A vida profissional é motivo de satisfação ao adulto. Porém, determinadas vivências estressantes podem se revelar condições inadequadas.
Na sociedade vigente, as exigências e competitividade entre profissionais podem ser desencadeantes de sentimentos de insegurança e instabilidade.
Impacto no trabalho
Talvez, se mostre como desfecho da redução da satisfação no trabalho, questões de saúde, aumento do absenteísmo, baixos índices de produtividade e consequentemente aumento nos custos econômicos das empresas e sociedade geral.
No final da década de 1980, a crescente concorrência entre as organizações tornou-se constante com a
intensificação do comércio internacional e transações globais envolvendo o Brasil, inclusive no campo financeiro.
Dessa maneira, o relacionamento entre a organização e o funcionário transformou-se como perfil participante do processo de desenvolvimento não apenas profissional, mas também pessoal no negócio.
Trabalho e aprendizado
Assim, ao mesmo tempo em que as organizações estão dispostas a investirem com aprendizado aos funcionários, os empregados também esperam esse posicionamento de investimento da empresa para o seu desenvolvimento.
Atualmente as transformações tecnológicas trouxeram aumento de produtividade aos profissionais, gerando mais lucratividade as empresas.
Outro desfecho interesse foi a necessidade avassaladora em ter que se atualizar e estudar constantemente. Entretanto, esse benefício culminou reveses negativos a saúde do trabalhador, sendo portanto, um alerta das pesquisas recentes sobre novas enfermidades resultantes ao mundo do trabalho.
Por consequência, diversos eventos no ambiente de trabalho e não alinhadas as características pessoais dos profissionais, eventualmente, podem contribuir para desprazeres, não trazendo bem-estar ao trabalho em termos que questões psicológicas aos colaboradores.
Estresse como ponto de partida
Pois bem, fala-se do estresse como ponto de partida em termos de representação de contexto desse
processo saúde-doença.
Quando o ambiente passa de satisfatório para inibitório de seus desejos e objetivos, influenciando nos planos de vida pessoal e profissional, o colaborador já não dispõe mais de capacidades para auxiliar e enfrentar a rotina de trabalho como antes.
Tal percepção fornece um sentimento negativo de inadequação individual e profissional, podendo influir sobre a postura do funcionário sobre o atendimento acerca da instituição negativamente.
O estresse de função é aquele correlacionado ao papel da pessoa na instituição, onde há ambiguidade de conduta e conflito de papéis.
A Exaustão Emocional é conhecida como redução ou ausência de energia atrelada ao esgotamento
emocional, se manifestando fisicamente e psicologicamente.
Síndrome de Burnout
É percebida como uma das etapas centrais da Síndrome de Burnout e pode-se dizer que, é uma condição acarretada devido estresse ocupacional crônico, onde há um ambiente de trabalho com alto teor de exigências e baixo nível de recursos disponíveis emocionalmente para lidar.
A Síndrome de Burnout é definida como resultado de estresse crônico derivado do ambiente de trabalho consistindo em 3 sintomas chaves: a Exaustão Emocional, a Despersonalização e a redução da Realização Pessoal.
Cientificamente a Exaustão Emocional é tida como indicador primário da Síndrome de Burnout. Por sua
vez, pesquisadores afirmam que a Exaustão Emocional seja precursora da Despersonalização como componente que impacte na diminuição da Realização Pessoal.
A Despersonalização se refere a ideia negativa acerca do cliente.
Seja no ambiente de trabalho ou na vida, o ser humano possui recursos denominados de energia emocional e suporte socioemocional, do qual estes elementos atuam na manutenção de si.
Contudo, se tratando do mundo do trabalho, as imposições desse ambiente podem oprimir esses mesmos recursos, levando a Exaustão Emocional.
As novas necessidades do trabalho moderno, físicas ou psicológicas, refletem estressores no trabalho, como a própria dissonância emocional, podendo haver altas taxas de recuperação.
Pesquisas e exaustão emocional
A Exaustão Emocional tem sido utilizada como medidor em diversas pesquisas de ambiente organizacional, devido suas inúmeras implicações no funcionamento da empresa e qualidade de vida dos empregados, sobre uma carga de distanciamento emocional e cognitivo do trabalho significativamente.
Estudos indicam que demandas emocionais construídas no trabalho estão intimamente relacionadas a regulação emocional e bem-estar psicológico, demonstrando haver um equilíbrio entre a capacidade de regulação das emoções e de estar bem consigo.
