Dipirona: desmistificando seu uso

A dipirona é um analgésico que tem propriedades analgésicas e antitérmicas, agindo no tratamento de febres, dores de cabeça, musculares e cólicas.

Classificada como Medicamento Isento de Prescrição Médica (MIP), é conhecida por diversos nomes, como Novalgina, Anador e Magnopyrol. Pode ser encontrada na forma de comprimidos, gotas, xarope ou supositório e também na forma farmacêutica injetável, voltada ao uso hospitalar.

Mecanismo de ação e outras informações técnicas

A dipirona e seus principais metabólitos 4-N-metilaminoantipirina (MAA) e 4-aminoantipirina (AA) possuem mecanismos de ação central e periférico, e sua eficácia clínica é baseada principalmente em MAA. A sua analgesia e efeito antiinflamatório da dipirona difere da ação dos corticoides (bloqueio da FLA 2) e dos AINES (bloqueio das COX 1 e 2). Seu mecanismo de ação ocorre através da inibição da síntese de prostaglandinas e tromboxano, e inibição da ciclooxigenase e da agregação plaquetária induzida pelo ácido araquidônico.

Seu efeito antipirético é baseado em um efeito central dependente da

Em contraste com outros AINES, a dipirona também tem efeito espasmolídico.

É rapidamente absorvida no trato gastrintestinal e é metabolizada no intestino em seu metabólito ativo 4-metilaminoantipirina.

Atinge seu pico de concentração em 1 a 2 horas e sua meia-vida de eliminação é de aproximadamente 7 horas.


Efeitos colaterais

Como qualquer medicação, o uso de dipirona pode causar efeitos colaterais. Dentre eles encontram-se dor no estômago ou intestino, má digestão, diarreia, urina avermelhada, queda da pressão arterial e urticária.

Seu uso pode ocasionar reações alérgicas graves e choque anafilático, sendo indicada a interrupção do tratamento e procura a um atendimento médico caso apareçam sintomas como falta de ar, tosse, inchaço da boca, língua ou rosto e vermelhidão e aparecimento de manchas na pele.

Em pacientes com síndrome da asma analgésica, reações de intolerância aparecem tipicamente na forma de ataques asmáticos.

Em relação aos distúrbios cardíacos, a dipirona pode ocasionar síndrome de Kounis. Outra reação adversa que pode ocorrer no uso de dipirona é a agranulocitose.

dipirona

Agranulocitose

A reação adversa mais comum decorrente do uso de dipirona é a agranulocitose, que indica uma redução absoluta do número de granulócitos circulantes no sangue periférico.

O diagnóstico é feito em pacientes com taxa de granulócitos sanguíneos de 50mm³ ou menos e contagem de leucócitos inferior a 3000mm³. As manifestações clínicas podem incluir febre, ulcerações na garganta, trato gastrintestinal e outras mucosas, seguidas por infecções graves.

A agranulocitose como efeito colateral fez com que a dipirona fosse proibida em diversos países, como Estados Unidos, Japão e Austrália.


Contraindicações

Não se deve utilizar dipirona nos casos em que o paciente:

  • Tenha função da medula óssea prejudicada ou possua doenças do sistema hematopoiético.
  • Desenvolva, após o uso, broncoespasmo ou reações anafiláticas.
  • Possua porfiria hepática aguda intermitente.
  • Tenha deficiência congênita da glicose-6-fosfato-desidrogenase.
  • Esteja grávida ou amamentando.

Quais os riscos de misturar analgésicos com álcool?

O uso de medicamentos analgésicos é extremamente comum no país, sendo que um dos medicamentos mais vendidos dessa classe contém dipirona na sua fórmula.

Em linhas gerais, o álcool pode interagir negativamente com diversos medicamentos. Entretanto, cada um pode acarretar uma interação diferente. Os analgésicos ditos “comuns” têm, normalmente, como resultado da interação com o álcool, dor no estômago ou gastrite, problemas hepáticos e taquicardia.

