Tratamento para Psoríase

Tratamento para Psoríase

Considerada uma doença autoinflamatória comum, a psoríase provoca manchas recobertas por escamas esbranquiçadas que podem acometer a pele, assim como o couro cabeludo, mucosas e unhas.

Apesar de poder se manifestar em pessoas de todos os gêneros e idades, inclusive durante o período da infância, a psoríase é mais frequente na vida adulta[1]Griffiths CE, Clark CM, Chalmers RJ, Po AL, Williams HC. A systematic review of treatments for severe psoriasis. Database of Abstracts of Reviews of Effects (DARE): Quality-assessed Reviews … Continue reading.

A psoríase é crônica e não contagiosa. Conforme aponta a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), a doença possui ciclos, ou seja, os sintomas apresentados desaparecem e reaparecem de tempos em tempos.

As estimativas afirmam que de 2 a 3% da população mundial sofre com a psoríase, número que representa aproximadamente 190 milhões de pessoas em todo o planeta. Cerca de 3 milhões de brasileiros são acometidos pela condição[2]Kuchekar AB, Pujari RR, Kuchekar SB, Dhole SN, Mule PM. Psoriasis: A comprehensive review. International Journal of pharmacy & life sciences. 2011 Jun 1;2(6)..


Diagnóstico de Psoríase

sintomas psoriase JAMA
Espessamento da pele e eritema, característicos da psoríase, são mostrados. Os painéis A, B e C (paciente A) exibem múltiplas manifestações de psoríase no tronco, extremidades, prega interglútea e unhas dos pés. O painel D (paciente B) mostra manifestações de artrite psoriática, incluindo envolvimento das unhas. Fonte: JAMA[3]Armstrong AW, Read C. Pathophysiology, clinical presentation, and treatment of psoriasis: a review. Jama. 2020 May 19;323(19):1945-60.

Uma  vez que não há um exame sanguíneo para comprovação da doença, o diagnóstico é realizado por um médico dermatologista que considera o histórico pessoal do paciente, assim como seu histórico familiar, e um exame clínico dos sintomas[4]Lowes MA, Suarez-Farinas M, Krueger JG. Immunology of psoriasis. Annual review of immunology. 2014;32:227..

O dermatologista pode solicitar ainda uma biópsia de um fragmento de pele para avaliação microscópica.  

Sabe-se que a predisposição genética tem influência no surgimento de lesões da psoríase, bem como alguns fatores comportamentais e ambientais, a exemplo de estresse, baixa imunidade e exposição a baixas temperaturas[5]Deng Y, Chang C, Lu Q. The inflammatory response in psoriasis: a comprehensive review. Clinical reviews in allergy & immunology. 2016 Jun;50(3):377-89..

No entanto, as causas da doença ainda não são totalmente conhecidas.


Sintomas da Psoríase

sintomas psoriase

Os sintomas da doença podem alterar conforme a gravidade do quadro clínico, porém podem incluir[6]Rendon A, Schäkel K. Psoriasis pathogenesis and treatment. International journal of molecular sciences. 2019 Mar 23;20(6):1475.

  • Dor, coceira e queimação;
  • Lesões avermelhadas com escamas brancas ou prateadas;
  • Ressecamento e rachaduras na pele, algumas vezes com ocorrência de sangramento;
  • Apresentação de manchas brancas ou escuras depois da melhora das lesões avermelhadas;
  • Alterações na forma das unhas com surgimento de depressões e sulcos, além de maior espessamento, descolamento e coloração amarelada;
  • Rigidez e inchaço articular, bem como deformidades e destruição das articulações em casos mais graves e avançados.

A psoríase possui associação com o desenvolvimento de doenças cardiometabólicas, doenças gastrointestinais, assim como com vários tipos de cânceres e distúrbios do humor, além de afetar a autoestima do paciente devido à estigmatização e discriminação social.

Leia mais sobre a psoríase aqui.

Quando não tratada, a depender da evolução do quadro clínico, a doença pode diminuir a expectativa de vida.

Embora ainda não haja uma cura definitiva, o tratamento para psoríase oferece uma melhora na qualidade de vida dos pacientes, uma vez que colabora para minimizar os incômodos tanto estéticos, quanto físicos durante as crises da doença.

É sobre ele que falaremos ao longo deste artigo. Acompanhe. 


