A hipocloridria é uma condição caracterizada pela produção insuficiente de ácido clorídrico pelo estômago.
Este ácido é fundamental não apenas para iniciar a digestão, mas também para manter o pH estomacal adequadamente ácido (entre 1,5 e 3,0), o que é necessário para ativar enzimas digestivas.
Quando o nível de acidez diminui (o pH torna-se mais básico), a digestão fica comprometida, levando a sintomas como sensação de peso no estômago, refluxo, gases e má absorção de nutrientes.
As causas são variadas, podendo incluir o envelhecimento natural, o estresse crônico, infecções gástricas e deficiências nutricionais.
É também frequente em pessoas que utilizam antiácidos ou Inibidores de Bomba de Prótons (IBP) por longos períodos sem acompanhamento médico adequado, pois esses remédios suprimem a produção ácida.
Além disso, a infecção pela bactéria Helicobacter pylori (H. pylori) e cirurgias bariátricas são fatores de risco importantes para o desenvolvimento da hipocloridria.
🧪 Teste Caseiro do Bicarbonato
Instruções:
1. Faça em jejum, logo ao acordar.
2. Misture 1 colher de café de Bicarbonato de Sódio em meio copo de água.
3. Beba tudo e clique em “Iniciar” imediatamente.
4. Espere pelo primeiro arroto.
Principais Sintomas
Os sintomas surgem porque, sem ácido suficiente, o alimento permanece no estômago por mais tempo, sofrendo fermentação bacteriana.
Em geral, os sinais mais comuns de hipocloridria incluem:
- Sensação de empachamento (estômago muito cheio) logo após comer;
- Arrotos frequentes após as refeições;
- Refluxo e azia (causados pela pressão da fermentação, não pelo excesso de ácido);
- Distensão abdominal (barriga inchada);
- Digestão lenta de carnes;
- Gases excessivos;
- Unhas fracas e queda de cabelo (devido à má absorção de minerais);
- Presença de alimentos não digeridos nas fezes.
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A Função Vital do Ácido Clorídrico
O ácido clorídrico (HCl) não serve apenas para “derreter” alimentos. Ele é essencial para quebrar proteínas complexas em aminoácidos que o corpo pode utilizar.
Sem ele, a enzima pepsina não é ativada, tornando a digestão de carnes e proteínas extremamente difícil.
Além disso, o meio ácido é crucial para a absorção de nutrientes vitais como Ferro, Cálcio, Zinco e Vitamina B12.
Por fim, o ácido atua como uma barreira de defesa (esterilização), matando bactérias, vírus e parasitas ingeridos com a comida, prevenindo infecções intestinais.
O Paradoxo do Refluxo
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Causas da Hipocloridria
A redução da acidez estomacal pode ser multifatorial. As causas mais frequentes na prática clínica são:
- Envelhecimento (a produção de ácido cai naturalmente com a idade);
- Infecção crônica por H. pylori (que neutraliza o ácido para sobreviver);
- Estresse crônico (afeta o sistema nervoso que estimula a digestão);
- Gastrite Atrófica (onde as células que produzem ácido são danificadas);
- Deficiência de Zinco e Tiamina (nutrientes necessários para produzir HCl);
- Uso excessivo de antiácidos;
- Cirurgias gástricas (Bypass, Sleeve).
⚠️ Sinais de Desnutrição por Falta de Ácido
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Diagnóstico Médico
O diagnóstico deve ser realizado por um gastroenterologista, que avaliará o histórico clínico e os sintomas.
Embora a endoscopia avalie a integridade da mucosa, existem exames funcionais específicos, como a pHmetria gástrica ou o teste de Heidelberg, que medem a acidez em tempo real.
Em condições normais de jejum, o pH do estômago deve estar abaixo de 3. Valores consistentemente acima de 3 indicam hipocloridria, e valores acima de 5 ou 6 sugerem acloridria (ausência quase total de ácido).
Exames de sangue para dosar pepsinogênio, gastrina, ferro, ferritina e vitamina B12 também ajudam a compor o quadro diagnóstico.
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Opções de Tratamento
O tratamento visa restaurar a capacidade digestiva e tratar a causa raiz do problema.