Especificamente no uso concomitante do álcool com dipirona, essa mistura pode acarretar a potencialização dos efeitos do álcool.

portrait beautiful young asian woman with water glass and drug pill on beige

Estou com dengue, posso utilizar dipirona?

Uma das vantagens desse analgésico é a possibilidade de utilização por paciente que estejam com dengue. A dipirona é um grande aliado no combate da febre alta que é típica em paciente acometidos pela doença.


Referências

Bula. Dipirona. Disponível em: https://www.ems.com.br/arquivos/produtos/bulas/bula_dipirona_sodica_10145_1224.pdf

Conselho Regional de Farmácia de São Paulo. Álcool x medicamentos. 2012. Disponível em: http://portal.crfsp.org.br/noticias/3622-alcool-x-medicamentos.html#:~:text=%C3%81lcool%20e%20dipirona%3A%20o%20efeito,risco%20de%20sangramentos%20no%20est%C3%B4mago.

Centro de Informações sobre Saúde e Álcool. Misturar analgésicos com álcool: quais os riscos? 2016. Disponível em: https://cisa.org.br/sua-saude/informativos/artigo/item/85-misturar-analgesicos-com-alcool-quais-os-riscos

Diogo, A. N. M. Dipirona: segurança do uso e monitoramento da qualidade de comprimidos orais. Pós- Graduação Em Vigilância Sanitária. Instituto Nacional De Controle De Qualidade Em Saúde. Fundação Oswaldo Cruz. 2003. Disponível em: https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/8427/2/163.pdf Lampl, C.; Likar, R. Metamizol: Wirkmechanismen, Interaktionen und Agranulozytoserisiko. Der Schmerz volume 28, pages584–590 (2014). Disponível em: https://link.springer.com/article/10.1007/s00482-014-1490-7

Marina Goulart da Silva

Graduada em Farmácia e Mestre em Ciências da Saúde: Neurociências pela Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL). Pós-Graduada em Docência do Ensino Superior e Metodologias Ativas. Atua como pesquisadora estudando a efetividade de intervenções farmacológicas em transtornos psiquiátricos.

Também é professora do Ensino Superior.

Compartilhe Esse Conteúdo
Facebook
Twitter
LinkedIn
Marina Goulart da Silva

Marina Goulart da Silva

Graduada em Farmácia e Mestre em Ciências da Saúde: Neurociências pela Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL). Pós-Graduada em Docência do Ensino Superior e Metodologias Ativas. Atua como pesquisadora estudando a efetividade de intervenções farmacológicas em transtornos psiquiátricos.

Também é professora do Ensino Superior.

Últimos Posts

newsletter

Receba Novidades Por E-mail

Deixe um Comentário

Postagens Relacionadas

Anosognosia: tudo sobre o assunto

Anosognosia: o que é, sintomas e principais causas

Anosognosia é uma condição neurológica caracterizada por uma falta de consciência ou negação de uma doença ou deficiência, mais comumente observada em pacientes com danos cerebrais ou distúrbios neurológicos.  Esquecimentos são comuns,

Continue Lendo
categorias

Pesquise por Categoria

Urologia

Sintomas

Reumatologia

Radiologia

Psiquiatria

Psicologia

Pediatria

Otorrinolarigonlogia

Ortopedia

Oncologia

Oftalmologia

Nutrição

Notícias

Neurologia

Neurocirurgia

Nefrologia

Medicina Esportiva

Mastologia

Infectologia

Ginecologia e Obstetrícia

Gerontologia

Geriatria

Gastroenterologia

Fisioterapia

Fisiatria

Farmácia

Endocrinologia

Educação Física

Dor

Doenças

Dermatologia

Curiosidades

Clínica Médica

Cirurgia Vascular

Cirurgia Plástica

Canabidiol

Biomedicina

Artigos

Alergia

Acupuntura

newsletter

Receba Novidades Por E-mail