A TENOSSINOVITE é uma inflamação que afeta a bainha do tendão. O tendão é um tipo de tecido fibroso que une os músculos aos ossos, auxiliando no controle de atividades como levantar-se, pular e correr. É graças aos tendões que somos capazes de controlar os movimentos do nosso corpo.
Existe uma bainha protetora, a sinóvia, que envolve os tendões. Essa bainha produz o líquido sinovial. Esse líquido nutre o tendão e promove um baixo atrito, permitindo um suave deslizamento do tendão, além de também diminuir o desgaste do tendão por atrito demasiado.
Quando ocorre alguma lesão no tendão, isso pode gerar um mau funcionamento na bainha, que consequentemente, deixa de produzir líquido sinovial suficiente. Instala-se então uma inflamação da bainha, que é a tenossinovite.
Causas da tenossinovite
A tenossinovite geralmente afeta atletas, mas também pode surgir em indivíduos que realizam atividades que exigem movimentos repetitivos, como é o caso de usuários de computador que passam longas horas realizando serviços de digitação.
Dentistas, músicos, carpinteiros e trabalhadores de escritório que utilizam com frequência as mãos para digitação, estão mais propensos a desenvolver a condição de tenossinovite.
As causas da tenossinovite podem ser infecciosas e não infecciosas. Causas não infecciosas envolvem uso excessivo, doenças autoimunes e condições idiopáticas.
Quanto ao uso excessivo, a tenossinovite surge em razão de movimentos repetitivos frequentes, que é muitas vezes referido como lesão por esforço repetitivo (LER). Esse é o caso citado anteriormente, incluindo trabalhos prolongados que sobrecarregam os dedos, pulso e antebraço.
Estudos revelam que a tenossinovite possui uma forte relação com a artrite reumatoide, na qual 87% dos pacientes que têm artrite reumatoide apresentam características radiológicas de tenossinovite ao fazerem ressonância magnética. Outra doença autoimune comumente associada a tenossinovite é a psoríase.
A tenossinovite também pode ser idiopática, porém ainda não existe uma causa estabelecida para essa associação.
A tenossinovite infecciosa é causada por patógenos infecciosos que agem no interior das bainhas dos tendões. Os microrganismos mais comuns encontrados na tenossinovite infecciosa são Staphylococcus aureus, Staphylococcus epidermidis, Pseudomonas aeruginosa e Pasturella multocida.
Sintomas de tenossinovite
É comum a tenossinovite manifestar-se por meio de dor, edema e contraturas, dependendo da etiologia. A condição pode afetar qualquer tendão do corpo envolto por uma bainha, mas preferencialmente atinge os tendões das mãos, punhos e dos pés.
Os principais sintomas incluem: dor e dificuldade ao mover a articulação afetada, principalmente nas mãos, punhos e pés; vermelhidão da pele que cobre o tendão inflamado; e inchaço da articulação afetada.
As bainhas dos tendões ficam doloridas e inflamadas, acumulando líquido na região. Caso os sintomas da tenossinovite são sejam tratados a tempo, o tendão pode ficar permanentemente restrito ou até mesmo se romper.
Além disso, o processo infeccioso no tendão pode acabar se espalhando para outros locais do corpo, causando graves consequências ao indivíduo.
Como é diagnosticada a tenossinovite?
O diagnóstico é realizado através de um exame físico da área afetada, onde o médico irá verificar se há sinais de inchaço, vermelhidão e dor ao mover a região. O médico geralmente pede que o paciente faça movimentos específicos para analisar se o quadro doloroso está presente.
Em alguns casos, quando o exame físico não é suficiente para o diagnóstico, o médico poderá solicitar exames de imagem, como radiografias simples, ultrassonografia, tomografia computadorizada e ressonância magnética.
As radiografias simples podem ajudar a mostrar calcificações da membrana sinovial ou reação periosteal, sugerindo inflamação. A ultrassonografia adiciona benefícios diagnósticos. A tomografia computadorizada ajuda a detectar anormalidades ósseas ou estruturais.
