainda estar relacionada a condições crônicas, esgotamento e traumas. Pessoas que enfrentam problemas crônicos de saúde podem não querer mais lidar com a vida. Permanecer em um casamento ruim por causa dos filhos ou de qualquer outra forma de obrigação também pode fazer com que a vida perca o brilho.
A Síndrome de Burnout, por exmeplo, que é um esgotamento provocado pelo estresse emocional no trabalho, é outra condição que pode dar origem a pensamentos suicidas.
Além disso, traumas de infância não resolvidos também podem fazer com que alguém queira desistir de viver, incluindo pessoas que já sofreram abusos durante a infância e, na vida adulta, têm pesadelos, flashbacks e pensamentos de que o mundo não é um lugar seguro.
Pessoas que sofreram traumas na vida adulta também podem ter os mesmos sintomas, mas o trauma causado na infância é único porque afeta o cérebro ainda em desenvolvimento.
Como tratar quando estiver sem vontade de viver
Se você sente que a vida perdeu o brilho, está sem vontade de viver, marque uma consulta com um profissional de saúde, de preferência um profissional licenciado que seja especializado em saúde mental para falar sobre o que você está passando.
Esse profissional poderá fornecer um diagnóstico preciso, medicamentos e as melhores opções de tratamento para cada caso. Além disso, poderá ainda dar dicas sobre como lidar com as suas emoções ou circunstâncias que o levaram a querer desistir da vida.
A forma como o profissional realiza o tratamento dependerá das causas e sintomas de cada paciente. Por exemplo, depressão, Transtorno Disfórico Pré-Menstrual e Síndrome de Burnout exigem tratamentos diferentes. Então, apenas um profissional capacitado poderá ajudar a encontrar o protocolo adequado para cada situação.
Apesar disso, existem algumas dicas que você pode tentar colocar em prática para lidar com os sentimentos negativos e melhorar a sua qualidade de vida.
1. Criar uma rede de apoio
Além do tratamento com medicamentos e terapia, é importante criar um forte apoio social. Estabeleça laços mais fortes com amigos e familiares. Ou até mesmo você pode se envolver em grupos comunitários que se reúnem para conversar sobre questões que atendem as suas necessidades. Se você se sente sem vontade de viver, busque interagir com pessoas positivas, de modo que a companhia delas contribua para o seu bem-estar.
2. Reduza o estresse
Em situações de estresse, o corpo produz cortisol que, a longo prazo, pode causar muitos problemas para você, incluindo depressão, que é um dos principais motivos para algumas pessoas sentirem-se sem vontade de viver. Então, busque formas de gerenciar seu estresse, como meditação, ioga e atividades de lazer.
3. Adote hábitos saudáveis
Estudos comprovam que existe uma relação entre dieta e saúde mental. Melhorar os hábitos alimentares ajuda a prevenir e tratar doenças mentais.
A deficiência de algumas vitaminas também está associada a doenças mentais. Por exemplo, já foi comprovado que a deficiência de zinco contribui para sintomas de depressão. Muitos estudos epidemiológicos já comprovaram a associação do baixo nível de zinco com a depressão. No entanto, antes de fazer qualquer mudança nutricional importante ou começar a tomar suplementos, consulte o seu médico.
Praticar exercícios físicos também proporciona benefícios mentais, como redução da ansiedade, do estresse e da depressão. Além disso, busque melhorar os hábitos da sua rotina de sono.
4. Cuide-se!
Pratique o autoconhecimento para conseguir cuidar de si mesmo. Respeite as suas preferências. Saiba dizer “não” para evitar ficar sobrecarregado. Seja amável consigo mesmo e pratique a gratidão pelo que você tem. Lembre-se de que a vida depende da perspectiva que você dá a ela.
Saiba que este artigo não está realizando um diagnóstico ou tratamento. Por isso, se você se encontra nessa situação de se sentir sem vontade de viver, é recomendado que busque um atendimento especializado em saúde mental para que o profissional o aconselhe sobre o seu caso específico.