Basicamente a Exaustão Emocional é uma resposta a agravantes estressores tanto organizacionais quanto pessoais: sobrecarga de trabalho extenuante, contatos interpessoais insatisfatórios, papéis conflituosos nos relacionamentos entre pares, altos níveis de expectativas e de organização consigo e com a instituição.
Pesquisas sugerem que a Exaustão Emocional está correlacionada negativamente com a criatividade. Além do mais, estaria relacionada a ansiedade, depressão e somatizações. Experiências demonstram que profissionais são influenciados por uma atuação superficial ou por uma atuação profunda.
Isso quer dizer que, os colaboradores que trabalham horas a fio atendendo clientes se encontram em uma posição de maior Exaustão Emocional depois de horas trabalhadas, tendendo a não conseguirem ofertar mais de si para o trabalho.
Aliás, os colaboradores que se sentem empáticos para exercerem sua função estão mais comprometidos com o serviço, todavia há propensão de Exaustão Emocional dado excesso de interações no serviço. Parece que há alguns perfis mais suscetíveis a Exaustão Emocional.
Indivíduos que se encontram em posição de limite operando nas necessidades da organização ao contrário de indivíduos que possuem espaço para escolher, podem experimentar níveis maiores de Exaustão Emocional.
Fator relevante é a ansiedade que está comumente relacionada a Exaustão Emocional. Esse elemento
dificulta o posicionamento de ir trabalhar, aumentando a frustração e irritabilidade dos profissionais frente ao serviço, segundo a percepção de que não conseguem ofertar mais o mesmo entusiasmo que antes aos clientes.
As consequências a saúde do trabalhador sobre a Exaustão Emocional são: resultados psicológicos
referentes ao serviço, vontade de largar o trabalho e comprometimento no desempenho profissional.
Também é relatado pelas pesquisas que, trabalhadores sofrem dificuldades de concentração, alterações no sono, irritação, enxaqueca, mudanças de humor e repercussões familiares significativas de cunho negativo.
Além disso, redução no bem-estar subjetivo é notável pois, a experiência emocional encontra-se esgotada, aliado a desânimo, preocupação excessiva, inflexibilidade e comorbidades clínicas.
A resiliência foi um dado significativo achado nas pesquisas como fator protetivo para amenizar os efeitos da Exaustão Emocional bem como seu início.
A inteligência emocional é outro elemento importante capaz de ajudar na regulação das emoções.
Os principais sintomas da Exaustão Emocional são: tristeza, angústia, desânimo, ausência de prazer, irritação, choro, ansiedade, alterações no sono, alterações na memória, dificuldades de concentração e cansaço.
Pandemia COVID-19 e exaustão emocional
A pandemia do vírus COVID-19 trouxe imprevisibilidade na rotina mundial, além de impactos a saúde
mental, sustando questões psicológicas importantes e determinantes as normas de convivência social.
Tais mudanças proporcionaram uma sobrecarga aos profissionais dos serviços essenciais em termos de cuidados. Por conta do número de infectados, o número de cuidados sofreu pressão exacerbada em ter que cuidar da população doente e com sintomas mentais.
Destacam-se serviços gerais de limpeza, entregadores de encomendas, seguranças, funcionários de empresas, motoristas de caminhão, ônibus ou carro e profissionais da área da saúde e assistência social.
Entre as consequências para quem trabalhou na linha de frente estão: carga horária acima da média, ausência de tempo com a família, pressão, ônus da mídia, falta de informações, frustrações pelas perdas e Exaustão Emocional.
O Tratamento para o sofrimento em Exaustão Emocional é multidisciplinar e requer o acompanhamento de profissionais de diversas áreas. Um psiquiatra, um psicólogo, um médico de família e demais especialistas de confiança que possam cuidar desse quadro delicado.
O apoio de familiares e amigos na construção de uma rede de laços de colaboração nesse momento em que o paciente sinta-se confiante e fortalecido para seguir em frente no tratamento e na vida.
O paciente precisará de encorajamento constamento, pensamento positivo, perspectivas realistas de um futuro melhor para si e a crença de que tudo ficará melhor. Sair de um quadro de estafa mental não
é tarefa fácil.
Tanto o corpo como a mente não corresponde mais positivamente a vida. Por isso, outras
comorbidades são factíveis como a depressão, a ansiedade e até mesmo os transtornos dissociativos.
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