Quando a ultrassonografia mostra resultados limitados, a ressonância magnética se torna uma excelente opção para demonstrar edema peritendinoso e aumento do espessamento dos tendões extensor curto longo e abdutor longo do polegar, em casos de tenossinovite de De Quervain.
Ressonância com contraste deve ser utilizada em casos de etiologia infecciosa para visualização de abscesso.
A avaliação laboratorial, mesmo não sendo muitas vezes necessária, ajuda a avaliar e diferenciar as causas de tenossinovite. Achados de leucócitos elevados e bacteremia podem ser úteis quando o médico suspeita de causas infecciosas de tenossinovite. Avaliações microscópicas podem ajudar na distinção de patologia cristalina de inflamação ou infecção.
Como a tenossinovite é tratada?
Visto que o tratamento se concentra na redução da dor e da inflamação, então a primeira escolha de tratamento é o descanso.
É importante também interromper as atividades que causam a inflamação. Muitas vezes, o médico recomenda o uso de uma tala para imobilizar a área afetada e impedir que essa parte do corpo se mova e piore a inflamação.
Para ajudar a reduzir a dor e o inchaço, a aplicação de calor ou gelo pode ser útil. O gelo é um anti-inflamatório natural, então coloque-o na área inflamada por 20 minutos. O calor é eficaz para tendinite crônica.
Medicamentos anti-inflamatórios não esteroides, como o ibuprofeno e naproxeno, também podem auxiliar no alívio dos sintomas. Dependendo do nível da dor e de condições subjacentes, como artrite reumatoide, as doses podem ser maiores do que o padrão.
Somente o médico deve prescrever as dosagens adequadas para o seu caso. Corticosteroides injetáveis também são boas opções para ajudar a reduzir a inflamação, bem como anestésicos locais.
Se a tenossinovite tiver causas infecciosas, o médico prescreverá antibióticos de acordo com o agente agressor ou de amplo espectro, como vancomicina a cada 8 a 12 horas com uma cefalosporina de terceira geração a cada 24 horas. Somente o médico poderá prescrever os antibióticos adequados.
Quando o inchaço e a dor tiverem diminuído, o paciente já poderá começar a aumentar lenta e suavemente sua amplitude de movimento.
Com o tendão já cicatrizado, geralmente é recomendado um programa de exercícios de fisioterapia para auxiliar no fortalecimento do músculo. Esse fortalecimento ajudará a proteger o tendão de lesões futuras.
Uma intervenção cirúrgica pode ser necessária após 3 a 6 meses de progressão dos sintomas, se a terapia conservadora falhar. No entanto, raramente é necessária. A cirurgia servirá para liberar a bainha do tendão ou remover depósitos de cálcio acumulados que possam estar causando problemas no tendão.
Sugestões de como prevenir a tenossinovite
Algumas atitudes podem ser tomadas que o ajudarão a reduzir o risco de tenossinovite. Essa condição é evitável se você reduzir os movimentos repetitivos e excessivos do seu cotidiano.
Em contrapartida, tente não ficar muito tempo parado. Se seu trabalho exige que você fique parado por muitas horas, mova-se a cada 30 minutos, caso seja possível. Misture seus movimentos e mantenha um equilíbrio nas suas atividades.
Exercícios de alongamento e fortalecimento muscular ao redor do local da articulação ajudam a prevenir a tenossinovite.
Antes de se exercitar, aqueça-se por cerca de 5 a 10 minutos. E tome cuidado ao levantar objetos, evitando usar apenas um braço ou um lado do corpo.
Se seus sintomas de tenossinovite forem muito dolorosos e persistentes, consulte seu médico, pois apenas ele poderá fornecer o tratamento adequado para a sua plena recuperação.
Referências
RAY, J.; SANDEAN, D. P.; TALL, M. A. Tenosynovitis. National Library of Medicine. StatPearls, 2022.