Se a causa for a infecção por H. pylori, o médico prescreverá um protocolo de antibióticos específicos para erradicar a bactéria.

Para restaurar a acidez e melhorar a digestão imediata, utiliza-se frequentemente a suplementação de Cloridrato de Betaína (Betaína HCl) associado à Pepsina. Este suplemento é tomado junto com as refeições proteicas para auxiliar na quebra dos alimentos.
Paralelamente, deve-se corrigir deficiências nutricionais, especialmente a suplementação de Zinco e vitaminas do complexo B, que são “combustíveis” para o estômago produzir seu próprio ácido.
Técnicas de mastigação consciente e redução do estresse (Mindful Eating) também são cruciais para estimular o nervo vago e a secreção gástrica natural.
💊 O Efeito Rebote dos Prazóis
Muitos tomam inibidores de bomba de prótons (IBP) pensando que têm ácido demais, quando têm de menos.
O Problema: Os IBPs cortam o ácido quase a zero. Isso alivia a azia imediatamente (pois não há ácido para subir), mas piora a digestão a longo prazo, criando dependência e desnutrição.
Estratégias Alimentares e Naturais
Além dos medicamentos, certos alimentos e hábitos podem estimular a produção de suco gástrico de forma leve:
Limão e Vinagre de Maçã
O limão e o vinagre de maçã possuem acidez natural. Consumir uma pequena quantidade diluída em água antes das refeições pode ajudar a acidificar levemente o ambiente estomacal e estimular a digestão.
No entanto, deve-se observar a tolerância individual, especialmente se houver lesões na mucosa (gastrite erosiva).
Chá de Espinheira Santa
A Espinheira Santa é reconhecida por suas propriedades gastroprotetoras.
Ela ajuda a regular as funções estomacais e protege a mucosa contra agressões, sendo útil tanto na gastrite quanto na dispepsia associada à hipocloridria.
Ervas Amargas e Hortelã
Alimentos de sabor amargo (como rúcula, agrião e chás digestivos) estimulam a secreção de sucos gástricos e bile. A hortelã pode ajudar a acalmar a mucosa, mas deve ser usada com cautela por quem tem refluxo severo.
Couve e Vegetais Crus
A couve contém compostos que auxiliam na cicatrização da mucosa. O suco de couve fresco é um remédio popular para o estômago.
Além disso, mastigar bem vegetais crus estimula mecânica e quimicamente a liberação de enzimas digestivas.
A Importância do Zinco
O Zinco é um mineral cofator essencial para a enzima anidrase carbônica, envolvida na produção de ácido clorídrico. A deficiência de zinco leva diretamente à hipocloridria.
Alimentos ricos em zinco incluem:
- Ostras e mariscos;
- Carnes vermelhas (fígado bovino);
- Aves (frango e peru);
- Sementes de abóbora;
- Amêndoas e castanhas;
- Queijos e laticínios;
- Feijões e leguminosas.
O Ciclo da Alimentação Saudável
Uma dieta rica em alimentos “de verdade” — verduras, legumes, frutas e proteínas de qualidade — fornece os substratos necessários para que o estômago funcione bem.
Evitar alimentos ultraprocessados, excesso de açúcar e álcool também é fundamental para reduzir a inflamação gástrica e permitir a recuperação da produção ácida.
Higiene e Prevenção da H. Pylori
A bactéria H. pylori é uma das principais causadoras de gastrite e alterações na acidez estomacal.
A transmissão ocorre principalmente via oral-oral ou fecal-oral, através de água e alimentos contaminados. Por isso, a higiene na cozinha é uma medida preventiva essencial.

Para higienizar corretamente vegetais consumidos crus (como alface, rúcula e frutas com casca):
1. Lave os alimentos em água corrente para remover a sujeira visível.
2. Deixe-os imersos em uma solução de hipoclorito de sódio (água sanitária própria para alimentos) por 15 minutos. A proporção geral é de 1 colher de sopa para cada litro de água (verifique o rótulo do produto).
3. Enxágue novamente em água corrente potável antes do consumo. Este processo elimina bactérias nocivas e protege a saúde do seu estômago.
















































