Posso tomar Dipirona na Gravidez? Prejudica o bebê?

efeitos adversos anti-inflamatorios

O analgésico dipirona não é recomendado como primeira opção durante a gravidez devido à poucos estudos. Esta recomendação é por segurança da gestação. Pode ser tomada apenas com indicação médica.

A dipirona é um medicamento analgésico, eficaz contra dor e febre. É um medicamento de venda livre, podendo ser comprada em farmácias, sem necessidade de receita.

No Brasil, a dipirona é o analgésico mais vendido, seguido pelo paracetamol.

Uma dúvida muito comum durante a gestação é se a dipirona pode ser tomada sem nenhum risco para a saúde da mãe e do bebê[1]Halfeld G. Uma análise crítica sobre benefícios e riscos da dipirona. Rev. ciênc. farm. 1992:9-35..

A dipirona é um medicamento que pode ser utilizada em pessoas de todas as idades, como bebês, crianças, adultos e idosos. Porém, em mulheres grávidas, é importante tomar alguns cuidados[2]Wannmacher L, Organização Pan-Americana da Saúde. Organização Mundial da Saúde. Paracetamol versus dipirona: como mensurar o risco. Organização Pan-Americana da Saúde, Organização Mundial … Continue reading.

Informações sobre a teratogenicidade da dipirona em mulheres são raras.

O ideal é sempre fazer acompanhamento com seu médico obstetra. Caso seja indicado o uso da dipirona, ele deve ser limitado a menores doses e tempo possíveis.


Qual analgésico devo usar durante a gravidez?

O paracetamol é geralmente recomendado como primeira opção[3]Toda K. Is acetaminophen safe in pregnancy?. Scandinavian journal of pain. 2017 Oct 1;17(1):445-6..

A dipirona não é a primeira opção de analgesia em mulheres gestantes. O risco/benefício do uso da dipirona deve ser avaliado por seu médico obstetra.


E anti-inflamatórios na gestação?

gravida

Anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs) como o diclofenaco, ácido acetil salicílico, cetoprofeno, ibuprofeno também devem ser evitados, principalmente nas primeiras 24 semanas de gestação.

Efeitos adversos dos anti-inflamatórios na gestação podem incluir vasoconstrição do duto arterioso fetal, causando uma hipertensão arterial pulmonar.


Sempre pergunte ao seu médico sobre os medicamentos recomendados para uso na gravidez.


Categorias de risco na gravidez

Food and Drug Administration (FDA), agência que regula alimentos e medicamentos nos Estados Unidos (como a ANVISA no Brasil), classifica os medicamentos em 5 categorias de acordo com o risco do uso na gravidez.

As categorias de risco são A, B, C, D e X. 

A dipirona está na categoria D.

Categoria D: o fármaco demonstrou evidências positivas de risco fetal humano, no entanto, os benefícios potenciais para a mulher podem, eventualmente, justificar o risco, como, por exemplo, em casos de doenças graves ou que ameaçam a vida, e para as quais não existam outras drogas mais seguras;


Estudos em animais

No entanto, a partir de estudos in vitro e em animais, a dipirona demonstrou um fraco potencial mutagênico ou cancerígeno, e apenas em doses muito elevadas.


Estudos

Bar-Oz e colegas conduziram um estudo prospectivo comparado avaliando o uso de dipirona durante o primeiro trimestre da gravidez. O estudo foi publicado no European Journal of Obstetrics & Gynecology and Reproductive Biology em 2004[4]Bar-Oz B, Clementi M, Di Giantonio E, Greenberg R, Beer M, Merlob P, Arnon J, Ornoy A, Zimmerman DM, Berkovitch M. Metamizol (dipyrone, optalgin) in pregnancy, is it safe? A prospective comparative … Continue reading.

Os autores avaliaram 108 mulheres tomando dipirona e 108 que tomaram paracetamol, em Israel e na Itália. A taxa de malformações maiores no grupo da dipirona não diferiu significativamente da taxa no grupo comparativo.

Outro estudo de pesquisadores brasileiros avaliou um número total de 5564 mulheres, que estavam entre a 21ª e a 28ª semana de gestação. Um questionário foi usado para obter dados sobre a gravidez e o uso de medicamentos. O uso de dipirona foi relatado por 555 mulheres grávidas (11,5%)[5]da Silva Dal Pizzol T, Schüler-Faccini L, Mengue SS, Fischer MI. Dipyrone use during pregnancy and adverse perinatal events. Archives of gynecology and obstetrics. 2009 Mar;279(3):293-7..

O uso de dipirona durante a gravidez não foi associado a um aumento no risco de anormalidades congênitas e outros eventos adversos como resultados da gravidez.

Algumas limitações do estudo, de acordo com os autores, incluem:

“Nenhuma informação foi obtida sobre as quantidades de dipirona usada ou por quanto tempo ela foi usada. Além disso, não havia informações sobre exatamente quando a dipirona foi usada. Consequentemente, não foi possível analisar a exposição de acordo com o período gestacional, o que seria uma condição particularmente importante para investigar o efeito teratogênico da medicação”


Recomendações do uso da dipirona

A dipirona pode ser utilizada na gestação. Porém, não é a primeira opção.

Antes de usar qualquer medicamento durante a gravidez, leia a bula e converse com o médico.

A utilização de medicamentos durante a gestação deve ser vista com cautela e estar sujeita à criteriosa avaliação de benefício/risco, devido às implicações sobre a saúde do feto

Referências Bibliográficas

Referências Bibliográficas
1 Halfeld G. Uma análise crítica sobre benefícios e riscos da dipirona. Rev. ciênc. farm. 1992:9-35.
2 Wannmacher L, Organização Pan-Americana da Saúde. Organização Mundial da Saúde. Paracetamol versus dipirona: como mensurar o risco. Organização Pan-Americana da Saúde, Organização Mundial da Saúde. Uso racional de medicamentos: temas selecionados. Brasília: OPAS. 2005 Apr;26.
3 Toda K. Is acetaminophen safe in pregnancy?. Scandinavian journal of pain. 2017 Oct 1;17(1):445-6.
4 Bar-Oz B, Clementi M, Di Giantonio E, Greenberg R, Beer M, Merlob P, Arnon J, Ornoy A, Zimmerman DM, Berkovitch M. Metamizol (dipyrone, optalgin) in pregnancy, is it safe? A prospective comparative study. European Journal of Obstetrics & Gynecology and Reproductive Biology. 2005 Apr 1;119(2):176-9.
5 da Silva Dal Pizzol T, Schüler-Faccini L, Mengue SS, Fischer MI. Dipyrone use during pregnancy and adverse perinatal events. Archives of gynecology and obstetrics. 2009 Mar;279(3):293-7.

Dr. Marcus Yu Bin Pai

CRM 158074 / RQE 65523, 65524 | Médico especialista em Acupuntura e Fisiatria pela USP. Área de Atuação em Dor pela Associação Médica Brasileira. Doutorado em Ciências pela Universidade de São Paulo. Professor e Colaborador do Grupo de Dor do Hospital das Clínicas da USP. Diretor do Colégio Médico Brasileiro de Acupuntura (CMBA).

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Dr. Marcus Yu Bin Pai

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CRM 158074 / RQE 65523, 65524 | Médico especialista em Acupuntura e Fisiatria pela USP. Área de Atuação em Dor pela Associação Médica Brasileira. Doutorado em Ciências pela Universidade de São Paulo. Professor e Colaborador do Grupo de Dor do Hospital das Clínicas da USP. Diretor do Colégio Médico Brasileiro de Acupuntura (CMBA).

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