A Síndrome da Pressa

A SÍNDROME DA PRESSA

A síndrome da pressa é um problema comum na sociedade moderna, onde a sensação constante de pressa e urgência é predominante. Muitas pessoas sofrem dessa síndrome, que se caracteriza por uma necessidade de fazer tudo rapidamente, sem se preocupar com os detalhes e sem dar a devida atenção ao momento presente.

Essa sensação de pressa pode ser causada por diversos fatores, como a cultura do imediatismo, a sobrecarga de informações e tarefas, a competitividade no trabalho e a falta de tempo para atividades pessoais.

A velocidade extrema dos pensamentos e ações, muitas vezes resultando em execuções atrapalhadas, é outro indicador desta síndrome. Algumas pessoas reportam uma sensação de que a mente está sempre repleta e incessante, causando um sofrimento considerável.

Há também um desinteresse em ouvir os detalhes das histórias dos outros, buscando sempre a conclusão rápida e objetiva, pois há sempre algo “mais importante” a se fazer.

Neste texto, vamos explorar os efeitos da Síndrome da Pressa na vida das pessoas e discutir algumas estratégias para lidar com ela de forma mais saudável.

Definição

Embora não seja considerado um quadro de patologia psicológico ou psiquiátrico, a Síndrome da Pressa afeta diretamente o bem-estar das pessoas que a possuem, e pode até mesmo gerar quadros de doenças físicas e mentais.

Sendo estudado desde os anos 80, estima-se que sua incidência tenha aumentado com a globalização e popularização da internet e uso de smartphones [1, 2], além de pressões sociais, cultura de produtividade e sucesso, inseguranças pessoais, entre outros fatores que podem contribuir para a sensação de urgência constante.

A síndrome da pressa

Define-se, de maneira geral, a Síndrome da Pressa como um senso de urgência constante para a realização de toda e qualquer atividade [3, 4], levando ao indivíduo apresentar quadros comportamentais agressivos, de alta competitividade e estado de alerta [2, 5], estando sempre presente o sentimento de que você está sempre atrasado em suas tarefas, o que gera altos níveis de estresse e frustração [6]. Ainda, outras consequências da Síndrome da Pressa envolvem problemas nos relacionamentos interpessoais, baixa qualidade de trabalho, falta de satisfação pessoal, entre outras.

Sintomas

O principal sinal de que você está sofrendo com esta crise é o senso de urgência em fazer suas tarefas de forma rápida, fazendo com que você acumule cada vez mais tarefas e acabe se sobrecarregando [4].

Ainda, você também pode observar a presença deste quadro caso você tenha a tendência a sempre andar e dirigir de forma acelerada, não possuir paciência para esperar (como em consultórios e em filas, por exemplo), tentar sempre suprir o “tempo ocioso” em uma “tarefa útil” [2]. Como consequência, a relação interpessoal dos indivíduos com essa Síndrome é totalmente fragilizada pois estes não “possuem tempo” de se dedicarem às pessoas [2].

Essa urgência pode desencadear outras psicopatologias associadas, como níveis exagerados de ansiedade patológica, estresse e Burnout, justamente pela necessidade da grande produtividade todo o tempo, sem períodos de descanso, lazer e/ou autocuidado. Consequentemente, outros sintomas também podem ser observados, como problemas digestivos, alteração no apetite, fadiga, dores de cabeça frequentes, imunidade fraca e problemas no sono [2].

ansiedade patológica

Ainda, a falta de descanso e relaxamento pode desencadear um estado denominado “hiperativação” do sistema nervoso e hormonal, aumentando o risco de doenças crônicas como pressão alta [7].

Outra característica preocupante é a incapacidade de se concentrar profundamente em um único assunto. A mente parece estar sempre transbordando de pensamentos e preocupações, um reflexo direto da pressa que se sente em resolver tudo rapidamente.

Seu diagnóstico deve ser realizado de forma clínica, pelo profissional da saúde indicado, e é baseado no relato de pressas injustificadas por um determinado período de tempo[2].

Tratamento

O primeiro passo para um tratamento da Síndrome da Pressa é aceitar que você a tem [6].

Uma vez aceitando essa condição, o próximo ponto para tentar contornar esse Síndrome é se conhecer. Nisto, a terapia pode ter um papel importante. Esse autoconhecimento deve incluir reflexões sobre limites próprios e como estabelecê-los aprendendo a dizer “não” para tarefas que você não consiga cumprir, se priorizando e priorizando os itens mais importantes para serem finalizados primeiro [2].