Conheça as principais opções de tratamento para psoríase 

O tratamento para psoríase é individualizado de acordo com o tipo e gravidade apresentado em cada caso, devendo sempre ser realizado por meio da orientação de um dermatologista que pode inclusive combinar mais de uma terapia[7]Menter A, Griffiths CE. Current and future management of psoriasis. The Lancet. 2007 Jul 21;370(9583):272-84..

Segundo Psoríase Brasil – Associação Brasileira de Psoríase, Artrite Psoriásica e de outras Doenças Crônicas de Pele, as principais opções de tratamento para psoríase incluem:

Tratamento tópico

É realizado por meio de cremes hidratantes e pomadas aplicados diretamente na pele para ajudar a mantê-la úmida e hidratada, geralmente logo após o banho. Costuma ser a melhor opção para casos leves de psoríase e pode ser utilizada isoladamente ou mesmo associado a outros tratamentos.

Entre os produtos mais frequentemente utilizados temos os cremes hidratantes espessos ou a base de vaselina; cremes que possuam na composição retinol, vitamina D e alcatrão; pomadas com corticoides, a exemplo da dexametasona ou hidrocortisona.

Já nos casos de lesões provocadas por psoríase no couro cabeludo,  uma das possibilidades é a utilização de shampoos especiais. 

Tratamentos sistêmicos

Normalmente são recomendados para pacientes com quadros leves que apresentam resistência ao tratamento tópico, ou ainda em casos graves em que o paciente tem artrite psoriásica. 

Ocorre por meio do uso de comprimidos ou injeções que possuem ação anti-inflamatória e buscam evitar o crescimento das lesões que já existem, prescritos só após a análise e avaliação do dermatologista.

Tratamentos biológicos

Este tipo de tratamento por meio de medicamentos injetáveis é recomendado para quadros de psoríase grave. No Brasil, há uma série de tratamentos biológicos aprovados, são os conhecidos anti-TNFs, a exemplo do adalimumabe, certolizumabe-pegol, etanercepte e infliximabe, anti-interleucina 12 e 23 (ustequinumabe), os  anti-interleucina 17 (secuquinumabe e ixequizumabe) e os anti-interleuciina 23 (guselcumabe e risanquizumabe).

Este tipo de tratamento pode oferecer risco para o feto, por isso não é recomendado durante o período gestacional. No entanto, cabe ao médico responsável  pelo acompanhamento do caso avaliar os riscos e benefícios para a paciente. 

O tratamento com agentes biológicos também não é indicado para indivíduos com  alergia aos componentes da fórmula, ou  ainda em casos de insuficiência cardíaca, doença desmielinizante, histórico recente tumor cancerígeno, com infecção ativa ou que fizeram uso há pouco tempo de vacinas vivas atenuadas. 

Fototerapia

Também conhecida como luz ultravioleta, este tratamento é recomendado para casos mais graves de psoríase e só deve ser realizado com o acompanhamento de um dermatologista. Comumente é realizado com três sessões semanais.

O efeito anti-inflamatório da fototerapia atua no controle das lesões, bem como evita o crescimento das células lesionadas. Este tipo de tratamento não é recomendado para crianças.

É preciso que os pacientes com psoríase saibam que na grande maioria dos casos da doença o tratamento é feito em duas etapas, sendo a primeira voltada para supressão das lesões e a segunda para manutenção da pele sem danos.

Seja qual for a opção de tratamento adotada, é fundamental manter o acompanhamento periódico com o dermatologista para caso seja necessário realizar ajustes que possibilitem uma melhor qualidade de vida para o paciente, além de diminuir o risco de novas crises de psoríase. 

Tipos de psoríase 

A manifestação da psoríase pode ocorrer em diversos tipos, a depender das características próprias das lesões, da localização das mesmas e também do nível de gravidade. Entre os principais tipos de psoríase destacam-se:

