Glândulas Aumentadas no Pescoço – O Que Pode Ser?

Glândulas aumentadas ou então aquele “caroço” dolorido no pescoço. O que podem ser, por que isso acontece e como tratar.

Talvez você já tenha tido a experiência de sentir uma glândula aumentada, popularmente conhecida como um “caroço” em seu pescoço, talvez tenha até mesmo ficado com a região um pouco dolorida ou sentiu que a glândula em questão doía quando você a pressionava com os dedos[1]Som PM. Lymph nodes of the neck. Radiology. 1987 Dec;165(3):593-600..

Na grande maioria das vezes, estes casos de glândulas que são sentidas no pescoço se tratam de gânglios linfáticos aumentados, que podem sofrer este aumento por diferentes motivos.

Mas vamos começar do início, o que são gânglios mesmo? O que seu crescimento pode significar e o que fazer quando eles estão aumentados e/ou doloridos?


Sistema Linfático e Linfa

Circulando em nosso corpo através dos vasos linfáticos, há um líquido de aparência transparente e textura leitosa chamado linfa, produto do extravasamento de sangue de pequenas ramificações dos nossos vasos sanguíneos chamados capilares[2]Rajasekaran K, Krakovitz P. Enlarged neck lymph nodes in children. Pediatric Clinics. 2013 Aug 1;60(4):923-36..

Porém, devido ao pequeno porte dos poros presentes em nossos capilares, algumas alterações de composição acontecem durante este extravasamento, uma vez que os glóbulos vermelhos presentes no sangue não passam pelos poros[3]Hajek PC, Salomonowitz E, Turk R, Tscholakoff D, Kumpan W, Czembirek H. Lymph nodes of the neck: evaluation with US. Radiology. 1986 Mar;158(3):739-42..

Portanto, este líquido em questão possui uma composição extremamente similar ao do nosso sangue, com a exceção de não possuir glóbulos vermelhos, apresentando apenas glóbulos brancos, dos quais aproximadamente 99% são linfócitos.


O Que São Os Gânglios Linfáticos (ou linfonodos)?

lymph

Os gânglios são pequenas glândulas que fazem parte do nosso sistema linfático, responsável pela filtragem da linfa, filtrando possíveis patógenos como vírus e bactérias e impedindo-os de causar-nos doenças.

Os gânglios linfáticos estão localizados em algumas regiões do nosso corpo, como nas axilas, virilha, próximos a clavícula e no pescoço, mais especificamente em suas laterais, na região superior próximos à região das orelhas e mandíbula.


Glândulas Aumentadas e/ou Doloridas

Na maior parte dos casos, estas glândulas que conseguimos sentir se tratam dos gânglios linfáticos (ou linfonodos), que podem estar aumentados por diferentes razões, como amigdalites, ou algumas possíveis infecções e inflamações[4]Solbiati L, Osti V, Cova L, Tonolini M. Ultrasound of thyroid, parathyroid glands and neck lymph nodes. European radiology. 2001 Dec;11(12):2411-24..

Quando estes gânglios estão inchados e em processos de inflamação, recebem popularmente o nome de íngua,  e são um sinal de que nosso corpo está no processo de combater algo, normalmente na garganta ou vias respiratórias.

Na grande maioria dos casos, estas glândulas ou “caroços” como alguns costumam chamar, não se tratam de grandes problemas de saúde.

Quando localizados nas laterais superiores do pescoço próximos às mandíbulas, podem realmente serem apenas ínguas, demarcando que algum processo alérgico, inflamatório ou infeccioso está ocorrendo no organismo.

No caso da glândula não voltar ao seu tamanho normal após alguns dias ou no máximo quatro semanas, ou caso a região se encontre muito dolorida, é recomendado que se procure auxílio médico especializado.

Caso este caroço ou região dolorida/inchada se encontre em outros locais do pescoço, como na frente e na porção média, pode se tratar de algo relacionado a glândula da tireóide, nestes casos um médico endocrinologista deve ser procurado para realizar os devidos exames e indicar o tratamento mais adequado.


Como Tratar Ínguas na Região do Pescoço Em Casa

Na maioria das vezes, se tratando de gânglios linfáticos em processo de inflamação, não se apresenta um quadro de saúde grave.

As ínguas na região do pescoço costumam ser inofensivas e desaparecer naturalmente e por conta própria dentro de algumas semanas.