Outras dicas incluem a necessidade de tempos de descanso voltados a você [2, 4]. Tomar um café-da-manhã de forma tranquila, diminuir a quantidade de vezes que você checa o seu celular, passar o tempo de qualidade com a sua família e até usar técnicas como meditação podem ser importantes para o processo de diminuir o ritmo e se reconectar consigo mesmo [2, 4, 8].

Uma vez que o excesso de trabalho é a principal causa dessa Síndrome, vale a pena prestar atenção e colocar limites no mesmo [4]. Evitar, por exemplo, fazer hora extra e trazer serviço para casa podem ajudar a desacelerar. Sempre que possível, delegue tarefas. Alterar a rotina ainda é a forma mais eficaz de cortes a propensão à esta Síndrome.

A SÍNDROME DA PRESSA

Conclusão

A Síndrome da Pressa pode ser mais do que apenas uma característica de personalidade; pode ser uma fonte de sofrimento intenso. Se isso ressoa com você, considere procurar um psicólogo ou psiquiatra para uma avaliação adequada e determinar o melhor curso de ação para o seu bem-estar.

Em conclusão, a Síndrome da Pressa é um problema cada vez mais comum em nossa sociedade moderna e acelerada. O excesso de informações, as múltiplas tarefas a cumprir e a constante sensação de urgência podem levar a sintomas como ansiedade, estresse e insatisfação.

Para lidar com essa síndrome, é importante aprender a priorizar tarefas, estabelecer limites e reservar tempo para atividades relaxantes e prazerosas. Além disso, é fundamental buscar ajuda profissional caso a Síndrome da Pressa esteja interferindo significativamente na qualidade de vida e nas relações interpessoais.

Ao tomar medidas para reduzir a pressa em nossas vidas, podemos encontrar mais equilíbrio, saúde e bem-estar. É importante ressaltar que cada indivíduo pode ter uma abordagem diferente, e que o tratamento mais adequado pode variar de caso a caso.

REFERÊNCIAS

  1. Bueno, C. Síndrome da pressa já afeta cerca de 30% dos brasileiros, diz especialista. 2010; Available from: https://www.uol.com.br/tilt/ultimas-noticias/redacao/2010/07/06/sindrome-da-pressa-ja-afeta-cerca-de-30-dos-brasileiros-diz-especialista.htm.
  2. Schwingel, S. Você sabe o que é a síndrome da pressa? 2019; Available from: https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/eu-estudante/trabalho-e-formacao/2019/09/22/interna-trabalhoeformacao-2019,783726/o-que-e-a-sindrome-da-pressa-e-como-impacta-no-trabalho.shtml.
  3. Giuditta, A. Always in a rush? You could have hurry sickness – here’s how to deal with it. 2023; Available from: https://www.stylist.co.uk/health/mental-health/hurry-sickness-causes-how-to-treat/746253.
  4. Vieira, L. Você sofre de Síndrome da pressa? 2019; Available from: https://vitat.com.br/sindrome-da-pressa/.
  5. Síndrome da pressa atinge 20% da população paulista, diz pesquisa. 2009; Available from: http://www.metodista.br/rronline/noticias/entretenimento/pasta-4/sindrome-da-pressa-atinge-20-da-populacao-paulista.
  6. MasterClass. How to Manage Hurry Sickness: Causes, Effects, Treatment. 2022; Available from: https://www.masterclass.com/articles/hurry-sickness.
  7. Baker, S. Do You Have “Hurry” Sickness? 2020  [cited 2023; Available from: https://www.yourcareeverywhere.com/research-mental-or-behavioral-health/anxiety-disorders/do-you-have–hurry–sickness-.html.
  8. Cantero-Gomez, P. Ten Intelligent Ways To Combat Your Hurry Sickness. 2019; Available from: https://www.forbes.com/sites/palomacanterogomez/2019/02/01/ten-intelligent-ways-to-combat-your-hurry-sickness/?sh=b36eca3572e4.

Dr. Marcus Yu Bin Pai

CRM 158074 / RQE 65523, 65524 | Médico especialista em Acupuntura e Fisiatria pela USP. Área de Atuação em Dor pela Associação Médica Brasileira. Doutorado em Ciências pela Universidade de São Paulo. Professor e Colaborador do Grupo de Dor do Hospital das Clínicas da USP. Diretor do Colégio Médico Brasileiro de Acupuntura (CMBA).

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CRM 158074 / RQE 65523, 65524 | Médico especialista em Acupuntura e Fisiatria pela USP. Área de Atuação em Dor pela Associação Médica Brasileira. Doutorado em Ciências pela Universidade de São Paulo. Professor e Colaborador do Grupo de Dor do Hospital das Clínicas da USP. Diretor do Colégio Médico Brasileiro de Acupuntura (CMBA).

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