  • Psoríase em placas ou vulgar: apresenta-se sob a forma de placas secas, avermelhadas com escamas prateadas ou esbranquiçadas, sendo o tipo mais frequente da doença. Pode afetar qualquer parte do corpo, inclusive a área genital, porém são mais comuns as placas nos cotovelos, joelhos, couro cabeludo, cicatriz umbilical e região lombar. As lesões podem doer, coçar, e em quadros graves, provocar rachaduras e sangramentos.
  • Psoríase ungueal:  este tipo de psoríase pode atingir as unhas das mãos e também dos pés, provocando o crescimento anormal da unha, mudança de coloração, engrossamento, escame e deformação.
  • Psoríase invertida: mais frequente em regiões úmidas e com dobras, a exemplo da virilha, axilas e abaixo dos seios, pode se gravar em indivíduos com obesidade, com excesso de  sudorese ou devido ao atrito na área. As lesões vermelhas e inflamadas não apresentam a descamação característica da psoríase em outras partes do corpo.
  • Psoríase do couro cabeludo: caracterizada pelo surgimento de regiões avermelhadas com escamas esbranquiçadas, podendo se assemelhar a caspa, uma vez que também provoca coceira. Flocos de pele morta nos ombros ou nos cabelos podem ser notados após os episódios de coceira.
  • Psoríase gutata: apresenta-se como pequenas lesões em forma de gota nos braços, pernas, tronco e couro cabeludo, cobertas por escama fina e que podem sumir espontaneamente. Normalmente é provocada por infecções bacterianas, sendo mais frequente em crianças e pessoas com menos de 30 anos de idade.
  • Psoríase artropática:  caracteriza-se pela manifestação da psoríase nas articulações do corpo, provocando dores intensas e podendo acarretar rigidez progressiva e deformidade permanente. Este tipo de psoríase pode acometer qualquer articulação, até mesmo a coluna vertebral.
  • Psoríase pustulosa: tem como características a formação de pústulas e a pele bastante avermelhada, normalmente as bolhas com pus formam-se em pouco tempo após o avermelhamento da pele. Também pode afetar o corpo como um todo ou partes específicas, como pés e mãos. Entre os outros sintomas estão a coceira intensa, febre, calafrios e fadiga. Quando não tratada adequadamente pode causar risco de óbito.
  • Psoríase eritrodérmica: é o tipo menos frequente entre os já citados. Pode ser provocada por outros tipos de psoríase não bem controlados, queimaduras severas, interrupção intempestiva de tratamentos com corticoides ou ainda por infecções. É considerado um tipo grave de psoríase e por vezes requer que o paciente seja internado em ambiente hospitalar.


Fatores desencadeantes e prevenção 

Apesar de ainda ser desconhecida a relação, a psoríase pode estar associada ao acometimento de outras doenças e complicações de saúde, como a diabetes, pressão alta, colesterol elevado e doenças cardiovasculares, como o infarto e derrame.

Muitos pacientes também sofrem com depressão devido à estigmatização social provocada pelas lesões características da psoríase.

Por isso, é tão importante tratar essa doença crônica com seriedade, buscando o devido acompanhamento médico com um dermatologista.

Como pontuamos logo no início deste conteúdo, as causas da psoríase ainda não são totalmente conhecidas pela Medicina, porém sabe-se que as alterações no sistema imunológico podem desencadear a doença.

Entre outros fatores que podem potencializar as chances de um indivíduo desenvolver a psoríase estão:

  • Doenças provocadas por vírus ou bactérias;
  • Hábitos prejudiciais ao sistema imunológico, como o consumo excessivo de bebidas alcoólicas e tabagismo; 
  • Utilização de determinados medicamentos, entre eles betabloqueadores, lítio e antimaláricos;
  • Queimadura solar;
  • Obesidade;
  • Pancadas fortes e outros traumatismos na pele;
  • Estresse emocional;
  • Fatores relacionados à hereditariedade e a genética.

Pessoas com histórico familiar de psoríase devem redobrar os cuidados, uma vez que apresentam maior probabilidades de ter a doença.

Manter bons hábitos e um estilo de vida mais saudável é de grande importância para que a doença tenha sua progressão controlada e não evolua para um quadro mais grave.

O diagnóstico e o tratamento precoce da psoríase apresentam maior eficiência no combate do desenvolvimento da doença, por isso ressalta-se a necessidade de procurar atendimento médico ao notar os primeiros sinais da psoríase.

