Apesar das fortíssimas evidências de que o cigarro é causa direta e indireta para inúmeras doenças, o tabagismo, continua sendo um grande desafio para a saúde da população mundial.
Diversos estudos realizados, mostram que, apresar de o número total de fumantes no Brasil ter diminuído durante os anos, esse número ainda permanece altíssimo, afetando diretamente a saúde da população.
Apesar da queda do número de fumantes ocorrida nesse período, o hábito de fumar continua sendo responsável por um grande número de mortes da população brasileira. A Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que o tabaco mata mais de 8 milhões de pessoas por ano.
O tabagismo é considerado uma doença crônica e é causa direta para inúmeras doenças, como para vários tipos de cânceres, doenças cardíacas, cerebrovasculares e patologias bucais.
Se engana quem pensa que é a fumaça do cigarro que causa danos ao nosso organismo, pois mesmo as formas de uso de tabaco sem fumaça são fator de risco para o desenvolvimento de diversas doenças.
Além dessas doenças, o tabaco pode levar a graves danos na cavidade bucal, nesse texto vamos responder algumas perguntas sobre o tabaco e a sua relação com a saúde bucal.
O TABACO PODE LEVAR A PERDA DOS DENTES?
De uma forma simplificada, os nossos dentes são formados por duas partes, pela a coroa dentária, que é o que enxergamos dentro da nossa boca e pela raiz dentária que fica dentro do osso e é suportada por ele. A periodontite, é uma doença que leva a perda do osso que suporta os dentes, gerando sangramento, mau hálito, podendo levar ao afrouxamento dos dentes e perda dos mesmos.
A periodontite é uma doença crônica, causada por diversos fatores, o principal deles é o acúmulo de biofilme bacteriano na superfície dos dentes. Essa doença, inicia-se como gengivite, que é o sangramento da gengiva, que pode progredir para o tecido ósseo e tornar-se periodontite.
As pessoas que fumam têm uma aceleração na perda do tecido ósseo, o que pode gerar uma doença muito mais grave em comparação com as pessoas não fumantes.
Além do uso do tabaco acelerar o processo de progressão da doença, sabe-se que ele também leva a uma piora na resposta do tratamento dessa doença.
O TABACO PODE ESCURECER OS DENTES?
Os nossos dentes são formados por diferentes tipos de tecidos, o tecido mais interno é a polpa dentária que contém as terminações nervosas e recebe os vasos sanguíneos, a camada do meio é chamada de dentina, e a camada mais externa é chamada de esmalte dentário.
Quanto comemos ou bebemos alimentos muito pigmentados com café, vinho, suco de uva com muita frequência o esmalte pode pigmentar e adquirir uma coloração mais uma escurecida.
O cigarro possuiu muitas substâncias, a nicotina é uma delas, além de estimular receptores relacionados com o prazer e gerar dependência química, essa substância, com o passar do tempo, acumula no esmalte dentário gerando uma coloração que vai de amarelada até acinzentada.
Esse aspecto é característico de pessoas fumantes e é muito difícil, com técnicas de clareamento dental, fazer com que a coloração dos dentes volte ao normal, mesmo que a pessoa pare de fumar.
O TABACO PODE REDUZIR A SALIVAÇÃO?
A saliva em nossa cavidade bucal é fundamental para que possamos mastigar os alimentos, deglutir, falar, além disso, possui função de proteção para os dentes e mucosas da cavidade bucal.
A saliva é produzida por glândulas salivares, o nosso organismo é composto por glândulas salivares maiores e por glândulas salivares menores, responsáveis pela produção da saliva.
O tabaco afeta diretamente as glândulas responsáveis pela produção da saliva, causando uma drástica redução em na quantidade produzida. Esse efeito é chamado de xerostomia, que é quando a pessoa apresenta “boca seca”.
As pessoas que apresentam xerostomia ficam mais propensas ao desenvolvimento de cárie dentária, pois há redução do efeito protetor da saliva, ficam também mais propensas ao desenvolvimento de infecções na mucosa bucal, como por exemplo a candidíase, que um fungo que se prolifera na mucosa bucal.
Além disso, a saliva é fundamental para podermos falar, para podermos mastigar os alimentos, e, é através da saliva que o processo de digestão dos alimentos se inicia. Os fumantes estão propensos a tantas alterações que muitas vezes eles nem tem o conhecimento do enorme malefício que esse hábito pode gerar para o organismo.
O TABACO PODE GERAR CÂNCER DE BOCA?
Hoje em dia está mais do que comprovado que pessoas fumantes tem um risco aproximadamente três vezes maior de desenvolver câncer de boca do que as pessoas não fumantes.
Você sabia que além do risco de desenvolver câncer de boca ser maior para pessoas fumantes, o tempo que a pessoa fuma e a quantidade de cigarros fumados ao dia também influenciam no risco de desenvolvimento de câncer?
O que também está muito bem estabelecido, mas que muitas pessoas não sabem, é que a associação de álcool com o tabaco eleva o risco de desenvolvimento de câncer bucal.
O câncer é um tumor maligno, de rápida proliferação e de origem multifatorial, ou seja, não é causado por um único fator isolado, mas as pessoas que fumam têm risco muito maior de desenvolver esse tipo de câncer.
O câncer de boca pode se desenvolver em qualquer região, tanto dentro da cavidade bucal quando na região dos lábios, e a região mais acometida pelo câncer de boca é a língua.
Por isso, é muito importante ficarmos sempre atentos a qualquer alteração dentro de nossas cavidades bucais e realizarmos sempre consultas preventivas com um cirurgião-dentista para mantermos nossa saúde bucal sempre em dia e para que qualquer tipo de alteração possa ser diagnosticada o mais cedo possível.
QUAIS ALTERNATIVAS PARA PARAR DE FUMAR?
Se você é fumante e está decidido a parar de fumar, saiba que você tomou a decisão mais importante da sua vida, você deu o primeiro passo para se libertar desse vício, mas saiba que você não precisa entrar nessa batalha sozinho, existem inúmeras opções de tratamentos e auxílios que você pode buscar.
O melhor profissional para buscar nesse momento é o médico psiquiatra, ele avaliará junto com você as opções de tratamento, seja ele medicamentoso ou não.