Por que meu filho não come?

por que meu filho nao come

Muitos pais se preocupam quando seus filhos não comem o suficiente. O primeiro passo é fazer um ajuste de expectativa para certificar-se que a criança realmente não está comendo o suficiente, ou se ela simplesmente não está comendo o quanto os pais gostariam que ela comesse.

A taxa de ganho de peso de um bebê de 8 ou 9 meses é em torno de 500 a 600 gramas por mês e, para uma criança de um ano e meio ou 2 anos, esse ganho de peso se reduz para cerca de 150 a 200 gramas por mês. Isso significa que a necessidade nutricional de uma criança de um ano e meio ou 2 anos é diferente de um bebê de seis, sete, oito, nove meses de idade.

Essa diferença na necessidade nutricional explica porque a criança pode ter uma redução significativa no apetite.

É normal que a necessidade nutricional de uma criança de um ano e meio seja diferente de uma criança de seis, sete, oito, nove meses.

Avaliando o Padrão de Crescimento

Uma avaliação é importante para verificar como está o padrão de crescimento da criança e a aceitação alimentar.

Se ela aceita porções pequenas de diversos alimentos ou se ela não experimenta e não come nem um pedacinho de determinados alimentos.

Diminuição do Apetite

apetite por que meu filho nao come

Essa diminuição de apetite é normal para a idade da criança, e se ela estiver comendo porções pequenas de alimentos variados, isso pode ser o padrão normal dela e ela pode estar se nutrindo adequadamente.

Uso de Alimentos Ultraprocessados

A questão de por que os filhos não querem comer pode ter a ver com a escolha dos alimentos e com o uso excessivo de alimentos ultraprocessados.

Os alimentos ultraprocessados são aqueles que são industrializados e contêm muitos saborizantes, compostos químicos e outros aditivos. Estes alimentos podem afastar o paladar natural de uma criança e estimular o hábito de comer alimentos industrializados e não comer alimentos mais saudáveis.

Alimentos ultraprocessados como petit suisse (danoninhos), bolachas maisena, gelatinas e sucos artificiais, têm um sabor muito intenso que não se aproxima do sabor natural de alimentos saudáveis. Por isso, uma criança acostumada a comer alimentos ultraprocessados pode encontrar dificuldades em aceitar o sabor real de frutas e legumes, pois o sabor destes alimentos não é tão estimulante como o dos alimentos ultraprocessados.

Ao estimular a ingestão de alimentos saudáveis, as crianças poderão apreciar mais os sabores naturais e desenvolver o hábito de comer alimentos saudáveis. Além disso, como os alimentos saudáveis são ricos em nutrientes e baixos em açúcares, é mais provável que as crianças se sintam mais satisfeitas com eles e, portanto, queiram comer mais.

Reeducação alimentar – etapas

Para uma reeducação alimentar, o primeiro passo é retirar os alimentos ultraprocessados e oferecer o que seu filho gosta de comer, porém com alimentos de verdade. Isso ajudará a reeducar o paladar da criança. Ao invés de comprar um salgadinho de batata fatiada compre a batata e faça em casa.

Em vez de comprar os cookies ultraprocessados, faça uma receita similar em casa para reeducar o paladar e evitar a presença dos alimentos ultraprocessados.

Como Estimular o Seu Filho a Comer?

bom exemplo por que meu filho nao come

A melhor maneira de estimular que seu filho coma é ser um bom exemplo. Faça refeições em família e coma juntos. Se seu filho não aceitar a fruta, ofereça um pedaço da sua. Comer juntos, ser exemplo e trazer a criança para participar do preparo dos alimentos ajuda a incentivar a criança a comer.

Outra dica é ter uma mini-horta no quintal com vasinhos de legumes para a criança cuidar e saber que vem da terra e isso estimulará a comer melhor.

Basear o preparo nos alimentos que a criança aceita também ajuda. Se seu filho come batata frita, ofereça batata-doce e inhame fritos. Se seu filho só come macarrão, experimente oferecer massas que contenham espinafre, macarrão feito de feijão branco ou macarrão com base de grão de bico. Dessa maneira, você aumenta a nutrição do que a criança aceita.

Sobrepeso e Obesidade infantil

No Brasil, nós não estamos lidando com desnutrição infantil na maioria da população, exceto em locais de alta pobreza que realmente passam fome. No entanto, nos grandes centros, nosso maior problema tem sido a obesidade infantil.

Portanto, ao colocar alimentos ultraprocessados para compensar por não deixar a criança passar fome, isso a longo prazo pode aumentar o risco de obesidade, já que ela não está recebendo os micronutrientes necessários para uma alimentação saudável.

Repercussões na saúde da criança

Caso a criança esteja realmente não recebendo calorias suficientes, isso pode ter repercussões como perda de peso, falta de crescimento e outros problemas de saúde. A infância é a base para o futuro e o corpo precisa se desenvolver adequadamente para que se possa ter saúde durante o resto da vida.

Importância dos macronutrientes

Na maioria dos casos, o problema não é falta de calorias, mas sim falta de micronutrientes, como vitaminas e minerais. Isso pode resultar em diversas doenças, como anemia, fraqueza, problemas imunológicos, diarreias, perdas intestinais, problemas de pele e outros.

Portanto, para que a criança se desenvolva saudável, é importante que ela se alimente adequadamente.

Conclusão

Em resumo, para incentivar seu filho a comer de forma saudável, é importante retirar os ultraprocessados da dieta, ser um exemplo e comer junto com a criança, trazer a criança para participar do preparo dos alimentos, ter uma mini-horta em casa e basear o preparo nas preferências alimentares da criança.

Com essas dicas, esperamos que você consiga melhorar a alimentação do seu filho e garantir um desenvolvimento saudável.

Dra. Kesianne Marinho

CRM-SP: 162522 / RQE: 80796.
Médica Pediatra. Formada em 2013 pela Unicamp, onde também concluiu a residência médica em pediatria. Mãe de 2 meninas, Catarina e Isabel, que a direcionaram a uma nova forma de atendimento médico pediátrico, com um olhar voltado à integralidade da infância, ao acolhimento da família aliados à promoção da saude e prevenção de doenças. Autora do livro A Médica e Eu.

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CRM-SP: 162522 / RQE: 80796.
Médica Pediatra. Formada em 2013 pela Unicamp, onde também concluiu a residência médica em pediatria. Mãe de 2 meninas, Catarina e Isabel, que a direcionaram a uma nova forma de atendimento médico pediátrico, com um olhar voltado à integralidade da infância, ao acolhimento da família aliados à promoção da saude e prevenção de doenças. Autora do livro A Médica e Eu.

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