Porém, há algumas indicações que podem ser seguidas para melhorar o incômodo que podem causar na região ou seu aspecto, como por exemplo:

  • Aplicar compressas mornas: colocar bolsas de água quente, panos úmidos aquecidos, ou até mesmo deixar a água do chuveiro cair sobre a região durante o banho;
  • Ingerir chás como o de eucalipto e o de gengibre: basta adicionar as folhas (ou pedaços de rizomas no caso do gengibre) a água fervendo, desligar o fogo e aguardar alguns minutos para a realização da infusão. É recomendado que se ingira uma xícara dos chás de uma a duas vezes por dia;
  • Aplicar compressas de argila sob a íngua: misturar a argila com um pouco de água e delicadamente aplicar sob o linfonodo inchado. Estas aplicações podem ser feitas de 3 a 4 vezes por dias e deve-se retirar a argila completamente da pele assim que ela secar completamente e seguir com a aplicação de um loção hidratante no local;
  • Buscar por massagens linfáticas.


compressa

Caso seja necessário, em caso de muita dor ou sensibilidade no local da íngua, pode-se administrar alguns analgésicos ou anti-inflamatórios, seguindo sempre a posologia indicada na bula do medicamento e de preferência sempre com orientação e acompanhamento médico.


Cisto Congênito

Além de um aumento dos nódulos linfáticos, que são a maioria dos casos em que se pode sentir uma glândula do pescoço, há também algumas outras possibilidades, mesmo estas representando uma pequena parcela dos casos.

Uma outra possibilidade é que se trate de um cisto congênito, como é o caso de uma glândula salivar ou tireóide aumentada.

Cistos congênitos são tumores benignos, e podem estar presentes em diversos locais do corpo humano.

Quando localizados em uma das laterais no pescoço, por exemplo, se tratam de cistos branquiais, sendo anomalias que ocorrem durante o processo de desenvolvimento intra-uterino, ainda nas fases embrionárias.

Estes cistos não costumam apresentar grandes perigos, porém é necessário que se realize um intervenção médica, provavelmente cirúrgica, para realizar a retirada do cisto.


Quando Procurar Um Médico

No geral, alguns sinais de alerta que podem significar que você deve buscar por ajuda médica especializada são se o caroço na região do pescoço apresenta:

  • Crescimento progressivo;
  • Persistência por mais de 30 dias;
  • Tamanho superior a 2 centímetros de diâmetro;
  • Consistência dura e falta de mobilidade da glândula;
  • Quando houver sintomas conjuntos de febre, mal-estar ou perda de apetite e peso;
  • Caso tenham surgido mais de dois caroços, em diferentes locais do corpo, como acima dos cotovelos, na clavícula, pescoço e entre outras regiões.

Caso você apresente um ou mais sintomas descritos acima, busque a ajuda de um infectologista ou clínico geral, para que eles sigam com os exames requeridos e componham um diagnóstico do seu caso em específico.

Referências Bibliográficas

Referências Bibliográficas
1 Som PM. Lymph nodes of the neck. Radiology. 1987 Dec;165(3):593-600.
2 Rajasekaran K, Krakovitz P. Enlarged neck lymph nodes in children. Pediatric Clinics. 2013 Aug 1;60(4):923-36.
3 Hajek PC, Salomonowitz E, Turk R, Tscholakoff D, Kumpan W, Czembirek H. Lymph nodes of the neck: evaluation with US. Radiology. 1986 Mar;158(3):739-42.
4 Solbiati L, Osti V, Cova L, Tonolini M. Ultrasound of thyroid, parathyroid glands and neck lymph nodes. European radiology. 2001 Dec;11(12):2411-24.

Dra. Juliana Toma

CRM-SP: 156490 / RQE: 65521.
Médica pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP/EPM). Residência Médica em Dermatologia pela UNIFESP. Pós-Graduação em Dermatologia Oncológica pelo Instituto Sírio Libanês (SP).
Fellow em Tricologias, Discromias e Acne pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP).
Pós-Graduação em Pesquisa Clínica pela Harvard Medical School – EUA (Principles and Practice of Clinical Research).

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Dra. Juliana Toma

Dra. Juliana Toma

CRM-SP: 156490 / RQE: 65521.
Médica pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP/EPM). Residência Médica em Dermatologia pela UNIFESP. Pós-Graduação em Dermatologia Oncológica pelo Instituto Sírio Libanês (SP).
Fellow em Tricologias, Discromias e Acne pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP).
Pós-Graduação em Pesquisa Clínica pela Harvard Medical School – EUA (Principles and Practice of Clinical Research).

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