Entre os cuidados adotados para prevenir as crises de psoríase ou mesmo aliviar seus sintomas, podemos pontuar:

  • Uma dieta balanceada que priorize a ingestão de alimentos de frutas, legumes, vegetais;
  • Inserir no cardápio peixes ricos em ômega 3, como sardinha e salmão;
  • Eliminar da alimentação o excesso de gorduras e doces refinados;
  • Prática regular de atividades físicas;
  • Abandono do vício do cigarro;
  • Corte ou consumo moderado de bebidas alcoólicas;
  • Hidratação rotineira da derme de modo que a pele não se mantenha ressecada, diminuindo assim as chances de lesão;
  • Evitar tomar banhos excessivamente quentes;
  • Manter o sobrepeso sob controle;
  • Exposição ao raios solares sempre com proteção do filtro solar e seguindo as orientações do dermatologista;
  • Autocuidado com a saúde emocional e controle do nível de estresse;
  • Acompanhamento periódico junto com o dermatologista


Conclusão

Como você pode ficar informado ao longo deste conteúdo, a psoríase apesar de ser doença relativamente comum pode trazer dor, incômodo estético, além de outras complicações para qualidade de vida e saúde do paciente. 

A psoríase pode acometer qualquer parte do corpo, porém mais frequentemente ocorre no couro cabeludo, pele, unhas, mucosas, membros superiores e inferiores.

Mesmo sendo uma doença crônica e portanto sem uma cura até o momento conhecida, existem diversas possibilidades de tratamento para psoríase.

Além das possibilidades para tratar a psoríase que incluem medicamentos tópicos, tratamentos sistêmicos e biológicos, assim como a fototerapia, existem alguns hábitos que ajudam a minimizar os sintomas da doença e prevenir crises.

Cuidados com a alimentação, abandono de hábitos a exemplo do tabagismo e do consumo de bebidas alcoólicas, hidratação frequente da pele e controle do estresse têm um papel significativo para evitar manifestações mais graves da doença.

Do mesmo modo, é de fundamental importância procurar com brevidade as orientações de um dermatologista ao notar os primeiros sintomas da psoríase, pois este é o médico especialista mais recomendado para tratar da doença.

Quanto mais cedo ocorrer o correto diagnóstico da psoríase e mais rápido for iniciado o tratamento da doença, maiores serão as chances de evitar a evolução do quadro da patologia.

Por isso, não deixe de marcar uma consulta com o dermatologista ao notar algum dos sinais da psoríase.

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Confira também nossos outros artigos. 

Referências Bibliográficas

Referências Bibliográficas
1 Griffiths CE, Clark CM, Chalmers RJ, Po AL, Williams HC. A systematic review of treatments for severe psoriasis. Database of Abstracts of Reviews of Effects (DARE): Quality-assessed Reviews [Internet]. 2000.
2 Kuchekar AB, Pujari RR, Kuchekar SB, Dhole SN, Mule PM. Psoriasis: A comprehensive review. International Journal of pharmacy & life sciences. 2011 Jun 1;2(6).
3 Armstrong AW, Read C. Pathophysiology, clinical presentation, and treatment of psoriasis: a review. Jama. 2020 May 19;323(19):1945-60.
4 Lowes MA, Suarez-Farinas M, Krueger JG. Immunology of psoriasis. Annual review of immunology. 2014;32:227.
5 Deng Y, Chang C, Lu Q. The inflammatory response in psoriasis: a comprehensive review. Clinical reviews in allergy & immunology. 2016 Jun;50(3):377-89.
6 Rendon A, Schäkel K. Psoriasis pathogenesis and treatment. International journal of molecular sciences. 2019 Mar 23;20(6):1475.
7 Menter A, Griffiths CE. Current and future management of psoriasis. The Lancet. 2007 Jul 21;370(9583):272-84.

Dra. Juliana Toma

CRM-SP: 156490 / RQE: 65521.
Médica pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP/EPM). Residência Médica em Dermatologia pela UNIFESP. Pós-Graduação em Dermatologia Oncológica pelo Instituto Sírio Libanês (SP).
Fellow em Tricologias, Discromias e Acne pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP).
Pós-Graduação em Pesquisa Clínica pela Harvard Medical School – EUA (Principles and Practice of Clinical Research).

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Dra. Juliana Toma

Dra. Juliana Toma

CRM-SP: 156490 / RQE: 65521.
Médica pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP/EPM). Residência Médica em Dermatologia pela UNIFESP. Pós-Graduação em Dermatologia Oncológica pelo Instituto Sírio Libanês (SP).
Fellow em Tricologias, Discromias e Acne pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP).
Pós-Graduação em Pesquisa Clínica pela Harvard Medical School – EUA (Principles and Practice of Clinical Research).

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