Algumas coisas tão comuns no nosso dia a dia têm nomes bem estranhos na linguagem médica. É o caso do galo por exemplo, que tecnicamente chamamos de hematoma subgaleal.
De forma geral, os hematomas subgaleais são patologias que surgem e se resolvem espontaneamente. Principalmente em recém-nascidos e crianças, isso pode acontecer tão naturalmente que pode passar despercebido.
Confira abaixo mais informações sobre o hematoma subgaleal.
Tipos de lesões traumáticas
As lesões traumáticas podem ser classificadas em primárias e secundárias.
Lesões traumáticas primárias:
• Fratura óssea, laceração de partes moles e hematoma subgaleal;
• Hemorragia extra-axial:
– hematoma epidural
– hematoma subdural
– hemorragia subaracnóide;
• Lesões intra-axiais:
– lesão axonal difusa
– contusão cortical
– lesão na substância cinzenta profunda
– lesão no tronco cerebral
– hemorragia intraventricular/plexo coróide;
Lesões traumáticas secundárias:
• herniações cerebrais;
• isquemia traumática (infartos);
• edema cerebral difuso;
• injúria hipóxica.
Causas do aparecimento de hematomas
Além dos traumas e lesões físicas, uma das possíveis causas do aparecimento de hematomas pode ser a presença de doenças do sangue e dos vasos sanguíneos. Dessa forma, as situações que podem ocasionar um hematoma na pessoa incluem:
- Quedas e traumas
- Acidentes graves com pancadas ou choques diretos e indiretos
- Doenças de coagulação do sangue
- Medicações anticoagulantes em superdosagem
- Complicações de procedimentos cirúrgicos
No entanto, há ainda uma causa incomum para o aparecimento de hematomas, em especial o hematoma subgaleal: coagulação intravascular disseminada.
Esta condição clínica é caracterizada pela presença de coágulos sanguíneos que são formados, esgotando os fatores de coagulação, o que pode causar sangramento intenso em outros locais do corpo.
O que é o hematoma subgaleal?
O hematoma subgaleal é o que chamamos popularmente de “galo” ou ainda, nos casos graves, também pode ser chamado de hemorragia subgaleal. Ele é caracterizado por uma lesão traumática com edema externo ao crânio, ou seja, não acomete estruturas intracranianas.
No entanto, ele pode ter sangramento do couro cabeludo no espaço entre o periósteo e a aponeurose galeal. Este problema ocorre raramente, mas é possivelmente letal.
O sangramento ocorre como resultado da ruptura das veias emissárias que drenam as veias do couro cabeludo para os seios durais.
O sangramento também pode envolver a parte posterior do olho e a orelha lateralmente. O sangue começou a se acumular no espaço entre essas 2 membranas. Não só ocorre sangramento, mas também causa inchaço na porção do crânio.
É considerada como condição fatal em bebês. Esse sangramento pode ocorrer em decorrência do parto inadequado de recém-nascidos e parto com auxílio de bomba de sucção a vácuo.
Ocorre principalmente em recém-nascidos e adultos também podem sofrer desta condição devido a qualquer traumatismo craniano. Basicamente, o sangramento ocorre quando as veias que fornecem sangue entre a gálea aponeurótica e o periósteo do crânio se rompem.
Epidemiologia
Esta disfunção em níveis moderados a graves ocorre em 1,5 de 10.000 dos recém-nascidos. Ocorre mais comumente após o parto assistido por vácuo e fórceps, mas também pode ser visto após traumatismo craniano ou ocorrer espontaneamente. A associação com extração a vácuo chega a 89% dos casos.
Em pacientes com hemorragia intracraniana ou fratura de crânio, a incidência de hemorragia subgaleal é aumentada.
Sintomas do hematoma subgaleal
Nem sempre um hematoma como este causa sintomas aparentes, além da dor já esperada. No entanto, dependendo da intensidade, é possível que o paciente sinta tontura, náuseas, alterações na audição.
Nesses casos, é fundamental que o paciente informe o neurologista, pois será necessário fazer uma avaliação mais profunda.
Diagnóstico
Para diagnosticar o hematoma subgaleal, é importante que o médico solicita uma avaliação por imagem do traumatismo crânio-encefálico (TCE), durante o atendimento emergencial, através da tomografia computadorizada (TC).
Tomografia Computadorizada
A TC consegue, além de diagnosticar fraturas ósseas, avaliar lesões parenquimatosas e hemorragias ou coleções extra-axiais.
Melhor ainda do que o exame de TC, o médico pode solicitar radiografias simples do crânio, pois são mais apropriados para averiguar se há fraturas.
No entanto, vale ressaltar que a avaliação limita-se à análise óssea, e não fornece informações precisas sobre o parênquima.
Ressonância Magnética
Já a ressonância magnética (RM) pode fornecer informações melhores do que o TC em relação ao parênquima e a coleções extra-axiais, principalmente no caso de hemorragia subaracnóide (HSA).
No entanto, esse exame nem sempre está disponível nos serviços emergenciais. Além disso, esse exame é mais caro e demorado. Considerando a emergencialidade de alguns casos de traumas, na emergência o tempo é crucial.
Portanto, a RM pode ser indicada em casos em que o paciente não melhora e não há evidências de lesões na tomografia, principalmente nos casos de suspeita de lesão axonal difusa, lesões isquêmicas secundárias em fase aguda, no seguimento de lesões parenquimatosas graves e na avaliação tardia de complicações do trauma.
Importância dos exames
Por conta da gravidade que pode atingir essa complicação, é fundamental que o paciente seja levado a um hospital para realização dos exames o mais rápido possível.
Isso é especialmente grave no caso de hematoma subgaleal em recém-nascidos.